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TREINAMENTO DE CAPACITACAO PARA OPERAR

PA-CARREGADEIRA .
WLO - Wheel Loader Operator.
Manual do aluno

Santos
2013
© 20013 Direitos reservados a INCATEP
________ exemplares
INCATEP – Instituto De Capacitacao Tecnica Profissional
Av. Conselheiro Nébias, 368
15, 16 – Encruzilhada – Santos – SP. 11015-002
www.incatep.com.br

Autor: João Gilberto Campos.


Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto nº 1825, de 20 de dezembro de 1907
IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL
Sumário

Introdução.............................................................................................. 5

DISCIPLINA I - OPERAÇÃO COM TRATORES DE PNEUS

1 Conceitos básicos ............................................................................. 6


1.1 Metrologia ......................................................................................... 6
1.2 Força, peso, volume e tração ........................................................... 6
1.3 Força da gravidade e centro de gravidade ....................................... 7

2 Conceitos gerais sobre tratores de pneus ...................................... 8


2.1 Tipos e modelos ................................................................................ 8
2.2 Partes componentes dos tratores de pneus ..................................... 9
2.3 Instrumentos do painel e controles de operação .............................. 10
2.4 Diferenças básicas entre tratores e pás-carregadeiras .................... 11
2.4.1 Tratores de pneus .......................................................................... 11
2.4.2 Tratores de esteiras ....................................................................... 11
2.4.3 Pás-Carregadeiras ......................................................................... 11
2.5 Sistema de tração e a utilização correta do batente frontal .............. 11

3 Conceitos operacionais dos tratores de pneus .............................. 13


3.1 Utilização do trator de pneus ............................................................ 13
3.2 Verificações e precauções antes do início da operação ................... 13
3.3 Tracionar/empurrar vagões em pequenas manobras ....................... 14
3.4 Regras de segurança no trabalho em plataformas e pátios ............. 14
3.5 Limitações operacionais no uso de tratores de pneus...................... 14

DISCIPLINA II - OPERAÇÃO COM TRATORES DE ESTEIRAS

1 Granéis ................................................................................................ 15
1.1 Conceito ............................................................................................ 15
1.2 Tipos de granéis ................................................................................ 15
1.3 Comparação dos pesos dos granéis ................................................ 15
1.4 Cubagem........................................................................................... 16
1.5 Ângulo de repouso ............................................................................ 16
1.6 Rechego ............................................................................................ 17
1.6.1 Espaços vazios .............................................................................. 17
1.6.2 Estivagem de granéis com outras cargas ...................................... 18
1.7 Neogranéis ........................................................................................ 18

2 Conceitos gerais do trator de esteiras ............................................ 19


2.1 Tipos e modelos ................................................................................ 19
2.2 Partes componentes ......................................................................... 19
2.3 Instrumentos do painel e controle de operação ................................ 20
2.4 Funcionamento de um trator de esteira ............................................ 21
2.5 Funcionamento da lâmina no trator de esteiras................................ 22

3 Conceitos operacionais do trator de esteiras ................................. 23


3.1 Utilização do trator de esteiras na operação portuária ..................... 23
3.2 Verificações e preocupações antes do início da operação ............... 24
3.3 Cuidados no transporte vertical do trator de/para porões de navios 24
3.4 Uso da lâmina do trator de esteiras .................................................. 25
3.5 Normas para a movimentação com tratores de esteiras .................. 25
3.6 Riscos da descarga de gases de combustão nos porões ................ 26

DISCIPLINA III - OPERAÇÃO COM PÁS-CARREGADEIRAS

1 Conceitos gerais ................................................................................ 27


1.1 Principais tipos e modelos ................................................................ 27
1.2 Partes componentes ......................................................................... 28
1.3 Instrumentos do painel e controle de operação ................................ 29
1.4 Sistema de formação e desbaste de pilhas de granéis sólidos ........ 29

2 Conceitos operacionais da pá-carregadeira ................................... 30


2.1 Utilização da pá-carregadeira ........................................................... 30
2.2 Precauções e verificações antes do início da operação ................... 31
2.3 Regras de segurança ........................................................................ 32
2.4 Carregamento correto de caminhões e vagões ................................ 33

Bibliografia ............................................................................................ 35
5

Introdução

Com o advento da globalização ficou constatado que as “portas” do


Brasil deveriam ser modernizadas. Uma das atualizações mais importantes
e, certamente, a de maior urgência é a de adequar o perfil do trabalhador
portuário a esse contexto. Isso necessariamente exigirá seu treinamento e a
melhoria de seu nível de instrução básica, buscando o mais rapidamente
possível a multifuncionalidade.

Concluída esta etapa de treinamento estariam os portos aptos a


continuar seu caminho rumo à modernização num meio homogêneo, onde a
tecnologia disponível poderia ser fácil e rapidamente absorvida e
implementada sem sacrifícios pessoais, em curto prazo de tempo e a custos
competitivos?

Na atividade de treinamento do trabalhador portuário em direção ao


novo e moderno porto é relevante ressaltar a necessidade de se utilizar
recursos e equipamentos compatíveis com o nível do aluno e com a realidade
do porto.

O Curso de Operação de Trator e Pá-Carregadeira, essencialmente


prático, tem por objetivo proporcionar ao trabalhador portuário ensinamentos
que visam à operação com tratores de pneus, de esteira e pá-carregadeira
de maneira segura, correta e eficiente .

Assim sendo, este manual objetiva auxiliar o aluno não só durante o curso
mas também em sua atividade profissional. Consulte-o sempre que for
necessário!
Operação com tratores de pneus
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DISCIPLINA I - Operação com tratores de pneus

1. Conceitos básicos

1.1 Metrologia

Conhecimento dos pesos e medidas e dos sistemas de unidades de


todos os povos, tanto antigos como modernos.

Unidades do Sistema Métrico Decimal

Grandeza Nome Símbolo


Comprimento Metro m
Área Metro quadrado m²
Volume Metro cúbico m³
Massa Quilograma kg
Tempo Segundo s
Velocidade Metro por segundo m/s
Vazão Metro cúbico por segundo m³/s

Unidades do Sistema Inglês

Nome (símbolo) Correspondência com o Sistema Métrico


Polegada (in) 25,4 mm
Pé ( ft ) 305 mm
Jarda (yd) 914 mm
Milha náutica (NM) 1.852 m
Onça (oz) 28,35 g
Libra (pd) 454 g
Tonelada Inglesa (ton) 1,016 kg

1.2 Força, peso, volume e tração

Força: causa capaz de produzir alteração da posição de repouso ou


movimento de um corpo ou, ainda, de deformá-lo.

