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GREGO 1

Gladston Pereira da Cunha


Gladson Pereira da Cunha
Gladston Pereira da Cunha
gladson pereira da cunha

GREGO 1

FABRA
2017
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR FABRA
MANTENEDOR DO CENTRO DE ENSINO SUPERIOR FABRA

CRED. PELA PORT. Nº 2787 DE 12/12/2001


D.O.U. 17/12/2001 - CNPJ 03.580.192/0001-40
Aditada pela Portaria MEC n 467 de 13/09/2013 – publicada no D.O.U em 16/09/2013
Rua Pouso Alegre, 49 – Barcelona – Serra/ES
Tel.: 27 3241-9093 – www.soufabra.com.br

Copyright@FABRA 2017

Elaboração:
Eber da Cunha Mendes

Revisão:
Irislane Figueiredo

Produção e Capa:
Centro de Ensino Superior Fabra

Projeto Gráfico e Editoração:


Central Edições Ltda. 27 99986-6804
Adão Rocha • Luciano Vidal

Catalogação na publicação elaborada pela Biblioteca Central da FABRA.

CUNHA, Gladston Pereirada.


C972g Grego I / Gladston Pereira da Cunha, Gladson Pereira
da Cunha; organizado por Irislane Figueiredo, Eber da Cunha
Mendes. - Serra, ES: Centro de Ensino Superior Fabra, 2017.
162p. : il.

ISBN 978-85-92808-31-0

1. Grego. I. Título. II. CUNHA, Gladson Pereira da. III.


FIGUEIREDO, Irislane. IV. CUNHA, Eber da Cunha Mendes

CDD 487.03
Apresentação

P
rezado(a) aluno(a), estudar teologia é algo muito sério. Ao contrário
das demais ciências, o “objeto” de estudo da teologia é infinitamente
maior do que aqueles que o estudam. Além disso, ele é soberano so-
bre toda a criação. Contudo, ele é aquele que de maneira pessoal se permite
conhecer. Aliás, ele é aquele que deseja ser encontrado (Is 55.6; Jr 29.13).
Porém, o que podemos conhecer de Deus e estudar acerca do seu ser e da
sua vontade é somente aquilo que ele próprio decidiu nos dar a conhecer
através das Escrituras do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Fora
das Escrituras, todas as afirmações acerca de Deus são meras abstrações
falhas;um retrato impreciso do Todo-Poderoso.

Por isso, a teologia cristã parte das Escrituras como revelação de Deus e da
vontade dele. E numa reflexão teológica que se alimenta, é necessário que
se tenha a certeza do que as palavras contidas no livro sagrado significam.
Por essa razão, a cristandade não somente tem preservado as cópias dos
manuscritos antigos, mas também os tem estudado na perspectiva de com-
preender mais fielmente o sentido da palavra revelada.

Portanto, estudar o grego, mais especificamente o grego koinê, não é sim-


plesmente aprender um idioma antigo, mas capacitar-se com uma ferra-
menta que permita ir à fonte de águas cristalinas do conhecimento de Deus.
Conhecer o grego koinê é ter a possibilidade de portar-se como um daqueles
primeiros leitores do Novo Testamento, que receberam a revelação viva do
Todo-Poderoso para a sua vida.

Esse é o nosso desafio: ir à fonte. A minha expectativa é que possamos fazer


isso juntos e sermos bem-sucedidos.

Bons estudos!

Gladston Pereira da Cunha


6 • GREGO

O segredo de seu sucesso nos estudos


Não deixe de acessar nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Nesse ambien-
te você ampliará seus conhecimentos e assuntos abordados neste livro. Este é mais
um segredo para um melhor aproveitamento dos estudos, maior aprendizado e para
a boa formação!
Programa de Ensino

Ementa
Introdução à história da língua grega. O alfabeto grego. Silabação e pontu-
ação na língua grega. Substantivos. Artigos. Pronomes. Adjetivos. Preposi-
ções. Introdução ao sistema verbal (verbo raiz –w e verbo e)imi/)

Objetivos
O objetivo do presente curso é capacitar o estudante no uso instrumental
da língua grega, a fim de habilitá-lo para a leitura e a interpretação do texto
original do Novo Testamento escrito em grego Koinê.

Com isso, o curso objetiva desenvolver no aluno as seguintes habilidades:

• Identificar as letras e os fonemas gregos,


• Utilizar das regras de silabação, pontuação e acentuação gregas,
• Conhecer as classes gramaticais existentes no grego koinê;
• Diferenciar e compreender as nuances de cada classe gramatical grega;
• Utilizar as regras básicas de concordância nominal e verbal em grego.

Bibliografia Básica
REGA, Lourenço Stelio. Noções de Grego bíblico: gramática fundamental. 4
ed. São Paulo: Vida Nova, 2004.

SANTOS, Amador-Angel Garcia. Gramática do grego do Novo Testamento.


São Paulo: Loyola, 2008.

SOARES, Esequias. Gramática prática de grego: um curso dinâmico para


leitura e compreensão. São Paulo: Hagnos, 2011.
8 • GREGO

Bibliografia Complementar
HAUBECK, Wilfrid. Nova chave linguística do Novo Testamento grego: Ma-
teus – Apocalipse. São Paulo. Targumim, 2010.

RIENECKER,.Fritz; ROGERS, Cleon. Chave linguística do Novo Testamento


grego. São Paulo: Vida Nova, 2006.

RUSCONI, Carlo. Dicionário do grego do Novo Testamento. São Paulo: Pau-


lus, 2003.

SAYÃO, Luiz (Org.). Novo Testamento trilíngue: Grego, Português e Inglês.


São Paulo: Vida Nova. 2009.
Sumário

UNIDADE 1

Capítulo 1 • Introdução à história da Língua Grega........................... 17


1. Origem da Grécia Antiga..................................................................... 17
2. O surgimento do grego koinê .......................................................... 19
RESUMO DO CAPÍTULO 1................................................................................ 22
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 23

Capítulo 2 • A Fonologia da Língua Grega............................................. 25


1. Aprendendo o alfabeto...................................................................... 25
2. Notas fonéticas................................................................................... 26
2.1. Símbolos gregos com fonemas similares em português . ........................ 27
2.3. Símbolos gregos sem fonemas similares em português .......................... 27
3. Notas gráficas . .................................................................................. 27
4. Vogais.................................................................................................... 28
4.1. Ditongos............................................................................................ 29
4.2. Ditongo impróprio.............................................................................. 29
5. Consoantes.......................................................................................... 30
RESUMO......................................................................................................... 32
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 33
Capítulo 3 • Silabação e Pontuaçãona Língua Grega........................... 35
1. Silabação na Língua Grega................................................................ 35
1.1. Classificação das palavras quanto ao número de sílabas......................... 36
1.2. Classificação quanto à posição da sílaba.............................................. 37
1.3. Classificação quanto ao tempo de pronúncia......................................... 37
2. Pontuação............................................................................................ 37
3. Diacríticos............................................................................................ 38
3.1. Acentos.............................................................................................. 38
3.1.1. Regras gerais de acentuação ........................................................... 39
3.1.2. Acentuação dos substantivos........................................................... 40
3.1.3. Acentuação dos verbos.................................................................... 40
3.1.4. Palavras Proclíticas......................................................................... 41
3.1.5. Palavras Enclíticas.......................................................................... 41
3.2. Aspiração........................................................................................... 42
3.3. Apóstrofo ........................................................................................ 42
3.4. Trema................................................................................................. 42
RESUMO......................................................................................................... 43
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 44
AMPLIE O CONHECIMENTO NO AVA................................................................. 45

Unidade 2

Capítulo 1• Substantivos.......................................................................... 51
1. Formação dos substantivos.............................................................. 51
2. Casos..................................................................................................... 52
3. Gênero ................................................................................................. 54
4. Número................................................................................................. 55
5. Declinação........................................................................................... 55
5.1. Segunda Declinação ......................................................................... 55
5.2. Primeira Declinação........................................................................... 57
5.3. Terceira Declinação . ......................................................................... 60
RESUMO......................................................................................................... 65
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 66
Capítulo 2 • Artigos................................................................................... 69
1. Características básicas do artigo grego ....................................... 69
2.Declinação do artigo........................................................................... 71
2.1. Declinação no singular....................................................................... 71
2.2. Declinação no plural ......................................................................... 72
RESUMO......................................................................................................... 74
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 74

Capítulo 3• Adjetivos................................................................................ 77
1. Características básicas do adjetivo................................................ 77
2. Declinação do adjetivo ..................................................................... 79
2.1. Adjetivos de Terceira Declinação Completa........................................... 82
2.2. Adjetivos de 3ª + 1ª Declinação; ....................................................... 83
2.3. Adjetivos de 3ª + 2ª + 1ª Declinação................................................. 83
4. As formas dos adjetivos.................................................................... 84
RESUMO......................................................................................................... 88
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 88

Capítulo 4 • Pronomes.............................................................................. 91
1. Pronomes pessoais.............................................................................. 91
2. Pronomes demonstrativos................................................................ 93
3. Pronomes interrogativos.................................................................. 95
4. Pronomes indefinidos........................................................................ 96
5. Pronomes relativos............................................................................ 98
5.1. Pronomes relativos – singular.............................................................. 98
5.2. Pronomes relativos – plural................................................................. 98
6. “Pronomes possessivos”..................................................................... 99
6.1. Pronomes possessivos [genitivo dos pronomes pessoais]........................ 99
6.2. Pronomes possessivos [adjetivos possessivos]....................................... 100
7. Pronomes recíprocos......................................................................... 101
8. Pronomes reflexivos.......................................................................... 102
8.1. Pronomes reflexivos – singular............................................................. 102
8.2. Pronomes reflexivos – plural................................................................ 103
RESUMO......................................................................................................... 104
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 105

Capítulo 5 • Preposições.......................................................................... 107


1. As funções das preposições ............................................................. 108
2. As preposições e os casos.................................................................. 110
2.1. Preposições que regem dois casos:...................................................... 110
2.2. Preposições que regem três casos:....................................................... 111
RESUMO......................................................................................................... 112
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 112
AMPLIE O CONHECIMENTO NO AVA................................................................. 114

Unidade 3

Capítulo 1 • Introdução ao Sistema Verbal do Grego Koinê.............. 119


1. Características do verbo grego....................................................... 119
1.1. Modo .............................................................................................. 119
1.2. Tempo.............................................................................................. 120
1.3. Voz ................................................................................................. 122
1.4. Pessoa e número .............................................................................. 122
2. Conjugação ......................................................................................... 123
3. Grupos Verbais.................................................................................... 126
RESUMO......................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 128

Capítulo 2 • Verbos Temáticos (terminação –w).................................... 131


1. Indicativo.............................................................................................. 131
1.1. Presente do indicativo........................................................................ 131
1.2. Futuro do indicativo........................................................................... 133
1.3. Imperfeito do indicativo...................................................................... 134
1.4. Aoristo do indicativo ......................................................................... 135
1.5. Perfeito do indicativo ........................................................................ 136
1.6. Mais-que-perfeito do indicativo .......................................................... 137
2. Subjuntivo........................................................................................... 138
2.1. Presente do Subjuntivo....................................................................... 139
2.2. Aoristo do Subjuntivo......................................................................... 140
3. Imperativo............................................................................................ 141
3.1. Presente do Imperativo....................................................................... 141
3.2. Aoristo do Imperativo......................................................................... 142
4. Optativo................................................................................................ 143
4.1. Presente do optativo.......................................................................... 143
4.2. Aoristo do optativo............................................................................. 144
RESUMO......................................................................................................... 145
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 145

Capítulo 3 • Verbo Ei)Mi/ ........................................................................... 147


1. As características do verbo ei)mi/ ................................................... 147
2. A conjugação do verbo ei)mi/ ............................................................. 148
2.1. Indicativo......................................................................................... 148
2.1.1. Presente do indicativo..................................................................... 148
2.1.2. Imperfeito do indicativo................................................................... 150
2.1.3. Futuro do indicativo ....................................................................... 150
2.2. Subjuntivo........................................................................................ 150
2.2.1. Presente do subjuntivo.................................................................... 151
2.2.2. Imperativo..................................................................................... 151
2.2.3. Presente do imperativo.................................................................... 151
RESUMO......................................................................................................... 152
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 153
AMPLIE O CONHECIMENTO NO AVA................................................................. 155

Bibliografia Comentada............................................................................ 157


Referências................................................................................................. 159
GREGO 1

Unidade 1
Capítulo 1

Introdução à história da Língua Grega

“Isso parece grego para mim”. Possivelmente você já deve ter dito ou
ouvido alguém falar isso quando ouviu uma palavra ou expressão diferente.
De fato, hoje grego está restrito a um número pequeno de falantes da lín-
gua. Estima-se que há cerca de 14 milhões de falantes da língua grega em
todo o mundo.1 Porém, é necessário lembrar que o grego é uma das línguas
mais antigas da humanidade e que já teve o status de língua universal e
comercial, estando, para o mundo antigo, como o inglês está para o mundo
moderno.

1. Origem da Grécia Antiga

A origem da língua está associada com a formação da própria civilização


grega ou helênica. O nome Grécia foi dado pelos antigos romanos como um
designativo para a região costeira do Mar Egeu e do Mar Jônico. Mas os
habitantes dessa região a chamavam de Hélade [ou Hellas]. Inicialmente,
Hélade referia-se a uma tribo da Tessália e, posteriormente, tornou-se um
nome comum para a região . Hélade deriva do nome Heleno, que segundo
o mito, era o ancestral comum dos povos que ocuparam a região.2 Daí eles
se denominarem de helenos, ou seja, descendentes de Heleno.
Há evidências que atestam a ocupação daquela região do mundo a
partir de 3000 a.C.. Os primeiros habitantes da região eram denominados
de pelasgos, provavelmente oriundos da Ásia Menor. Eles fundaram cidades
1
GREEK. Disponível em <http://www.ethnologue.com/language/ell>. Acesso em 20 de maio de 2015.
2
SACKS David. Encyclopedia of the Ancient Greek World. revised editon. New York. Facts on File. 2005. p.147-148.
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2 São Paulo. Hagnos. 2001. p.965-973.
18 • GREGO

tanto no continente quanto nas ilhas do Mar Egeu, tornando-se, dessa ma-
neira, o embrião da civilização grega.
A partir de 2000 a.C., houve uma onda de migrações de tribos nôma-
des indo-europeias, também denominadas de arianas, as quais deixaram a
região central da Ásia e dirigiram-se para a Península Balcânica. A primeira
dessas tribos foi a dos aqueus, que estabeleceram os primeiros povoados da
região e iniciaram um processo de assimilação dos povos que ali já estavam.
Posteriormente, vieram os Jônios, os Eólios e os Dórios, que, igualmente,
estabelecem seus centros urbanos e assimilaram a cultura da região. Desse
processo nasce a confederação das cidades-estados que dão a forma inicial
da civilização grega.
A principal mudança nessa organização viria a acontecer por volta de
336 a.C., quando Alexandre III3 assume o trono da Macedônia e unifica o
estado grego. Posteriormente, ele inicia suas campanhas militares, expan-
dindo a sua hegemonia sobre outros povos e estabeleceum dos maiores
impérios do mundo antigo. Tal hegemonia perdurou até 146 a.C., quando
Roma conquistou o remanescente do Império Grego e fez dele uma de suas
províncias.

Império Macedônico nos dias de Alexandre4

3
Também conhecido como Alexandre Magno ou Alexandre, o Grande.
4
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Mapa_de_Alejandr%C3%ADas-pt.svg
u NI D A D E 1 • 19

O helenismo do mundo foi um dos traços mais significativos da hegemo-


nia da civilização grega. Padovese define helenismo como “a promoção da
mesma língua (koine\) e cultura grega e a progressiva afirmação das estrutu-
ras locais da polij grega, embora respeitando as autonomias locais”5. Em
outras palavras, os povos conquistados apreendiam todos os elementos da
cultura grega, da qual, um dos traços mais importantes era a língua. Neste
caso específico, o grego koinê.

Você sabia?
O nome oficial da Grécia é República Helênica ou, em grego,
Ellhniki Dimokratia [lit.: Democracia Helênica].
A nação grega já era conhecida no tempo do Antigo Testamento.
Há seis ocorrências no Antigo Testamento do termo Yâvân, possivel-
mente uma forma hebraica para Jônia. O termo é traduzido para o
português como Javã ou Grécia. (cf. Is 66.19; Ez 27.13; Dn 8,21;
10.20; 11.2; Zc 9.13).

Fonte: http://grecia.kolam.com.br/index.php/apresentacao/republica-helenica

2. O surgimento do grego koinê

Como vimos, quatro grupos fizeram parte da formação da civilização gre-


ga. Desses, três tiveram maior influência na formação da língua: os Jônios, os
Eólios e os Dórios. Cada um desses povos possuía um dialeto próprio, porém,
que descendia de uma mesma família linguística, denominada heleno. Por sua
vez, o heleno é derivado de um tronco linguístico denominado indo-europeu,
do qual se derivaram ainda o indo-iraniano, o armênio, o albânico, o italiano,
o celta, o germânico, o balto-eslavo e o tocariano (LASOR, 1998. p.2,3).
Devido aos diversos dialetos helenos, à sua assimilação e às suas sobre-
posições, alguns estudiosos têm proposto algumas divisões para o desenvol-
vimento da língua grega6.

5
PADOVESE, L. Helenismo. IN: Dicionário Teológico Enciclopédico. São Paulo. Loyola. 2003. p.333.
6
Para outras possibilidades de desenvolvimento da língua grega, ver: JANNARIS, Antonios Nikolaou. An histori-
cal greek grammar: chiefly of the attic dialect. London. Macmilliam and Co. Ltd. 1897. p.1-20. REGA, Lourenço
Stelio. Noções do grego bíblico. São Paulo. Vida Nova. 2004. p.8.
20 • GREGO

Considerando o objetivo deste curso, tomaremos como referência a pro-


posta de Daniel Wallace (WALLACE, 2009. p.14-16):
1. Pré-Homérico (das origens até 1000 a.C)
2. A Era dos Dialetos ou Período Clássico (1000 a.C. a 330 a.C.)
3. O Grego koine\ (330 a.C. a 330 d.C.)
4. O Grego Bizantino ou Medieval (330 d.C. a 1453 d.C.)
5. O Grego Moderno (1453 d.C. ao presente)
Com o estabelecimento da hegemonia da Macedônia, houve o cresci-
mento do dialeto macedônio, que era o ático, um dialeto derivado do jônio.
A partir do ático, que aglutinou elementos e traços dos demais dialetos gre-
gos, desenvolveu-se um novo dialeto: o Koinê (HORTA, 1991. p.67). O ter-
mo koinê significa “comum”. Todavia isso não deve ser compreendido como
uma diminuição do valor da língua, mas como apontamento para o fato de
ser uma língua franca ou vernácula, isto é, conhecida e falada de maneira
comum pelas pessoas de uma forma geral. Observe o gráfico abaixo:

eólio

indo-
heleno dório
europeu

jônio ático koinê

O koinê foi um elemento marcante da influência do helenismo (cf. FER-


GUSON, 1973. p.34). Ele se tornou a língua universal, mesmo depois da
queda do império grego sob o poder de Roma. Por isso, o koinê também é
chamado de grego helenista. E como bem disse John G. Machen, “a língua
do Império Romano foi mais o grego que o latim” (MACHEN, 2014, p.12).
A influência do grego koinê perdurou até 330 d.C..
Como parte da helenização dos povos conquistados, houve uma preo-
cupação de Alexandre e de seus sucessores em tornar a cultura local dos
povos compreensível também na língua grega. Daí a tradução da literatura
u NI D A D E 1 • 21

desses povos. Nesse processo, houve a tradução dos Escritos Sagrados dos
Hebreus, que ficou conhecida como a Versão dos Setenta ou, simplesmente,
Septuaginta [LXX]. Posteriormente, o koinê foi usado na escrita do Novo Tes-
tamento e também utilizado pelos pais apostólicos (MOUNCE, 2009. p.2).
Tal processo de formação linguística atendeu ao propósito divino em
enviar o seu Filho na plenitude do tempo (Gl 4.4) - a revelação veterotes-
tamentária traduzida numa língua conhecida de todos os povos da época.
Por essa razão, foi possível que Jesus, os apóstolos e os demais cristãos
do séc. I pudessem pregar o evangelho conforme pré-anunciado no Antigo
Testamento (Lc 24.27 cf. At 8.32; Rm 9.17; 10.11; Gl 3.22; 4.30; Tg
2.8). Mas também tornou possível que gentios examinassem as Escrituras e
comprovassem a veracidade da pregação apostólica (At 17.11).
Logo, conhecer o grego koinê é ter a oportunidade de ler o Novo Testa-
mento conforme ele foi escrito, compreendendo que Deus escolheu a língua
comum do povo para revelar a sua Palavra. Nesse sentido, as palavras de
William Mounce são oportunas quando ele afirma: “o evangelho não perten-
ce exclusivamente aos eruditos; pertence a todas as pessoas” (MOUNCE,
2009. p.2). Por isso, você deve estudar a língua grega a fim de compartilhar
com mais fidelidade a mensagem do evangelho para o povo.

A primeira forma escrita conhecida daquilo


que se tornou a língua grega é o Linear B. Ela
foi descoberta em fragmentos pelo arqueólo-
go britânico Sir Arthur Evans, no final do séc.
XIX. A descoberta de mais fragmentos em
1939 permitiu que, em 1952, Michael Ven-
tris decodificasse o sistema linguístico neles
contido. Ele é denominado Linear B porque
existe uma forma ainda mais antiga de escrita, denominada Linear A.
Esta, porém, ainda não foi decodificada.

Fonte: http://www.civilization.org.uk/minoans/linear-b
22 • GREGO

RESUMO DO CAPÍTULO 1

Principais ideias vistas neste capítulo


O presente capítulo teve como objetivo iniciar o acadêmico na história da
língua grega até o surgimento do grego koinê. Nele nós estudamos:

• O desenvolvimento da nação grega;


• Elementos históricos para a formação da língua;
• A língua como fator cultural importante;
• A contribuição dos diversos dialetos helênicos na formação do grego koinê;
• A transformação do koinê como língua franca do império macedônico;
• Aspectos básicos do uso do koinê no Novo Testamento.
u NI D A D E 1 • 23

AUTOATIVIDADE

Vamos reforçar o que aprendemos!


A. Quais os nomes das principais tribos indo-europeias que participaram da
formação da língua grega?

B. Complete o gráfico do processo de desenvolvimento do grego koinê:

indo-
europeu

koinê

C. O que significa koinê? E por que a língua recebeu esse designativo?


24 • GREGO

D. O que é helenização? Qual foi uma de suas contribuições para o cristia-


nismo?
Capítulo 2

A Fonologia da Língua Grega

O bom uso de uma língua depende do conhecimento que se tem de sua


gramática. Isso também é verdade quanto ao grego koinê. Neste capítulo,
estudaremos a fonologia do koinê. A fonologia é a parte da gramática res-
ponsável pelo estudo dos fonemas específicos de cada símbolo linguístico. A
fonologia divide seu estudo em três áreas: “a ortoépia (estudo da articulação
e pronúncia dos vocábulos), a prosódia (estudo da acentuação tônica dos
vocábulos) e a ortografia (estudo da forma escrita das palavras)” (NETO;
INFANTE. 2008. p.15).
Neste capítulo, estudaremos o alfabeto grego. O objetivo desta seção é
prover o conhecimento básico para o estudo da língua grega. Para tanto, o
aluno poderá:

1. Identificar as letras gregas e seus respectivos fonemas;


2. Distinguir vogais e consoantes;
3. Reconhecer os encontros consonantais e vocálicos;
4. Construir sílabas.

1. Aprendendo o alfabeto
O alfabeto grego é composto de 24 letras. A maioria delas possui uma
letra correspondente no alfabeto português, o que facilita a compreensão e
o aprendizado. Observe a tabela a seguir:
26 • GREGO

Maiúscula Minúscula Nome Pronúncia Transliteração


A a Alpha Agulha a
B b Beta Borboleta b
G g Gama Galinha g (gu)
D d Delta Dedo d
E e Épsilon Época e
Z z Zeta Zebra z
H h Êta Êxodo ē
Q q Theta Theology th
I i Iota Igreja i
K k Kappa Caminho k
L l Lambda Ladeira l
M m Mü Milho m
N n Nü Nilo n
C c Ksi Táxi ks
O o Ômicron Óculos o
P p Pi Praia p
R r Rô Roma r
s (j sigma
S s/j Sigma Siriema
final)
T t Tau Tatu t
U u Ypsilon Müller y/u
F f Fi Faca f / ph
X x Ri Javier kh / ch
Y y Psi Psicologia ps
W w Ômega Orelha ō

2. Notas fonéticas

Ao analisar a tabela com o alfabeto grego, você observou que há uma


similaridade significativa com o alfabeto da língua portuguesa. Essa similari-
dade é tanto na forma dos símbolos quanto na fonética que eles expressam.
u NI D A D E 1 • 27

Contudo, você deve ter observado que algumas letras não têm uma forma
similar em português, mas que o seu fonema está presente em nossa língua.
Por outro lado, há também símbolos e fonemas que não possuem similares
em português. Isso merece uma atenção neste ponto de nosso estudo.

