Você está na página 1de 7

UNIVERSIDADE DE UBERABA

SOFIA DE OLIVEIRA CHESCA

UMA BREVE ANÁLISE DO AMOR PÓS MODERNO

UBERABA - MG
2022
SOFIA DE OLIVEIRA CHESCA

UMA BREVE ANÁLISE DO AMOR PÓS MODERNO

Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de Licenciatura em


Psicologia da Universidade de Uberaba como requisito para
aprovação na disciplina Projeto de Trabalho de Conclusão de
Curso.

UBERABA - MG
2022
Uma breve análise do amor pós moderno.

PROBLEMA

Quais são as problemáticas envolvidas acerca da notória mudança de perspectiva


humana sobre o amor na contemporaneidade e por que o cenário é tão ou mais perverso do
que era com o Romantismo no início do século XIX?

HIPÓTESE

A mudança comportamental dos indivíduos em relação ao amor está intimamente


relacionada ao advento exponencial do uso de redes sociais, às visões mais amplas sobre a
sexualidade humana e à processos narcísicos cada vez mais complexos.

JUSTIFICATIVA

Quando o romantismo, nascido no início do século XIX, é analisado, constata-se sua


ascensão a partir de sua diferenciação dos pensamentos iluministas da época. Esse
movimento, então, não só influenciou a forma como se pensava sobre a literatura, a
arquitetura, a pintura e a música, como também o que se entendia como amor. Quase que em
sua totalidade, as antigas regras externas não valiam e não importavam no romantismo, que
tinha como seu principal objetivo a valorização do “eu”. Portanto, a essa altura, já se podia
fundamentar a investigação necessária do diálogo do período romântico com a psicanálise, no
que diz respeito ao inconsciente, a importância da experiência emocional dos indivíduos e o
contato com seu próprio eu, à singularidade subjetiva, e às dualidades e variações dos
infindáveis sentimentos humanos: angústia, medo, sofrimento, desejo, amor, e assim por
diante.

Dessa forma, uma profunda análise da relação entre amor e psicanálise, já se torna
evidente e necessária desde muito antes do que se pode imaginar. A partir das mudanças
científico-tecnológicas e a pandêmica disseminação dos meios de comunicação social, o
romantismo chega ao fim e o pós-modernismo toma o seu lugar, mas, ao contrário do que o
raciocínio intuitivo pode nos fazer pensar, a valorização do eu não deixou de ser o foco
principal das relações e do que se entende como amor. Pelo contrário, o sujeito atual segue
buscando seu objeto de amor desenfreadamente, mas agora também tomado por uma sede
insaciável pelo olhar do outro sobre si; o desejo ardente de ser notado, único, exclusivo, um
ser desejante e desejado não apenas enquanto posse do outro, mas como um rei soberano que
merece ser amado, adornado e venerado em todos os momentos de sua vida. Portando as redes
sociais têm impactos violentos e indiscutivelmente problemáticos na vida do homem sobre si
mesmo e sobre o outro. Notoriamente já existem consequências coletivas e individuais.
Imagine então à longo prazo, com todas as relações se misturando e se fundindo de maneira
superficial e confundindo-se à ecrãs, às máscaras, ao que realmente pode ser você e o que
pode ser realmente o outro.

A título de exemplo, temos Foucault que pensa o sujeito como objeto que é constituído
por influências exteriores a ele e, também, como sujeito que pensa estas influências e se
constrói a si mesmo. De modo que a palavra “sujeito”, segundo o próprio Foucault, possui um
duplo sentido: “Há dois significados para a palavra sujeito: sujeito a alguém pelo controle e
dependência, e preso à sua própria identidade por uma consciência ou autoconhecimento.
Ambos sugerem uma forma de poder que subjuga e torna sujeito a” (FOUCAULT, 1995,
p.235).

OBJETIVOS

Investigar, por intermédio da revisão da literatura e da psicanálise, a percepção da


sociedade ocidental atual sobre como o amor é visto, sentido, enxergado e propagado.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Através de seu crescimento exponencial, a tecnologia por trás das redes sociais surgiu
inicialmente com o intuito de conectar e aproximar pessoas. Existem inúmeros pontos
positivos dentro desse contexto, porém seus impactos negativos gerados dentro dos
relacionamentos atuais refletem de forma clara a maneira liberal e efêmera que o amor é visto
e vivido. Essas diferentes formas de se comunicar e existir que surgem a cada dia, se moldam
perfeitamente aos interesses de seus usuários e seu crescente desejo de individualidade. Esse
fato corrobora para o surgimento desenfreado de novas plataformas ou aplicativos, capazes de
sustentar essa ânsia de informação e novidade atreladas à um forte narcisismo contemporâneo.
Ao mesmo tempo, essas novas teias de interação também ressaltam uma era de crises de
identidade e de inseguranças em que tudo é possível, até mesmo a ideia de se criar um perfil
falso dentro da realidade online e de se viver uma vida absolutamente falsa, mas que supra os
desejos da vida offline.