Peso: é o produto da massa de um corpo pela aceleração da gravidade, ou


seja, é a força que um corpo exerce sobre qualquer obstáculo que se oponha
diretamente a sua queda.

Volume: medida do espaço ocupado por um corpo.

Tração: ação de puxar com energia ou ainda ação de uma força que desloca
um objeto.
Operação com tratores de pneus
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1.3 Força da gravidade e centro de gravidade

Força da gravidade

Força que atrai para o centro da Terra todos os corpos, ou ainda,


força de atração que a Terra exerce sobre qualquer corpo colocado nas suas
vizinhanças.

Centro de gravidade (CG)

É um ponto no qual se supõe estar concentrado todo o peso das


diversas partes do objeto, exercendo uma força de cima para baixo, igual a
soma dos pesos das partes componentes. Sua localização depende, portanto,
da distribuição dos pesos que compõem o objeto, sendo que o centro de
gravidade ficará sempre próximo da parte mais pesada do objeto.

O centro de gravidade de um objeto não tem, necessariamente,


correspondência com seu centro geométrico, nem sempre os dois centros
coincidem porque um depende da forma do objeto e outro da distribuição dos
pesos de suas partes componentes.

O centro de gravidade de um navio é determinado por cálculos quando


o navio é projetado. Em um navio, os pesos são usualmente distribuídos por
igual de um lado e de outro do plano diametral, por isso o centro de gravidade
fica situado geralmente na intercessão desse plano com o plano transversal
a meia - nau ( seção mestra ) e pouco abaixo da linha de flutuação do navio
totalmente carregado.
Operação com tratores de pneus
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2. Conceitos gerais sobre tratores de pneus

2.1 Tipos e modelos

Tratores são veículos automotores projetados para exercerem grandes


forças de tração. São utilizados em terraplanagem, escavações e transportes
de cargas, além de terem largo emprego na agricultura. No trabalho portuário,
são utilizados para rebocar veículos e vagões nos cais e terminais e nos
porões dos navios aplainam as cargas a granel ou ainda as rechegam,
levando-as para os cantos dos porões ou trazendo-as para o centro.

Inicialmente distinguem-se em dois grupos:

• tratores de pneus (batente frontal, pá-


carregadeira, retroescavadeira e outros); e
• tratores de esteiras (mecânicos e
hidramáticos).

Aos dois grupos podem ser adaptados os mais variados acessórios


com as mais diversas finalidades.

Aos vários modelos de tratores de pneus podem ser adaptados:


• batentes frontais para possibilitar que eles empurrem vagões e
guindastes;
• caçambas para funcionarem como pás-carregadeiras na
movimentação de cargas a granel;

• escavadeiras para funcionarem como retroescavadeiras.

Aos tratores de esteiras podem ser adaptadas caçambas ou lâminas


para executarem serviços de rechego a bordo de navios e empilhamento de
granéis sólidos em pátios.

A diferença fundamental entre os dois grupos é que o trator de esteiras


não tem volante de direção e nem pneus. Tais diferenças nos obrigam a
tratá-los distintamente.
Operação com tratores de pneus
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2.2 Partes componentes dos tratores de pneus

1- trem de força;
2- compartimento do operador (cabine);
3- alavancas de controle;
4- instrumentos do painel;
5- sistema hidráulico de elevação dos braços;
6- lâminas; e
7- caçamba.

No trem de força usa-se, normalmente, um motor de 6 cilindros com


a transmissão “power shift”, combinados com o conversor de torque e os
eixos. Oferece ótimo desempenho.

O compartimento do operador é projetado para oferecer controle total


em um ambiente confortável e espaçoso.

As alavancas de controle, interruptores e instrumentos são


posicionados para oferecer o máximo de conforto e produtividade.

O sistema hidráulico é projetado para oferecer uma operação de baixo


esforço e maior controle. Há máquinas com bombas separadas para direção
e o implemento melhoram a reação da máquina.
Operação com tratores de pneus
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2.3 Instrumentos do painel e controles de operação

Os instrumentos indicadores estão montados no painel e proporcionam


informações importantes sobre o funcionamento da máquina. O operador
deve acostumar-se com a posição dos instrumentos e inedicadores para poder
observá-los durante as operações. Esses indicadores são elétricos e só
funcionam com a chave de contato ligada.

• medidor de pressão de óleo do motor;


• medidor de temperatura do motor;
• horímetro;
• botão de buzina;
• botão de partida;
• medidor de pressão de ar;
• medidor da pressão do transmissão;
• luz do painel;
• medidor de temperatura da transmissão;
• chave e ignição e luz;
• alavanca de comando da caçamba;
• alavanca de comando do braço de elevação;
• pedal do acelerador;
• estrangulador do motor;
• assento do operador;
• freio de estacionamento;
• pedal do freio;
• amperímetro;
• medidor de combustível;
• alavanca seletora de velocidade; e
• alavanca de controle direcional.
Operação com tratores de pneus
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2.4 Diferenças básicas entre tratores e pás-carregadeiras

No que diz respeito à finalidade de seu emprego, as diferenças básicas


entre esses veículos são:

2.4.1 Tratores de pneus

Destinam-se a auxiliar as manobras com vagões com ou sem carga.

2.4.2 Tratores de esteiras

São utilizadas para rechegar cargas a granel para os cantos dos porões
ou para trazê-las para o centro e, ainda, para empilhar e desempilhar granéis
sólidos em pátios em terra.

2.4.3 Pás-Carregadeiras

São utilizadas para formar e desbastar pilhas de granéis sólidos nos


porões de navios e em pátios, carregar vagões e caminhões com cargas a
granel.

2.5 Sistema de tração e a utilização correta do batente frontal

O sistema de tração poderá ser em duas ou quatro rodas. O trator de


batente frontal é um veículo de velocidade reduzida, porém com muita força.
Sua velocidade será elevada, dependendo do número de marchas do
equipamento.
Operação com tratores de pneus
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O sistema de transmissão automática controlada eletronicamente


protege o trem de força contra operações em marchas incorretas. Os pontos
de mudança de marcha são pré-definidos na fábrica e garantem un torque
ótimo a cada mudança de marcha.