2.1. Símbolos gregos com fonemas similares em português

Há dois casos nesta categoria: C / c e Y / y. O C – c refere-se ao fo-


nema das consoantes K+S [KS], que encontramos na palavra táxi, sexo e
infecção. Já o Y / y refere-se ao fonema formado pela junção P+S [PS]
encontrado nas palavras psicologia, psoríase e psicose.

2.3. Símbolos gregos sem fonemas similares em português

Fazem parte desta categoria: Q / q; U / u; X / x. Os fonemas simboliza-


dos por essas letras não possuem similares no português. É necessário re-
correr a outros idiomas nos quais o fonema existe para traçar um paralelo.
A letra Q / q, representa o fonema th usado na língua inglesa em pala-
vras como theology, thanatology e thermostat. Na língua inglesa, o fonema
equivale a uma pronúncia interdental branda do fonema S (LOREZ, 2013.
p.37).
O U / u representa o fonema ü, como no alemão. Na pronúncia desse
fonema, os lábios ficam posicionados como se fosse exprimir o som de u,
porém, exprimem o som de i.
Por fim, o X / x representa o fonema kh/ch. Esse som é similar ao j em
espanhol. Trata-se de um fonema gutural e a sua pronúncia aproxima-se do
k expresso com a garganta.

3. Notas gráficas

Aprender a grafia do alfabeto é muito importante para o estudo da lín-


gua grega. Para auxiliá-lo neste processo, abaixo temos o alfabeto nas for-
mas maiúscula e minúscula. Os pontos acima e abaixo de cada letra servem
apenas como ponto de partida para a grafia da letra. Observe que as letras
maiúsculas possuem todas o mesmo tamanho, porém, as letras minúsculas
variam.
     
        
  2
28 • GREGO
             
        

  
"  #          


C
                   
omo em toda língua escrita, a grafia das letras muda com o passar
   $          "       
do tempo. Os manuscritos gregos mais antigos foram redigidos
     %   $&       

 utilizando apenas letras maiúsculas. Com o passar do tempo, a prefe-
rência tornou-se a utilização das letras minúsculas.


  
4. Vogais
       ! 
  # 
  
             
!     
O alfabeto grego possui sete vogais: a, e, h, i, o, u, w. As vogais na
       
língua grega podem ser divididas em três categorias, baseadas no tempo de
pronúncia de cada fonema. As categorias são: longas, breves e variáveis.
            

 Vogaisbreves Vogais
 longas  Variáveis
e h a
   
o w i
 u
  

As vogais e e o são sempre breves, tendo uma pronúncia mais curta. As
 h
!vogais e w 
 são
sempre
 longas, tendo
 
 o tempo
 de
  pronúncia mais prolon-
!   
gado.
  Como explica
   John Machen,
 h ew "
  são, respectivamente,
"  '( os 
corres-

pondentes longos de e e o (MACHEN, 2004. p.18).
             )(!"*+,-../01
 )(!"*+,-../01
As vogais variáveis podem tanto ter um tempo de pronúncia breve ou
curto, dependendo da posição que ocupam nas palavras. Via de regra, a
pronúncia dessas vogais tende a ser breve, mas quando são seguidas por
mais de uma consoante ou por uma consoante dupla, a pronúncia pode
tornar-se longa.
u NI D A D E 1 • 29

4.1. Ditongos
Um ditongo é uma forma de encontro vocálico. Ele ocorre quando duas
vogais se unem na mesma sílaba. Na língua portuguesa, os ditongos são
classificados em quatro categorias (NETO; INFANTE. 2008. p.24,25), e as
vogais podem variar a sua posição, criando uma diversidade de combina-
ções. Exemplos: cacau, água, paiol, história.
Na língua grega, os ditongos são formados tendo sempre como a segun-
da vogal um i ou um u. Além disso, nem todas as vogais formam ditongos,
o que é o caso da vogal longa w. Sendo assim, os ditongos gregos podem
ser limitados a apenas oito.

i Pronúncia Exemplo
a + i= ai pai ai)wn
e + i= ei peixe ei)mi/
o + i= oi oito oi)/da
u + i= ui muito ui(o/j
u Pronúncia Exemplo
a + u= au pau au)to\n
e + u= eu ilheú euaggelion
h + u= hu moeu hu)ch/qhn
o + u= ou tatu ou)ran/oj

Como observado no quadro acima, no ditongo ou a pronúncia é de u e


não de ou.

4.2. Ditongo impróprio


Na língua grega há o chamado ditongo impróprio. Ele ocorre quando as
vogais longas formam um ditongo com o iota. Nesses casos, o iota é escrito
abaixo da primeira vogal, em tamanho menor, sendo que o iota não é pro-
nunciado. Daí esse iota ser denominado “iota subscrito”. Porém, quando a
palavra for grafada com letras maiúsculas, o iota é escrito normalmente,
mas permanece não pronunciado. Essa ocorrência é denominada “iota ads-
crito”. Veja os exemplos abaixo:
Minúscula Maiúscula Pronúncia Exemplos Tradução
# AI panela w( / r # W( R AI Momento
$ HI Pedro par$/ n ei PARH/ I NEI Recomendar
% WI orelha a) n as%zw A) N ASWIZW Salvar
30 • GREGO

5. Consoantes
As consoantes gregas são divididas em três categorias: Mudas, Semivo-
gais e Duplas.

A. Mudas – são em número de nove: b, g, d, q, k, x, p, t, f. Essas conso-


antes são denominadas mudas pois necessitam de um fonema vocálico
para completar o seu próprio fonema.

Elas podem ser subdivididas quanto à modulação do som em:


1. Surdas ou brandas – por terem uma modulação que quase suprime o
som;
2. Sonoras ou médias – por terem uma modulação suavemente áspera;
3. Aspiradas ou ásperas – por terem uma modulação fortemente áspera.

Elas também podem ser subdivididas quanto às estruturas bucais utilizadas


na formação do som. Dessa forma, as consoantes mudas podem ser:
1. Labiais – quando o som é formado usando os lábios;
2. Guturais – quando o som é formado usando o palato;
3. Dentais – quando o som é formado usando os dentes.

Logo, as consoantes mudas podem ser organizadas conforme o quadro


abaixo:
Surdas Sonoras Aspiradas
Labiais p b f
Guturais k g x
Dentais t d q

A consoante g é muda gutural. Quando ocorre duplicada em uma


palavra, o primeiro g é pronunciado como n. Exemplo: a)/ggelo/j
[pronuncia-se: anguelós].
u NI D A D E 1 • 31

B. Semivogais – As consoantes desta categoria recebem o nome de semi-


vogal por não necessitarem de um fonema vocálico na formação do seu
próprio fonema. Ela inclui as consoantes l m n r s. Assim como ocorre
com as consoantes mudas, estas consoantes também se subdividem em
sub-categorias:

Líquidas lmnr
Nasais mn
Sibilantes s

Há uma regra que deve ser aplicada no uso das consoantes m e n. Fre-
quentemente, elas são pronunciadas nas palavras evitando-se a nasaliza-
ção. Contudo, a nasalização ocorre quando m e n precedem as consoantes
g, k, x, c. Nestes casos, m e n são substituídas pela consoante g.

Exemplo: sun + kale/w = sugkale/w [e não: sunkale/w]


sun + xai/rw = sugxai/rw [e não: sunxai/rw]

C. Duplas – Estas consoantes são chamadas de duplas por associarem dois


fonemas consonantais distintos na formação do seu próprio fonema. Nes-
ta categoria estão incluídas as consoantes z c y.

Exemplo: d + s = z
k+s=c
p+s=y
32 • GREGO

RESUMO

Principais ideias vistas neste capítulo


O presente capítulo apresentou uma introdução à fonologia da língua
grega. Você aprendeu neste capítulo que:
• O alfabeto grego tem 24 letras, sendo 7 vogais e 14 consoantes;
• Cada letra possui uma forma maiúscula e uma minúscula;
• O texto grego mais recente é todo escrito em letras minúsculas;
• As vogais formam ditongos, os quais têm sempre como segunda vogal
um i (iôta) ou um u (ypisilon);
• As consoantes podem ser divididas em: mudas, semivogais e duplas
u NI D A D E 1 • 33

AUTOATIVIDADE

Vamos reforçar o que aprendemos!


Agora é o momento de avaliar o seu aprendizado e desenvolver o con-
teúdo aprendido.

A. Vocabulário
No processo de aprendizado, decorar palavra é uma excelente maneira
de se familiarizar com o idioma. A partir de agora, vamos decorar as pala-
vras com o uso mais frequente no Novo Testamento. Bom estudo!

Qeo/j Deus e(me/ra dia


)Ihsou=j Jesus path/r pai
Xristo/j Cristo (ungido) a)delfo/j irmão
ku/rioj Senhor lo/goj palavra
a(/nqrwpoj homem ou)rano/j céu
pneu=ma espírito maqhth/j discípulo
ui(o/j filho pi/stij fé

B. Escreva, abaixo, o alfabeto grego, respeitando os limites das linhas e o


traçado de cada letra:
Maiúsculo

Minúsculo

Maiúsculo

Minúsculo
34 • GREGO

C. Translitere as palavras abaixo:


amor te= n ij
fo/ s fwrw desodorante
bikikleta zeloso
kalo ta/ c i
sapato yikologia

D. Forme os ditongos gregos. Para isso, complete a tabela abaixo com as


primeiras vogais e os ditongos que formam:
i
i
i
i

u
u
u
u

E. As consoantes duplas são formadas pelo encontro de dois fonemas. No


quadro abaixo, escreva quais fonemas dão origem a cada consoante:

z
y
c
Capítulo 3

Silabação e Pontuação
na Língua Grega

Neste capítulo vamos aprender as principais regras de silabação, de pontu-


ação e sobre o uso dos sinais diacríticos. Tais elementos da língua são impor-
tantes para o objetivo do curso, uma vez que são fundamentais para a leitura do
texto grego. Por isso, esteja atento em cada tópico. Bons estudos!

1. Silabação na Língua Grega

Uma vez que conhecemos o alfabeto grego, é possível iniciar o aprendi-


zado do processo de formação silábica. No grego, assim como no português,
“as sílabas são conjuntos de um ou mais fonemas pronunciados numa úni-
ca emissão de voz” (NETO; INFANTE, 2008. p.24). Logo, uma palavra é
formada por uma ou mais sílabas. Então, para aprendermos corretamente
a pronúncia de uma palavra, é necessário que saibamos como funciona o
processo de divisão silábica dela. Esse processo é denominado silabação e
é importante no aprendizado linguístico.
A silabação na língua grega ocorre de modo muito parecido com a língua
portuguesa. Por esta razão, o estudo do seu funcionamento no aprendizado
da língua grega tende a ser mais simples, ocorrendo de modo quase natural.
Contudo, algumas regras devem ser observadas.

A. Sempre haverá, em cada sílaba, somente uma vogal ou um ditongo:

gra - fh/ au - to/j der - ma/ - ti - noj


36 • GREGO

B. Quando houver duas vogais que não formam ditongo, as vogais sempre
serão separadas, formando sílabas distintas7:

a)/ - e/ - roj qe - o/j dou - lei/ - a

C. Quando houver uma consoante entre duas vogais, a consoante sempre


formará sílaba com a vogal que a segue:

a)/ - gw h( - dh i)/ - na

D. Quando houver o encontro de duas ou três consoantes entre duas vogais,


sendo a primeira consoante l, m, n, ou r, esta formará sílaba com a vogal
que a precede:

a)n - qrw/ - poj (Al - fai= - oj e)/r - xo - mai a) - del - fo/j

E. Quando houver o encontro de consoantes que podem ser pronunciadas


conjuntamente na mesma sílaba, elas se unem à vogal que as segue8:

spe/r - ma sklh - ro/j kou - stw - di/ - a Xri - sto/j

F. Quando houver o encontro de duas consoantes iguais [também chama-


das de consoantes duplas], elas serão separadas e formarão sílabas dis-
tintas:

a)/g - ge - loj Qes - sa - lo/ - ni/ - kh e)k - klh - si/ - #

G. Quando a palavra for composta por dois termos distintos, inicia-se a se-
paração silábica pelo ponto de junção:

e)k - la - le/w a) - po - ba/l - lw me - ta - di - do/ - nai

1.1. Classificação das palavras quanto ao número de sílabas

Como visto acima, as palavras na língua grega possuem tantas sílabas


7
Por esse motivo, uma consoante nunca formará uma sílaba sozinha.
8
Note que essa regra vale para quando o encontro consonantal ocorre no início ou no meio da palavra. Conheça
alguns exemplos nos quais a regra é aplicável: gl, gn, gr, dr, qr, kl, kr, kt, mn, pl, pr, tr, fq, xq, gm, qm,
tn, xm.
u NI D A D E 1 • 37

quanto forem necessárias em sua formação. A palavra também pode ser


classificada quanto ao número de sílabas:

Monossílaba e)k
Dissílaba spe/r - ma
Trissílaba a)/n - qrw/ - poj
Polissílaba e)k - klh - si/ - # / me - ta - di - do/ - nai

1.2. Classificação quanto à posição da sílaba

As sílabas também podem ser classificadas quanto à sua posição nas


palavras. Tal classificação é útil para a acentuação dos termos. Para tanto,
são consideradas as três sílabas finais de cada palavra. Elas são denomina-
das: última, sílaba final; penúltima, sílaba anterior à final; e antepenúltima,
sílaba que antecede a penúltima.
Exemplos:

Antepenúltima Penúltima Última


lo/ g oj lo/ goj
a) n qrw/ p oj a) / n qrw/ poj
e) k klhsi/ # e) k klh si/ #
metadido/ n ai me ta di do/ nai

1.3. Classificação quanto ao tempo de pronúncia

Por fim, as sílabas podem ser classificadas quanto ao tempo de pronún-


cia. São chamadas de sílabas longas aquelas que possuem vogais longas ou
ditongos. E são chamadas de sílabas breves aquelas que possuem vogais
breves.

2. Pontuação

Como na língua portuguesa, o grego koinê também se utiliza de sinais


de pontuação. Nina Catach afirma que a pontuação é um “sistema de re-
38 • GREGO

forço da escrita, constituído de sinais sintáticos destinados a organizar as


relações e a proporção das partes do discurso e das pausas orais e escritas.
Eses sinais também participam de todas as funções da sintaxe, gramaticais,
entonacionais e semânticas” (CATACH, 1996. p.79).
Logo, o objetivo dos sinais de pontuação é dar ao leitor a dimensão das
pausas e das diferentes entonações. Assim, é possível compreender o sen-
tido das orações, bem como as ênfases dadas na construção do texto. Isso
é especialmente significativo quando se trata da leitura e da interpretação
do texto bíblico.
É importante lembrar que “quando o Novo Testamento foi originalmente
escrito, não existiam sinais de pontuação” (MOUNCE, 2009, p.17). Tais
sinais foram acrescidos posteriormente, estando presentes nas modernas
edições do Novo Testamento em grego. Assim, torna-se necessária a com-
preensão de sua utilização a fim de buscar o melhor entendimento do pro-
pósito do texto original.
Basicamente, há quatro sinais de pontuação no grego koinê:
A. Ponto final (.) – Corresponde ao ponto final em português.
B. Vírgula (,) – Corresponde à vírgula, seguindo regras idênticas às da língua
portuguesa (cf. BECHARA, 2009. p. 769-772).
C. Ponto e vírgula (;) – Corresponde ao ponto de interrogação (?).
D. Ponto sobrescrito (.) – Corresponderá ao sinal de dois-pontos ou ponto e
vírgula, dependendo do contexto.

3. Diacríticos

3.1. Acentos

Existem três acentos na língua grega: Agudo (´), Grave (`) e Circunflexo (=).
Como informa Machen, “‑os acentos gregos indicavam, antigamente, não in-
tensidade, mas altura musical” (2004. p.21), ou seja, funcionavam como uma
indicação do ponto em que o tom da melodia subiria e desceria. Porém, o uso
correto dos sinais e a pronúncia original da língua são desconhecidas.
Diante disso, qual seria a importância dos acentos para o estudo da
u NI D A D E 1 • 39

língua grega? David Black propõe dois motivos: “(1) Ocasionalmente, dis-
tinguem palavras que são idênticas (i.e, ei) significa ‘se’; ei)= significa ‘você
é’) e (2) servem para indicar qual sílaba da palavra grega é tônica em sua
pronúncia” (2009, p.7).
Os acentos são sempre colocados sobre as vogais ou os ditongos. No
caso dos ditongos, o acento permanecerá sobre a segunda vogal.
As regras de acentuação da língua grega são complexas (MOUNCE, 2004;
BLACK, 2009; SCHALKWIJK, 1994). Também há uma série de exceções às
regras, o que torna ainda mais complexo o aprendizado do processo de acen-
tuação dos termos gregos. Mas existem algumas regras de acentuação que
são básicas e devem ser conhecidas pelo estudante da língua.

T odo o processo de acentuação na língua grega está relacionado


com a sílaba última. Por isso, é importante ler bem a palavra,
identificar e categorizar corretamente a sílaba última.

3.1.1. Regras gerais de acentuação

A. Acento Agudo
Ocorre em qualquer uma das sílabas finais, sejam elas longas ou breves:
1. A antepenúltima não será acentuada quando a sílaba última for longa;
2. A penúltima não será acentuada quando a sílaba última for curta;

B. Acento Grave
Ocorre apenas na sílaba última, sendo, esta, curta.
1. O acento grave substituirá o acento agudo numa palavra que não é
seguida por uma enclítica9 ou de algum sinal de pontuação.

C. Acento Circunflexo
Ocorre apenas nas sílabas penúltima e última, sendo, estas, longas:
1. Quando a última for curta, a penúltima poderá receber o acento cir-
cunflexo.
9
Confira seção 3.1.5. Palavras Enclíticas
40 • GREGO

2. Quando a última for longa, a penúltima não recebe o acento circunflexo.

3.1.2. Acentuação dos substantivos

A acentuação dos substantivos é denominada de persistente, pois os


acentos tendem a seguir a posição a qual se encontra no nominativo singu-
lar, modificando apenas o tipo de acento, conforme as regras.
Exemplo:

Nominativo singular Declinação Regra


dou/lou A sílaba última é longa – acento agudo
dou/lo% A sílaba última é longa – acento agudo
dou=lon A sílaba última é breve – acento circunflexo
dou=loj dou=loi A sílaba última é breve – acento circunflexo
dou/lwn A sílaba última é longa – acento agudo
dou/loij A sílaba última é longa – acento agudo
dou/louj A sílaba última é longa – acento agudo

3.1.3. Acentuação dos verbos

No caso dos verbos, a regra geral para a acentuação dos termos indica
que o acento deve recuar tanto quanto possível da sílaba última. Para isso,
as regras gerais de acentuação devem permiti-lo. Por essa razão, a acentu-
ação dos verbos é chamada de recessiva.
Exemplo:

Presente Indicativo Aoristo10 Perfeito


lu/w e)/lusa le/luka
lu/eij e)/lusaj le/lukaj
lu/ei e)/lusen le/luken
lu/omen e)lu/samen lelu/kamen
lu/ete e)lu/sate lelu/kate
lu/ousin e)/lusan lelu/kan

10
Aoristo é um dos tempos verbais do grego Koiné. Estudaremos o sistema verbal a partir da Unidade III.
u NI D A D E 1 • 41

3.1.4. Palavras Proclíticas

Na língua grega, há palavras monossílabas que não possuem acento.


Elas compartilham o acento das palavras que as seguem. Tais palavras são
denominadas de proclíticas e se resumem a 10 termos:

Formas do nominativo do artigo definido: o(, h(, oi(, ai(


Preposições: e)ij, e)n e e)k e)c
Conjunções: ei) e w(j
Advérbios de negação: ou), ou)k e ou)x.

3.1.5. Palavras Enclíticas

Por sua vez, são denominadas enclíticas as palavras monossílabas e


dissílabas que possuindo acentos, ou os perdem ou os transferem para a
palavra anterior na forma de um acento agudo. Assim, as palavras enclíticas
formam uma unidade tonal com as palavras que as antecedem.

Verbo ei)mi/ no presente do indicativo ei)mi/, ei)=, e)sti/(n), e)sme/n, e)ste/, ei)si/(n)
Pronome pessoal mou=, moi/, me/, sou=, soi/, se/
Pronome indefinido ti/j, ti/, ti/noj

Esta dica é de Francisco Leonardo Schalkwijk: “Leia a acentuação


em grego como se estivesse lendo o português” (1994. p.8).
Autores têm concordado que é possível ler o Novo Testamento em
grego sem um profundo conhecimento sobre o uso dos acentos, sen-
do estes quase que desnecessários (MOUNCE, 2004; BLACK, 2009;
SCHALKWIJK, 1994).
42 • GREGO

3.2. Aspiração

A aspiração ocorre em todas as vogais ou os ditongos que iniciam uma


palavra na língua grega. Há dois sinais que identificam dois tipos distintos
de aspirações. O sinal ( ) ) identifica a aspiração branda ou fraca. Esta não
altera a pronúncia da vogal ou do ditongo. Por sua vez, o sinal ( ( ) identifica
a aspiração áspera ou forte. Neste caso, a pronúncia da vogal ou do ditongo
sofre alteração. Tal alteração implica no acréscimo do fonema H (em inglês).
Exemplo: e)n (pronuncia-se: en = em)  e(n (pronuncia-se hen = um).

3.3. Apóstrofo

O apóstrofo é usado no grego como um sinal o qual indica que uma


vogal foi omitida na escrita. Isto ocorre quando uma preposição terminada
com vogal precede um termo iniciado com uma vogal ou um ditongo. Exem-
plos: a)lla/ i(/na a)ll’ i(/na

3.4. Trema

No grego koinê, o trema ( ¨ ) é um sinal de diérese, ou seja, indica que


duas vogais não formam um ditongo. Exemplo: )Hsai+aj.
u NI D A D E 1 • 43

RESUMO

Principais ideias vistas neste capítulo


Neste capítulo você estudou o processo de silabação e a pontuação da
língua grega. Abordamos os seguintes tópicos:
• As principais regras para a divisão silábica das palavras;
• A classificação das palavras a partir do número de sílabas;
• O sistema de pontuação da língua grega;
• O uso dos sinais diacríticos;
• As regras de acentuação das palavras.
44 • GREGO

AUTOATIVIDADE

Vamos aplicar o que aprendemos!


A.Vocabulário

No vocabulário desta lição você encontrará outras palavras muito usa-


das no texto grego do Novo Testamento. Bom estudo!

a(/gioj santo xei/r mão


o(noma nome a)/ggeloj mensageiro, anjo
a)ndroj homem o)/xloj multidão
gunh/ mulher a(marti/a pecado
ioudai=oj judeu e)/rgon obra, trabalho
nomo/j lei do/ca glória
ko/smoj mundo basilei/a reino

B. Faça a separação silábica das palavras abaixo, classificando-as quanto


ao número de sílabas:

Palavra Sílabas Classificação


a)/rrhn
gunaikei=oj
daimoniw/dhj
dei=
klh=roj
presbu/teroj
tele/w

u NI D A D E 1 • 45

C. Com base nas regras gerais de acentuação, indique a regra usada para
acentuar as palavras a seguir:

Palavra Sílabas e regra utilizada


e)kklhsi/#
presbu/teroj
bailei/a
paraxph=ma
dia/konoj

D. Leia o texto abaixo e use os sinais de pontuação.

karloj era um bom garoto maj algounj matar aula para


brinkar de bola na rua da eskola um dia a tia dele o
enkonttroou na rua brinkando de bola ela kontoou tudo
para a mae de karloj a mae pergountou ao garoto a sua
tia me disse esta/ korreto ele disse sim esta/ karloj fikou
de kastigo por uma semana dakhle dia em diante ele disse
para si mesmo nounka maij matarei aula para brinkar

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A. Aprenda e memorize o alfabeto grego cantando.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=nfxJQTysaws&index=7&list=PLLc3
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46 • GREGO

B. Você pode potencializar seu aprendizado do grego utilizando flashcards.


Você encontrará diversos flashcards no site http://www.studystack.com/Greek. [site em
inglês]. Usuários do sistema Android podem instalar aplicativos como o Free Biblical
Greek Flash Cards, disponível no Google Play.

