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CENTRO UNIVERSITÁRIO AVANTIS

CURSO DE IMPLANTODONTIA

THAIS FERREIRA DE SOUZA ROCHA

O EFEITO DOS BIFOSFONATOS ASSOCIADO À OSSEOINTEGRAÇÃO: REVISÃO


DE LITERATURA.

Salvador - BA
Abril/2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO AVANTIS
PÓS-GRADUAÇÃO EM IMPLANTODONTIA

Thais Ferreira de Souza Rocha

O EFEITO DOS BIFOSFONATOS ASSOCIADO À OSSEOINTEGRAÇÃO: REVISÃO


DE LITERATURA.

Trabalho de conclusão de curso, em formato


de artigo científico, apresentado ao Curso de
Especialização em Implantodontia do Centro
Universitário Avantis, como requisito parcial
para a obtenção do título de Especialista em
Implantodontia.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Oliva.

Salvador – BA
Abril/2023
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, que me sustentou até aqui; a minha família,
exemplo de amor e caráter, sempre prontos a me acolher; a minha
companheira de vida, que me ampara nos momentos de dor e compartilha os
de felicidade, meu auxílio de todas as horas; aos mestres, por todo
conhecimento compartilhado e difundido ao longo desta caminhada; e, por fim,
ao meus colegas de turma que tanto contribuíram para que este processo
fosse mais leve.
RESUMO

Os Bifosfonatos são utilizados para o tratamento e prevenção de diversas


patologias ósseas, atuando, por conseguinte, diretamente sobre a remodelação e
vascularização óssea. Esses medicamentos afetam a remodelação óssea por meio
da diminuição da sua reabsorção, via diferentes mecanismos, agindo,
principalmente, sobre os osteoclastos, inibindo e reduzindo sua atividade. O
objetivo deste trabalho, portanto, consiste em discutir o bifosfonato como um
possível fator de risco para osseointegração de implantes dentários e o manejo
clínico dos pacientes a fim de diminuir o risco de osteonecrose dos maxilares
(ONM). As bases de dados utilizadas foram PubMed, Scielo e MEDLINE, sendo
consultados, ademais, 41 (quarenta e um) artigos científicos em português e
inglês. A literatura mostrou que, apesar do extenso período sobre os bifosfonatos
serem um fato de risco para osseointegração, as evidências atuais ainda não são
tão claras, volvendo-se imperiosa a realização de mais pesquisas sobre o assunto.
Desta forma, conclui-se que o sucesso da osseointegração depende da
observação rigorosa de critérios estabelecidos para garantir o bom prognóstico dos
trabalhos.

PALAVRAS-CHAVES: Osteonecrose; Bifosfonatos; implante; osseointegração


ABSTRACT

Bisphosphonates are used for the treatment and prevention of several bone
pathologies, therefore acting directly on bone remodeling and vascularization.
These drugs affect bone remodeling by decreasing its reabsorption, via different
mechanisms, acting mainly on osteoclasts, inhibiting and reducing their activity.
The objective of this work, therefore, is to discuss bisphosphonates as a possible
risk factor for osseointegration of dental implants and the clinical management of
patients in order to reduce the risk of osteonecrosis of the jaws (ONJ). The
databases used were PubMed, Scielo and MEDLINE, and 41 (forty-one) scientific
articles were consulted in Portuguese and English. The literature has shown that,
despite the extensive period on bisphosphonates being a risk factor for
osseointegration, current evidence is still not so clear, making it imperative to carry
out more research on the subject. In this way, it is concluded that the success of
osseointegration depends on the rigorous observation of established criteria to
guarantee the good prognosis of the works.