O eixo traseiro oscilante permite oscilação total de 300, mantendo as


rodas em contato com o solo para a máxima estabilidade e tração.

Alguns modelos de tratores vêm equipados com um sistema eletrônico


de controle de tração que possuem sensores que registram, ao mesmo tempo,
a rotação do eixo e a articulação da máquina. Quando um pneu patina, o
sistema aplica o freio de serviço e o torque é transferido através do diferencial
para a roda com melhor condição de tração, tanto para os movimentos da
máquina em linha reta quanto em curva.

A energia de frenagem é gerenciada e monitorada para proteger os


freios com redução automática de pressão de frenagem conforme necessário.
O sistema atua nas quatro rodas independentemente, proporcionando a
manobrabilidade de um diferencial convencional e maximizando a força de
tração nas rodas.

Na movimentação de vagões é desejável que seja empurrado um


vagão por vez.

Inicialmente, o batente frontal deve ser utilizado nas partes estruturais


mais resistentes ou nos cantos do vagão para separá-lo dos outros e
possibilitar empurrá-lo sozinho.

Em seguida, deve-se posicionar o trator de forma a empurrar o vagão


pelo seu engate, por se tratar da peça de maior resistência na estrutura do
vagão.

Em qualquer situação é imprescindível a presença de um manobreiro


para auxiliar o operador na manobra, pois ele não tem a visão do que está
acontecendo à frente do vagão, nem do lado oposto ao qual ele se posiciona.
Operação com tratores de pneus
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3. Conceitos operacionais dos tratores de pneus

3.1 Utilização do trator de pneus

As locomotivas trazem uma grande quantidade de vagões e os deixa


estacionados na faixa interna do porto. Junto aos costados dos navios, esses
tipos de equipamentos são utilizados para posicionar os vagões, um a um,
nos funis ou silos para serem carregados, empurrando-os ou tracionando-
os.

Nos corredores de exportação, os tratores de pneus são utilizados


para empurrar os vagões e posicioná-los dentro dos armazéns para que sejam
feitos o desembarque e armazenamento da carga.

3.2 Verificações e precauções antes do início da operação

Antes de dar partida ao motor, e iniciar ou reiniciar turno de trabalho


faça as seguintes verificações:
• nível de óleo do motor;
• nível de óleo do sistema hidráulico;
• nível de combustível;
• nível de água do radiador;
• nível do fluído de transmissão;e
• pressão dos pneus.

Precauções de segurança:

Depois que o motor funcionar, verifique o indicador de óleo. Se dentro de


15 segundos não houver indicador de pressão, pare o motor e verifique a causa.

Espere de 3 a 5 minutos para que o motor atinja a temperatura normal


de operação, antes de colocar a máquina em movimento.

Para desligar a máquina é importante colocá-la em marcha lenta


durante 5 minutos, antes de desligá-la. Isso permitirá que o óleo lubrificante
e a água reduzam o calor das câmaras de combustão, cabeçotes, mancais e
eixos.

Atenção: o calor residual pode danificar peças das válvulas e até


bombas de combustível.
Operação com tratores de pneus
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3.3 Tracionar/empurrar vagões em pequenas manobras

Existe modelo de trator empurrador que possui o engate próprio de


vagão, e com esse tipo basta engatar e tracionar para a posição desejada.

Em outros tipos se faz necessária a utilização de um estropo, que


pode ser de material vegetal, sintético ou de aço, para se fazer a tração do
vagão. Isto é possível dando-se uma volta redonda na extremidade que
envolve o engate do vagão e fixando a outra no trator.

A maneira correta de empurrar vagões em pequenas manobras para


posicioná-los nos locais pré-determinados é engatar a tração nas quatro rodas,
independentemente de o vagão estar carregado ou não, e sempre utilizar a
1ª marcha, que é a de maior força.

3.4 Regras de segurança no trabalho em plataformas e pátios

• somente pessoas autorizadas (manobreiros) poderão permanecer


na área de operação da máquina, desde que estejam no campo visual do
operador;
• o operador deve anunciar o início da manobra com os vagões com
um sinal de buzina;
• manter os freios devidamente regulados;
• operar sempre com a máquina em velocidade compatível com a
sinalização local;
• não permitir que ninguém suba ou desça da máquina em
movimento; e
• trabalhar sempre com uma margem de segurança, que permita
enfrentar qualquer situação de risco.

3.5 Limitações operacionais no uso de tratores de pneus

O trator de pneus de batente frontal tem limitações operacionais, pois


somente são utilizados para empurrar vagões e excepcionalmente para
posicionar guindastes na operação portuária.
Operação com tratores de esteiras
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DISCIPLINA II - Operação com tratores de esteiras

1. Granéis

1.1 Conceito

Granéis são mercadorias


transportadas diretamente nos porões
e cobertas dos navios, sem
embalagem, e que não requerem
arrumação.

Conforme o fator de estiva, os granéis em carregamento completo


podem encher ou não a cubagem do navio. Quando não o fazem há sempre
o perigo de correrem para um dos bordos com o balanço da embarcação
que, com isso, pode adquirir uma banda perigosa, ou até mesmo emborcar.

Há granéis como os cereais que ao serem carregados, mesmo


superlotando os porões, vão acamando em viagem e, ao fim de alguns dias,
apresentam superfície livre perigosa.

Por esta razão, há navios especiais para granéis e, geralmente, a


interferência da estiva nas operações de carga e descarga é pequena, pois é
quase totalmente feita por aparelhagem eletromecânica.

1.2 Tipos de granéis

Os granéis podem ser líquidos ou sólidos. Os granéis líquidos são


sempre transportados em navios especializados, os navios-tanques ou navios-
cisternas, onde não é empregada a estiva.

Os principais granéis sólidos são:


minérios, como ferro e manganês; cereais,
como trigo, milho, aveia, cevada; adubos;
enxofre; carvão; fosfato e nitratos; nozes e
castanhas; sal; e açúcar.

1.3 Comparação dos pesos dos granéis

Granulometria dos granéis sólidos são proporções relativas com que


partículas de diferentes dimensões entram na sua composição.