C. Baixe a fonte Sgreek. Ela é a fonte utilizada nesta apostila.


Abaixo há um quadro de correspondência dos caracteres. Acesse: http://mlloyd.org/mdl-
indx/polybius/sgreek.htm

Maiúscula Minúscula Tecla


(Para maiúsculas, use a tecla shift)
A a A
B b B
G g G
D d D
E e E
Z z Z
H h H
Q q Q
I i I
K k K
L l L
M m M
N n N
C c C
O o O
P p P
R r R
s [ j = j sigma
S S
final]
T t T
U u U
F f F
X x X
Y y Y
W w W
u NI D A D E 1 • 47

Vogais com iôta subscrito


# Shift+3
$ Shift+4
% Shift+5

Acentuação
Acentos Teclas Uso
Agudo / grafh/  grafh/
Grave \ per\  peri\
Circunflexo = fw=j  fw=j

Sinais de pontuação
Sinais Teclas Símbolo
Ponto final . .
Ponto e vírgula Shift + ; :
Vírgula , ,
Interrogação ; ;

Diacríticos
Sinais Teclas Símbolo
Aspiração Branda Shift + ) )
Aspiração Áspera Shift + ( (
Apóstrofe Shift + 6 ¨
Trema Shift + = +
GREGO 1

Unidade 2
Capítulo 1

Substantivos

Como no português, a função básica do substantivo na língua grega é


dar nome aos seres e às coisas. Além disso, os substantivos exercem inú-
meras funções na sintaxe da língua. Como lembra Bechara, “o substantivo
exerce por excelência a função de sujeito (ou seu núcleo) da oração e, no
domínio da constituição do predicado, as funções de objeto direto, comple-
mento relativo, objeto indireto, predicativo, adjunto adnominal e adjunto ad-
verbial, funcionando como sujeito [...]” (2009. p.169). Algo similar ocorre
na língua grega, de modo que o substantivo pode ser considerado como uma
das principais classes gramaticais de uma língua.
O presente capítulo conduzirá o aluno no aprendizado do uso dos subs-
tantivos gregos. Para tanto, serão abordados os elementos principais para a
compreensão do assunto, a fim de permitir ao estudante da língua identifi-
car o substantivo quanto ao caso, ao gênero e ao número.

1. Formação dos substantivos

Basicamente, os substantivos na língua grega são formados pela junção


dos seguintes elementos: Radical, Prefixo e Sufixo (ou Desinência)
A. Radical – É o elemento fixo que serve de base para a formação das pala-
vras, a partir da qual deriva-se uma família lexical.
B. Prefixo – É o elemento acrescido antes do radical. O prefixo modifica o
radical ao dar a ele um novo sentido na formação da palavra.
C. Sufixo – É o elemento acrescido depois do radical. O sufixo também mo-
52 • GREGO

difica o radical, indicando a flexão da palavra, quanto ao caso, ao gênero


e ao número.
Exemplo:

Palavra Prefixo Radical Sufixo Significado


klh=sij klh=s ij Chamada
e)kklhsi/# e)k kles i/# Assembleia

Dos três elementos, os mais relevantes para os objetivos deste curso são
o radical e o sufixo. Saber identificar o radical é especialmente importante
para a consultas lexicográficas e para o reconhecimento de famílias etimo-
lógicas. Isso facilitará o processo de aprendizado da língua. Além disso, to-
davia, identificar o sufixo será primordial para compreender a categorização
da palavra dentro da oração e, consequentemente, determinar o seu sentido
dentro do texto.
Sendo assim, é necessário conhecer o funcionamento das flexões dos
substantivos gregos. Há três formas de flexão no grego: o caso, o gênero e
o número.

2. Casos

Os casos são uma forma peculiar de flexão do substantivo grego. Os


casos indicam a função sintática do substantivo. Contudo, Wallace argu-
menta que o contexto pode sugerir mais de uma função ao caso, sem que
isso implique na escolha de um em detrimento do outro (WALLACE, 2009.
p. 32,33).
Na língua grega há cinco casos: Nominativo, Genitivo, Dativo, Acusativo
e Vocativo.
A. Nominativo – Este é o principal caso da língua grega e, consequente-
mente, tem a maior ocorrência no grego koinê. A função do nominativo é
funcionar como sujeito em uma oração.

Exemplo: kai\ Qeo\j h)=n o( lo/goj (Jo 1.1)  lo/goj é um substantivo


nominativo e o sujeito da oração.
u NI D A D E 2 • 53

B. Genitivo: A função do genitivo é delimitar a caracterítica ou a natureza de


outro substantivo. Por essa razão, ele possui uma característica adjetival
(WALLACE, 2009. p.76). De forma geral, o genitivo também expressa a
noção de posse.
Exemplo: e)d
/ wken au)toi=j e)cousi/an te/kna Qeou= gene/sqai (Jo 1.12).
Na expressão te/kna Qeou=, o substantivo te/kna [acusativo] é qualificado
pelo substantivo Qeou= [genitivo]. Daí a tradução “Filhos de Deus”.

C. Dativo: a função do dativo, por sua vez, é delimitar a quantidade, o local


e o meio em sua relação com o verbo, completando o seu sentido da
ação, indicando “a pessoa/coisa que é ‘indiretamente’ afetada pela ação
do verbo” (MOUNCE, 2010. p.58). Logo, o dativo funciona como um
objeto indireto na oração. Como tal, o dativo deve responder às seguintes
perguntas: A quem? Para quê? Onde? Como?
Exemplo: kai\ to\ fw=j e)n tv= skoti/# fai/nei (Jo 1.5). O sujeito é fw=j
[luz] e o verbo é fai/nei [brilhar]. Pergunta-se: “Onde a luz brilha”? A
resposta: e)n tv= skoti/#, sendo skoti/# um substantivo dativo e, por-
tanto, o objeto indireto da oração.

D. Acusativo: no caso acusativo, o substantivo também se relaciona com


o verbo. Neste modo, funciona como objeto direto e é usado limitando
a ac“para limitar a ação de um verbo quanto à extensão, direção ou
ao alvo” (WALLACE, 2009. p.178). Neste caso, pergunta-se ao verbo:
Quem [ou O que] executou a ação?
Exemplo: kai\ o( lo/goj h)=n pro\j to\n Qeo/n (Jo 1.1). O sujeito é lo/goj
(nominativo) e o verbo é h)=n [estar]. Quem estava com o lo/goj? A res-
posta é: Qe/on [Deus], que é um substantivo acusativo.

E. Vocativo: Este é o caso com menor ocorrência no Novo Testamento. Ba-


sicamente, o substantivo exprime a ideia de invocação ou de exclamação.
O vocativo pode ou não ser acompanhado do termo w)=, que funciona
como uma interjeição [Ó].11

11
Por uma questão de objetividade, não estudaremos as formas do vocativo grego.
54 • GREGO

Exemplos:
Com o w)=: )=W gu/nai [Ó mulher], mega/lh sou h( pi/stij: genhqh/tw soi
w(j qe/leij (Mt 15.28).
Sem o w)=: gu/nai [Mulher], ou)/pw h(/kei h( w(/ra mou (Jo 2.4)

Em ambos os exemplos, o substantivo gu/nai é um vocativo.

Concluindo, o quadro abaixo resume os casos e suas funções. Compre-


ender os casos do substantivo auxilia o estudante do grego koinê na leitura
e no entendimento do texto original, sendo passos importantes no processo
exegético.

Caso Função
Nominativo Sujeito
Genitivo Característica ou posse
Dativo Objeto indireto
Acusativo Objeto direto
Vocativo Invocação ou exclamação

3. Gênero

Na língua grega, os substantivos podem ser divididos em três gêne-


ros: masculino, feminino e neutro. Como lembra Black, o grego geralmente
refere-se ao “gênero natural a respeito dos seres vivos” (2009. p.1128).
Porém, nem sempre esse critério é claro. Sendo assim, Rega e Bergmann
propõem uma forma mais clara de compreender os gêneros dos substanti-
vos. Segundo eles:

O masculino, que, além de nomear os seres masculinos, é usado


para nomes de rios, ventos e meses; o feminino, que, além de
nomear seres femininos, é usado para nomes de cidades, paí-
ses, ilhas e a maioria das árvores; e o neutro, que é usado em
diminutivos (embora designem seres masculinos ou femininos),
além de nomear fenômenos que, por si, não possuem gênero
(2004, p 71).
u NI D A D E 2 • 55

4. Número
Como ocorre na língua portuguesa, no grego koinê há apenas dois nú-
meros para descrever o substantivo: singular e plural. Como aprenderemos,
as terminações dos substantivos indicam o seu número.

5. Declinação

A declinação é nome dado ao padrão de flexão dos substantivos. Em


cada declinação há a mudança da terminação da palavra.
Os substantivos podem ser divididos em três categorias de declinação:
Primeira Declinação, Segunda Declinação e Terceira Declinação.
A Primeira Declinação é composta por substantivos femininos termina-
dos em -a e -h e por substantivos masculinos com terminação em -aj e
-hj. Os substantivos femininos ocorrem em maior número que os masculi-
nos nesta declinação.
A Segunda Declinação é composta por substantivos masculinos termi-
nados em -oj e por substantivos neutros terminados em -on. A primeira
categoria de declinação é a mais simples das três, por isso será estudada
em primeiro lugar e orientará o estudo das demais.
Por fim, a Terceira Declinação é composta por substantivos que termi-
nam em consoantes e em vogais, sendo estes últimos em menor número.
Esta declinação abrange os substantivos masculinos terminados em -n e
-nt, -r e -k, -e e -u, substantivos femininos terminados em -c e -ij, e
substantivos neutros terminados -ma e -oj. Esta é a categoria mais com-
plexa de declinação, com algumas regras que devem ser bem observadas.
Passemos ao estudo de cada declinação.

5.1. Segunda Declinação

Como visto, as palavras que seguem o padrão da Segunda Declinação


são substantivos masculinos (oj) e neutros (on). Para aplicar a declinação
aos substantivos basta identificar o radical e substituir o sufixo [terminação]
conforme o caso e o número. Via de regra, é necessário conhecer os sufixos
apropriados a cada caso e a cada gênero, os quais se aplicarão igualmente
a todos os substantivos da categoria. Veja os quadros abaixo:
56 • GREGO

Sufixos Masculinos
Singular Plural
Nominativo -oj -oi
Genitivo -ou -wn
Dativo -% -oij
Acusativo -on -ouj
Sufixos Neutros
Singular Plural
Nominativo -on -a
Genitivo -ou -wn
Dativo -% -oij
Acusativo -on -a

Uma vez que conhecemos as terminações, podemos aplicá-las aos subs-


tantivos, baseados em paradigmas. O paradigma masculino será o termo lo/
goj e o paradigma neutro será o termo e)uagge/lion.

Masculino – Paradigma lo/goj


Singular Plural
Nominativo lo/g-oj lo/g-oi
Genitivo lo/g-ou lo/g-wn
Dativo lo/g-% lo/g-oij
Acusativo lo/g-on lo/g-ouj
Neutro – Paradigma e)uagge/lion
Singular Plural
Nominativo e)uagge/li-on e)uagge/li-a
Genitivo e)uagge/li-ou e)uagge/li-wn
Dativo e)uagge/li-% e)uagge/li-oij
Acusativo e)uagge/li-on e)uagge/li-a

Considerando os paradigmas acima, observa-se que:


A. No singular, as terminações dos casos são idênticas tanto para os subs-
tantivos masculinos quanto para os neutros, com exceção do caso nomi-
nativo;
u NI D A D E 2 • 57

B. No plural, as terminações nos casos genitivo e dativo são idênticas para


os substantivos masculino e neutros;
C. No plural, as terminações nos casos nominativo e acusativo são idênti-
cas.

5.2. Primeira Declinação

O processo de flexão dos substantivos de Segunda Declinação é seme-


lhante ao processo que ocorre com os substantivos de Primeira Declinação,
ou seja, identifica-se o radical e substitui-se o sufixo [ou a terminação] pelo
correspondente de cada caso e e de cada número. O que muda são os su-
fixos.
Novamente, a dica é conhecer os sufixos apropriados a cada caso e a
cada gênero. Porém, o cuidado que se deve ter com os substantivos de Pri-
meira Declinação é distinguir os gêneros dos substantivos, lembrando que
os femininos têm como sufixos o a ou o h, enquanto os masculinos têm
como sufixos aj ou hj. Veja os quadros abaixo:

Sufixos Femininos

Sufixos Femininos -a
Singular Plural
Nominativo -a -ai
Genitivo -aj -w=n
Dativo -a -aij
Acusativo -an -aj
Sufixos Femininos -h
Singular Plural
Nominativo -h -ai
Genitivo -h=j -w=n
Dativo -$ -aij
Acusativo -hn -aj
58 • GREGO

Sufixos Masculinos

Sufixos Masculinos -aj


Singular Plural
Nominativo -#j -ai
Genitivo -ou -w=n
Dativo -a -aij
Acusativo -an -aj
Sufixos Masculinos -hj
Singular Plural
Nominativo -hj -ai
Genitivo -ou -w=n
Dativo -$ -aij
Acusativo -hn -aj

Algumas observações devem ser feitas sobre esses sufixos:


A. No singular feminino os sufixos são parecidos, o que ocorre é a mudança
das vogais, seguindo o padrão do nominativo;
B. No singular masculino os sufixos do genitivo são idênticos aos do geniti-
vo da Segunda Declinação (ou), os demais sufixos são semelhantes aos
sufixos do singular feminino, acrescentando-se o j no nominativo;
C. No plural feminino e masculino os sufixos são idênticos.12

Agora, vejamos como aplicar as flexões de Primeira Declinação. Para


tanto, usaremos como paradigma para os substantivos femininos e)kklh-
si/# e a)gaph/. Para os substantivos masculinos usaremos como paradigma
neani/aj e profh/thj.

Feminino – Paradigma e)kklhsi/#


Singular Plural
Nominativo e)kklhsi/-# e)kklhsi/-ai
Genitivo e)kklhsi/-aj e)kklhsi-w=n
Dativo e)kklhsi/-a e)kklhsi/-aij
Acusativo e)kklhsi/-an e)kklhsi/-aj
12
Poderá ocorrer uma mudança na acentuação da sílaba última, mas isso não alterará a grafia do sufixo.
u NI D A D E 2 • 59

Feminino – Paradigma a)gaph/


Singular Plural
Nominativo a)gap-h/ a)gap-ai/
Genitivo a)gap-h=j a)gap-w=n
Dativo a)gap-$= a)gap-ai=j
Acusativo a)gap-h/n a)gap-a/j

Paradigma Masculino aj/hj


Singular Plural
Nominativo neani/-#j neani/-ai
Genitivo neani/-ou neani/-w=n
Dativo neani/-a neani/-aij
Acusativo neani/-an neani/-aj

Paradigma Masculino
Singular Plural
Nominativo profh/t-hj profh/t-ai
Genitivo profh/t-ou profh/t-w=n
Dativo profh/t-$ profh/t-aij
Acusativo profh/t-hn profh/t-aj

Uma particularidade na Primeira Declinação é a existência dos chama-


dos substantivos sigmáticos. Trata-se de substantivos com o radical termi-
nado em s. Quando os substantivos desta categoria têm como sufixo a vogal
a, o nominativo e o acusativo singular seguem o paradigma da terminação
a, enquanto que o genitivo e o dativo singular seguem o paradigma da ter-
minação h. Mas o plural seguirá o paradigma normal da Primeira Declina-
ção. Veja no quadro abaixo:

Singular Plural
Nominativo qa/lass-a qa/lass-ai
Genitivo qa/lass-hj qa/lass-wn
Dativo qa/lass-$ qa/lass-aij
Acusativo qa/lass-an qa/lass-aj
60 • GREGO

Outra particularidade são os substantivos cujo radical termina com a


consoante c. Lembre-se de que c é uma consoante dupla que une os fo-
nemas k+s [ks]. Por isso, quando tais substantivos tiverem como sufixo a
vogal a, elas seguirão o paradigma dos substantivos sigmáticos. Observe o
quadro a seguir:

Singular Plural
Nominativo do/c-a do/c-ai
Genitivo do/c-hj do/c-wn
Dativo do/c-$ do/c-aij
Acusativo do/c-an do/c-aj

Passemos aos substantivos da Terceira Declinação.

5.3. Terceira Declinação

A Terceira Declinação é a mais complexa de todos os padrões de flexão


do substantivo grego. Recapitulando, ela se aplica a substantivos cujo ra-
dical termina com uma consoante, mas há algumas exceções de radicais
terminados com uma vogal. Também foi dito que os substantivos desta de-
clinação podem ser masculinos, femininos ou neutros.
O que torna a Terceira Declinação tão complexa é a grande variedade
de flexões possíveis. “Esta declinação é repleta de exceções, por isso não
é possível fazer uma classificação que não tenha alguma variação” (REGA;
BERGMANN, 2004, p.172). Mas, como bem disse Mounce, devemos sem-
pre nos lembrar de que “todos os substantivos em grego funcionam da mes-
ma maneira” (2009, p.95). Isso significa que, a despeito das muitas flexões
existentes na Terceira Declinação, o funcionamento do processo de flexão já
é conhecido: identifica-se o radical e substitui-se o sufixo [ou a terminação]
pelo correspondente de cada caso e de cada número.
Porém, esse processo é um pouco diferente nos substantivos de Tercei-
ra Declinação. O radical é identificado a partir do genitivo singular, e não a
partir do nominativo singular. Por esta razão, é necessário conhecer tanto o
nominativo quanto o genitivo do substantivo grego.
u NI D A D E 2 • 61

Exemplo:

path/r patr-o/j patr


Nominativo singular Genitivo singular Radical

Por outro lado, também é necessário conhecer os sufixos utilizados na


flexão dos substantivos de Terceira Declinação. Na tabela abaixo, apresen-
tamos uma síntese desses sufixos, utilizados na flexão de substantivos desta
categoria.

Sufixos da Terceira Declinação

Masculino Feminino Neutro


Singular Plural Singular Plural Singular Plural
-ej (ou -ej (ou
Nominativo -j ou _ -j ou _ _ -a= ou -h
eij) eij)
-oj (ou -oj (ou -oj (ou
Genitivo -wn -wn -wn
-ewj) -ewj) -ewj)
Dativo -i -si (n) -i -si (n) -i -si (n)
Acusativo -a= -a=j (eij) -a= ou -n -a=j (eij) _ -a= ou -h

Uma maneira de aplicar as flexões da Terceira Declinação é dividir os


substantivos em categorias que permitam utilizar a mesma sequência de su-
fixos. Schalkwijk argumenta que “a classificação dos substantivos de Tercei-
ra Declinação é difícil” (1994, p.110). Mas alguns estudiosos têm proposto
algumas classificações (SCHALKWIJK, 1994, p.110; REGA; BERGMANN,
2004, p.172-185).
Com certa frequência, ocorrerá modificações nas consoantes e nas vo-
gais dos radicais dos substantivos de Terceira Declinação. Existem algumas
regras básicas que precisam ser aprendidas:
1. O sufixo característico do dativo plural é sin com o nü entre parênteses:
si(n). Isso indica o chamado n móvel ou eufônico (REGA; BERGMANN,
2004. p.172-185), que é usado quando a palavra seguinte é iniciada
com uma vogal ou no final de frases. Porém, há casos em que se usa o n
móvel mesmo quando a palavra seguinte é iniciada com uma consoante
(MOUNCE, 2009, p.73).
62 • GREGO

2. As consoantes mudas (b, g, d, q, k, x, p, t, f) sofrem modificações sem-


pre que estão diante de um s.
Regra Exemplo
p, b , f + si(n)  yi(n). Labiais modificam para y gup + si(n) = guyin
g , k , x + si(n)  ci(n). Guturais modificam para c kh=ruk + si(n) = kh=rucin
d , q, t + si(n)  si(n) Dentais são suprimidas ta/pht + si(n) = ta/phsin

3. A consoante n também é suprimida quando seguida por um s. Por exem-


plo, observe a palavra kano/n. O dativo plural é kano/sin e não kano/
nsin.

N ormalmente, as palavras gregas terminam com vogais ou com as


consoantes: n, r e j Porém, existem exceções: palavras termina-
das em (y e c), afinal são consoantes duplas (y = p + j / c = k +
j). Atenção a esta regra quando for declinar os susbstativos

Considerando que a proposta deste curso é fornecer ao aluno as fer-


ramentas básicas para a leitura e o estudo do texto grego das Escrituras
Sagradas, proporemos uma classificação dos substantivos da terceira decli-
nação em duas categorias. A primeira categoria chamaremos substantivos
de sequência similar e à segunda, substantivos de sequência aleatória.
Os substantivos de sequência similar são aqueles que, apesar de terem
terminações distintas, recebem uma sequência idêntica de sufixos. A pri-
meira categoria utilizará a seguinte sequência:

k n nt
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
Nominativo kh=ruc kh=ruk-ej kanw/n kano/n-ej a)/rxwn a)/rxont-ej
a)rxo/nt-
Genitivo kh=ruk-oj kh=ru-wn kano/n-oj kano/n-wn a)/rxont-oj
wn
Dativo kh=ruk-i kh=ruc-in kano/n-i kano/-sin a)/rxont-i a)/rxou-sin
a)/rxont
Acusativo kh=ruk-a kh=ruk-aj kano/n-a kano/n-aj a)/rxont-a
-aj
u NI D A D E 2 • 63

A. Substantivos femininos terminados em k [g, x], d, t

k, g, x d, t, kt n
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
Nominativo sa/rc sark -ej e)/rij e/ri/d-ej a)kti/j a)kti=n-ej
Genitivo sark-o/j sark -wn e/ri/d-oj e)ri/d-wn a)kti=n-oj a)kti/n-wn
Dativo sark-i/ sarc-sin e/r/id-i e)ri/-sin a)kti=n-i a)kti=-sin
Acusativo sa/rk-a sark -aj e)ri/d-a e)ri/d-aj a)kti=n-a a)kti=n-aj

B. Substantivos neutros (t)

t
Singular Plural
Nominativo pneu=ma pneu/mat-ej
Genitivo pneu/mat-o/j pneu/mat-wn
Dativo pneu/mat-i/ pneu/ma-sin
Acusativo pneu/m-a pneu/mat-aj

Os substantivos de sequência aleatória podem utilizar os sufixos da Ter-


ceira Declinação sem seguir um padrão comum. Contudo, substantivos com
terminações similares tendem a constituir um paradigma comum. Assim, é
necessário que o aluno saiba identificar a terminação do radical e os sufixos
adequados ao gênero, ao número e ao caso de cada substantivo. Veja, no-
vamente, o quadro de sufixos da Terceira Declinação:

Masculino Feminino Neutro


Singular Plural Singular Plural Singular Plural
-ej (ou -ej (ou
Nominativo -j ou _ -j ou _ _ -a= ou -h
eij) eij)
-oj (ou -oj (ou -oj (ou
Genitivo -wn -wn -wn
-ewj) -ewj) -ewj)
Dativo -i -si(n) -i -si(n) -i -si(n)
Acusativo -a= -a=j (eij) -a= ou -n -a=j (eij) _ -a= ou -h
64 • GREGO

Os substantivos relacionados nessa categoria têm vogais em suas ter-


minações. Para identificar a terminações desses substantivos, o aluno deve
considerar dois critérios:
1. As terminações dos substantivos masculinos e femininos têm como pa-
drão o caso nominativo singular, assim como os substantivos de Primeira
e de Segunda Declinação;
2. As terminações dos substantivos neutros têm como padrão o caso geniti-
vo singular, como os demais substantivos de Terceira Declinação.

