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TEXTO COMPLEMENTAR:

PROJETO DE PESQUISA

1 O QUE É UM PROJETO DE PESQUISA?


“Planejar significa traçar um curso de ação que podemos seguir para que nos leve
às nossas as nossas finalidades desejadas.”
Churchman, in Rudio (1992)

A pesquisa científica deve ser planejada, antes de ser executada. Isso se faz atra‐
vés de uma elaboração que se denomina “projeto de pesquisa”. O projeto de pesquisa
é um documento que descreve os planos, fases e procedimentos de um processo de
investigação científica a ser realizado.

2 ONDE USAR UM PROJETO DE PESQUISA?


Em geral, deve existir ao menos um profissional efetivamente vinculado a uma
instituição de ensino (professor) na gerência do projeto, sendo o mesmo o principal
responsável por ele. Um estudante não pode submeter um projeto sozinho; quando o
projeto for de origem acadêmica deve haver um orientador, e quando a origem for o
custeio da pesquisa, deve existir um coordenador do projeto.
Algumas ocasiões onde a redação de um projeto de pesquisa é necessário:

1. Para solicitação de bolsa de iniciação científica junto à instituição de ensino.


2. Para concorrer na admissão em cursos de pós‐graduação.
3. Para solicitação de apoio financeiro à grupos de pesquisa, através de insti‐
tuições de fomento governamentais ou privadas.

3 ESTRUTURA DE UM PROJETO DE PESQUISA

Bibliografia
Recursos
Cronograma
Metodologia
Objeto
Justificativa
Objetivos
Introdução
Sumário
Folha de Rosto
Capa do Projeto
CAPA DO PROJETO:
Consiste de Instituição, Título, Autor, Local e data.

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO


INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

PROJETO DE PESQUISA
<COLOQUE AQUI O TÍTULO DO PROJETO >

AUTOR(A): < COLOQUE AQUI SEU NOME >

UFRRJ, < MÊS > DE < ANO >

PÁGINA DE ROSTO:
Consiste de Instituição, Título, Autor, Orientador e Natureza do projeto.

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO


INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

< COLOQUE AQUI O TÍTULO DO PROJETO >

< Insira neste campo uma


descrição sucinta do objetivo
do projeto, bem como a
finalidade do mesmo. >

AUTOR(A): < Coloque aqui seu nome completo >


ORIENTADOR : < Coloque aqui o nome do orientador >
CO‐ORIENTADOR: < Caso exista, insira o nome >

UFRRJ, < MÊS > DE < ANO >


SUMÁRIO:
Enumeração das principais divisões seções e outras partes da obra, indicando o
número da página. Geralmente é uma das últimas partes a ser feita.

INTRODUÇÃO:
Constitui em uma introdução bem estruturada:

1. Indicar as principais razões que levaram ao estudo, quais seriam os proble‐


mas que ele pretende resolver ou amenizar.
2. Indicar porque o assunto é importante, em suma, sua relevância.
3. Fazer referências a trabalhos anteriores, ou seja, elaborar uma contextua‐
lização ou ambiente no qual o trabalho proposto no projeto está inserido.
4. Indicar a abordagem que será dada ao assunto.
5. Indicar os objetivos, gerais e específicos, do trabalho.

OBJETIVOS (PARA QUÊ?):


Atenção! Os objetivos devem ser sempre expressos em verbos de ação.

1. Objetivo Geral: Está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Rela‐
ciona‐se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das
idéias estudadas. Vincula‐se diretamente à própria significação da tese pro‐
posta pelo projeto. Deve iniciar com um verbo de ação.
2. Objetivos Específicos: Apresentam caráter mais concreto. Têm função inter‐
mediária e instrumental, permitindo de um lado, atingir o objetivo geral e, de
outro, aplicar este a situações particulares.