A comparação dos pesos dos granéis é importante tendo em vista o


tipo de equipamento que deverá ser utilizado para a sua movimentação, pois
os granéis têm pesos diferenciados e estes influenciam na operação portuária.
Operação com tratores de esteiras
16

Podemos citar como exemplo duas operações: uma descarga de trigo


e outra de sal, ambas com o mesmo tipo de guindaste com caçambas
automáticas (“grabs”) de 16 ton. Nestas operações poderemos observar que
na movimentação de trigo o guindaste suportará o grab totalmente carregado.
Se repetir o carregamento do grab com o sal, o guindaste não terá força para
levantá-lo. Concluímos, assim, que os granéis têm pesos diferentes.

Exemplificamos abaixo alguns granéis que são movimentados nos


portos e encontram-se em ordem do mais leve para o mais pesado.
• cereais (trigo, cevada e soja);
• adubos (KCL, DAP e uréia);
• açúcar e sal;
• enxofre, fosfatos e carvão; e
• os minérios (ferro).

1.4 Cubagem

Capacidade cúbica ou cubagem é o volume dos espaços cobertos


realmente utilizáveis para a carga. Seu valor é praticamente igual à tonelagem
líquida e exprime-se em metros cúbicos ou pés cúbicos. A cubagem para
carga a granel representa o espaço interno total do compartimento, deduzido
o volume ocupado pelo vaus, cavernas, pés de carneiro, tubulações, etc.

Deve haver certa relação entre o peso morto (diferença entre os


deslocamentos máximo e mínimo) e a cubagem. Se assim não fosse, teríamos
comumente um navio com os porões cheios de mercadoria sem ter recebido
a bordo todo o peso que seu calado máximo permitisse; ou, ao contrário, se
a capacidade cúbica fosse muito grande , o navio poderia ficar carregado até
o calado máximo e ainda ter muito espaço desocupado. Evidentemente isto
depende da qualidade da carga que o navio transporta, isto é, do volume por
unidade de peso da carga: um navio dedicado ao transporte de minério de
ferro carrega muito mais peso do que um navio de mesmas dimensões de
porão transportando trigo.

1.5 Ângulo de repouso

Quando se inclina a superfície dos granéis até um certo ângulo,


chamado de ângulo de repouso, eles não deslizam, mas quando este ângulo
é ultrapassado, eles escorregam para o lado mais baixo. Cada tipo de granel
tem seu ângulo de repouso.

Ao embarcar um granel em pirâmide, o ângulo formado entre o granel


e o fundo do porão, somado ao ângulo de balanço máximo do navio, não
pode exceder o ângulo de repouso. Se o fizer o granel corre, e o navio pode
emborcar.

Os cereais, em geral, são os granéis que apresentam maior perigo e,


quando carregados em navios cargueiros convencionais, requerem cuidados
especiais na estivagem.
Operação com tratores de esteiras
17

A Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no


Mar dedica um dos seus capítulos, exclusivamente, ao carregamento de
cereais ou grãos.

1.6 Rechego

É o ato de transportar a carga até o local onde o estivador a levará


para o navio e que deve ser feito com o máximo de cuidado, pois dele pode
depender a segurança do navio e a vida de toda a tripulação.

Nenhum espaço, por menor que seja, deve ficar vazio, especialmente
cantos e vãos, latas, sicordas e balizas.

Uso de meio-fio na estivagem de cereais

Há várias maneiras de impedir que os cereais corram. Entre as


principais temos o uso “de meios-fios” ou anteparas de madeiras,
desmontáveis, que são colocados ao longo dos porões no sentido proa a
popa.

1.6.1 Espaços vazios

O processo mais recomendado para impedir que a carga, ao se


acamar, forme espaços vazios é o da figura abaixo. Embaixo da escotilha
deixa-se um cavado na superfície da carga, como uma grande tigela. Forra-
se com encerado ou plástico, enchendo-se com carga geral ou sacaria.

Processo para impedir que a carga forme vazios

Para evitar que fique espaço vazio quando o grão vai se acamando,
constrói-se alimentadores de madeira (uma espécie de funil com maior altura
que o porão através do qual os grãos escorregam com maior pressão e
enchem o porão).
Operação com tratores de esteiras
18

Ainda para ocupar espaço vazio, pode-se, depois de rechegar a carga,


fazer um estrado de tábua cruzada sobre ela: a primeira camada com tábuas
separadas cerca de 30 cm e a outra cruzada sobre a primeira.

Sobre este estrado, estivam-se pelo menos quatro camadas de grão


ensacados (ou carga de fator de estiva equivalente), cuja natureza não seja
tal que possa variar o grão ou ser avariado por ele, por umidade ou por calor.

1.6.2 Estivagem de granéis com outras cargas

Quando se opera granéis com outra carga nos porões, tomam-se as


necessárias providências para evitar a contaminação da outra carga por
poeira. Para isso, pode-se proteger a carga com encerados, papel, plástico
ou, o que é mais eficaz, fazer uma espécie de poço de encerado em volta da
escotilha, desde a sua boca até o lugar aonde está sendo estivado o granel.

Sendo possível, carrega-se o primeiro granel, espera assentar a poeira,


varre e depois colocam-se as demais cargas.

Há também casos em que se embarcam várias partidas diferentes do


mesmo cereal ou de cereais diferentes. Quando assim for, embarca-se pela
ordem das densidades, ou seja, o mais pesado embaixo do mais leve. A
separação é feita com grandes lençóis de aninhagem (sacos abertos
costurados uns nos outros) ou encerados que são pregados nos meios-fios
ou nas anteparas e nas sarretas. É conveniente selar o espaço entre a sarreta
e o costado, com buchas de aninhagem, para impedir que os grãos venham
a passar por aí.

Em alguns portos, o embarque


de granéis leves é efetuado contando-
se os sacos que vêm para bordo,
derramando o conteúdo pelas
escotilhas do navio. Este sistema
requer rechego muito bem feito e quase
constante.

1.7 Neogranéis

São granéis valiosos como a celulose (acondicionada em fardos) ou


caolim (granel solto) cujo prêmio de seguro é alto, em função de sua facilidade
de combustão. Para reduzir os riscos
de avarias, os navios neograneleiros
estão equipados com instalações
especiais para a prevenção de
incêndios e instalações e cuidados
especiais para evitar contaminação
das cargas neogranéis.
Operação com tratores de esteiras
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2. Conceitos gerais sobre tratores de esteiras

2.1 Tipos e modelos

Os modelos de tratores de esteiras variam de acordo com os fabricantes,


mas todos são semelhantes nas suas partes gerais e nos acessórios utilizados.