A. Substantivos masculinos terminados em -eu e -u

-eu -u
Singular Plural Singular Plural
Nominativo basileu/-j basile-ij i)xqu/j i)xqu/-ej
Genitivo basile-wj basile/-wn i)xqu/-oj i)xqu/-wn
Dativo basile-i/ basileu=-sin i)xqu/-i i)xqu/-sin
Acusativo basile/-a basile-i=j i)xqu/-n i)xqu/-aj

B. Substantivos femininos terminados em -i

-i
Singular Plural
Nominativo poli-j pol-eij
Genitivo pol-ewj po/le-wn
Dativo pol-ei/ po/le-sin
Acusativo pol-in pol-eij

C. Substantivos neutros terminados em -ouj

-ouj
Singular Plural
Nominativo ge/noj ge/n-h
Genitivo ge/n-ouj gen-w=n
Dativo ge/n-ei ge/n-esin
Acusativo ge/n-oj ge/n-h
u NI D A D E 2 • 65

RESUMO

Principais ideias vistas neste capítulo


Neste capítulo iniciamos o estudo do sistema nominal do grego koinê.
Para tanto, estudamos os substantivos. Aprendemos o seguinte acerca do
substantivo:
• O substantivo é uma classe gramatical que tem como função nomear
seres, objetos e tudo mais que pode ser nominado;
• Os substantivos variam em caso, gênero, número;
• Existem quatro casos no substantivo grego: nominativo, genitivo, acusa-
tivo e dativo;
• Existem três gêneros no substantivo grego: masculino, feminino e neu-
tro;
• Existem dois números no substantivo grego: singular e plural;
• Os substantivos gregos possuem um sistema de flexão o qual denomina-
mos declinação;
• Existem grandes padrões de declinações, denominadas: Primeira, Segun-
da e Terceira;
• À Primeira Declinação pertencem substantivos masculinos e femininos;
• À Segunda Declinação pertencem substantivos masculinos e neutros;
• À Terceira Declinação pertencem substantivos masculinos, femininos e
alguns neutros;
• Cada padrão de declinação possui um paradigma específico para cada
gênero.
66 • GREGO

AUTOATIVIDADE

Vamos aplicar o que aprendemos!


A. Vocabulário

Estude atentamente as palavras deste vocabulário.

e(/qnoj povo profh/thj profeta


po/lij cidade lao/j povo
Pau=loj Paulo sw=ma corpo
kardi/a coração fonh/ som
Pe/troj Pedro zwh/ vida
xa/rij graça Iwa/nnhj João
sa/rc carne a)meh/n amém

B. Usando as regras de cada padrão de declinação do substantivo grego,


decline os substantivos abaixo, conforme o exemplo:

1. lo/goj: substantivo masculino de 2ª declinação:

Singular Plural
Nominativo lo/g-oj lo/g-oi
Genitivo lo/g-ou lo/g-wn
Dativo lo/g-% lo/g-oij
Acusativo lo/g-on lo/g-ouj

2. kardi/a:

Singular Plural

Nominativo

Genitivo

Dativo

Acusativo
u NI D A D E 2 • 67

3. sa/rc:

Singular Plural

Nominativo

Genitivo

Dativo

Acusativo

4. poli/j:

Singular Plural

Nominativo

Genitivo

Dativo

Acusativo

5. profh/thj:

Singular Plural

Nominativo

Genitivo

Dativo

Acusativo
68 • GREGO

6. ge/noj:

Singular Plural

Nominativo

Genitivo

Dativo

Acusativo

C. Você aprendeu novas palavras no vocabulário deste capítulo. Todas elas


pertencem à classe dos substantivos. Com base no vocabulário, identifi-
que o gênero de cada palavra.

e(/qnoj profh/thj

po/lij lao/j

Pau=loj sw=ma

kardi/a fonh/

Pe/troj zwh/

xa/rij Iwa/nnhj

sa/rc a)meh/n
Capítulo 2

Artigos

A segunda classe gramatical a ser estudada é o artigo. Assim como no


português, o grego koinê também possui artigos. Num primeiro momento,
pode parecer insignificante o estudo do artigo, contudo, como afirma Walla-
ce, “os artigos foram um dos maiores presentes deixados pelos gregos à
civilização ocidental” (2009, p.207). A utilização do artigo no koinê fornece
à língua a exatidão e a sutileza na determinação do sentido das palavras por
ele modificadas (ROBERTSON, 1919, p.756).
Portanto, neste capítulo aprenderemos acerca do uso do artigo na língua
grega.

1. Características básicas do artigo grego

A função do artigo é definir, identificar e conceituar o termo [substanti-


vos, adjetivos, advérbios, particípios, infinitivos e partículas] e/ou partes do
discurso com o qual se relaciona (WALLACE, 2009, p.209-210; ROBERT-
SON, 1919, p.758-777).
O uso do artigo ocorre em maior número como um modificador do
substantivo. Nesses casos, o artigo acentuará a “identidade particular” do
substantivo em questão (BLACK, 2009). Dessa maneira, o artigo estabe-
lece contraste ou dá destaque a um objeto em detrimento de outros. Nas
palavras de A. T. Robertson, o artigo funciona com uma espécie de “dedo
indicador”, que aponta para algo específico (1919, p.756).
70 • GREGO

Exemplos:

Quando se escreve: lo/goj  palavra [refere-se a qualquer palavra de forma vaga]

Quando se escreve: o( lo/goj  a palavra [refere-se a uma palavra específica]

Observe abaixo o texto de Jo. 14.6:

)Egw/ ei)mi h( o(do\j kai\ h( a)lh/qeia kai\ h( zwh/...

Eu sou o caminho, a verdade e a vida...

Diante disso, ao contrário da língua portuguesa, que possui duas classes


de artigos, denominadas de definidos e indefinidos, no koinê existe apenas
uma, que é a definida. Necessariamente, a ausência do artigo antes de um
substantivo não é uma indicação de que ele deve ser traduzido com o acrés-
cimo de um artigo indefinido. Isso dependerá do contexto. Contudo, como
afirma Black, “a ausência do artigo exprime e enfatiza ‘a qualidade ou ca-
racterística’” do ser ou do objeto a que se refere (BLACK, 2010, p. 1205).

Exemplo: Observe abaixo o texto de Jo. 1.1:

)En a)rxv= h)=n o( lo/goj, kai\ o( lo/goj h)=n pro\j to\n qeo/n, kai\ qeo\j h)=n o( lo/goj.

A tradução literal do verso seria:


No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e Deus era a Palavra.

A ausência do artigo na frase kai\ qeo\j h)=n o( lo/goj implica na ênfase


do texto à característica do substantivo Qeo\j, que no texto funciona como
objeto direto. Nesse caso, Qeo\j complementa o sentido do sujeito: o( lo/
goj, daí traduzir-se a frase: “... e a Palavra era Deus”, sem a necessidade
de acrescentar-se um artigo indefinido.
u NI D A D E 2 • 71

A Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados insiste em traduzir


Jo. 1.1 utilizando o artigo indefinido, ficando assim a versão:
“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra
era [um] Deus”.
Veja o argumento para essa tradução: A Palavra era “Deus” ou “um
deus”? Disponível em: <http://www.jw.org/pt/publicacoes/revistas/
wp20081101/a-palavra-era-deus/>. Acessado em 20 de julho de
2015.

Fonte: A Tradução Novo Mundo das Escrituras Sagradas.


A Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Cesário Lange. 1986. p.1326.

2.Declinação do artigo

O artigo, como uma adjunto adnominal, sempre concordará com o subs-


tantivo em gênero, número e caso. Sendo assim, o artigo declinará seguindo
a mesma estrutura do substantivo. Desse modo, o artigo funcionará como
um referencial de apoio para identificar o substantivo.
Contudo, o artigo possui uma única categoria de declinação, ao contrá-
rio do que acontece com o substantivo, que possui três. Isso significa que,
independente da categoria de declinação do substantivo, o artigo não sofre-
rá outro tipo de flexão além das necessárias para estabelecer a concordância
em gênero, número e caso.

2.1. Declinação no singular

A tabela abaixo apresenta a forma do artigo no singular, considerando


os gêneros e os casos.
Masculino Feminino Neutro
Grego Tradução Grego Tradução Grego Tradução
Nominativo o( o h( a to/ o/a
Genitivo tou= do th=j da tou= do/da
Dativo t%= ao t$= à t%= ao/à
Acusativo to/n o th/n a to/ o/a
72 • GREGO

Observe os exemplos abaixo:

Artigos Masculinos

2ª declinação 1ª declinação 1ª declinação 3ª declinação


-oj -aj -hj -
Nominativo o( lo/goj o( neani/-#j o( profh/thj o( path/r
Genitivo tou= lo/gou tou= neani/-aj tou= profh/tou tou= patro/j
Dativo t%= lo/g% t%= neani/-a t%= profh/t$ t%= patri/
Acusativo to/n lo/gon to/n neani/-an to/n profh/thn to/n pate/ra

Artigos Femininos

1ª declinação 1ª declinação 3ª declinação


a h -
Nominativo h( e)kklhsi/# h( a)gaph/ h( sa/rc
Genitivo th=j e)kklhsaj th=j a)gaph=j th=j sark-o/j
Dativo t$= e)kklhsa t$= a)gap$= t$= tsark-i/
Acusativo th/n e)kklhsan th/n a)gaph/n th/n sa/rk-a

Artigos Neutros

2ª declinação 3ª declinação
Nominativo to/ e)uagge/lion to/ ge/noj
Genitivo tou= e)uagge/liou tou= ge/nouj
Dativo t%= e)uagge/li% t%= ge/nei
Acusativo to/ e)uagge/lion to/ ge/noj

Como dito anteriormente, o artigo permanece inalterado independente


da declinação do substantivo.

2.2. Declinação no plural

A tabela a seguir apresenta a forma do artigo no singular, considerando


os gêneros e os casos.
u NI D A D E 2 • 73

Masculino Feminino Neutro


Grego Tradução Grego Tradução Grego Tradução
Nominativo oi/ os ai( as to/ os/as
Genitivo tw=n dos tw=n das tou= dos/das
Dativo toi=j aos tai=j às t%= aos/às
Acusativo tou/j os ta/j as to/ os/as

Observe os exemplos abaixo:


Artigos Masculinos
2ª declinação 1ª declinação 1ª declinação 3ª declinação
-oj -aj -hj -
Nominativo oi/ lo/goi oi/ neani/ai oi/ profh/tai oi/ pate/rej
Genitivo tw=n lo/gwn tw=n neani/w=n tw=n profh/tw=n tw=npate/rwn
Dativo toi=j lo/goij toi=j neani/aij toi=j profh/taij toi=j patrasin
Acusativo tou/j lo/gouj tou/j neani/aj tou/j profh/taj tou/j pate/raj

Artigos Femininos
1ª declinação 1ª declinação 3ª declinação
a h -
Nominativo ai/ e)kklhsi/ai ai/ a)gapai/ ai/ sarkej
Genitivo tw=n e)kklhsiw=n tw=n a)gapw=n tw=n sarkwn
Dativo tai=j e)kklhsi/aij tai=j a)gapai=j tai=j sarcsin
Acusativo ta/j e)kklhsi/aj ta/j a)gapa/j ta/j sarkaj

2ª declinação 3ª declinação
Nominativo to/ e)uagge/lia to/ ge/nh
Genitivo tou= e)uagge/liwn tou= genw=n
Dativo t%= e)uagge/lioij t%= ge/nesin
Acusativo to/ e)uagge/lia to/ ge/nh

Artigos Neutros
2ª declinação 3ª declinação
Nominativo to/ e)uagge/lion to/ ge/noj
Genitivo tou= e)uagge/liou tou= ge/nouj
Dativo t%= e)uagge/li% t%= ge/nei
Acusativo to/ e)uagge/lion to/ ge/noj

Observe que, como no singular, o artigo permanece inalterado indepen-


dente da declinação do substantivo.
74 • GREGO

RESUMO

Principais ideias vistas neste capítulo


O presente capítulo estudou o artigo grego. Aprendemos que:
• Ele é sempre definido;
• A sua função definir, identificar e conceituar os termos que modifica e/ou
as partes do discurso com as quais se relaciona;
• Ele é flexionado quanto ao gênero, ao número e ao caso, a fim de concor-
dar com o substantivo;
• Ele permanece inalterado independente da declinação do substantivo,
concordando apenas em gênero, o número e o caso.

AUTOATIVIDADE

Vamos aplicar o que aprendemos!


A. Vocabulário
Você aprenderá mais um grupo dos substantivos mais comuns no texto
grego do Novo Testamento:
glw=ssa língua basileu/j rei
dou=loj servo, escravo e)kklhsi/a igreja
ai)w/n tempo oi)=koj casa
a)rxiereu/j sumo sacerdote a)lh/qeia verdade
qa/natoj morte w(ra hora
du/namij poder yuxh/ alma
a)ga/ph amor e)cousi/a autoridade
u NI D A D E 2 • 75

B. Escreva os artigos gregos nestas tabelas:


Singular
Masculino Feminino Neutro

Grego Tradução Grego Tradução Grego Tradução

Nominativo o a o/a

Genitivo do da do/da

Dativo ao à ao/à

Acusativo o a o/a

Plural
Masculino Feminino Neutro

Grego Tradução Grego Tradução Grego Tradução

Nominativo os as os/as

Genitivo dos das dos/das

Dativo aos às aos/às

Acusativo os as os/as

C. Complete usando o artigo:

lo/goj a)gaph/ e)uagge/lion

lo/gou a)gaph=j e)uagge/liou

lo/g% a)gap$= e)uagge/li%

lo/gon a)gaph/n e)uagge/lion

lo/goi a)gapai e)uagge/lia

lo/gwn a)gapw=n e)uagge/liwn

lo/goij a)gapa=ij e)uagge/lioij

lo/gouj a)gapa=j e)uagge/lia


76 • GREGO

D. Abaixo está o texto de Mateus 5.3-12, conhecido como as “Bem-Aven-


turanças”. Leia-o em voz alta, depois identifique e circule os artigos:

3. Maka/rioi oi( ptwxoi\ t%= pneu/mati, o(/ti au)tw=n e)stin h( basilei/a tw=n
ou)ranw=n. 4. maka/rioi oi( penqou=ntej, o(/ti au)toi\ paraklhqh/sontai. 5.
maka/rioi oi( praei=j, o(/ti au)toi\ klhronomh/sousin th\n gh=n. 6. maka/rioi
oi( peinw=ntej kai\ diyw=ntej th\n dikaiosu/nhn, o(/ti au)toi\ xortasqh/son-
tai. 7. maka/rioi oi( e)leh/monej, o(/ti au)toi\ e)lehqh/sontai. 8. maka/rioi
oi( kaqaroi\ tv= kardi/#, o(/ti au)toi\ to\n qeo\n o)/yontai. 9. maka/rioi oi( ei)
rhnopoioi/, o(/ti au)toi\ ui(oi\ qeou= klhqh/sontai. 10. maka/rioi oi( dediwg-
me/noi e(/neken dikaiosu/nhj, o(/ti au)tw=n e)stin h( basilei/a tw=n ou)ranw=n.
11. maka/rioi/ e)ste o(/tan o)neidi/swsin u(ma=j kai\ diw/cwsin kai\ ei)/pwsin
pa=n ponhro\n kaq’ u(mw=n [yeudo/menoi] e(/neken e)mou=. 12. xai/rete kai\ a)
gallia=sqe, o(/ti o( misqo\j u(mw=n polu\j e)n toi=j ou)ranoi=j: ou(/twj ga\r e)di/
wcan tou\j profh/taj tou\j pro\ u(mw=n.

E. Treine sua escrita. Escreva, abaixo, as bem-aventuranças em grego:


Capítulo 3

Adjetivos

Neste capítulo estudaremos os adjetivos. Como estudantes da língua


grega, devemos estar atentos a essa classe gramatical. Afinal, como argu-
menta Mounce, “os adjetivos têm uma importância teológica que dificilmen-
te encontra rival” (2009, p.79). Portanto, mais que ter a ideia do adjetivo
como a classe de palavras que caracteriza algo ou alguém, precisamos iden-
tificar o seu uso no texto bíblico. Ao fazermos isso, poderemos compreender
os detalhes e as nuances peculiares do texto neotestamentário.

1. Características básicas do adjetivo

O adjetivo é o termo que modifica o substantivo ou o pronome a que se


refere, atribuindo a ele qualidades ou características.
Na língua grega, o adjetivo possui três funções distintas: Atributiva, Pre-
dicativa e Substantival (MOUNCE, 2009, p.80,81; BLACK, 2009).

A. Atributiva
A função atributiva, como o próprio nome sugere, atribui qualidade ou
característica ao nome. A construção mais simples possui a ordem: artigo
+ adjetivo + substantivo. Exemplo: o( pistoj douloj [lit.: o fiel escravo].
A frase pode ser traduzida como “o servo fiel”. Percebe-se que o substantivo
é qualificado de modo simples e direto. Essa construção é denominada de
atributiva simples ou adjetivo de primeira posição (MOUNCE, 2009, p.83;
BLACK, 2009).
Porém, há outra construção na qual o adjetivo também possui uma
função atributiva. Ela possui a seguinte construção: artigo + substantivo +
78 • GREGO

artigo + adjetivo. Exemplo: o( douloj o( pistoj. [lit.: o escravo o fiel]. A


frase pode ser traduzida como “o servo fiel”. Percebe-se, aqui, que a tradu-
ção é similar à primeira construção. O diferencial não está na tradução, mas
no texto grego. Ao colocar o artigo entre o substantivo e o adjetivo, ocorre
uma ênfase na característica que se abritui ao substantivo. Por isso essa
construção é denominada de atributiva restritiva ou adjetivo de segunda
posição (BLACK, 2009; MOUNCE, 2009, p.83), uma vez que reforça de
modo enfático a qualidade ou a característica que se aplica ao substantivo.
Na prática, o último uso do adjetivo implica em que aquele servo em espe-
cial se difere de outros que não são fiéis.

B. Predicativa
Quando o adjetivo não for precedido por artigo, ele funcionará como um
predicado. Lembre-se de que o predicado “é a parte da oração que contém
a informação, a declaração a respeito do sujeito” (NETO; INFANTE, 2008,
p.354). Em português, as frases são construídas na seguinte ordem: sujeito
e predicado. Essa é a chamada ordem direta, sendo a construção ordinária
da língua portuguesa. Nesse caso, o predicado é formado pelo verbo e seus
complementos.
No grego koinê não existe esse tipo de ordem preferencial. Sem mais
esforço de compreensão, as palavras podem aparecer em qualquer posição
na frase. Porém, via de regra, para identificarmos o uso do adjetivo em sua
função predicativa, precisamos ter em mente duas construções básicas para
as frases. Assim, ela poderá ter uma de duas construções possíveis: [artigo
+ substantivo + adjetivo] ou [adjetivo + artigo + substantivo]. Indepen-
dente da construção, a tradução é a mesma.
Entretanto, observe que o verbo não é tão importante para determinar
o uso do adjetivo como predicado, mas a posição do artigo, sim. Veja os
exemplos abaixo:

o( douloj pisto/j [lit.: o escravo fiel], ou “o servo é fiel”.


pistoj o( douloj [lit.: fiel o escravo], ou “o servo é fiel”.
u NI D A D E 2 • 79

É possível que você encontre alguma construção na qual nem o subs-


tantivo nem o adjetivo são precedidos por um artigo. O que fazer?
Nesses casos, o contexto é que determinará a tradução. Exemplo:
douloj pisto/j pode ser traduzido por: “o servo é fiel” ou “o servo
fiel”
pisto/j douloj pode ser traduzido por: “o servo é fiel” ou “o servo
fiel”

C. Substantival
Por sua vez, o adjetivo pode assumir a função de um substantivo, daí
a função substantival do adjetivo. Esse processo também ocorre na língua
portuguesa e é chamado de substantivação (BECHARA, 2009, p.173-174).
Em português, o adjetivo funciona como substantivo quando é precedido
por um artigo. Exemplo: Só os fortes sobrevivem.
Ordinariamente, o mesmo processo ocorre no grego koinê. Por isso,
quando o adjetivo for precedido por um artigo e não modificar nenhum
substantivo, o adjetivo funcionará como um substantivo.

Exemplos:
o( pisto/j  O fiel
o( a(/gioj  O santo
n( a)gaqh/  A boa

Contudo, alguns termos do Novo Testamento, devido ao seu uso frequen-


te, possuem status de substantivo (exemplo: ku/rioj, dia/boloj, a(gioj).
Tais adjetivos não necessitam do artigo para a sua substantivação.

2. Declinação do adjetivo

Como um modificador do substantivo, o adjetivo quase sempre con-


cordará com o substantivo em gênero, número e caso. Isso implica na de-
80 • GREGO

clinação do adjetivo. Para tanto, é necessário conhecer os sufixos de cada


declinação.
No grego koinê, os adjetivos podem ser divididos em dois grupos. O
primeiro é formado por adjetivos que flexionam seguindo o paradigma da
Segunda Declinação (masculino e neutro) e o paradigma da Primeira Decli-
nação (feminino). O segundo grupo é formado pelos adjetivos que flexionam,
usando três padrões distintos a partir do paradigma da Terceira Declinação.
Schalkwijk divide esses adjetivos em três grupos: 1) adjetivos de 3ª declina-
ção completa; 2) adjetivos de 3ª + 1ª declinação; 3) adjetivos de 3ª + 2ª
+ 1ª declinação (1996, p.118).

Vejamos como funciona a flexão dos adjetivos:

A. Adjetivos de Segunda e de Primeira Declinações


Como afirma Black, fazem parte deste grupo “a grande maioria dos ad-
jetivos do Novo Testamento (546, ou 85%)” (2009,1728). Portanto, se o
estudante da língua grega aprender o funcionamento deste grupo, ele será
capaz de reconhecer a maior parte das ocorrências dos adjetivos do texto
neotestamentário.
Para isso é preciso revisar os sufixos do paradigma da Segunda Decli-
nação. Você deve se lembrar de que esse paradigma se aplica aos adjetivos
masculinos e neutros. Veja a tabela:

Masculino Neutro
Singular Plural Singular Plural
Nominativo oj oi(/ o/n a(/
Genitivo ou= w=n ou= wn
Dativo %= oi=j %= oi/j
Acusativo o/n ou/j o(/n a(/
A próxima tabela relaciona os sufixos de Primeira Declinação (femininos).
Lembre-se de que existem duas formas sufixais para os adjetivos femininos.
Observe sempre que as raízes terminadas em vogal ou com a consoante r
têm como paradigma o sufixo –a, enquanto que os adjetivos terminados em
consoante (com exceção do r) têm como paradigma o sufixo –h. Veja:
u NI D A D E 2 • 81

Feminino Feminino
Raiz terminada em vogal ou r Raiz terminada em consoante
Singular Plural Singular Plural
Nominativo a/ ai h( ai(
Genitivo a/j w=n h=j w=n
Dativo # aij $= ai=j
Acusativo an aj h/n a/j

Tendo em mente os sufixos de cada declinação, vejamos como aplicá-


los na flexão dos adjetivos regulares. Na tabela a seguir o adjeto mikro/j, no
feminino, seguirá o paradigma do sufixo –a.

Masculino Feminino Neutro


2ª Declinação 1ª Declinação 2ª Declinação
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
Nominativo mikr-o/j mikr-o/i mikr-a/ mikr-ai/ mikr-o/n mikr-a/
Genitivo mikr-ou mikr-wn mikr-a=j mikr-w=n mikr-ou mikr-wn
Dativo mikr-% mikr-oij mikr-# mikr-ai=j mikr-% mikr-oi/j
Acusativo mikr-on mikr-ouj mikr-an mikr-a/j mikr-on mikr-a/

Na tabela abaixo o adjeto pisto/j, no feminino, seguirá o paradigma do


sufixo –h.
Masculino Feminino Neutro
2ª Declinação 1ª Declinação 2ª Declinação
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
Nominativo pist-o/j pist-o/i pist-h/ pist-ai/ pist-o/n pist-a/
Genitivo pist-ou pist-wn pist-h=j pist-w=n pist-ou pist-wn
Dativo pist-% pist-oij pist-h= pist-ai=j pist-% pist-oi/j
Acusativo pist-on pist-ouj pist-h/n pist-a/j pist-on pist-a/

B. Adjetivos de Terceira Declinação


Se é verdade que os adjetivos deste grupo são em menor número, o
mesmo não se pode dizer quanto à sua utilização no texto do Novo Testa-
mento. Um exemplo disso é o adjetivo pa=j (1234 ocorrências). Por isso,
é importante que o estudante do grego koinê aprenda o funcionamento da
82 • GREGO

flexão destes adjetivos. Seguindo a divisão proposta por Schalkwijk, estes


adjetivos têm três padrões de declinação (1996. p.118). Vejamos como
funciona essa flexão.