Exemplos de verbos aplicáveis quando a pesquisa tem o objetivo de ...

conhecer compreender aplicar analisar sintetizar avaliar


apontar, compreender, desenvolver, comparar, compor, avaliar,
citar, concluir, empregar, criticar, construir, contrastar,
classificar, deduzir, estruturar, debater, documentar, decidir,
conhecer, demonstrar, operar, diferenciar, especificar, escolher,
definir, determinar, organizar, discriminar, esquematizar, estimar,
descrever, diferenciar, praticar, examinar, formular, julgar,
identificar, discutir, selecionar, investigar, produzir, medir,
reconhecer, interpretar, traçar, provar, propor, reunir, selecionar.
relatar; localizar, otimizar, ensaiar, sintetizar;
reafirmar; melhorar; medir,
testar,
monitorar;

JUSTIFICATIVA (POR QUÊ?):


É o único item do projeto que apresenta respostas à questão por quê? De suma
importância, geralmente é o elemento que contribui mais diretamente na aceitação da
pesquisa pela(s) pessoa(s) ou entidades que vai financiá‐la. A justificativa consiste em
uma exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e dos motivos
de ordem prática que tornam importante a realização da pesquisa. Deve enfatizar:

1. O estágio em que se encontra a teoria respeitante ao tema;


2. As contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer: confirmação geral, con‐
firmação na sociedade particular em que se insere a pesquisa, especificação
para casos particulares, clarificação da teoria, resolução de pontos obscuros;
3. A importância do tema do ponto de vista geral;
4. A importância do tema para casos particulares em questão;
5. Possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo
tema proposto;
6. Descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares. A justificativa di‐
fere da revisão da bibliografia e, por este motivo, não apresenta citações de
outros autores.

OBJETO (O QUÊ)?:
O objeto da pesquisa responde a questão “o quê?” e engloba os seguintes com‐
ponentes:

1. Problema: a formulação do problema prende‐se ao tema proposto, e escla‐


rece a dificuldade específica com a qual se defronta e que se pretende resol‐
ver por intermédio da pesquisa.
2. Hipótese básica: a problematização do tema necessita de uma resposta, pro‐
vável, suposta e provisória, isto é, uma hipótese.
3. Hipótese secundária: são afirmações complementares da hipótese básica
(demonstra em detalhes o que a hipótese básica afirma em geral, engloba
aspectos não especificados na básica, indica relações deduzidas da primeira
ou aponta outras relações possíveis de serem encontradas.
4. Variáveis: toda hipótese é o enunciado geral de relações entre, pelo menos,
duas variáveis.Variável é um conceito que contêm ou apresenta valores, tais
como, quantidade, qualidades, características, etc.

METODOLOGIA (COMO?):
A metodologia deve descrever as formas e técnicas que serão utilizadas para
executar o projeto. A especificação da metodologia do projeto é a que abrange núme‐
ro de itens, pois responde, a um só tempo, as seguintes questões “como?”, “com
que?” e “onde?”.
A metodologia deve responder às seguintes questões:

a) Como o projeto vai atingir seus objetivos?


b) Como começarão as atividades?
c) Como serão coordenadas e gerenciadas as atividades?
d) Como e em que momentos haverá a participação e envolvimento direto de
cada participante do grupo de pesquisa?
Deve se descrever o tipo de atuação a ser desenvolvida: pesquisa, diagnóstico,
intervenção ou outras; que procedimentos (métodos, técnicas e instrumentos, etc.) se‐
rão adotados e como será sua avaliação e divulgação. É importante pesquisar meto‐
dologias que foram empregadas em projetos semelhantes, verificando sua aplicabi‐
lidade e deficiências, e é sempre oportuno mencionar as referências bibliográficas.
Um projeto pode ser considerado bem elaborado quando tem metodologia bem
definida e clara. É a metodologia que vai dar aos avaliadores/pareceristas, a certeza de
que os objetivos do projeto realmente tem condições de serem alcançados.
Devem constar na seção de metodologia: questionários, entrevistas, caracteriza‐
ção dos dados usados, pesquisas na internet, visitas, viagens, testagens, tratamentos
estatísticos, procedimentos, entre outros...