Tomemos como exemplo o modelo de trator de esteiras da figura


acima, que trabalha com uma lâmina na parte da frente.

O trator da figura é movimentado por um motor diesel de 4 tempos e


4 cilindros, com 75 HP de potência. O sistema de partida elétrica é de 24
volts.

2.2 Partes componentes

O trator de esteiras além da lâmina frontal pode receber a instalação


de outros acessórios tais como caçambas, retroescavadeiras e escaraficador,
para a realização de outros tipos de serviços tanto na terraplanagem, como
nos porões dos navios .

2.3 Instrumentos do painel e controles de operação

caçamba

escaraficador
Operação com tratores de esteiras
20

Neste tipo de equipamento, o motorista manobra o trator pelos

3
2
4

comandos mostrados na figura, seguindo os critérios abaixo:

1 - controle da lâmina – arriar e levantar


O controle da lâmina é feito por uma única alavanca, colocada à direita
do operador, que comanda o sistema de levantar e arriar.

2 - alavancas de direção – direita e esquerda


As alavancas de direção são montadas num console, na frente do
operador. Essas alavancas têm como função possibilitar ao operador fazer
as manobras para a direita e esquerda.

3 - acelerador
A alavanca do acelerador está situada à direita ou à esquerda do
console, dependendo do modelo do trator.

4 - alavanca de marcha – frente e ré


A alavanca de marchas localiza-se à esquerda do operador e move-
se num corte em formato de “ U ”, para mudanças de marcha e sentido de
direção. No modelo acima, um D4 hidramático, tem três marchas para frente
e três para trás. Quando utilizamos o corte do “U’ do lado direito, o trator irá
para a frente; e no corte da esquerda, o trator irá para trás.
As mudanças de marcha e de direção podem ser feitas com o motor
em movimento.

5 - pedais de freio – auxiliam na mudança de rumo


O sistema de direção funciona pelo simples processo de imobilizar
uma das esteiras. Para que isso ocorra é necessário puxar a alavanca de
direção desejada, fazendo com que o trator descreva um semicírculo. Para
auxiliar essa manobra pode-se utilizar os pedais de freio direito e esquerdo.
Há necessidade de ao se movimentar o trator para a direita, utilizar a alavanca
da direita e o pedal de freio também da direita, para agilizar a manobra.
Ao acionar os dois pedais de freio, ao mesmo tempo, o trator parará,
imediatamente.

2.4 Funcionamento de um trator de esteiras


Operação com tratores de esteiras
21

O trator de esteiras é um automotor de velocidade reduzida, atingindo


cerca de 11 Km/h, no máximo, mesmo quando não exercendo outra força
que o deslocamento de seu próprio peso. Sua força de tração, porém, é
elevada nas diversas marchas, dependendo do modelo do equipamento.

O trator de esteiras se movimenta usando um sistema de tração


constituído por uma cremalheira que corre sobre um trilho móvel, por onde o
trator, propriamente dito, se movimenta.

Sendo o trator de esteiras relativamente lento é necessário que se


aproveite todo e qualquer movimento para se obter um bom rendimento.

A tentativa de carregá-lo em excesso não aumenta a capacidade da


lâmina ou da caçamba, por isso deve-se calcular a cada movimento o quanto
se pode transportar, evitando-se esforço inútil da máquina.

O trator de esteiras é empregado a bordo para trabalhar sobre a carga

(granéis) e por isso deve ser observada a quantidade de carga que vai sendo
retirada, a fim de evitar cavar uma vala e ficar com o trator preso dentro dela.

O trator de esteiras, não tendo volante de direção, utiliza a paralisação


de uma das lagartas (esteiras) de tração
para alterar sua direção. Para tanto
deve o motorista debrear a esteira do
lado para o qual deseja virar o trator e
auxiliar a sua paralisação com o freio.
O freio deve ser usado alternadamente,
ora freiando ora não, a fim de evitar que
haja esforço na lagarta e esta venha a
descarrilar. Para esse movimento, o
operador usa as duas alavancas de
embreagem, direita e esquerda, e os
freios direito e esquerdo, os quais são independentes.

Sempre que possível o operador deverá iniciar o trabalho com a lâmina


no nível das esteiras.

Dependendo da faina – embarque ou desembarque – o trabalho a ser


executado pelo motorista será diferente. Se for embarque, a carga será
Operação com tratores de esteiras
22

movimentada do centro do porão para a periferia. Se for desembarque, a


carga deve ser removida da periferia para o centro do porão.

O operador nunca deve fazer mudanças de marchas (de frente para


ré e vice-versa) sem primeiro frear o trator, pois se o não fizer, fatalmente o
quebrará devido ao impacto nas engrenagens do sistema interno de tração,
causado pela mudança brusca de sentido da rotação.

No trator de esteiras devem ser evitadas, sempre que possível,


acelerações desnecessárias, as quais não melhoram em nada o rendimento
e ainda prejudicam o operador e o trator.

2.5 Funcionamento da lâmina de um trator de esteiras

Quando estiver sendo usada a lâmina para o desbastamento do


produto e o operador perceber que o trator passa a sentir a resistência da
carga, deverá imediatamente começar a elevar a lâmina.
Operação com tratores de esteiras
23

3. Conceitos operacionais do trator de esteiras

3.1 Utilização do trator de esteiras na operação portuária

Sendo o trator de esteiras relativamente lento é necessário que se


aproveite todo e qualquer movimento para se obter um bom rendimento e
uma maior produtividade.

O trator de esteiras é utilizado nas operações portuárias para desbastar,


empilhar e rechegar granéis sólidos.

Nas ocasiões em que a carga estiver compactada (dura) e a caçamba


automática (“grabs”) não conseguir retirar o produto dos porões de navios,
esse equipamento é utilizado sobre a carga para desbatá-la e amontoá-la
para permitir a sua descarga.

Em alguns pátios de estocagem de granéis sólidos que não possuem


as dalas de empilhamento, os tratores de esteiras são utilizados para empilhar
os granéis descarregados pelos caminhões de acordo com o procedimento a
seguir: os caminhões chegam no pátio e despejam a carga num determinado
local, e o operador,com a máquina, vai remontando e formando a pilha.