2.1. Adjetivos de Terceira Declinação Completa

Para aplicar ao adjetivo a flexão dos sufixos de Terceira Declinação, é


necessário identificar a raiz da palavra. Para tanto, basta remover o sufixo
do caso genitivo, como ocorre com o substantivo. Feito isso, é só aplicar os
sufixos de acordo com cada caso, número e gênero.
Os adjetivos que seguem o padrão do caso nominativo terminam em
-wn ou em -hj. Outra característica dos adjetivos deste padrão é que eles
possuem apenas uma forma para o masculino e o feminino. O que deter-
mina seu gênero é o contexto. Logo, será necessário observar o substantivo
que é modificado pelo adjetivo em questão.
Os adjetivos que seguem esse padrão no caso nominativo e terminam
em -wn seguirão o paradigma masculino de Terceira Declinação [aplican-
do-o tanto ao masculino quanto ao feminino] e o paradigma neutro de Ter-
ceira Declinação.
Masculino – Feminino Neutro
Singular Plural Singular Plural
Nominativo a(/frwn a(/fron-ej a(/fron a(/fron-a
Genitivo a(/fron-oj a(/fron-wn a(/fron-oj a(/fron-wn
Dativo a(/fron-i a(/fro-si(n) a(/fron-i a(/fro-si(n)
Acusativo a(/fron-a a(/fron-aj a(/fron a(/fron-a

Por sua vez, os adjetivos que seguem esse padrão no caso nominativo e ter-
minam em -hj seguirão o paradigma feminino de Terceira Declinação [aplican-
do-o tanto ao masculino quanto ao feminino] e o paradigma neutro de Terceira
Declinação. Observe a tabela abaixo para perceber como isso funciona:
Masculino – Feminino Neutro
Singular Plural Singular Plural
Nominativo plh/rhj plh/r-ei=j plh/r-e/j plh/r-h=
Genitivo plh/r-ouj plh/r-w=n plh/r-ouj plh/r-w=n
Dativo plh/r-ei plh/re-si(n) plh/r-ei plh/re-si(n)
Acusativo plh/r-h= plh/r-ei=j plh/r-e/j plh/r-h=
u NI D A D E 2 • 83

2.2. Adjetivos de 3ª + 1ª Declinação;

A principal característica dos adjetivos deste padrão é que as formas


masculinas e neutras seguem o paradigma da Terceira Declinação, enquan-
to que as formas femininas seguem o paradigma da Primeira Declinação.

Masculino Feminino Neutro


3ª Declinação 1ª Declinação 3ª Declinação
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
Nominativo pa=j pa=nt-ej pa=s-a pa/s-ai pa=n pa=nt-a
Genitivo pant-o/j pa/nt-wn pa/s-hj pa/s-wn pant-o/j pa/nt-wn
Dativo pant-i/j pa=-si(n) pa/s-v pa=s-aij pant-i/ pa=-si(n)
Acusativo pa/nt-a pa/nt-aj pa/s-an pa/s-aj pa=n pa/nt-a

2.3. Adjetivos de 3ª + 2ª + 1ª Declinação

Neste último padrão há uma anomalia na flexão do masculino e do neu-


tro: apenas o nominativo e o acusativo singulares dos gêneros masculino e
neutro seguirão o paradigma da Terceira Declinação. Os demais casos, de
ambos os gêneros, seguirão o paradigma da Segunda Declinação. Quanto
ao gênero feminino, nada muda. Ele seguirá o paradigma da Primeira Decli-
nação, como ocorre no padrão anterior.
Os dois adjetivos mais conhecidos deste padrão são polu/j e me/gaj
(SCHALKWIJK, 1996, p.119; BLACK, 2009, 4789; REGA; BERGMANN,
2004, p.194,195). Eles serviram como modelo para a declinação de adje-
tivos similares. Observe as tabelas abaixo.

Masculino Feminino Neutro


2ª e 3ª Declinação 1ª Declinação 2ª e 3ª Declinação
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
Nominativo polu-j poll-oi poll-h poll-ai poll-u/ poll-a
Genitivo poll-ou poll-wn poll-hj poll-wn poll-ou poll-wn
Dativo poll-% poll-oij poll-v poll-aij poll-% poll-oij
Acusativo polu-n poll-ouj poll-hn poll-aj poll-u/ poll-a
84 • GREGO

Masculino Feminino Neutro


2ª e 3ª Declinação 1ª Declinação 2ª e 3ª Declinação
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
Nominativo me/ga-j me/gal-oi me/gal-h me/gal-ai me/g-a me/gal-a
Genitivo megal-ou megal-wn megal-hj megal-wn megal-ou megal-wn
Dativo megal-% megal-oij megal-v megal-aij megal-% megal-oij
Acusativo me/g-an me/gal-ouj me/gal-hn me/gal-aj me/g-a me/gal-a

É importante observar que as regras de formação de palavras também


funcionam para os adjetivos. Por isso, esteja sempre atento, principal-
mente para estas:
1. Supressão de vogais,
2. Supressão de consoantes,
3. Alongamento de vogais.

4. As formas dos adjetivos

Os adjetivos gregos podem ser divididos em três formas básicas quanto


ao grau: positivo, comparativo e superlativo. Wallace argumenta que “o ad-
jetivo positivo focaliza as propriedades de um nome em termos de tipo, não
de grau” (2009, p.296). Em outras palavras, quando o adjetivo ocorre nessa
forma, ele pretende dar a exata noção acerca do substantivo que modifica.
Basicamente, os adjetivos estudados até aqui estão na forma positiva.
A forma comparativa dos adjetivos propõe a comparação do substantivo
que modifica, dentro de um contexto possível. Segundo Robertson, essa
comparação é mais um mero contraste relativo ou uma dualidade acerca
daquilo que o adjetivo faz referência (1919, p.660-663).
Os adjetivos comparativos podem ser divididos em duas categorias. A
primeira é chamada de regulares e a segunda, de irregulares.
Os comparativos regulares são formados pela sufixação dos adjetivos
positivos. Os sufixos de comparação são:
u NI D A D E 2 • 85

Masculino Feminino Neutro


-teroj -tera -teron

Observe os exemplos de sufixação:

Positivo Masculino Feminino Neutro


di/kaioj di/kaioteroj di/kaiotera di/kaioteron
= justo =mais justo =mais justa =mais justo/a
ne/oj new/teroj new/tera new/teron
= novo =mais novo =mais nova =mais novo/a
so/fwj so/foteproj so/fotera so/foteron
= sábio =mais sábia =mais sábia =mais sábio/a

Como ocorre com o adjetivo positivo, o comparativo regular também


concorda em gênero, número e caso com o substantivo que modifica. O
comparativo regular sempre seguirá os paradigmas de Segunda Declinação
(masculino/neutro) e de Primeira Declinação (feminino –a).
Por sua vez, a regra geral de formação do comparativo irregular é a
sufixação dos adjetivos positivos irregulares. Segundo Schalkwijk, estes ad-
jetivos são aqueles que possuem terminações variáveis (1996, p.120). Os
sufixos que indicam a forma do comparativo irregular são:

MasculinoFeminino Neutro
-tera -ion

Duas características devem ser consideradas aqui. A primeira é que os


acréscimos dos sufixos podem provocar alterações na raiz dos adjetivos. A
segunda é que os comparativos irregulares flexionam seguindo o paradigma
da Terceira Declinação. Veja o exemplo na tabela abaixo, tomando como
modelo o adjetivo me/gaj:

Masculino – Feminino Neutro


Singular Plural Singular Plural
Nominativo mei/zwn mei/zon-ej mei/zon mei/zon-a
Genitivo mei/zon-oj mei/zon-wn mei/zon-oj mei/zon-wn
Dativo mei/zon-i mei/zon-si(n) mei/zon-i mei/zon-si(n)
Acusativo mei/zon-a mei/zon-aj mei/zon mei/zon-a
86 • GREGO

Por fim, a forma superlativa propõe destacar o grau mais elevado acerca
de alguém ou de algo. Contudo, como alguns argumentam, essa forma é
muito rara no Novo Testamento (ROBERTSON, 1919, p.278-281; REGA;
BERGMANN, 2004, p.317). Desse modo, na maioria das ocorrências do
superlativo, a intensão do texto é “realçar, ou enfatizar, o elevado grau da
qualidade expressa pelo adjetivo” (REGA; BERGMANN, 2004, p.317). Esse
sentido é denominado elativo.
Os adjetivos superlativos também podem ser divididos em regulares e
irregulares. Os regulares são formados pela sufixação dos adjetivos positivos
regulares. Os sufixos superlativos são:

Masculino Feminino Neutro


-tatoj -tath -taton

Observe os exemplos:

Positivo Masculino Feminino Neutro


di/kaioj di/kaiotatoj di/kaiotath di/kaiotaton
= justo =mais justo =mais justa =mais justo/a
ne/oj new/tatoj new/tath new/taton
= novo =mais novo =mais nova =mais novo/a
so/fwj so/fotatoj so/fotath so/fotaton
= sábio =mais sábia =mais sábia =mais sábio/a

O superlativo regular também concorda em gênero, número e caso com


o substantivo que modifica. O comparativo regular sempre seguirá os para-
digmas de Segunda Declinação (masculino/neutro) e de Primeira Declinação
(feminino –h).
Já o superlativo irregular é formado pela sufixação dos adjetivos posi-
tivos irregulares. Os sufixos que indicam a forma do comparativo irregular
são:

Masculino Feminino Neutro


-istoj -isth -iston
Ao contrário do comparativo irregular, o superlativo irregular também
é flexionado seguindo paradigma de Segunda e de Terceira Declinações.
u NI D A D E 2 • 87

Observe o exemplo na tabela a seguir, tomando como modelo o adjetivo


me/gaj:
Masculino Feminino Neutro
2ª e 3ª Declinação 1ª Declinação 2ª e 3ª Declinação
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
Nominativo me/g-istoj me/g-istoi me/g-isth me/g-istai me/g-iston me/g-ista
Genitivo me/g-istou me/g-istwn me/g-isthj me/g-istwn me/g-istou me/g-istwn
Dativo me/g-istw me/g-istoij me/g-isth me/g-istaij me/g-istw me/g-istoij
Acusativo me/g-iston me/g-istouj me/g-isthn me/g-istaj me/g-istov me/g-ista
88 • GREGO

RESUMO

Principais ideias vistas neste capítulo


O presente capítulo estudou o adjetivo grego. Aprendemos que:
• O adjetivo modifica substantivos e pronomes, atribuindo-lhes caracterís-
ticas ou qualidades;
• O adjetivo possui três funções: atributiva, predicativa e substantival;
• O adjetivo concorda com o substantivo [ou o pronome] em gênero, núme-
ro e caso, podendo, de acordo com as regras, ser flexionado segundo os
três paradigmas de declinação;
• O adjetivo possui três formas: positiva, comparativa e superlativa, poden-
do, de acordo com as regras, ser flexionado conforme os três paradigmas
de declinação;

AUTOATIVIDADE

Vamos aplicar o que aprendemos!


A. Vocabulário I
Estude atentamente as palavras deste vocabulário.
o(do/j caminho pou/j pé
o)fqalmo/j olho dikaiosu/nh justiça
te/knon criança ei)rh/nh paz
farisai=oj fariseu qa/lassa mar
a/rtoj pão kairo/j tempo, oportunidade
ai(=ma sangue mh/thr mãe
to/poj lugar a)po/stoloj apóstolo

B. Vocabulário II

Hoje você terá mais um vocabulário para estudar. Este contém apenas
adjetivos
u NI D A D E 2 • 89

me/gaj grande a)gaqo/j bom


a(/gioj santo e(/tero/j diferente
o(loj completo ponhro/j mal
kalo/j bom, belo pisto/j fiel
di/kaioj justo presbu/teroj ancião, velho
ai)w/nioj eterno meso/j médio
a)gaphto/j amado o)li/goj pouco
kako/j mau mikro/j pequeno
loipo/j resto o(/moioj similar
decio/j direita kaino/j novo
e)/sxatoj último neo/j novo
makario/j abençoado a)/cioj digno
tuflo/j cego dunato/j poderoso
allo/j outro pneumatikoj espiritual
nekro/j morto koino/j comum

C. Você já conhece substantivos, artigos e adjetivos; que tal usá-los para for-
mar frases nominais (frase sem verbo)? Use os vocabulários estudados e as
autoatividades dos capítulos anteriores para formular as frases:

1.
2.
3.
4.
5.

D. O texto abaixo é Jo 10.10-15. Leia o texto em voz alta:

10. o( kle/pthj ou)k e)/rxetai ei) mh\ i(/na kle/yv kai\ qu/sv kai\ a)pole/sv: e)gw\
h)=lqon i(/na zwh\n e)/xwsin kai\ perisso\n e)/xwsin. 11. )Egw/ ei)mi o( poimh\n o(
kalo/j: o( poimh\n o( kalo\j th\n yuxh\n au)tou= ti/qhsin u(pe\r tw=n proba/twn:
12. o( misqwto\j kai\ ou)k w)\n poimh/n, ou(= ou)k e)/stin ta\ pro/bata i)/dia, qewrei=
to\n lu/kon e)rxo/menon kai\ a)fi/hsin ta\ pro/bata kai\ feu/gei kai\ o( lu/koj
a(rpa/zei au)ta\ kai\ skorpi/zei 13. o(/ti misqwto/j e)stin kai\ ou) me/lei au)t%=
90 • GREGO

peri\ tw=n proba/twn. 14. )Egw/ ei)mi o( poimh\n o( kalo/j kai\ ginw/skw ta\ e)ma\
kai\ ginw/skousi/ me ta\ e)ma/, 15. kaqw\j ginw/skei me o( path\r ka)gw\ ginw/skw
to\n pate/ra, kai\ th\n yuxh/n mou ti/qhmi u(pe\r tw=n proba/twn.

E. Depois de ter lido Jo 10.10-15 em grego, identifique os substantivos e


os adjetivos encontrados no texto e escreva cada um deles no quadro
abaixo:

Substantivos Adjetivos
Capítulo 4

Pronomes

Ainda estudando o sistema nominal grego, vamos nos debruçar sobre os


pronomes. Como o próprio termo indica, a classe gramatical dos pronomes
existe em prol dos substantivos. Ou, como afirmam Neto e Infante, os pro-
nomes “são palavras que representam os seres ou se referem a eles” (2008,
p.279). O mesmo é verdade quanto aos pronomes no grego koinê. Portanto,
o nosso objetivo neste capítulo é conhecer os aspectos básicos do uso dos
pronomes gregos.
Sobre o pronome grego, é necessário dizer que ele flexiona seguindo o
mesmo padrão dos casos do substantivo (i.e., nominativo, genitivo, dativo
e acusativo). Ele também é flexionado considerando a pessoa e o número.
Segundo Daniel, “a regra básica para o pronome grego é: concordância com
seu antecedente14 em gênero e número” (2009, p.316).

1. Pronomes pessoais

Como definem Neto e Infante, “os pronomes pessoais indicam direta-


mente as pessoas do discurso” (2008, p.280). Igualmente ocorre no grego
(cf. REGA; BERGMANN, 2004, p.111; DANIEL, 2009, p.320).
Entretanto, há uma característica no uso do pronome pessoal grego.
Como veremos, os verbos gregos dispensam o uso do pronome pessoal,
uma vez que os verbos possuem terminações pessoais que concordam com
o sujeito. Logo, essas terminações indicam o número e a pessoa do sujeito.

14
O substantivo a que o pronome se refere se chama antencedente.
92 • GREGO

Exemplo:
legw = eu falo, eu digo  a)mh\n le/gw soi, ou) mh\ e)ce/lqvj e)kei=qen,
e(/wj a)\n a)pod%=j to\n e)/sxaton kodra/nthn. [“Em verdade te digo que não
sairás dali, enquanto não pagares o último centavo”] – (Mateus 5.26)
Quando o pronome pessoal é usado, a sua função é dar ênfase. Daniel
explica que “em tais exemplos, há dois sujeitos explícitos, ou um explícito
acompanhado de outro implícito” (2009, p. 321). Um exemplo disso é a
oração de Jesus no Getsêmani:
Pa/ter mou, ei) dunato/n e)stin, parelqa/tw a)p’ e)mou= to\ poth/rion
tou=to: plh\n ou)x w(j e)gw\ qe/lw a)ll’ w(j su/. [“Meu Pai, se possível,
passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu
queres”] – (Mateus 26.39).
Nesse caso, o uso dos pronomes pessoais [e)gw/ e su/] sugerem que Je-
sus (e)gw) enfatiza a vontade do Pai (su/) em detrimento da sua própria.
Por fim, precisamos saber que o pronome pessoal também concorda
com o caso do antecedente. Sendo assim, o pronome pessoal declina consi-
derando o gênero, o número e o caso do antecedente. Contudo, na primeira
e na segunda pessoa, tanto do singular quanto do plural, há uma forma
comum para todos os gêneros. Somente na terceira pessoa é que o prono-
me pessoal flexiona para concordar com o gênero do antecedente. Logo, ele
precisa flexionar nos três gêneros: masculino, feminino e neutro.
Observe as tabelas abaixo:
1.1. Primeira pessoa
Singular Plural
Nominativo e)gw/ eu h(mei=j nós
Genitivo e)mou= / mou de mim, meu h(mo=n de nós, nosso
Dativo e)moi/ / moi a mim h(mi=n a nós
Acusativo e)me/ / me mim,me h(ma=n nos

1.2. Segunda pessoa


Singular Plural
Nominativo su/ tu u)mei=j vós
Genitivo sou= / sou de ti, teu u)mo=n de vós, vosso
Dativo soi= / soi a ti u)mi=n a vós
Acusativo se/ / se ti, te u)ma=j vos
u NI D A D E 2 • 93

1.3. Terceira pessoa

Masculino
Singular Plural
Nominativo au)toj ele au)toi/ eles
Genitivo au)tou= dele au)tw=n deles
Dativo au)tw= a ele au)toi=j a eles
Acusativo au)to/n ele au)tou/j eles

Feminino
Singular Plural
Nominativo au)th/ ela au)tai/ elas
Genitivo aut)h=j dela au)tw=n delas
Dativo au)tv/ a ela au)tai=j a elas
Acusativo au)thn ela au)ta/j elas

Neutro
Singular Plural
Nominativo au)to/ ele/ela au)ta/ eles/elas
Genitivo aut)ou= dele/dela au)tw=n deles/delas
Dativo au)t%= a ele/ela au)toi=j a eles/elas
Acusativo au)to/ ele/ela au)ta/ eles/elas

2. Pronomes demonstrativos

Segundo Daniel, “esse tipo de pronome designa algo destacando-o de


modo especial” (2009, p.325). De fato, há dois pronomes demonstrativos
principais no grego koinê: ou)to/j e e)kei=noj. Ambos têm como função des-
tacar algo (ser, objeto, etc). A diferença básica entre ambos é que ou)to/j se
refere a algo perto, enquanto que e)kei=noj se refere a algo distante.
Como vimos, por regra, o pronome concorda com o seu antecedente
em gênero e número. No caso dos pronomes demonstrativos, eles também
concordam segundo o caso.
Vejamos a declinação do pronome demonstrativo ou)to/j:
94 • GREGO

Masculino
Singular Plural
Nominativo ou)toj este ou=toi/ estes
Genitivo tou=tou deste tou/twn destes
Dativo toutw= este tou/toij estes
Acusativo touto/n este tou/touj estes

Feminino
Singular Plural
Nominativo au)th/ esta au)tai/ estas
Genitivo tau/th=j desta tou/twn destas
Dativo tau/tv/ esta tau/tai=j estas
Acusativo tau/thn esta tau/taj estas

Neutro
Singular Plural
nominativo tou)to este/esta tau=ta estes/estas
genitivo tou/tou deste/desta tou/twn destes/destas
dativo tou/tw este/esta tou/toij estes/estas
acusativo tou=to este/esta tau/ta estes/estas

Exemplos:

Mateus 29.26: le/gw de\ u(mi=n, ou) mh\ pi/w a)p’ a)/rti e)k tou/tou tou= genh/
matoj th=j a)mpe/lou e(/wj th=j h(me/raj e)kei/nhj o(/tan au)to\ pi/nw meq’
u(mw=n kaino\n e)n tv= basilei/# tou= patro/j mou.

E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira,
até aquele dia em que o hei de beber, de novo, convosco, no reino de meu
Pai.

Atos 1.15: Kai\ e)n tai=j h(me/raij tau/taij a)nasta\j Pe/troj e)n me/s%
tw=n a)delfw=n ei)=pen h)=n te o)/xloj o)noma/twn e)pi\ to\ au)to\ w(sei\ e(kato\n
ei)/kosi:

“Naqueles dias, levantou-se Pedro no meio dos irmãos (ora, compunha-se


a assembleia de umas cento e vinte pessoas) e disse”:
u NI D A D E 2 • 95

Vejamos a declinação do pronome demonstrativo e)kei=noj:

Masculino
Singular Plural
Nominativo e)kei=noj aquele e)keinoi/ aqueles
Genitivo e)kei/nou daquele e)keinwn daqueles
Dativo e)kei/nw= Aquele e)keinoij aqueles
Acusativo e)kei/no/n Aquele e)keinouj aqueles

Feminino
Singular Plural
Nominativo e)kei=nh/ aquela e)kei=nai/ aquelas
Genitivo e)kei=nh=j daquela e)kei=nwn daquelas
Dativo e)kei=nv/ aquela e)kei=nai=j aquelas
Acusativo e)kei=nhn aquela e)kei=naj aquelas

Neutro
Singular Plural
Nominativo e)kei=no aquilo e)kei=na aquilo
Genitivo e)kei=nou daquilo e)kei=nwn daquilo
Dativo e)kei=nw aquilo e)kei=noij aquilo
Acusativo e)kei=no aquilo e)kei=na aquilo

Exemplos:

Mateus 9.31: oi( de\ e)celqo/ntej diefh/misan au)to\n e)n o(/lv tv= gv= e)kei/
nv.

“Saindo eles, porém, divulgaram-lhe a fama por toda aquela terra”.

Tiago 4.15: a)nti\ tou= le/gein u(ma=j, )Ea\n o( ku/rioj qelh/sv kai\ zh/somen
kai\ poih/somen tou=to h)\ e)kei=no

“Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como
também faremos isso ou aquilo”.

3. Pronomes interrogativos
De modo geral, os pronomes interrogativos são usados para fazerem
96 • GREGO

perguntas diretas ou indiretas. As forma mais comuns de pronomes inter-


rogativos são ti/j [masculino/feminino] e ti/. [neutro]. A intenção deste tipo
de pronome é identificar algo, por isso transmite a ideia de quem? quê? ou
qual?. Veja nas tabelas abaixo a declinação dos interrogativos:

Singular

Masculino/Feminino Neutro Tradução


Nominativo ti/j ti/ quem, que
Genitivo ti/noj ti/noj de quem, de que
Dativo ti/ni ti/ni à quem, à que
Acusativo ti/na ti/ quem, qual, que

Plural

Masculino/Feminino Neutro Tradução


Nominativo ti/nej ti/na quem, que
Genitivo ti/nwn ti/nwn de quem, de que
Dativo ti/si(n) ti/si(n) à quem, à que
Acusativo ti/naj ti/na quem, qual, que

Eis alguns exemplos do uso do pronome interrogativo no texto do Novo Tes-


tamento:
Marcos 10.26: Kai ti/j du/natai swqh=nai;  “Então, quem pode ser
salvo?”

Romanos 3.1: Ti/ ou)=n to\ perisso\n tou= )Ioudai/ou h)\ ti/j h( w)fe/leia th=j
peritomh=j;

“Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?”