CRONOGRAMA (QUANDO?):
A elaboração do cronograma responde à pergunta “quando?”. A pesquisa deve
ser divida em partes, fazendo‐se a previsão do tempo necessário para passar de uma
fase para outra. Não esquecer que, se determinadas partes podem ser executadas
simultaneamente, pelos vários membros da equipe, existem outras que dependem das
anteriores, como é o caso da análise e interpretação, cuja realização depende da
codificação e tabulação, só possíveis depois de colhidos os dados.
Sugestão de cronograma para seis meses de pesquisa:

ETAPA MÊS 01 02 03 04 05 06
Escolha do Tema de Pesquisa X
Seminários do projeto1 X
Definição dos capítulos X
Seminário – desenvolvimento da proposta X X X
Redação preliminar X X
Ajustes metodológicos, conceituais. Formatação. X X X
Preparação para a defesa X
Apresentação do trabalho final X

RECURSOS (QUANTO?):
Normalmente as monografias, as dissertações e as teses acadêmicas não neces‐
sitam que sejam expressos os recursos financeiros. Os recursos só serão incluídos
quando o Projeto de Pesquisa for apresentado para uma instituição financiadora de
Projetos de Pesquisa, como por exemplo a Capes, a FINEP, o CNPq ou a FAPERJ.
Os recursos financeiros podem estar divididos em Material Permanente, Mate‐
rial de Consumo e Pessoal, sendo que esta divisão vai ser definida a partir dos critérios
de organização de cada um ou das exigências da instituição onde está sendo
apresentado o Projeto.

Material Permanente:
São aqueles materiais que têm uma durabilidade prolongada. Normalmente de‐
finidos como bens duráveis, ou seja, que não são consumidos durante a realização da
pesquisa. Ao final da pesquisa ou vigência do projeto os bens podem voltar para a

1
Justificativa, objetivos, problemática, metodologia e estrutura do trabalho.
instituição financiadora ou fazer parte do acervo permanente da instituição de ensino
ao qual está vinculada a pesquisa.
Podem ser classificados como bens permanentes: geladeiras, ar refrigerados,
computadores, impressoras, livros, licenças de softwares etc.
Exemplo:

ITEM CUSTO (R$)


Computador 3.000,00
Impressora a Laser 1.000,00
Multifuncional 500,00
Mesa para Computador 200,00
Livro – “Programação Orientada a Objeto” 150,00
Licença Software – Visual Basic 6.0 2.000,00
TOTAL 6.850,00

Material de Consumo e Pessoal:


São aqueles materiais que não têm uma durabilidade prolongada. Normalmente
são definidos como bens que são consumidos durante a realização da pesquisa.
Podem ser: papel, tinta para impressora, gasolina, material de limpeza, caneta,
inscrições em eventos, passagens áreas, bolsas de estudo etc.
Exemplo:

ITEM CUSTO (R$)


10 cartuchos de impressora 900,00
10 resmas de papel A4 100,00
Bolsa de iniciação científica – 12 meses 4.200,00
4 passagens áreas Rio‐São Paulo (Ida e volta) 1.000,00
TOTAL 6.200,00

BIBLIOGRAFIA:
As referências dos documentos consultados para a elaboração do Projeto é um
item obrigatório. Nela normalmente constam os documentos e qualquer fonte de
informação consultados no Levantamento de Literatura.
Exemplos para elaboração das Referências, segundo as normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, para elaboração das Referências estão ex‐
pressas no Capítulo 9 desta apostila.

4 CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS

QUANTO À NATUREZA:
1. Pesquisa Básica: objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da
ciência sem aplicação prática prevista, isto é, possui um enfoque teórico. En‐
volve verdades e interesses universais.
2. Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática diri‐
gida à solução de problemas específicos, isto é, possui foco prático. Envolve
verdades e interesses locais.
QUANTO A FORMA DE ABORDAGEM (SEGUNDO GIL, 1991):
1. Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que sig‐
nifica traduzir em números opiniões e informações para classificá‐los e anali‐
sá‐los. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem,
média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação, análise de
regressão, etc...).
2. Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mun‐
do real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A inter‐
pretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicos no
processo de pesquisa qualitativa. Não requer os uso de métodos e técnicas
estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a
analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos
principais de abordagem.