Em navios de grande boca (largos) em que os equipamentos utilizados


na descarga não conseguem alcançar a parte do porão junto ao bordo do
mar, utiliza-se o trator de esteiras para fazer o rechego da carga no sentido
do centro do porão, possibilitando sua descarga.

Nas operações de embarque de granéis com equipamento que não


possua “jet sling”, que permita a distribuição da carga pelo porão,costuma-se
formar uma pilha em forma de cone no centro do porão. Nessa situação, há
necessidade de utilizar o trator de esteiras para rechegar a carga distribuída
uniformemente no porão.
Operação com tratores de esteiras
24

3.2 Verificações e precauções antes do início da operação

Antes de dar partida no motor e iniciar ou reiniciar turno de trabalho,


faça as seguintes verificações:
• nível de óleo do motor;
• nível de óleo do sistema hidráulico;
• nível de combustível;
• nível de água do radiador;
• nível do fluído de transmissão;
• pressão dos pneus;
• se as esteiras estão esticadas adequadamente; e
• se os pinos que prendem a lâmina estão fixados corretamente.

Precauções de segurança:

Depois que o motor funcionar, verifique o indicador de óleo. Se dentro


de 15 segundos não houver indicação de pressão, pare o motor e notifique o
responsável.

Espere de 3 a 5 minutos para que o motor atinja a temperatura normal


de operação, antes de colocar a máquina em movimento.

Antes de desligar a máquina é importante colocá-la em marcha lenta


durante 5 minutos. Isso permitirá que o óleo lubrificante e a água reduzam o
calor das câmaras de combustão, cabeçotes, mancais e eixos.

Atenção: o calor residual pode danificar peças das válvulas e até


bombas de combustível.

3.3 Cuidados no transporte vertical do trator de/para os porões de navios

Sempre que for movimentar o trator utilizando guindaste de bordo ou


de terra, é necessário saber se eles têm capacidade para suportar o peso do
equipamento.

O trator deverá conter quatro cabos de aço fixos para serem engatados
no guindaste e dessa forma ser transportado de terra para o porão do navio
e vice-e-versa.
Operação com tratores de esteiras
25

No caso de embarque de granéis, antes de colocar a máquina no


porão do navio, há necessidade de preparar uma “mesa” no topo da pilha, a
fim de permitir o embarque da máquina que efetuará o rechego. Essa medida
possibilitará inicar o trabalho com segurança.

3.4 Uso da lâmina do trator de esteiras

O trator de esteiras é empregado nos porões para trabalhar sobre a


carga (granéis) e por isso, durante a operação, deve-se evitar trabalhar para
a frente e para trás no mesmo local, para que não cave uma vala e fique
com o trator preso dentro dela.

Para que a vala não ocorra, devemos trabalhar em forma de leque


trazendo o produto da periferia para o centro, se for descarga, e do centro
para a periferia, se for embarque. Nos pátios de estocagem o procedimento
para armazenamento da carga deve ser feito da mesma forma, ou seja, não
se deve passar seguidas vezes no mesmo local.

A tentativa de carregá-lo em excesso não aumenta a capacidade da


lâmina, por isso deve ser calculado, a cada movimento, o quanto se pode
transportar, evitando-se assim esforço inútil da máquina.

O trator de esteiras, não tendo


volante de direção, utiliza a paralisação de
uma das lagartas (esteiras) para alterar sua
direção. Para tanto, deve o operador
debrear (alavancas 1) a esteira do lado
para o qual deseja virar o trator e auxiliar a
sua paralisação com os freios (pedais 2).
O freio deve ser usado alternadamente, ora
freiando ora não, a fim de evitar que haja
esforço na lagarta e esta venha a
descarrilar. Para esse movimento, o
operador usa as duas alavancas de
embreagem, direita e esquerda, e os freios
direito e esquerdo os quais são
independentes.

Sempre que possível, o operador deverá iniciar o trabalho com a lâmina


no mesmo nível das esteiras.

Quando estiver sendo usada a lâmina e o operador perceber que o


produto começa provocar resistência na lâmina, deverá lentamente elevar
a lâmina ou caçamba, a fim de obter o melhor rendimento e produtividade
do equipamento.

3.5 Normas para movimentação com tratores de esteiras

Sempre que tratores de esteiras são requisitados para trabalharem


em porões de navios, com certeza irão operar sobre a carga, em situações
26
Operação com tratores de esteiras

instáveis e superfícies acidentadas. O operador deverá iniciar um processo


de aplainamento da carga tanto no embarque como na descarga para sua
segurança e do equipamento.

Não se deve fazer curvas fechadas com movimento contínuo,


tampouco permitir a formação de valas e graus de inclinação grandes para
não forçar a esteira que poderá descarrilar.

Quando se opera com trator de esteiras não se deve fazer barreiras


para segurança do operador, dos trabalhadores e do próprio equipamento.

3.6 Riscos da descarga de gases de combustão nos porões

Quando o trator estiver ligado para operar nos porões dos navios, o
gás carbônico produzido vai se acumulando no porão, intoxicando o operador
e demais trabalhadores. Por tal motivo são escalados dois operadores para
cada trator, a fim de se revezarem a cada hora de trabalho.

O monóxido de carbono acumulado nos porões dos navios provoca


num primeiro momento um ardor nos olhos e a seguir uma sonolência que é
provocada pela falta de oxigenação no sangue; com isso, vão diminuindo os
reflexos, podendo levar ao desmaio, e se não receber socorro adequado
poderá morrer.

Para se evitar o acúmulo de gás carbônico nos porões de navios é


exigido, antes de iniciar as operações dos trabalhos com tratores, a instalação
de exaustores, tantos quantos sejam necessários, de acordo com a NR29
cujos itens estão abaixo transcritos:

“29.3.5.5 - Todo trabalho em porões que utilize máquinas e equipamentos de


combustão interna, deve contar com exaustores cujos dutos estejam em perfeito
estado, em quantidade suficiente e instalados de forma a promovera\em a retirada
dos gases expelidos por essas máquinas ou equipamentos, de modo a garantir um
sistema propício à realização dos trabalhos em conformidade com a legislação
vigente.