4. Pronomes indefinidos

O pronome indefinido é basicamente idêntico ao interrogativo, “ex-


ceto pela pontuação” (BLACK, 2009, p.6362). A função dos pronomes
indefinidos é referir-se a alguém ou a algo que é indeterminado. Eles
concordarão em gênero, número e caso com seus antecedentes. Porém,
há apenas uma forma para o masculino e o feminino, tanto no singular
u NI D A D E 2 • 97

quanto no plural. Veja nas tabelas seguir as declinações dos pronomes


indefinidos:
Singular
Masc. Fem. Neutro Tradução
alguém/algo, algum/alguma,
Nominativo ti/j ti/
um/uma, qualquer
de alguém/algo, algum/algu-
Genitivo ti/noj ti/noj
ma, um/uma, qualquer
para alguém/algo, algum/algu-
Dativo ti/ni ti/ni
ma, um/uma, qualquer
a alguém/algo, algum/alguma,
Acusativo ti/na ti/
um/uma,

Plural
Masc. Fem. Neutro Tradução
alguns/algumas, uns/umas,
Nominativo ti/nej ti/na
quaisquer
de alguns/algumas, uns/umas,
Genitivo ti/nwn ti/nwn
quaisquer
para alguns/algumas, uns/
Dativo ti/si(n) ti/si(n)
umas, quaisquer
a alguns/algumas, uns/umas,
Acusativo ti/naj ti/na
quaisquer

Vejamos alguns exemplos do uso do pronome indefinido no texto do


Novo Testamento:
Exemplos:

Mateus 24.23: to/te e)a/n tij u(mi=n ei)/pv, )Idou\ w(=de o( Xristo/j, h)/, (=Wde,
mh\ pisteu/shte:

“Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acredi-
teis”

1 Timóteo 3.1: ei)/ tij e)piskoph=j o)re/getai, kalou= e)/rgou e)piqumei=.

“Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja”


98 • GREGO

V ocê percebeu que a forma do pronome indefinido é exatamente


igual à do interrogativo. Além de diferenciá-lo pelo uso do ponto
de interrogação (lembre-se: o ponto de interrogação em grego é um
ponto-e-vírgula [ ; ]), há outro meio de fazê-lo.
Schalkwijk diz que o indefinido “é tão ‘fraco’ que... corre e esconde-se
entre outras palavras” (1994, p.140). Por isso, observe bem o texto.
Se tij ou ti estiver seguindo o substantivo ou o verbo, tenha certeza
de que se trata de um pronome indefinido.

5. Pronomes relativos
Segundo Black, “o pronome relativo se denomina assim, porque se ‘rela-
ciona com’ ou ‘se refere a’ um substantivo ou um pronome de outra oração”
(2009, p.6381). A forma mais comum do pronome relativo é o(/j (h(/ e o(/).
Em linhas gerais, o(/j promove a ligação entre os termos e as orações com o
objetivo de descrever ou explicar uma ideia.
Os pronomes relativos concordam com seus antecedentes em gênero,
número e caso. Portanto, é necessário estudar a declinação deles. Nas tabe-
las abaixo indicamos como ela se processa.

5.1. Pronomes relativos – singular


Masculino Feminino Neutro Tradução
Nominativo o/(j h(/ o/( quem, qual, que
Genitivo ou( h(/j ou( de quem, de qual
Dativo %( h(/ %( a quem, o qual
Acusativo o(n h(/n o( quem, qual, que

5.2. Pronomes relativos – plural


Masculino Feminino Neutro Tradução
Nominativo oi(/ ai(/ o/( os quais/ as quais
Genitivo ou( h(j ou( dos quais/ das quais
Dativo oi(j ai(j oi(j aos quais/ às quais
Acusativo ou(/j a(/j a(/ os quais/ as quais
u NI D A D E 2 • 99

Vejamos como isso funciona na prática do texto do Novo Testamento:

Mateus 5.22: e)gw\ de\ le/gw u(mi=n o(/ti pa=j o( o)rgizo/menoj t%= a)delf%=
au)tou= e)/noxoj e)/stai tv= kri/sei: o(\j d’ a)\n ei)/pv t%= a)delf%= au)tou=,
(Raka/, e)/noxoj e)/stai t%= sunedri/%: o(\j d’ a)\n ei)/pv, Mwre/, e)/noxoj
e)/stai ei)j th\n ge/ennan tou= puro/j.

“Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu
irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão
estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará
sujeito ao inferno de fogo”.

O pronome o(/j ocorre no texto para ligar as ideias das frase da oração,
relacionando a ira e os insultos ao irmão como atitudes dignas de jul-
gamento e de juízo.

6. “Pronomes possessivos”

Assim como ocorre na língua portuguesa, no grego koinê há termos que


indicam a posse. No português, chamamos de pronomes possessivos. To-
davia, no grego koinê não existe tal categoria de pronomes. Porém, o koinê
compensa esse fato utilizando adjetivos possessivos e o genitivo dos prono-
mes pessoais (cf. DANIEL, 2009, p.348).
Para efeito didático, chamaremos estes termos de pronomes posses-
sivos, entendendo que funcionam como tal, a fim de estabelecermos uma
relação mais próxima da língua portuguesa e facilitar nosso aprendizado.

6.1. Pronomes possessivos [genitivo dos pronomes pessoais]


Como ocorre nos pronomes pessoais, na primeira e na segunda pessoa
do singular e do plural há uma única forma para os três gêneros (masculino,
feminino e neutro). Porém, a terceira pessoa do singular e do plural flexio-
nam para concordarem com os seus antecedentes.
Nas tabelas abaixo, podemos ver como se dá a declinação do possessivo:
100 • GREGO

Masculino Feminino Neutro Tradução


1ª Pessoa mou -- -- meu (de mim)
2ª pessoa sou -- -- teu (de ti)
3ª pessoa au)tou= au)th=j au)tou= Seu/sua (de ele, de ela)

Masculino Feminino Neutro Tradução


1ª Pessoa h(mw=n -- -- nosso (de nós)
2ª pessoa u(mw=n -- -- vosso (de vós)
3ª pessoa au)tw=n au)tw=n au)tw=n seus (de eles/ de elas)

Exemplo:

Mateus 6.9: Pa/ter h(mw=n o( e)n toi=j ou)ranoi=j, a(giasqh/tw to\ o)/noma/
sou:

“Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome...”

6.2. Pronomes possessivos [adjetivos possessivos]


Quando usamos os adjetivos possessivos, precisamos considerar dois
aspectos: em primeiro lugar, eles têm como característica enfatizar a posse.
Neste caso, como estudamos, o adjetivo é usado com função atributiva, em
uma das duas formas possíveis:
Exemplo:

Mateus 5.3: Maka/ r ioi oi( ptwxoi\ t%= pneu/ m ati o( / t i au) t w= n e) s tin
h( basilei/ a tw= n ou) r anw= n .

“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”.

João 17.17: a( g i/ a son au) t ou\ j e) n tv= a) l hqei/ # : o( lo/ g oj o( so\ j a) l h/


qeia/ e) s tin.

“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”.

O segundo aspecto a se considerar é a concordância com o antece-


dente. Neste caso, a forma pronominal do adjetivo possessivo declinará
concordando em gênero e número com o antecedente. Observe a tabela de
declinação:
u NI D A D E 2 • 101

Masculino Feminino Neutro Tradução


1ª Pessoa e)mo/j e)mh/ e)mo//n meu (de mim)
2ª pessoa so/j sh/ so/n teu (de ti)
dele/dela (de ele,
3ª pessoa au)tou= au)th=j au)tou=
de ela)

Masculino Feminino Neutro Tradução


1ª Pessoa h(me/teroj h(me/tera h(me/teron nosso (de nós)
2ª pessoa u(me/teroj u(me/tera u(me/teron vosso (de vós)
deles/delas (de
3ª pessoa au)tw=n au)tw=n au)tw=n
eles/de elas

Schalkwijk lembra que é possível enfatizar a ideia de posse com o


acréscimo do termo i(/dioj antes do objeto da posse (1994, p.144).
Esse termo concorda em gênero com a palavra que modifica (veja o
quadro de declinação).
Exemplo: 1 Timóteo 3.4: tou= i)di/ou oi)/kou kalw=j proi+sta/menon, 
“...e que governe bem a própria casa...”

Masculino Feminino Neutro Tradução

i(/dioj i(/dia i(/dion próprio/própria

7. Pronomes recíprocos
Os pronomes recíprocos são formados a partir do termo a(/lloj, que é
traduzido por outro.
Black nos lembra de que os pronomes recíprocos do Novo Testamento
ocorrem apenas no plural (2009, p.6474). Além disso, as ocorrências são
limitadas a três casos: genitivo, dativo e acusativo.
Genitivo a)llh/lwn Uns dos outros
Dativo a)llh/loij Uns aos outros
Acusativo a)llh/louj Uns (aos) outros
102 • GREGO

Exemplos:

Marcos 4.41: kai\ e)fobh/qhsan fo/bon me/gan kai\ e)/legon pro\j a)llh/
louj, Ti/j a)/ra ou(=to/j e)stin o(/ti kai\ o( a)/nemoj kai\ h( qa/lassa u(pakou/
ei au)t%=;

“E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: Quem é esse
que até o vento e o mar lhe obedecem?”

Gálatas 6.2: )Allh/lwn ta\ ba/rh basta/zete kai\ ou(/twj a)naplhrw/sete


to\n no/mon tou= Xristou=.

“Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo”

8. Pronomes reflexivos

O pronome reflexivo tem como utilidade demonstrar que o sujeito da


oração é tanto agente quanto objeto da ação. Em outras palavras, “o refle-
xivo é usado para destacar a participação do sujeito na ação verbal, como
objeto direto, objeto indireto, intensificador etc” (DANIEL, 2009, p.350).
Algumas características devem ser consideradas acerca do pronome re-
flexivo. A primeira é que ele concorda em caso com o seu antecedente.
Contudo, o reflexivo não possui declinação para o nominativo.
A segunda consideração é que o reflexivo também concorda em gênero e
número com seu antecedente. No singular, há formas específicas para cada
pessoa e gênero. No plural, há apenas uma forma para todas as pessoas e
gêneros, declinando de acordo com o caso.
A tradução do pronome reflexivo para o português aproxima-se dos pro-
nomes pessoais do caso oblíquo (Cf. NETO; INFANTE, 2008, p.281,282).
Vejamos as tabelas de declinação dos pronomes reflexivos:

8.1. Pronomes reflexivos – singular

1ª Pessoa Masculino Feminino Tradução


Genitivo e)mautou= e)mauth=j de mim mesmo/mesma
Dativo e)mautw= e)mauth= para mim mesmo/mesma
Acusativo e)mauto/n e)mauth/j a mim mesmo/mesma
u NI D A D E 2 • 103

2ª Pessoa Masculino Feminino Tradução


Genitivo seautou= seauth=j de ti mesmo/mesma
Dativo seautw= semauth= para ti mesmo/mesma
Acusativo seauto/n seauth/j a ti mesmo/mesma
3ª Pessoa Masculino Feminino Tradução
Genitivo e)autou= e)auth=j de si mesmo/mesma
Dativo e)autw= e)auth= para si mesmo/mesma
Acusativo e)auto/n e)auth/j a si mesmo/mesma

8.2. Pronomes reflexivos – plural

Masculino Feminino Tradução


Genitivo e)autw=n e)autw=n de nós, vós, si mesmos/mesmas
Dativo e)autoi=j e)autai=j para nós, vós, si mesmos/mesmas
Acusativo e)autou/j e)auta/j a nós, vós, si mesmos/mesmas

Seguem alguns exemplos do uso dos pronomes reflexivos no texto do


Novo Testamento:
João 5.31: e)a\n e)gw\ marturw= peri\ e)mautou=, h( marturi/a mou ou)k e)/
stin a)lhqh/j:

“Se eu testifico a respeito de mim mesmo, o meu testemunho não é ver-


dadeiro”.

Gálatas 2.18: ei) ga\r a(\ kate/lusa tau=ta pa/lin oi)kodomw=, paraba/thn
e)mauto\n sunista/nw.

“Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo


transgressor”.
104 • GREGO

RESUMO

Principais ideias vistas neste capítulo


Neste capítulo estudamos os pronomes gregos e aprendemos o seguinte:
• O pronome grego possui algumas similaridades com o pronome portu-
guês;
• O pronome grego concorda em gênero, número e caso com o seu antece-
dente, mas existem algumas exceções;
• O pronome grego pode ser dividido em oito categorias básicas, que ser-
vem de base para a compreensão do texto do Novo Testamento grego.
u NI D A D E 2 • 105

AUTOATIVIDADE

Vamos aplicar o que aprendemos!


A. Vocabulário

Estude atentamente as palavras deste vocabulário.

sto/ma boca )Abraa/m Abraão


)Ierousalh/m Jerusalém fw=j luz
snmei=on sinal pu=r fogo
euagge/lion evangelho )Israh/l Israel
pro/swpon face r(h=ma palavra
u(/dwr água sa/bbaton sábado
Si/mon Simão ploi=on barco

B. O texto abaixo é de Mateus 13.3-9. Leia-o em voz alta e depois identi-


fique e circule os pronomes:

3.kai\ e)la/lhsen au)toi=j polla\ e)n parabolai=j le/gwn, )Idou\ e)


ch=lqen o( spei/rwn tou= spei/rein. 4. kai\ e)n t%= spei/rein au)to\n a(\
me\n e)/pesen para\ th\n o(do/n, kai\ e)lqo/nta ta\ peteina\ kate/fagen
au)ta/. 5. a)/lla de\ e)/pesen e)pi\ ta\ petrw/dh o(/pou ou)k ei)=xen gh=n
pollh/n, kai\ eu)qe/wj e)cane/teilen dia\ to\ mh\ e)/xein ba/qoj gh=j: 6.
h(li/ou de\ a)natei/lantoj e)kaumati/sqh kai\ dia\ to\ mh\ e)/xein r(i/zan
e)chra/nqh. 7. a)/lla de\ e)/pesen e)pi\ ta\j a)ka/nqaj, kai\ a)ne/bhsan ai(
a)/kanqai kai\ e)/pnican au)ta/. 8. a)/lla de\ e)/pesen e)pi\ th\n gh=n th\n
kalh\n kai\ e)di/dou karpo/n, o(\ me\n e(kato/n, o(\ de\ e(ch/konta, o(\ de\
tria/konta. 9. o( e) / x wn w) = t a a) k oue/ t w.
106 • GREGO

C. Classifique e escreva no quadro a seguir os pronomes que você encon-


trou no texto anterior:

Pessoais

Demonstrativos

Interrogativos

Indefinidos

“Possesisvos”

Relativos

Recíprocos

Reflexivos
Capítulo 5

Preposições

Neste capítulo estudaremos as preposições. Não considere as preposi-


ções como uma classe gramatical de menor valor, pois elas têm um grande
valor no grego koinê, sendo uma das classes gramaticais mais dinâmicas da
língua. Compreender a natureza e a função das preposições dentro do grego
neotestamentário é fundamental para o entendimento do texto e para seu
estudo exegético (cf. BLACK, 2009, p.2405; DANIEL, 2009, p.357).
As preposições gregas são uma classe gramatical pequena. Contudo,
cada uma possui um campo semântico vasto, o que, por sua vez, amplia a
possibilidade de sentidos e significados dentro de um determinado contex-
to. Primeiramente, estudaremos as principais funções que as preposições
exercem no texto. Num segundo momento, veremos como as preposições
se relacionam com os casos gregos.

O cristianismo é dividido em dois grandes grupos quando o assunto é ba-


tismo. De um lado estão os imersionistas, que creem que a forma correta
de administrar o batismo é mergulhando a pessoa em água. Do outro lado
estão os aspersionistas, que creem que é possível administrar o batismo as-
pergindo água sobre a pessoa.
Você sabia que um dos textos mais usados para defender ambas as posições
abre a possibilidade para que ambas estejam certas?
Mateus 3.11  e)gw\ me\n u(ma=j bapti/zw e)n u(/dati ei)j meta/noian,
A preposição e)n pode ser traduzida como com ou em, ou seja, “batizar com
água” ou “batizar em água” são duas possibilidades exegéticas. Este é um
exemplo da complexidade do uso das preposições na leitura e na exegese do
Novo Testamento.
108 • GREGO

1. As funções das preposições

As preposições são usadas para estabelecer a relação entre duas pa-


lavras existentes na frase. Mounce argumenta que a palavra com a qual a
preposição se relaciona é chamada de objeto da preposição (2009, p.70).
Assim, a preposição oferece informações acerca do seu objeto e sobre a sua
relação com a frase como um todo (DANIEL, 2009, p.356).
Há duas características que você deve guardar acerca das preposições.
A primeira é que a preposição é sempre colocada antes do substantivo com
o qual se relaciona. Veja o exemplo:

r( u = s ai h( m a= j a) p o\ tou = ponhrou= .
preposição objeto da preposição

A segunda característica é que a preposição é invariável, ou seja, ela não


flexiona como outras classes gramaticais. Contudo, as preposições termina-
das em vogal perdem essa vogal quando antecedem uma palavra iniciada
com uma vogal similar. Neste caso, a vogal é substituída por uma apóstrofe.
Isso é denominado elisão. Veja o exemplo abaixo:
Preposição dia/  di’ a)/llhj o(dou=
O mesmo acontecerá com as seguintes preposições:

Preposição Preposição com elisão


a)na/ a)n’
a)nti/ a)nt’
a)po/ a)p’
dia/ di’
e)pi/ e)p’
kata/ kat’
meta/ met’
para/ par’
u(po/ u(p’
As preposições também sofrem modificações quando a palavra que as
seguem possuem uma aspiração áspera: Veja o exemplo:
u NI D A D E 2 • 109

Preposição e)k = e)c  h)\ ti/j e)stin e)c u(mw=n a)/nqrwpoj,


O mesmo acontecerá com as seguintes preposições:

Preposição Preposição com elisão


a)na/ a)n’
a)nti/ a)nq’
a)po/ a)f’
dia/ di’
e)pi/ e)f’
kata/ kaq’
meta/ meq’
para/ par’
u(po/ u(f’
Segundo Black, apenas as preposições peri/ e pro/ não sofrem alteração
alguma (2009, p.2519).
As preposições indicam três situações básicas acerca do seu objeto:
diretivo [indica a direção], locativo [indica a localização] e ablativo [indica a
relação]. Veja a tabela abaixo:

Fonte: SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. Coinê: Pequena gramática


do grego neotestamentário. 7 ed. rev. Patrocínio. 1994, p.147
110 • GREGO

2. As preposições e os casos

As preposições também nos auxiliam a reconhecer o caso do seu objeto


(REGA; BERGMANN; 2004, p.102). Isso ocorre porque as preposições re-
gem os casos dos substantivos,ou seja, as preposições são usadas para “es-
clarecer, fortalecer ou alterar o uso básico do caso” (DANIEL, 2009, p.361).
Os casos regidos pelas preposições são apenas três: o genitivo, o acusativo e
o dativo. Portanto, você não encontrará uma preposição regendo o nominati-
vo. Via de regra, cada preposição rege um tipo de caso específico. Contudo,
há preposições que podem reger até três casos. Quando isto ocorre, deve-se
compreender que a ideia básica da preposição pode alterar.
Para facilitar o nosso estudo das preposições e da sua regência dos
casos, dividiremos as mais comuns em três categorias: preposições que re-
gem apenas um caso, preposições que regem dois casos e preposições que
regem três casos.
Preposições que regem um caso:

Caso Função Preposições Significado


pro/ j para
Acusativo
Diretiva ei/ j para dentro
Para onde?
a) n a/ para cima
Dativo e) n em, com
Locativa
Onde? su/ com
xwri/ j sem, a parte de
pro/ antes
a) / x rij até
Genitivo
Ablativa anti/ oposto, ao invés de
De onde?
o) p isw depois, após
e) k de, para fora
a) p o/ partindo de

2.1. Preposições que regem dois casos:


Observe que o sentido de cada preposição varia de acordo com o caso.
Além disso, perceba que há sentidos em negrito. O uso do negrito é para
indicar o sentido primário da preposição e o caso que prioritariamente ele
rege (i.e.: u(pe/r, u(po/ e kata/ regem o caso acusativo, mas podem reger o
u NI D A D E 2 • 111

caso genitivo, enquanto que meta/ e dia/ regem o caso genitivo, mas podem
reger o caso acusativo).

Caso Função Preposições Sentido da preposição


u(pe/r sobre
u(po/ sob
Acusativo
Diretiva kata/ para baixo, conforme
Para onde?
meta/ depois
dia/ por causa de
meta/ com
dia/ por, através de
Genitivo
Ablativa u(pe/r a favor de, segundo
De onde?
u(po/ por
kata/ contra

2.2. Preposições que regem três casos:


Esta categoria é menor. Perceba que as preposições regem igualmente
todos os casos, variando o seu sentido de acordo com o caso.
Caso Função Preposições Sentido da preposição
e(pi/ para cima de
Acusativo
Diretiva para/ para o lado de
Para onde?
peri/ ao redor de, sobre
e(pi/ em cima de
Dativo
Locativa para/ ao lado de
Onde?
peri/ ao redor de
e(pi/ de cima de
Genitivo
Ablativa para/ de lado de
De onde?
peri/ ao redor de, sobre
112 • GREGO

RESUMO

Principais ideias vistas neste capítulo


Neste capítulo estudamos as preposições gregas. Sobre elas, nós apren-
demos:
• Que o fato de serem uma classe gramatical limitada a poucos termos,
não diminui o seu valor para a compreensão do texto grego;
• Que as preposições possuem um campo semântico vasto, podendo ter
sentidos diferentes de acordo com o contexto;
• Que as preposições são termos invariáveis, por isso, não flexionam quan-
to ao gênero, ao número ou ao caso. Entretanto, sofrem modificações
diante de vogais e de aspirações ásperas;
• Que as preposições indicam direção, localização e relação;
• Que as preposições regem os casos dos seus objetos e podem reger de
um até três casos, alterando o seu sentido conforme o caso.

AUTOATIVIDADE

Vamos aplicar o que aprendemos!


A. Vocabulário

Estude atentamente estas palavras:


karpo/j fruto nu/c noite
daimo/nion demônio xara/ alegria
grammateu/j escriba dida/skaloj professor
o(ro/j monte lu/qoj rocha
qe/lhma desejo sunagwgh/ sinagoga
qro/noj trono e)lpi/j esperança
Galilai/a Galileia paidi/on criança
grafh/ Escritura e)paggeli/a promessa
parabolh/ parábola sofia sabedoria
u NI D A D E 2 • 113

B. O texto abaixo é Jo 1.1-10. Leia-o em voz alta. Após a leitura, identifi-


que e circule as preposições.

1. )En a)rxv= h)=n o( lo/goj, kai\ o( lo/goj h)=n pro\j to\n qeo/n, kai\
qeo\j h)=n o( lo/goj. 2. ou(=toj h)=n e)n a)rxv= pro\j to\n qeo/n. 3. pa/nta di’
au)tou= e)ge/neto, kai\ xwri\j au)tou= e)ge/neto ou)de\ e(/n. o(\ ge/gonen 4. e)
n au)t%= zwh\ h)=n, kai\ h( zwh\ h)=n to\ fw=j tw=n a)nqrw/pwn: 5. kai\ to\ fw=j
e)n tv= skoti/# fai/nei, kai\ h( skoti/a au)to\ ou) kate/laben. 6. )Ege/
neto a)/nqrwpoj a)pestalme/noj para\ qeou=, o)/noma au)t%= )Iwa/nnhj:
7.` ou(=toj h)=lqen ei)j marturi/an, i(/na marturh/sv peri\ tou= fwto/j, i(/na
pa/ntej pisteu/swsin di’ au)tou=. 8. ou)k h)=n e)kei=noj to\ fw=j, a)ll’ i(/na
marturh/sv peri\ tou= fwto/j. 9. )=Hn to\ fw=j to\ a)lhqino/n, o(\ fwti/zei pa/
nta a)/nqrwpon, e)rxo/menon ei)j to\n ko/smon. 10. e)n t%= ko/sm% h)=n, kai\ o(
ko/smoj di’ au)tou= e)ge/neto, kai\ o( ko/smoj au)to\n ou)k e)/gnw.