KEYWORDS: Osteonecrosis; Bisphosphonates; implant; osseointegration


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................10
2. OBJETIVO ...........................................................................................11
3. METODOLOGIA ..................................................................................12
4. REVISÃO DE LITERATURA: OSSEOINTEGRAÇÃO E
FISIOLOGIA .............................................................................................
.................13 4.2.
BIFOSFONATO............................................................................. 15
4.2.1. Mecanismo de ação dos Bifosfonatos........................................
18 4.3. USO DOS BIFOSFONATOS E SEU EFEITO NA OSSEO
INTEGRAÇÃO......................................................................................21
5. DISCUSSÃO .........................................................................................25
6. CONSIDERALÇÕES FINAIS .......................................................................27
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................29
1. INTRODUÇÃO

O edentulismo é caracterizado pela perda total ou parcial dos


dentes permanentes1. A perda dentária é um problema de saúde
pública que afeta milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que 16 milhões de
brasileiros apresentam ausências dos elementos dentários, o que
representa 11% da população brasileira2.
A reabilitação bucal por meio da utilização de implantes
osseointegrados é uma das alternativas de tratamento que visa
reestabelecer a função do sistema estomatognático,
proporcionando a estabilidade oclusal e reposição da estética
dentária1.
O sucesso da osseointegração depende de uma série de fatores.
Dentre eles destacam-se um planejamento adequado, o estado
geral de saúde do paciente e a condição óssea do local da
instalação do implante1.
A osseointegração foi definida como uma junção do osso vivo com
a superfície de um implante suportando carga. Os requisitos para
que haja essa união direta são: a biocompatibilidade do material,
desenho e superfície do implante, estado do osso, técnica cirúrgica
adequada, as cargas aplicadas após a instalação da prótese sobre
o implante, a resposta histológica advinda da adesão osso-implante
e as condições do hospedeiro3.
Alguns fármacos utilizados para o tratamento de doenças
sistêmicas podem aumentar o risco de falha no processo de
osseointegração4. Os Bifosfonatos, por exemplo, são um grupo de
medicamento utilizados para o tratamento de pacientes com
osteoporose, câncer de mama, próstata, pulmão, doença de Paget,
dentre outras associadas às neoplasias malignas. Estes fármacos
são drogas sintéticas utilizadas com o objetivo de promover a
remodelação óssea, atuando na inibição da reabsorção óssea por
meio do apoptose dos osteoclastos e estimulação da atividade
osteoblástica5. Uma das complicações mais graves relacionada ao
uso de bifosfonatos é a Osteonecrose dos maxiliares (ONM)6.
Entretanto, alteração do processo de osseointegração causada pelo
uso dos bifosfonatos ainda gera algumas discussões na literatura
atual principalmente no que diz respeito ao manejo clínico dos
pacientes que utilizam esse tipo de fármaco1. 11
2. OBJETIVO

O presente trabalho consiste em uma revisão de literatura, com


objetivo de discutir o bifosfonato como um possível fator de risco
para osseointegração de implantes dentários e o manejo clinico
deste paciente a fim de diminuir o risco de ONM.
3. MATERIAIS MÉTODOS

Foram consultados 41 artigos científicos em português e inglês,


tendo como fonte de pesquisa os bancos de dados PubMed, Scielo
e MEDLINE entre o período de 1985 a 2018, foram adotados como
palavras chaves; Bifosfonato; Implante; osseointegração.