QUANTO AOS OBJETIVOS:


1. Pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o proble‐
ma com vistas a torná‐lo explícito ou a construir hipóteses. Envolvem levan‐
tamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências
práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a
compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Es‐
tudos de caso.
2. Pesquisa Descritiva: visa descrever as características de determinada popu‐
lação ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envol‐
vem o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e
observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento.
3. Pesquisa Explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou contri‐
buem para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da reali‐
dade porque explica a razão, o “porquê” das coisas. Quando realizada nas
ciências naturais requer o uso do método experimental e nas ciências sociais
requer o uso do método observacional. Assume, em geral, a formas de Pes‐
quisa Experimental e Pesquisa “Ex‐post‐facto”.

QUANTO AOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS:


1. Pesquisa Bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com
material disponibilizado na Internet.
2. Pesquisa Documental: quando elaborada a partir de materiais que não rece‐
beram tratamento analítico.
3. Pesquisa Experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecio‐
na‐se as variáveis que seriam capazes de influenciá‐lo, define‐se as formas de
controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
4. Levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas
cujo comportamento se deseja conhecer.
5. Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhe‐
cimento.
6. Pesquisa Ex‐Post‐Facto: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos.

5 ETAPAS ANTECESSORAS À REDAÇÃO DO PROJETO

DEFINIÇÃO DO TEMA:
O tema é o assunto que se deseja provar ou desenvolver. Pode surgir de uma
dificuldade prática enfrentada pelo coordenador, da sua curiosidade científica, de
desafios encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria teoria. Pode ter
surgido pela entidade responsável, portanto, “encomendado”, o que, no entanto não
lhe tira o caráter científico. Independente de sua origem, o tema é, nessa fase, neces‐
sariamente ampla, precisando bem o assunto geral sobre o qual se deseja realizar a
pesquisa.

TEORIA DE BASE:
A finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição de
fatos levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um caráter interpreta‐
tivo, no que se refere aos dados obtidos. Para tal, é imprescindível correlacionar a
pesquisa com o universo teórico, optando‐se por um modelo que serve de embasa‐
mento à interpretação do significado dos dados e fatos colhidos ou levantados. Todo
projeto de pesquisa deve conter as premissas ou pressupostos teóricos sobre os quais
o pesquisador (o coordenador e os principais elementos de sua equipe) fundamentará
sua interpretação.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA PESQUISA:


Alguma parte hoje da estaca zero. Mesmo que exploratória, isto é, de avaliação
deu ma situação concreta desconhecida, em um dado local, alguém ou um grupo, em
algum lugar, já deve ter feito pesquisas iguais ou semelhantes ou mesmo comple‐
mentares de certos aspectos da pesquisa pretendida. Uma procura de tais fontes,
documentais ou bibliográficas, torna‐se imprescindível para a não‐duplicação de
esforços, a não “descoberta” de idéias já expressas, a não‐inclusão de “lugares‐co‐
muns” no trabalho. A citação das principais conclusões a que outros autores chega‐
ram permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições
ou reafirmar comportamentos e atitudes.

DEFINIÇÃO DOS TERMOS:


A ciência lida com conceitos, isto é, termos simbólicos que sintetizam as coisas e
os fenômenos perceptíveis na natureza, no mundo psíquico do homem ou na socie‐
dade, de forma direta ou indireta. Para que se possa esclarecer o fato ou fenômenos
que se está investigando a ter possibilidade de comunicá‐lo, de forma não ambígua, é
necessário defini‐lo com precisão. Os termos precisam ser especificados para a com‐
preensão de todos.

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