29.3.5.6 - Os maquinários utilizados devem conter dispositivos que controlem a


emissão de poluentes gasosos, fagulhas, chamas e a produção de ruídos.”
Operação com pás-carregadeiras 27

DISCIPLINA III - Operação com pás-carregadeiras

1. Conceitos gerais

1.1 Principais tipos e modelos

Os tipos de pás-carregadeiras conhecidos são dois: os articulados e


os não-articulados.

Atualmente os tratores articulados são os mais utilizados. São


exemplos deste tipo: Michigan 30, 45 e 55; Caterpillar 924F, 924GZ e 938
Case W20. Nesse tipo, o trator faz curvas por meio da articulação da estrutura
em um ponto central.

Os tratores não-articulados são antigos e estão em desuso em alguns


portos. Podemos citar como exemplo as máquinas tipo Case W7. Nesse
tipo, o sistema de direção é semelhante ao de um automóvel, ou seja, ao
girar o volante as rodas viram e permitem ao trator fazer curvas.

A pá-carregadeira é também conhecida no porto como trator de pneus;


assemelha-se a um automóvel, sendo mais rápida que o trator de esteiras e
possui direção com volante comum.

A pá-carregadeira também pode receber a instalação de acessórios


como lâmina e escavadeira.

Quando usar trator articulado, antes de dar a partida no motor, deve-


se:
• retirar a trava de bloqueamento da direção e colocá-la na posição
destravada, a fim de se poder guiar a máquina;
• somente dar partida no motor do posto do operador; nunca fazer
ponte entre os terminais do motor de arranque e os bornes da bateria, pois
pode desativar o sistema de arranque em neutro e danificar o sistema elétrico;
• ajustar o assento de modo que consiga efetuar o curso completo
do pedal com as costas do operador encostada no espaldar do assento; e
• certificar-se de que a máquina esteja equipada de sistema de
iluminação que se adapte às condições de trabalho.
Operação com pás-carregadeiras
28

1.2 Partes componentes

Tomando como exemplo a Cartepillar 924 Gz:

Trem de força - é composto de motor diesel, turbo alimentado


normalmente de 6 cilindros, de uma transmissão automática e dos eixos de
tração das rodas. Esses componentes são cuidadosamente combinados para
oferecer o máximo de força de tração das rodas para o solo e força total para
o sistema hidráulico da carregadeira.

Sistema hidráulico modular oferece operação de baixo esforço e maior


controle:
• bombas separadas para a direção e o implemento melhoram a
reação da máquina;
• o sistema é projetado para administrar o uso da potência do motor
e reduzir o consumo de combustível;
• funções simultâneas de elevação e inclinação melhoram a
produtividade;
• controle da caçamba através de uma única alavanca de baixo
esforço;
• tempos de ciclos (arriar, entrar no produto e caçambear e elevar)
mais rápidos da carregadeira.

Caçamba é um implemento utilizado para transportar cargas a granel.


A seleção de caçambas de maior ou menor capacidade de peso, de acordo
com o produto a ser movimentado, combinada com as caraterísticas de
operação da máquina resulta num melhor desempenho de escavação,
carregamento e transporte.

O compartimento do operador da pá-carregadeira deve oferecer


condições para uma operação confortável e que exija pouco esforço, que
tenha boa visibilidade e facilidade de operação. Fazem parte do compartimento
do operador:
• controle hidráulico do implemento com assistência piloto;
• apoio para o punho ajustado e acolchoado;
• controle remoto da transmissão;
• sistema de direção sensível à carga de centro fechado, com
amplificiação do fluxo;
• dois pedais suspensos para o freio com neutralizador da
transmissão;
• o console da direção e dos instrumentos principais pode ser
posicionado dentro da faixa de inclinação desejada pelo operador.
Operação com pás-carregadeiras
29

1.3 Instrumentos do painel e controles de operação

Além do comando tradicional


(alavanca de marchas e alavanca de frente e
ré) esse equipamento possui ainda alavancas
para comandar os acessórios dependendo da
finalidade de uso. Normalmente essas duas
alavancas ficam do lado direito da máquina e
uma serve para elevar e arriar a caçamba e a
outra para bascular (pegar e derramar o
produto).

A alavanca de seleção de marcha e a


de frente e ré ficam do lado esquerdo do
volante da máquina.

Os instrumentos encontrados no painel são:

Indicadores - serviço de purificador de ar; nível do líquido arrefecedor;


medidor visual do nível do óleo hidráulico; medidor do nível do óleo da
transmissão.

Indicadores de advertência - alternador; temperatura do líquido


arrefecedor; pressão do óleo do motor; freio de estacionamento; pressão do
óleo de freio de serviço; temperatura do óleo da transmissão.

Instrumentação - medidores de temperatura do líquido arrefecedor;


de temperatura do óleo hidráulico; de temperatura do óleo do conversor de
torque; e de nível de combustível.

1.4 Sistema de formação/desbaste de pilhas de granéis sólidos

Para a formação de pilhas de granéis sólidos no centro do porão do


navio basta retirar, com a pá-carregadeira, o produto das barreiras e
Operação com pás-carregadeiras
30

transportá-lo para o centro do porão. Com esse procedimento contínuo se


formarão as pilhas.

Na descarga de granéis, o operador deve evitar que a barreira fique


muito alta, procurando fazer a retirada do produto de maneira que as barreiras
não aumentem. Para realizar o desbaste de uma pilha o operador deverá,
utilizando a caçamba, “cortar” a carga na altura que os braços da caçamba
alcancem. Esse procedimento fará com que a barreira vá desmoronando
aos poucos. A seguir, deverá caçambear esse produto e levá-lo para o centro
do porão.

Para melhor visibilidade do operador e estabilidade da máquina,


trafegue com a caçamba carregada a aproximadamente 40 cm acima do
nível do piso.

Quando estiver trabalhando com materiais rígidos, pode-se adaptar


os acessórios dentes ou bordas cortantes aparafusadas à caçamba, obtendo
melhor rendimento.

Certifique-se de que a caçamba usada seja o tipo adequado para o


trabalho a ser realizado e para o produto a ser movimentado. Para movimentar
cargas de grande peso específico, como minério de ferro, devem ser utilizadas
caçambas de menor capacidade volumétrica de modo a não exceder os
limites da máquina e reduzir a sua vida útil.