4. REVISÃO DE LITERATURA: OSSEOINTEGRAÇÃO E FISIOLOGIA ÓSSEA


O início dos estudos voltados à implantodontia, ocorreu no século
XX, entre as décadas de 50 e 60, onde o professor Per Ingvar
Branemark3 desenvolveu cilindros de titânio para serem
implantados na tíbia de coelhos e cães, publicando diversos
estudos onde comprovou que processo de ósseointegração podia
perdurar até 6 meses. Dessa forma, definiram a ósseointegração
como uma conexão direta estrutural e funcional entre o osso vivo,
ordenado e a superfície de um implante submetido a carga
funcional. A criação e manutenção da osteointegração portanto
depende do conhecimento das capacidades de cicatrização,
reparação e remodelação do tecido ósseo 3,7
O tecido ósseo é um órgão multicelular, constituído por diversas
células em diferentes estágios de diferenciação. Essas células são
responsáveis por manter um equilíbrio dinâmico por meio de um
processo contínuo de renovação e remodelação do tecido, pela
deposição e reabsorção realizadas pelos os osteoblastos e os
osteoclastos respectivamente7.
O osso é composto por uma fração orgânica e outra inorgânica,
sendo esta composta, principalmente, por íons de cálcio e fosfato
que estão depositados no tecido ósseo sob a forma de cristais de
hidroxiapatita, que são a fração orgânica e inorgânica, conferem
dureza e resistência do tecido ósseo. No indivíduo, o tecido ósseo
já formado é substituído constantemente por um tecido ósseo novo
por meio da reabsorção e deposição óssea8.
Para que ocorra a remodelação óssea, é necessário o processo de
reabsorção que é exercida pelos osteoclastos. Esse osso
reabsorvido é continuamente substituído por um tecido novo, sendo
sintetizado pelas células osteoblásticas. E por sua vez, os
osteócitos têm a função de manter essa estrutura óssea formada7.
Após a implantação, ocorre uma resposta óssea inicial distinguida
como uma inflamação local decorrente da presença do implante e
do trauma cirúrgico que consequentemente levam ao processo de
cicatrização do implante no osso e a osseointegração1. Os
mecanismos envolvidos na cicatrização óssea peri-implantar
passam pelos processos de osteoindução, osteocondução até
atingir a osseointegração. A osteoindução é o processo que induz à
osteogênese, 14 através do recrutamento de células imaturas e
estímulo dessas células para se desenvolverem em pré-
osteoblastos. Já a osteocondução é um fenômeno que ocorre nos
implantes endósseos e significa que o osso está crescendo em uma
superfície.
4.1. OS BIFOSFONATOS
Bisfosfonatos (BPs) são drogas que corrompem o metabolismo
ósseo, elevam a massa óssea e diminuem o risco de fratura, bem
como goza uma considerável função no tratamento de diversas
desordens que afetam o tecido ósseo. Apresentam-se sob duas
formas: contendo nitrogênio (alendronato, ibandronato,
pamidronato, risedronato e zolendronato) e não contendo nitrogênio
(etidronato e tiludronato) em sua composição (Quadro 1). Os BPs
aderem aos cristais de hidroxiapatita e depositam-se na matriz
óssea mineralizada por longos períodos de tempo. Entre suas
propriedades destacam-se a capacidade de inibir a função
osteoclástica e a característica anti-angiogênica17. 16
Quadro 1: Presença Dose Via de Indicações Autor
Principais de administraç
Bifosfonatos Nitrogenio ão
e suas
indicações.
Bifosfonato
Alendronato Sim 10mg/dia Oral Osteoporose Marx et al
70mg/seman 2007
a
Ibandronato Sim 2,5mg/dia Oral Osteoporose Ruggieiro
150mg/mês SL. 2014
Pamidronato Sim 90mg a cada Endovenoso Metástase Lopes et al
3 ou 4 Óssea 2009
semanas
Risedronato Sim 5mg/dia. Oral Osteoporose Lopes et al
35mg/seman 2009
a
Zolendronat Sim 4mg a cada Endovenoso Metástase Marx et al
o 3a4 Óssea 2007
semanas
Etidronato Não 300- Oral Doença de Shabestari
750mg/dia Paget et al 2010
durante 6
meses
Tiludronato Não 400mg/dia Oral Doença de Shabestari
durante 3 Paget et al 2010
meses
A terapia medicamentosa com uso de BPs é utilizada no tratamento
da osteoporose, mieloma múltiplo ou metástase de câncer no osso,
devido a sua capacidade de afetar a remodelação e aumento da
densidade mineral óssea14.
Segundo Fernandes18, os BPs formam uma classe de substâncias
químicas que apresenta uma ligação denominada P-C-P em sua
estrutura, e agem como inibidores da reabsorção óssea, mediada
pelos osteoclastos. São análogos químicos da substância endógena
denominada ácido pirofosfórico (Figura 1), que no organismo se
encontra como pirofosfato, um inibidor natural da reabsorção óssea.
No entanto, essa substância não pode ser utilizada como agente
terapêutico no tratamento de doenças ósseas, pois sofre uma
rápida hidrólise enzimática. Os BPs são seus análogos sintéticos,
onde o átomo central de oxigênio é substituído por um de carbono.
Essa modificação faz com que os BPs sejam mais resistentes à
degradação enzimática, e possuam uma meia-vida biológica maior,
suficiente para influenciar o metabolismo ósseo. 17

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