C. Escreva no quadro abaixo as preposições que você identificou no texto


da questão anterior, classificando cada uma conforme o uso:

Diretiva

Locativa

Ablativa
114 • GREGO

D. Escreva no quadro abaixo as preposições que você identificou no texto


da questão B, classificando cada uma conforme o caso que rege:

Acusativo

Dativo

Genitivo

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A. Assista à aula do Prof. João Paulo Thomaz de Aquino sobre grego koinê:
Artigos: https://www.youtube.com/watch?v=8RCApaNPdGA&index=
23&list=PLzxJwawniYZjMcgycHvuziTU_F3mWy2jp

Adjetivos: https://www.youtube.com/watch?v=aK0Wpvmo_6U&index=
4&list=PLzxJwawniYZjMcgycHvuziTU_F3mWy2jp
u NI D A D E 2 • 115

B. Uma das ferramentas mais importantes no estudo da língua grega é um


bom texto analítico.

Há boas obras disponíveis no mercado, inclusive em português. Uma


possibilidade é você ter um aplicativo que possibilite fazer seus estudos
mais rapidamente e em qualquer lugar. Recomendamos dois aplicativos:

Android: MySword Bible – Disponível em: https://play.google.com/store/apps/


details?id=com.riversoft.android.mysword&hl=pt-BR

Windows Phone: O NT Studies Toolkit – Disponível em:


https://www.microsoft.com/pt-br/store/apps/nt-studies-toolkit/9nblggh08cs6

C. O filme Casamento Grego (2002) mostra, em segundo plano, um exem-


plo da incorporação da cultura grega pela civilização ocidental.

Isso é algo sempre lembrado por Gus Portokalos (Michael Constantine),


que desafia: “me dê uma palavra, qualquer palavra, eu lhe mostro como a
raiz dessa palavra é grega”. Vale a pena assistir a essa comédia romântica
e mergulhar um pouco em alguns aspectos da vida grega.
GREGO 1

Unidade 3
Capítulo 1

Introdução ao Sistema Verbal do


Grego Koinê

Neste capítulo iniciaremos o estudo do sistema verbal do grego koinê.


Assim como no português, no grego, o verbo é a palavra que “pode indicar
ação (fazer, copiar), caráter de estado (ser, ficar) fenômeno natural (chover,
anoitecer), ocorrência (acontecer, suceder), desejo (aspirar, almejar) e ou-
tros processos” (NETO; INFANTE, 2008, p.127). Por essa razão, compete
ao verbo dar coesão ao sentido de uma oração. Afinal, como argumenta
Celso Luft, o verbo tem a função de organizar as palavras e fazer delas uma
oração, o verbo deve ser considerado “o ponto de partida para qualquer aná-
lise” (LUFT, 2002, p.44). Isso também é verdade quanto ao verbo grego.
Como estudante da língua grega, você perceberá que as considerações
acima são verdadeiras e práticas. No seu estudo pessoal das Escrituras do
Novo Testamento, perceberá de maneira contundente o valor do verbo para
análise, compreensão, interpretação e aplicação do texto. Por isso, estude
com atenção este capítulo, pois ele será muito útil para você.

1. Características do verbo grego

O verbo grego possui quatro características básicas: modo, tempo, voz


e pessoa. Vejamos alguns detalhes específicos de cada uma dessas carac-
terísticas:

1.1. Modo
Black argumenta que o modo “se refere à maneira pela qual o falante
120 • GREGO

relaciona a ideia verbal à realidade” (2009, p.662). Há quatro modos na


língua grega: indicativo, subjuntivo, imperativo e optativo.
Indicativo – O modo indicativo é o mais utilizado em todo o Novo
Testamento. Ele é a maneira normal ou comum de expressar uma ação ou
estado. Daniel afirma que o indicativo “é o modo da asserção, ou apresenta-
ção da certeza” (2009, p.448). Logo, o indicativo grego aponta para a plena
realização daquilo que o verbo sugere [ação ou estado].
Subjuntivo – Por sua vez, o subjuntivo é o modo da possibilidade ou
da probabilidade. Nas palavras de Daniel, “ele sugere a representação de
uma ação verbal (ou estado) como incerta, mas provável” (2009, p.461).
O subjuntivo expressa o desejo de que algo aconteça e que possui a pos-
sibilidade de realmente acontecer. Uma característica deste modo verbal
é que a ênfase não está no tempo, mas no aspecto por ele apresentado.
Assim, curiosamente, o subjuntivo ocorre apenas no presente e no aoristo,
praticamente.
Imperativo – Via de regra, o modo imperativo representa a ordem.
Contudo, como alguns autores têm proposto, no koinê, o imperativo também
pode expressar “exortação, conselho e súplica”, podendo, assim, ser melhor
definido como o modo que expressa a intenção (REGA; BERGMANN; 2004,
p.29. Cf. DANIEL, 2009, p.485). Em outras palavras, o imperativo é um
apelo à vontade para que algo seja realizado.
Optativo – O modo optativo também expressa a possibilidade de uma
ação ou de um estado, bem como o desejo de que essa ação [ou esse es-
tado] ocorra. Porém, diferentemente do subjuntivo, a possibilidade repre-
sentada pelo optativo é incerta. Daniel chama este de o modo da incerteza
(2009, p.461). Ele é o menos utilizado em todo o Novo Testamento.

1.2. Tempo
Na língua portuguesa, os tempos verbais são basicamente três: presen-
te, pretérito [passado] e futuro (NETO; INFANTE, 2008, p.129; BECHARA,
2009, p.263,264). A ênfase é o elemento temporal relacionado à ação (ex:
Eu faço, eu fiz, eu farei). Porém, na língua grega, essa é uma questão um
pouco mais complexa. No grego koinê, os tempos verbais expressam dois
elementos distintos: 1) o temporal e 2) o aspecto da ação do verbo. Por isso,
ter em mente apenas o elemento temporal no estudo do grego koinê é “um
u NI D A D E 3 • 121

equívoco e um obstáculo para a compreensão do aspecto da forma verbal”


(ROBERTSON, 1919, p.243).
Ainda que seja possível falar em presente, passado e futuro na língua
grega , a ênfase do tempo está no aspecto da ação do verbo. O que seria,
então, o aspecto da ação verbal? Basicamente, ele se refere ao desenvol-
vimento da ação. Os estudiosos da língua propõem três aspectos básicos
presentes no tempo do grego koinê: 1) o linear [ou durativo]; 2) o pontilear;
3) o pontilinear [ou resultante].
O aspecto linear indica uma ação que ainda está em processo, portanto,
uma ação ou um estado incompletos. Este aspecto é representado grafi-
camente por um traço linear [ _______ ]. O aspecto pontilear indica uma
ação completa, por isso, pode-se falar de uma ação pontual, representada
por ponto final [ • ]. Por sua vez, a ação pontilinear indica uma ação ou um
estado completos, mas que possui resultados que se seguem à ação, daí
este aspecto ser representado por um ponto final seguido de um traço linear
[ • _______ ].
Tendo isso em mente, é possível afirmar que o sistema verbal do grego
koinê possui seis tempos verbais, conforme tabela abaixo:

Tempo Elemento temporal Aspecto da ação Exemplo


Descreve uma ação em anda-
Presente _______ lu/w = eu solto
mento
Descreve uma ação completa a
Futuro • lu/sw = eu soltarei
acontecer
Descreve uma ação completa
Aoristo • e)/lusa = eu soltei
que já aconteceu
Descreve uma ação contínua
Imperfeito _______ e)/luon = eu soltava
já acontecida
Descreve uma ação completa
le/luka = eu tenho
Perfeito que já aconteceu e que possui •_______
solto
resultados ainda presentes
Descreve uma ação completa
Mais-que- e)lelu/keiv = eu tinha
que já aconteceu e que possui •_______
perfeito solto
resultados que já cessaram
122 • GREGO

Os tempos verbais podem ser divididos em dois grupos:


1. Tempos primários: presente, futuro e perfeito;
2. Tempos secundários: aoristo, imperfeito e mais-que-perfeito.

1.3. Voz
De acordo com Daniel, “a voz é aquela propriedade do verbo que indica
como o sujeito se relaciona com a ação (ou o estado) expressa pelo verbo”
(2009, p.408). De maneira simples, as vozes verbais no grego koinê podem
ser resumidas em três: 1) ativa, 2) passiva, 3) média.
A. Ativa – A voz ativa é a mais utilizada no Novo Testamento. Ela indi-
ca que o sujeito é o autor da ação.
B. Passiva – A voz passiva é a segunda mais utilizada no Novo Testa-
mento. Ela indica que o sujeito é quem sofre a ação
C. Média – A voz passiva é a menos utilizada no Novo Testamento.
Ela indica que o sujeito é tanto o autor da ação quanto o sofredor da ação.
Segundo Daniel, a nuance a ser considerada aqui é que o verbo “enfatiza a
participação do sujeito” (2009, p.414).

Os verbos gregos só possuem formas específicas para as vozes passiva e


média quando estão no futuro ou no aoristo. Isso significa que, nos demais
tempos verbais, as formas para a voz passiva e média serão idênticas.

1.4. Pessoa e número


Este é o tópico mais simples do sistema verbal do grego koinê. Como
no português, os verbos gregos possuem três pessoas (primeira pessoa,
segunda pessoas e terceira pessoa) e dois números (singular e pular). Logo,
os verbos gregos flexionam a fim de concordarem em pessoa e número com
o sujeito.
u NI D A D E 3 • 123

Singular Plural
1ª Pessoa lu/w lu/omen
2ª Pessoa lu/eij lu/ete
3ª Pessoa lu/ei lu/osi(n)

2. Conjugação
A conjugação é o conjunto das flexões que ocorrem com uma forma
verbal. Ao conjugar um verbo, estamos desenvolvendo o seu sentido, tendo
em vista os seus elementos modificadores (i.e. modo, tempo, voz). Além
disso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração. Sendo assim, deve-
mos considerar que os verbos no grego koinê concordam com o sujeito em
número e pessoa.

No sistema verbal grego, não ocorre a flexão com base nos casos. Tais flexões
] são uma característica do sistema nominal e não tem qualquer implicação sobre
as flexões verbais. Os verbos também não flexionam quanto ao gênero.

Outro detalhe que devemos ter em mente ao estudarmos os verbos gre-


gos é o seu infinitivo. No grego koinê, o infinitivo é sempre o verbo no indi-
cativo presente ativo na primeira pessoa do singular. Por exemplo, temos o
verbo lu/w (eu solto). Com frequência, o verbo lu/w tem sido usado como
paradigma para a conjugação verbal no koinê em muitas gramáticas gregas,
por isso, também o usaremos para tal fim.
A conjugação dos verbos gregos é percebida pela flexão das terminações
(ou dos sufixos). As terminações indicam a pessoa e o número a que o verbo
corresponde e concorda. Como nos lembra Mounce, a “terminação pode
ajudar a confirmar se você descobriu o sujeito correto” (MOUNCE, 2009,
p.143). Por essas razões, as terminações ou os sufixos também são deno-
minados terminações pessoais.
Porém, os verbos possuem mais do que terminações pessoais. A partir
da raiz verbal, o termo pode ser acrescido de prefixos e sufixos, sendo que
cada partícula terá uma função a desempenhar.
124 • GREGO

A. Prefixos: O verbo grego pode receber dois prefixos. Eles são deno-
minados aumento e reduplicação.
O aumento ocorre apenas no indicativo, nos tempos imperfeito, aoristo
e mais-que-perfeito. No caso de haver uma reduplicação, o aumento é sem-
pre o antecedente. Veja os exemplos abaixo:

e)/-lu-sa
e)-le/-lu/-kei-men

Já a reduplicação ocorre no perfeito e no mais-que-perfeito de todos


os modos verbais (indicativo, subjuntivo, imperativo e optativo) e é sempre
inserido antes da raiz. Observe o exemplo abaixo:

e)-le/-lu/-kei-men

B. Sufixos: O verbo pode receber até três sufixos. São eles: sufixo
temporal, vogal auxiliar ou temática e terminação pessoal.
O sufixo temporal é inserido logo após a raiz. Ele indicará o tempo a que
o verbo se refere. Há quatro sufixos temporais:

Sufixo Tempo Exemplo


-s- Futuro lu/-s-w
-sa- Aoristo e)/lu-s-a
-k(a) Perfeito le/lu-ka
-qh- Futuro e Aoristo (voz passiva) lu-qh/-somai

C. A vogal auxiliar ou temática


Via de regra, a vogal temática é inserida entre a raiz e a terminação
pessoal. Quando houver um sufixo temporal, a vogal termática seguirá ime-
diatamente depois dela. Como lembra Schalkwijk, “em muitas formas as vo-
gais auxiliares se fundem com as terminações” (1994, p.57). Essas vogais
são sem o ou e. Há uma regra básica para distinguir quando se usa uma ou
outra:
o Usado antes de m ou n  lu/omen
e Usado nos demais casos  lu/eij – lu/ete
u NI D A D E 3 • 125

No modo subjuntivo ocorre a duplicação da vogal temática; consequentemente,


isso gera um alongamento da vogal, modificando sua forma. Veja os exemplos:
o + o = w  lu/-w-sin
e + e = h  lu/-h-te
Esta é uma peculiaridade do subjuntivo.

D. A terminação pessoal
Esta terminações indica a pessoa, o número e a voz em que o verbo
está sendo conjugado. As terminações pessoais precisam ser estudadas e
conhecidas para facilitar o seu reconhecimento e a sua compreensão. Na
tabela abaixo você encontrará as formas das terminações pessoais, sem as
vogais temáticas.

Terminações Pessoais
Voz ativa
Tempos Primários Tempos secundários
1ª Pessoa --- -n
Singular 2ª Pessoa -j -j
3ª Pessoa -- -(n)/ (-san)
1ª Pessoa -men -men
Plural 2ª Pessoa te -te
3ª Pessoa -si(n) -si(n)
Voz passiva e média
Tempos Primários Tempos secundários
1ª Pessoa -mai -mhn
Singular 2ª Pessoa -sai -so
3ª Pessoa -tai -to
1ª Pessoa -meqa -meqa
Plural 2ª Pessoa -sqe -sqe
3ª Pessoa -ntai -nto

Assim, podemos resumir a formação do verbo grego agregando cada


um desses componentes. O quadro abaixo nos dá uma ideia geral sobre a
126 • GREGO

formação do verbo grego, considerando as possibilidades de prefixação e


sufixação da raiz.

Prefixos Raiz Sufixos


Aumento Reduplicação Sufixo temporal Vogal temática Terminação Pessoal
lu/-
e)- le/- k- ei- men

3. Grupos Verbais
Os verbos gregos são dividos em grupos, considerando a terminação.
O primeiro grupo é formado pelos verbos que possuem terminação em -w
(exemplo: lu/w, ba/llw, ka/lew) e formam o maior grupo do sistema verbal
grego. Esses verbos são chamados de verbos temáticos, porque possuem
uma vogal auxiliar ou temática (-e ou -o), sendo que na primeira pessoa
do plural essa vogal é alongada e se torna –w, funcionando como infinitivo
do verbo.
O segundo grupo é formado pelos verbos com terminação em -mi.(di/
dwmi, ei)mi/). Este grupo dispensa a vogal temática, por isso, estes verbos
são chamados de atemáticos. As formas verbais atemáticas constituem o
menor grupo verbal do grego koinê. Segundo alguns autores, eles são uma
forma verbal antiga e que caíram em desuso no grego moderno, mas que
possuem grande importância para o grego neotestamentário (SCHALKWI-
JK, 1994, p.154; BLACK, 2009, p.807-814).
Também deve-se dizer que há alguns verbos que se comportam de
maneira incomum, demonstrando algumas peculiaridades. Nesse contexto
estão os verbos contraídos e os verbos defectivos (por exemplos: file/w,
tima/w, doulo/w e didwmi). E, ainda temos o verbo ei)mi/, que é o mais
usado no Novo Testamento e que, apesar de pertencer ao grupo dos verbos
atemáticos (-mi), merece um tratamento à parte.
Sendo assim, podemos considerar que o sistema verbal é relativamente
complexo e que exige um estudo cuidadoso. Por essa razão, divideremos
o nosso estudo em duas partes. A primeira será estudada nesta unidade e
englobará os verbos temáticos (-w) e o verbo ei)mi/. A segunda parte, com-
posta pelos verbos contraído, defectivos e atemáticos (-mi) será estudada
no próximo semestre.
Bem vindo ao universo dos verbos gregos!
u NI D A D E 3 • 127

RESUMO

Principais ideias vistas neste capítulo


Este capítulo foi uma introdução ao sistema verbal grego. Nele nós
aprendemos que:
• Os verbos gregos flexionam-se conforme o modo, a voz, o tempo, a pes-
soa e o número;
• Os modos verbais são o indicativo, o subjuntivo, o imperativo e o optativo;
• O tempo verbal enfatiza o aspecto da ação e não propriamente o tempo
em que ela ocorre;
• Os tempos verbais são: presente, futuro, aoristo, imperfeito, perfeito e
mais-que-perfeito;
• Há três vozes verbais: ativa, média e passiva;
• Nos verbos gregos, também há três pessoas no singular e três no plural;
• Os verbos não se flexionam considerando o caso do substantivo nem o
seu gênero;
• A flexão do verbo é chamada de conjugação;
• Na conjugação, a raiz do verbo pode ser acrescida de prefixos (aumento, re-
duplicação), sufixos temporais, vogais temáticas e de terminações pessoais
• Nem todos os modos têm conjugação de todos os tempos verbais;
• Os verbos podem ser divididos em temáticos (-w) e atemáticos (termina-
ção -mi).
128 • GREGO

AUTOATIVIDADE

Vamos aplicar o que aprendemos!


A. Vocabulário

Neste capítulo iniciamos o estudo do sistema verbal grego. Agora, sua


tarefa é conhecer os verbos gregos. No vocabulário abaixo, você encontrará
os vinte verbos mais usados no koinê. Estude-os bem.
ei)mi/ ser/estar lale/w falar
le/gw falar lamba/nw receber
e)/xw ter piste/uw acreditar
gi/nomai tornar-se ginw/skw conhecer
e)/pxomai vir ece/rxomai ir embora, partir
poie/w fazer du/namai ser capaz
o(pa/w ver, notar, perceber qe/lw desejar
a)kou/w ouvir ei)se/rxomai vir para,entrar
di/dwmi dar grafh/ escrever
oi(/da conhecer eu(ri/skw descobrir/ encontrar

B. No sistema verbal grego há três vozes.

Nomeie e descreva cada voz no quadro abaixo:


u NI D A D E 3 • 129

C. Aprendemos que os tempos verbais enfatizam o aspecto do estado ou


da ação.
No quadro abaixo, escreva os aspectos e o elemento temporal dos tem-
pos verbais:
Tempo Aspecto da ação Elemento temporal

Presente

Futuro

Aoristo

Imperfeito

Perfeito

Mais-que-perfeito

D. O texto abaixo é Romanos 12.1-2.

Leia-o em voz alta. Depois, identifique e grife os substantivos, os arti-


gos, os adjetivos, os pronomes e as preposições.
130 • GREGO

1. Parakalw= ou)=n u(ma=j, a)delfoi/, dia\ tw=n oi)ktirmw=n tou= qeou=


parasth=sai ta\ sw/mata u(mw=n qusi/an zw=san a(gi/an eu)a/reston t%=
qe%=, th\n logikh\n latrei/an u(mw=n: 2. kai\ mh\ susxhmati/ z esqe t%=
ai) w=n i tou/ t %, a) l la\ metamorfou= s qe tv= a) n akainw/ s ei tou= noo/ j
ei) j to\ dokima/ z ein u( m a= j ti/ to\ qe/ l hma tou= qeou= , to\ a) g aqo\ n kai\
eu) a/r eston kai\ te/ l eion.
Capítulo 2

Verbos Temáticos (terminação –w)

Como dissemos, iniciaremos o estudo dos verbos gregos a partir dos ver-
bos temáticos. Neste capítulo você aprenderá o processo de conjugação dos
verbos deste grupo. Também aprenderá como reconhecer o sentido dado ao
verbo por seu modo.
Ao estudar, esteja sempre pronto a rever o capítulo anterior. Também
use um caderno à parte para exercitar a conjugação. Esse é um trabalho que
exige repetição e treino. Pode parecer difícil, mas será gratificante à medida
que você começar a reconhecer o verbos no texto bíblico.

1. Indicativo

O indicativo é o modo verbal mais comum no koinê. Neste modo, há a


ocorrência de todos os tempos verbais.

1.1. Presente do indicativo


O presente do indicativo expressa uma ação ou um estado que está em
andamento. Este modo verbal ocorre nas vozes ativa, passiva e média. Na
tabela abaixo, temos a conjugação do presente do indicativo ativo. Na voz
ativa, o sujeito é o autor da ação.
Voz Ativa
1ª Pessoa lu/-w Eu solto
Singular 2ª Pessoa lu/-eij Tu soltas
3ª Pessoa lu/-ei Ele solta
1ª Pessoa lu/-omen Nós soltamos
Plural 2ª Pessoa lu/-ete Vós soltais
3ª Pessoa lu/-osi(n) Eles soltam
132 • GREGO

Observe que na terceira pessoa do plural do presente do indicativo ativo,


há um (n) móvel, que, como já vimos, é usado de maneira facultativa antes
de palavras iniciadas com vogais.
Observe as tabelas abaixo. Nelas encontramos a conjugação do verbo
lu/w nas vozes passiva e média.
Voz Ativa
1ª Pessoa lu/-o-mai Eu estou sendo solto
Singular 2ª Pessoa lu/-v Tu estás sendo solto
3ª Pessoa lu/-e-tai Ele está sendo solto
1ª Pessoa lu-o/-meqa Nós estamos sendo soltos
Plural 2ª Pessoa lu/-e-sqe Vós estais sendo soltos
3ª Pessoa lu/-o-ntai Eles estão sendo soltos

Voz Média
1ª Pessoa lu/-o-mai Eu solto para mim
Singular 2ª Pessoa lu/-v Tu soltas para ti
3ª Pessoa lu/-e-tai Ele solta para si
1ª Pessoa lu-o/-meqa Nós soltamos para nós
Plural 2ª Pessoa lu/-e-sqe Vós soltais para vós
3ª Pessoa lu/-o-ntai Eles soltam para si

Perceba que, no presente do indicativo, as vozes passiva e média pos-


suem as mesmas terminações. Para diferenciar quando se trata de voz passi-
va ou de voz média, é necessário observar a frase como um todo. Schalkwijk
argumenta o seguinte: “se o agente da frase for uma pessoa, usa-se u(po/,
mas se for um agente impessoal se usa o dativo” (1994, p.18).
No caso de um agente pessoal, a preposição u(po será sempre seguida
de um genitivo. Essa construção é que dará o sentido passivo ao verbo.

Exemplo:
lu/etai u(po/ Xristou = Ele está sendo liberto por Cristo.

No caso de um agente impessoal, o verbo terá um substantivo dativo


funcionado como objeto indireto. Essa construção é que dará o sentido pas-
sivo ao verbo. Nesse caso, o dativo é denominado dativo instrumental.
u NI D A D E 3 • 133

Exemplo:
lu/etai lo/g% = Ele está sendo liberto pela palavra.

Observe, ainda, que entre a raiz e a terminação pessoal há uma vogal


(e ou o). Essas vogais são chamadas de vogais auxiliares ou vogais temáti-
cas.

1.2. Futuro do indicativo


O futuro do indicativo grego funciona exatamente como no português,
indicando uma ação a ser realizada pelo sujeito da oração. Observe a tabela
abaixo. Nela você encontrará a conjugação do verbo lu/w no futuro do indi-
cativo na voz ativa.
Voz Média
1ª Pessoa lu/-s-w Eu soltarei
Singular 2ª Pessoa lu/-s-e-ij Tu soltarás
3ª Pessoa lu/-s-e-i Ele soltará
1ª Pessoa lu/-s-o-men Nós soltaremos
Plural 2ª Pessoa lu/-s-e-te Vós soltareis
3ª Pessoa lu/-s-o-si(n) Eles soltarão

A característica da formação do futuro do indicativo ativo é o acréscimo


do s entre a raiz e a terminação pessoal. Esse s é denominado sufixo tempo-
ral. Ele é que indica que o verbo está no futuro. Afinal, como você deve ter
percebido, as terminações do futuro são as mesmas do presente.
Observe, agora, a formação do futuro do indicativo passivo.
Voz Passiva
1ª Pessoa lu-qh/-s-o-mai Eu serei solto
Singular 2ª Pessoa lu-qh/-s-v Tu serás solto
3ª Pessoa lu-qh/-s-e-tai Ele será solto
1ª Pessoa lu-qh/-s-o/-meqa Nós seremos soltos
Plural 2ª Pessoa lu-qh/-s-e-sqe Vós sereis soltos
3ª Pessoa lu-qh/-s-o-ntai Eles serão soltos

O futuro do indicativo passivo recebe dois sufixos temporais: o s e a


partícula qh/. Assim, ao contrário do que ocorre no presente do indicativo, as
formas das vozes passiva e média são distintas e facilmente reconhecidas.
134 • GREGO

Na tabela abaixo, observe a conjugação na voz média:


Voz Média
1ª Pessoa lu/-s-o-mai Eu soltarei para mim
Singular 2ª Pessoa lu/-s-v Tu soltarás para ti
3ª Pessoa lu/-s-e-tai Ele soltará para si
1ª Pessoa lu-s-o/-meqa Nós soltaremos para nós
Plural 2ª Pessoa lu/-s-e-sqe Vós soltareis para vós
3ª Pessoa lu/-s-o-ntai Eles soltarão para si

Como nas vozes anteriores, o futuro do indicativo médio também rece-


be o sufixo temporal s, porém, não há o acréscimo da partícula qh/. Além
disso, a formação da voz média usará as mesmas terminações pessoais da
voz passiva.