2. Conceitos operacionais da pá-carregadeira

2.1 Utilização da pá-carregadeira

O trator de pneus sendo mais rápido e trabalhando em pisos mais


firmes, desenvolve maior velocidade. Por tal razão, deve-se ter o cuidado
para não atingir a carga com impactos violentos, que podem avariar a máquina.
Operação com pás-carregadeiras
31

O trator de pneus possui volante


para a direção e alavanca de marchas
como as dos demais veículos a motor,
portanto a atenção do operador deve ser
concentrada nos movimentos da
caçamba.

Operando na 2ª marcha,
posicione a caçamba paralela ao solo,
apenas roçando-o. Introduza a caçamba
penetrando diretamente no produto.
Assim que o movimento para frente
diminuir engate a 1ª marcha, para a
obtenção de força de ataque adicional. Para “assentar” o material empilhado,
incline a caçamba para frente e para trás.

Quando a caçamba estiver carregada, coloque a alavanca do controle


de inclinação na posição para trás. A seguir, acione a alavanca de elevar e
levante a caçamba o suficiente (40cm) para liberar o excesso de produto.
Coloque o controle da transmissão em marcha à ré.

Quando estiver se aproximando da área de despejo, coloque o controle


de levantamento na posição levantar e a seguir despeje o produto na pilha.

Quando houver encalhe das rodas dianteiras, o operador deverá arriar


a caçamba ou lâmina até que as rodas se elevem, fazendo o produto correr
para baixo dos pneus; a seguir elevar a caçamba e então dar marcha à ré.
Essa manobra desencalha facilmente o trator, devendo esses movimentos
serem feitos de forma lenta.

Se houver encalhe das rodas traseiras, deve-se arriar a caçamba ou


lâmina no piso, a seguir utilizar a alavanca como se fosse despejar o produto,
fazendo com que a caçamba puxe o trator para frente. Essa manobra
desencalhará o trator, devendo esses movimentos serem feitos de forma
lenta.

2.2 Precauções e verificações antes do início da operação

O piso sobre o qual vão operar é fator importante para os tratores.


Embora projetados para grandes esforços, os tratores devem ser utilizados
em pisos adequados, para que trabalhem com eficiência e bom rendimento.

Em locais onde há uma quantidade de carga por todo o porão,


correspondente a uma profundidade superior a ¼ do diâmetro da roda do
trator, é obrigatória a utilização do trator de esteiras.

Em uma superfície acidentada com muitos altos e baixos, também


não se recomenda o uso do trator de pneus.

Antes de iniciar qualquer operação com o trator, o operador deve ter


as mesmas atenções que tem com os tratores empurradores e os de esteira.
Operação com pás-carregadeiras
32

2.3 Regras de segurança

Um operador cuidadoso e eficiente, que trabalha com equipamento


pesado, deve guiar-se por (simples e fundamentais) regras de segurança,
tomar as precauções necessárias para garantir a segurança de terceiros,
bem como a sua própria, e evitar hábitos de trabalho que poderão causar
danos à máquina e acidentes do trabalho.

O uso deste tipo de máquina está sujeito a certos riscos que não
podem ser evitados com dispositivos mecânicos, mas somente mediante o
uso correto do equipamento.

Para prevenir acidentes, as seguintes regras de segurança devem


ser sempre seguidas:
• Não abandone a máquina com o motor em funcionamento. Antes
de descer, coloque sempre a alavanca de vante e ré em neutro, pare o motor
e use o freio de estacionamento.
• Não deixe a máquina com a caçamba no alto.
• Evite graxa nas mãos e no assoalho da máquina.
• Não suba ou desça da máquina quanto esta estiver em movimento.
• Não levante a caçamba por cima dos trabalhadores.
• Mantenha o equilibrio da máquina, conservando a caçamba a 40cm
do piso.
• Não use a caçamba como freio.
• Antes de subir na máquina e colocá-la em movimento, dê uma
volta ao redor da mesma, para certificar-se de que não há ninguém na “área
de perigo”.
• Não trabalhe com a máquina sem instrumentos. Cada medidor no
painel de instrumento serve como importante ponto de verificação das
condições de operação da máquina.
• Se houver necessidade de dar partida num recinto fechado,
certifique-se que haja ventilação adequada.

Na operação a bordo, obrigatoriamente use capacete, óculos e botas


e outros E.P.I., conforme exigirem as condições de trabalho.
Operação com pás-carregadeiras
33

Evite usar roupas soltas ou jóias que possam ficar presas nos controles
ou em outras partes da máquina.

Suba e desça da máquina apenas onde esteja provida de degraus e/


ou corrimãos.

Fique atento, suba e desça de frente os degraus da máquina.

2.4 Carregamento correto de caminhões e vagões

Posicione o caminhão junto ao material a ser carregado formando


num ângulo com a pilha do produto de tal maneira que reduza as viradas e
os percursos da pá-carregadeira.

A distância do percurso da pilha do produto até o caminhão deve ser


suficiente para a caçamba atingir a altura de despejo, sem retardar o
movimento da pá-carregadeira.

Posicione a pá-carregadeira de modo a despejar a carga na parte


central do caminhão. Se o comprimento do caminhão for o dobro da largura
da caçamba, ou mais, despeje da parte dianteira para a traseira.

Para realizar os movimentos de elevar, arriar, bascular e despejar a


caçamba existe um conjunto de duas alavancas no lado direito do painel.

Para elevar a caçamba, puxe a alavanca mais à direita; para arriar,


empurre-a para a frente; para bascular a caçamba, puxe a alavanca de controle
de inclinação (a da esquerda); e para despejar a caçamba, empurre-a para a
frente.

Sacuda a caçamba para liberar materiais que tenham se agregado a


ela. Mova a alavanca de controle de inclinação rapidamente para a frente e
para trás, permitindo que os braços de inclinação golpeem os limitadores.
Operação com pás-carregadeiras
34

Atenção: o golpeamento desnecessário e repetitivo dos limitadores


pode provocar desgaste acelerado e altos custos de mautenção das
articulações de controle da caçamba.

Para afastar a pá-carregadeira do caminhão, puxe a alavanca de


controle de inclinação. A seguir engate a marcha a ré, abaixe a caçamba e
dê continuidade ao carregamento.

No carregamento de vagões, no que diz respeito a utilização da pá-


carregadeira, o procedimento é semelhante ao carregamento de caminhões.
A diferença reside no posicionamento do vagão, que depende de um trator
ou de uma locomotiva para conduzí-lo sobre os trilhos a um local mais
adequado para receber a carga.

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