Como consequência deste enorme contraste de identidade do indivíduo da atual


modernidade líquida, conceituada por Bauman (2000), relações “descartáveis” – assim como
produtos com datas de validade e obsolescência programada que existem dentro do contexto
capitalista – estão cada vez mais paralelas à ideia do indivíduo pós-moderno que não se
contenta ao padrão tradicional de relacionamentos “seguros”, porque fica na expectativa de
cada vez mais novidades e possibilidades de relações que podem vir a surgir.

O consumismo de hoje, porém, não diz mais respeito à satisfação das necessidades
— nem mesmo as mais sublimes, distantes (alguns diriam, não muito corretamente,
‘artificiais’, ‘inventadas’, ‘derivativas’) necessidades de identificação ou a auto
segurança quanto à ‘adequação’. (...) No líquido cenário da vida moderna, os
relacionamentos talvez sejam os representantes mais comuns, agudos, perturbadores
e profundamente sentidos da ambivalência (Bauman, Modernidade Líquida, 2000)

Além disso, temos também com a revolução sexual dos anos 60 e com o começo de
um caminho ligado à liberdade sexual – e que também viabilizou a emancipação feminina – a
família, que antes era um conceito cercado de privilégio e de prioridade, sendo destituída de
sua posição acerca da expressão amorosa. Ou seja, a manutenção do laço conjugal e a
educação dos filhos dentro de uma sociedade tida como “justa” e “igualitária”, que remontam
à um cenário de um amor idealizado e propagado pela filosofia rousseauniana, passam a não
fazer parte dos interesses relacionados à vivência amorosa do sujeito contemporâneo. Como
consequência direta, temos uma estrutura social apoiada cada vez mais no consumo e no
narcisismo, fatos que complicam a consideração com o outro, que por sua vez passa a ser
visto como mais um objeto de satisfação consumista.
Nasce toda uma cultura hedonista e psicologista que incita à satisfação
imediata das necessidades, estimula a urgência dos prazeres, enaltece o
florescimento pessoal, coloca no pedestal o paraíso do bem-estar, do conforto e do
lazer. Consumir sem esperar, viajar, divertir-se; não renunciar a nada: as políticas do
futuro radiante foram sucedidas pelo consumo como promessa de um futuro
eufórico (LIPOVETSKY, 2004, p. 61)

Como conclusão, temos relações cada vez mais frágeis e relacionamentos que
perpassam a falta de compromisso e lealdade duradouras, ferramentas fundamentais no
processe de criação de vínculo com o outro. Se na Grécia antiga, nasceram diversos conceitos
que tentavam definir o que seria o amor, - como por exemplo a palavra “ágape”, que significa
literalmente “amor” no grego moderno – hoje temos vários outros conceitos que tentam
justamente o contrário, quase como se o amor existisse apenas para suprir uma imensa
necessidade de prazer momentâneo e fugaz.

METODOLOGIA

A metodologia da pesquisa será realizada a partir de uma revisão narrativa da literatura,


na qual serão usadas as bases de dados Scielo, Pepsic, e Google Acadêmico, assim como
demais artigos e livros que sejam pertinentes ao tema. Serão considerados artigos publicados
em Língua Portuguesa e Inglesa nos últimos vinte anos.

CRONOGRAMA

MÓDULO SEMESTRAL
ATIVIDADES
M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7
Levantamento e revisão da bibliografia X
Elaboração dos resumos e fichamentos X
Escrita do artigo X X X
Adequação da forma e revisão ortográfica do X
artigo
Publicação do artigo no AVA X
REFERÊNCIAS

LYPOVESTKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.


BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedeto Vecchi. Trad. Carlos Alberto
Bauman, no caso do aplicativo Tinder. repositorio.upf.br, 4 dez. 2015.
BAUMAN; PLÍNIO DENTZIEN. Modernidade líquida. [s.l.] Rio De Janeiro Jorge Zahar,
2007.
Contemporaneidade – do Romantismo aos padrões da Cultura de
Massa. Revista_Mídia_e_Cotidiano, v. 2, n. 2, p. 303, 30 jun. 2013.
GUEDES, D.; ASSUNÇÃO, L. Relações amorosas na contemporaneidade e indícios do
colapso do amor romântico (solidão cibernética?). Revista Mal Estar e Subjetividade, v. 6, n.
2, p. 396–425, 1 set. 2006.
PORTELLA, L. As redes sociais digitais e o conceito de amor líquido de Zygmunt
RAVANELLO, T.; MARTINEZ, M. DE C. Sobre o campo amoroso: um estudo do amor na
teoria freudiana. Cadernos de psicanálise (Rio de Janeiro), v. 35, n. 29, p. 159–183, 1 dez.
2013.
PRETTO, Z.; MAHEIRIE, K.; TONELI, M. J. F. Um olhar sobre o amor no
ocidente. Psicologia em Estudo, v. 14, p. 395–403, 1 jun. 2009
Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 205.
TOLEDO, M. T. Uma Discussão sobre o Ideal de Amor Romântico na Contemporaneidade

Você também pode gostar