1.3. Imperfeito do indicativo


Como já estudamos, o imperfeito descreve uma ação contínua ocorrida
no passado, apontando para o aspecto linear da ação. Observe a tabela de
conjugação do imperfeito do indicativo ativo.
Voz Ativa
1ª Pessoa e)/-lu/-on Eu soltava
Singular 2ª Pessoa e)/-lu/-ej Tu soltavas
3ª Pessoa e)/-lu/-e(n) Ele soltava
1ª Pessoa e)/-lu/-omen Nós soltávamos
Plural 2ª Pessoa e)/-lu/-ete Vós soltáveis
3ª Pessoa e)/-lu/-on Eles soltavam

Além das terminações pessoais, o imperfeito do indicativo ativo é prefi-


xado com a partícula e)/. Essa partícula é denominada aumento. Ela ocorrerá
apenas nos verbos no modo indicativo, nos tempos secundários. Logo, o
prefixo de aumento será aplicado ao verbo em todas as vozes.
Quanto à tradução, o imperfeito do indicativo grego é similar ao pretérito
imperfeito do indicativo na língua portuguesa.
Observe a tabela de conjugação do imperfeito do indicativo nas vozes
passiva e média:
u NI D A D E 3 • 135

Voz Passiva
1ª Pessoa e)/-lu-o-mhn Eu estava sendo solto
Singular 2ª Pessoa e)/-lu-o-u Tu estavas sendo solto
3ª Pessoa e)/-lu-e-to Ele estava sendo solto
1ª Pessoa e)/-lu-o-meqa Nós estávamos sendo soltos
Plural 2ª Pessoa e)/-lu-seqe Vós estáveis sendo soltos
3ª Pessoa e)/-lu-o-nto Eles estavam sendo soltos

Voz Média
1ª Pessoa e)/-lu-o-mhn Eu estava soltando para mim
Singular 2ª Pessoa e)/-lu-o-u Tu estavas soltando para ti
3ª Pessoa e)/-lu-e-to Ele estava soltando para si
1ª Pessoa e)/-lu-o-meqa Nós estávamos soltando para nós
Plural 2ª Pessoa e)/-lu-seqe Vós estáveis soltando para vós
3ª Pessoa e)/-lu-o-nto Eles estavam soltando para si

Novamente, as vozes passiva e média possuem as mesmas terminações


pessoais. Assim, usa-se a mesma regra aplicada no presente do indicativo
passivo e médio.

1.4. Aoristo do indicativo


Como já estudamos, o aoristo descreve uma ação completa que já acon-
teceu, apontando para o aspecto pontual da ação. Observe a tabela de con-
jugação do aoristo do indicativo ativo.
Voz Ativa
1ª Pessoa e)/-lu/-sa Eu soltei
Singular 2ª Pessoa e)/-lu/-saj Tu soltaste
3ª Pessoa e)/-lu/-se(n) Ele soltou
1ª Pessoa e)/-lu/-sa-men Nós soltamos
Plural 2ª Pessoa e)/-lu/-sa-te Vós soltastes
3ª Pessoa e)/-lu/-sa-n Eles soltaram

Perceba que a partícula de aumento e)/ também é usada no aoristo, o


qual também é traduzido como um passado, equivalente ao pretérito perfei-
to no português.
136 • GREGO

Agora, observe a tabela abaixo. Nela encontraremos a conjugação do


aoristo do indicativo passivo.
Voz Passiva
1ª Pessoa e)/-lu-qh-n Eu fui solto
Singular 2ª Pessoa e)/-lu-qh-j Tu foste solto
3ª Pessoa e)/-lu-qh Ele foi solto
1ª Pessoa e)/-lu-qh-men Nós fomos soltos
Plural 2ª Pessoa e)/-lu-qh-te Vós fostes soltos
3ª Pessoa e)/-lu-qh-san Eles foram soltos

Além de prefixado com a partícula de aumento e),/ o verbo recebe o acrésci-


mo da partícula qh, que funciona como uma indicação da voz passiva.
Por fim, observe a conjugação do aoristo indicativo médio:
Voz Média
1ª Pessoa e)/-lu/-sa-mhn Eu soltei para mim
Singular 2ª Pessoa e)/-lu/-sw Tu soltaste para ti
3ª Pessoa e)/-lu/-sa-to Ele soltou para si
1ª Pessoa e)/-lu/-sa-meqa Nós soltamos para nós
Plural 2ª Pessoa e)/-lu/-sa-sqe Vós soltastes para vós
3ª Pessoa e)/-lu/-sa-nto Eles soltaram para si

1.5. Perfeito do indicativo


O perfeito do indicativo descreve uma ação completa que já aconteceu
e que possui resultados ainda presentes. No contexto da língua grega, o
perfeito é uma forma de passado, afinal, o sujeito da ação a observa como
totalmente realizada, mas também percebe a continuidade dos seus efeitos.
Por isso falamos do aspecto deste tempo verbal como sendo pontilinear. A
dificuldade para compreender este tempo verbal é porque ele não possui um
correspondente na língua portuguesa.
Observe a conjugação do perfeito do indicativo ativo na tabela abaixo:
Voz Ativa
1ª Pessoa le/-lu/-ka Eu tenho solto
Singular 2ª Pessoa le/-lu/-kaj Tu tens solto
3ª Pessoa le/-lu/-ke(n) Ele tem solto
u NI D A D E 3 • 137

Voz Ativa
1ª Pessoa le/-lu/-kamen Nós temos solto
Plural 2ª Pessoa le/-lu/-kate Vós tendes solto
3ª Pessoa le/-lu/-kan Eles têm solto

No perfeito do indicativo, a raiz do verbo também é prefixada. A partícu-


la le serve como indicação do perfeito. Essa partícula é denominada redu-
plicação. A prefixação ocorrerá em todas as vozes do perfeito do indicativo.
Veja as tabelas abaixo:
Voz Passiva
1ª Pessoa le/-lu/-mai Eu tenho sido solto
Singular 2ª Pessoa le/-lu/-sai Tu tens sido solto
3ª Pessoa le/-lu/-tai Ele tem sido solto
1ª Pessoa le/-lu/-meqa Nós temos sido soltos
Plural 2ª Pessoa le/-lu/-sqe Vós tendes sido soltos
3ª Pessoa le/-lu/-ntai Eles têm sido soltos

Voz Média
1ª Pessoa le/-lu/-mai Eu tenho solto para mim
Singular 2ª Pessoa le/-lu/-sai Tu tens solto para ti
3ª Pessoa le/-lu/-tai Ele tem solto para si
1ª Pessoa le/-lu/-meqa Nós temos solto para nós
Plural 2ª Pessoa le/-lu/-sqe Vós tendes solto para nós
3ª Pessoa e)/-lu/-sa-nto Eles soltaram para si

Como você deve ter observado, novamente a voz passiva e média pos-
suem as mesmas terminações. A regra para distinguir a voz é a mesma
usada no Presente do Indicativo: u(po com genitivo e dativo instrumental.16

1.6. Mais-que-perfeito do indicativo


Aprendemos que o tempo mais-que-perfeito do indicativo descreve uma
ação completa que já aconteceu e que possui resultados que já cessaram.
Trata-se de uma forma verbal de passado, na qual o sujeito observa a ação
realizada e os seus efeitos plenamente finalizados.
Observe que a prefixação do mais-que-perfeito do indicativo possui duas
16
Confira o uso da regra: Unidade III. Capítulo 2. Item 1.1. Presente do indicativo
138 • GREGO

partes. Primeiro, a raiz recebe a partícula de aumento e) e a partícula de


reduplicação le. Esse tipo de prefixação é comum em todas as vozes do
mais-que-perfeito do indicativo. Veja as tabelas a seguir:
Voz Ativa
1ª Pessoa e)-le/-lu/-kei-n Eu tinha solto
Singular 2ª Pessoa e)-le/-lu/-kei-j Tu tinhas solto
3ª Pessoa e)-le/-lu/-kei-(n) Ele tinha solto
1ª Pessoa e)-le/-lu/-kei-men Nós tínhamos solto
Plural 2ª Pessoa e)-le/-lu/-kei-te Vós tínheis solto
3ª Pessoa e)-le/-lu/-kei-san Eles tinham solto

Voz Passiva
1ª Pessoa e)-le/-lu/-mhi Eu tinha sido solto
Singular 2ª Pessoa e)-le/-lu/-so Tu tinhas sido solto
3ª Pessoa e)-le/-lu/-to Ele tinha sido solto
1ª Pessoa e)-le/-lu/-meqa Nós tínhamos sido soltos
Plural 2ª Pessoa e)-le/-lu/-sqe Vós tínheis sido soltos
3ª Pessoa e)-le/-lu/-nto Eles tinham sido soltos

Voz Média
1ª Pessoa e)-le/-lu/-mhi Eu tinha solto para mim
Singular 2ª Pessoa e)-le/-lu/-so Tu tinhas solto para ti
3ª Pessoa e)-le/-lu/-to Ele tinha solto para si
1ª Pessoa e)-le/-lu/-meqa Nós tínhamos solto para nós
Plural 2ª Pessoa e)-le/-lu/-sqe Vós tínheis solto para nós
3ª Pessoa e)-le/-lu/-nto Eles tinham solto para si

Assim como no perfeito, no mais-que-perfeito do indicativo a voz passi-


va e média também possuem as mesmas terminações. Novamente, a regra
para distinguir a voz é a mesma usada no presente do indicativo: u(po com
genitivo e dativo instrumental.17

2. Subjuntivo
Como já estudamos, o subjuntivo é o modo da possibilidade ou da pro-
babilidade. Ele expressa o desejo quanto à ação. Ao contrário do indicativo,
17
Confira o uso da regra: Unidade III. Capítulo 2. Item 1.1. Presente do indicativo
u NI D A D E 3 • 139

o subjuntivo grego não possui todos os tempos verbais. Basicamente, ele


ocorrerá em dois tempos: presente e aoristo. Vejamos como se processa a
conjugação no modo subjuntivo.

2.1. Presente do Subjuntivo


O presente do subjuntivo expressa o desejo de uma ação incerta, ou
seja, ela pode ou não acontecer. Uma característica do subjuntivo é que as
vogais auxiliares se alongam (e  h / o  w), quer no presente quer no
aoristo. Observe a conjugação na tabela:

Voz Ativa
1ª Pessoa lu/-w Que eu solte
Singular 2ª Pessoa lu/-v-j Que tu soltes
3ª Pessoa lu/-v Que Ele solte
1ª Pessoa lu/-w-men Que nós soltemos
Plural 2ª Pessoa lu/-h-te Que vós solteis
3ª Pessoa lu/-w-si(n) Que eles soltem

Voz Passiva
1ª Pessoa lu/-w-mai Que eu seja solto
Singular 2ª Pessoa lu/-v Que tu sejas solto
3ª Pessoa lu/-h-tai Que ele seja solto
1ª Pessoa lu-w/-meqa Que nós sejamos soltos
Plural 2ª Pessoa lu/-h-sqe Que vós sejais soltos
3ª Pessoa lu/-w-ntai Que eles sejam soltos

Observe também as conjugações na voz passiva e média:

Voz Média
1ª Pessoa lu/-w-mai Que eu solte para mim
Singular 2ª Pessoa lu/-v Que tu soltes para ti
3ª Pessoa lu/-h-tai Que Ele solte para si
1ª Pessoa lu-w/-meqa Que nós soltemos para nós
Plural 2ª Pessoa lu/-h-sqe Que vós solteis para vós
3ª Pessoa lu/-w-ntai Que eles soltem si
140 • GREGO

2.2. Aoristo do Subjuntivo


Na formação do aoristo do subjuntivo, há algo a ser considerado. Ao ob-
servar a conjugação abaixo, você perceberá que nas vozes ativa e média há o
acréscimo do sufixo temporal s, e na voz passiva, o acréscimo do sufixo tem-
poral q. Você deve se lembrar de que esses sufixos são característicos do futuro
e,logo, é possível dizer que o aoristo do subjuntivo aponta para o futuro.
Voz Ativa
1ª Pessoa lu/-s-w Que eu solte
Singular 2ª Pessoa lu/-s-v-j Que tu soltes
3ª Pessoa lu/-s-v Que ele solte
1ª Pessoa lu/-s-w-men Que nós soltemos
Plural 2ª Pessoa lu/-s-h-te Que vós solteis
3ª Pessoa lu/-s-w-si(n) Que eles soltem

Voz Passiva
1ª Pessoa lu-q-w= Que eu solte para mim
Singular 2ª Pessoa lu-q-v-=j Que tu soltes para ti
3ª Pessoa lu-q-v= Que ele solte para si
1ª Pessoa lu-q-w-=men Que nós soltemos para nós
Plural 2ª Pessoa lu-q-h-=te Que vós solteis para vós
3ª Pessoa lu-q-w=-si(n) Que eles soltem para si

Ao observar as terminações pessoais das vozes ativa e passiva, você


perceberá uma similaridade entre essas terminações. Basicamente, a dife-
rença na grafia das palavras está no sufixo temporal.
Observe a conjugação do aoritsto do subjuntivo na voz média

Voz Média
1ª Pessoa lu/-w-mai Que eu solte para mim
Singular 2ª Pessoa lu/-v Que tu soltes para ti
3ª Pessoa lu/-h-tai Que Ele solte para si
1ª Pessoa lu-w/-meqa Que nós soltemos para nós
Plural 2ª Pessoa lu/-h-sqe Que vós solteis para vós
3ª Pessoa lu/-w-ntai Que eles soltem si

A voz média usa as mesmas terminações pessoais do presente do


u NI D A D E 3 • 141

subjuntivo médio, acrescentando-se o sufixo temporal s depois da raiz


do verbo.

3. Imperativo

Ao estudarmos os modos do verbo grego, aprendemos que o imperativo


é um apelo à vontade para que algo seja realizado, ou, simplesmente, o
modo da intenção. O imperativo possui apenas dois tempos verbais: o pre-
sente e o aoristo.
Uma das características do imperativo é que o verbo só é conjugado na
segunda e na terceira pessoas, tanto do singular quanto do plural. Vejamos
como se processa essa conjugação.

3.1. Presente do Imperativo


No presente do imperativo, a ação descrita pelo verbo possui um aspec-
to linear. Observe que em todas as vozes (ativa, passiva e média) as vogais
auxiliares são breves.
Voz Ativa
1ª Pessoa ------------ ------------
Singular 2ª Pessoa lu=-e Solta tu
3ª Pessoa lu-e/-tw Solte ele
1ª Pessoa ------------ ------------
Plural 2ª Pessoa lu/-e-te Soltai vós
3ª Pessoa lu/-e/-twsan Soltem eles

Voz Passiva
1ª Pessoa ------------ ------------
Singular 2ª Pessoa lu/-ou Sê solto
3ª Pessoa lu-e/-sqw Seja solto
1ª Pessoa ------------ ------------
Plural 2ª Pessoa lu/-e-sqe Sede soltos
3ª Pessoa lu-e/-sqwsan Sejam soltos
142 • GREGO

Voz Média
1ª Pessoa ------------ ------------
Singular 2ª Pessoa lu/-ou Solta para ti
3ª Pessoa lu-e/-sqw Solte para si
1ª Pessoa ------------ ------------
Plural 2ª Pessoa lu/-e-sqe Soltai para vós
3ª Pessoa lu-e/-sqwsan Soltem para si

Novamente, encontramos um modo verbal no qual as vozes passiva e


média também possuem as mesmas terminações. Lembre-se da regra para
distinguir a voz a regra para distinguir a voz é a mesma usada no presente
do indicativo: u(po com genitivo e dativo instrumental.

3.2. Aoristo do Imperativo


O aoristo do imperativo aponta para um aspecto pontilear. A formação
deste modorequer o acréscimo do sufixo temporal sa nas vozes ativa e
média, e do sufixo temporal qh na voz passiva. Porém, não exige o prefixo
de aumento.
Observe as tabelas de conjugação:
Voz Ativa
1ª Pessoa lu/-son Solta tu
Singular 2ª Pessoa lu-sa/-tw Solte ele
3ª Pessoa ------------ ------------
1ª Pessoa lu/-sa-te Soltai vós
Plural 2ª Pessoa lu-sa/-twsan Soltem eles
3ª Pessoa lu/-e/-twsan Soltem eles

Voz Passiva
1ª Pessoa ------------ ------------
Singular 2ª Pessoa lu/-qh-ti Sê solto
3ª Pessoa lu-qh-/tw Seja solto
1ª Pessoa ------------ ------------
Plural 2ª Pessoa lu/-qh-te Sede soltos
3ª Pessoa lu-qh/-twsan Sejam soltos
u NI D A D E 3 • 143

Voz Média
1ª Pessoa ------------ ------------
Singular 2ª Pessoa lu/-sa-i Solta para ti
3ª Pessoa lu-sa-/sqw Solte para si
1ª Pessoa ------------ ------------
Plural 2ª Pessoa lu/-sa-sqe Soltai para vós
3ª Pessoa lu-sa-/sqwsan Soltem para si

4. Optativo

O optativo é o modo da incerteza. É o menos comum de todos os modos


verbais, ocorrendo apenas no presente nas vozes ativa e média, e no ao-
risto nas vozes ativa e passiva. Como explica Schalkwijk, “o grego clássico
tinha um optativo elaborado, mas no grego koinê este modo desapareceu
quase que completamente” (1994, p.134). A razão para apresentamos a
conjugação deste modo é para que o aluno conheça o paradigma e saiba
identificá-lo.
No optativo, as vogais auxiliares serão sempre breves. Além disso, a
marca distintiva do optativo é o acréscimo do i (iota) às vogais auxiliares,
formando um ditongo (i.e. ai, ei, oi).

4.1. Presente do optativo


O presente do optativo também se refere ao aspecto linear. Observe que
ocorrerá apenas na primeira pessoa do singular, tanto na voz ativa quanto
na média.
Voz Ativa
1ª Pessoa lu/-oi-mi Que eu solte
Singular 2ª Pessoa ------------ ------------
3ª Pessoa ------------ ------------
1ª Pessoa ------------ ------------
Plural 2ª Pessoa ------------ ------------
3ª Pessoa ------------ ------------
144 • GREGO

Voz Média
1ª Pessoa lu-oi/-men Que eu solte para mim
Singular 2ª Pessoa ------------ ------------
3ª Pessoa ------------ ------------
1ª Pessoa ------------ ------------
Plural 2ª Pessoa ------------ ------------
3ª Pessoa ------------ ------------

4.2. Aoristo do optativo


O aoristo do optativo expressa o aspecto pontilear. Perceba que, na voz
ativa, a raiz do verbo recebe o sufixo temporal s, e na voz passiva, o sufixo
temporal q. Assim, o verbo descreve uma ação ou estado que possui impli-
cações futuras.
Voz Ativa
1ª Pessoa lu/-s-ai-mi Que eu solte
Singular 2ª Pessoa ------------ ------------
3ª Pessoa ------------ ------------
1ª Pessoa ------------ ------------
Plural 2ª Pessoa ------------ ------------
3ª Pessoa ------------ ------------

Voz Passiva
1ª Pessoa lu-q-ei-mi Que eu seja solto
Singular 2ª Pessoa ------------ ------------
3ª Pessoa ------------ ------------
1ª Pessoa ------------ ------------
Plural 2ª Pessoa ------------ ------------
3ª Pessoa ------------ ------------
u NI D A D E 3 • 145

RESUMO

Principais ideias vistas neste capítulo


Neste capítulo estudamos o sistema verbal grego e aprendemos que:
• O verbo grego expressa ação e estado;
• O verbo grego possui quatro modos: indicativo, subjuntivo, imperativo e
optativo;
• O verbo grego possui três tempos: passado, presente e futuro;
• A ênfase do tempo verbal grego está no aspecto da ação (linear, pontilear
ou pontilinear), e não no tempo propriamente dito;
• O verbo grego possui três vozes: ativa, passiva e média;
• O verbo grego concorda em número e pessoa com o sujeito.
• O verbo grego possui características específicas para cada modo e tempo
verbal.

AUTOATIVIDADE

Vamos aplicar o que aprendemos!


A. Vocabulário:
Na tabela abaixo, você encontrará mais 20 verbos gregos usados com
maior frequência no texto do Novo Testamento. Estude-os.
e)sqi/w comer paradi//dwmi entregar
i(/sthmi colocar me/nw permanecer, ficar
poreu/omai ir a)pe/rxomai sair
kale/w chamar zhte/w procurar, buscar por
e)gei/rw acordar, despertar a)poqn$/skw morrer
a)fi/nmi deixar ir, enviar me/llw estar para, a ponto de
a)gapa/w amar parakale/w encorajar
za/w viver a)ni/sthmi levantar
a)poste/llw enviar s%=zw salvar
ble/pw ver ai)/rw levantar, carregar
146 • GREGO

B. Vamos conjugar os verbos:

kale/w – presente do indicativo ativo me/nw – futuro do indicativo ativo

1ª S 1ª S

2ª S 2ª S

3ª S 3ª S

1ª P 1ª P

2ª P 2ª P

3ª P 3ª P

me/llw – presente do indicativo passivo a)gapa/w – presente do imperativo ativo

1ª S 1ª S

2ª S 2ª S

3ª S 3ª S

1ª P 1ª P

2ª P 2ª P

3ª P 3ª P
Capítulo 3

Verbo Ei)Mi/

Ao estudarmos o sistema verbal grego, percebemos que nem todos os


verbos seguem o mesmo padrão de conjugação. Até agora vimos aqueles
que pertencem à chamada conjugação temática (os que tem a terminação
em -w).
Neste capítulo, estudaremos os verbos de terminação atemática (os que
tem a terminação em –mi). Trata-se do verbo ei)mi/. O nosso objetivo é que
você conheça as principais características deste verbo e o paradigma básico
de sua conjugação.

1. As características do verbo ei)mi/

O verbo ei)mi/ não possui um paradigma exclusivo, para ser estudado


à parte. Na verdade, ei)mi/ seguirá o paradigma de conjugação do verbo ti/
qhmi. A razão para estudá-lo separadamente é a sua utilização. Este verbo
é o mais usado em todo o Novo Testamento. Logo, ele será encontrado em
grande parte do texto bíblico.
O grande número de ocorrências dele deve-se ao fato de ser um verbo
de ligação. Lembre-se de que um verbo de ligação não descreve necessa-
riamente uma ação, mas um estado. A sua função é fazer a ligação entre o
sujeito e o complemento (Ex: João 1.1: kai\ qeo\j h)=n o( lo/goj.  “... e a
Palavra era Deus”).
O verbo ei)mi/ traduz dois conceitos: ser/estar. Na língua portuguesa, pos-
suímos dois verbos distintos que comunicam esses dois conceitos. Contudo,
para efeito de comparação, ei)mi/ está para o koinê assim como o verbo to
148 • GREGO

be está para a língua inglesa. Portanto, é o contexto que dirá qual o conceito
está sendo comunicado. Veja os exemplos abaixo:
João 10.11  )Egw/ ei)mi o( poimh\n o( kalo/j [Eu sou o bom pastor]
Mateus 24.40  to/te du/o e)/sontai e)n t%= a)gr%= [Então, estarão dois
no campo]
Outra característica do verbo ei)mi/ é que ele não possui voz. Isso ocorre
porque ele descreve um estado do ser e não uma ação. Por isso não se pode
falar em voz ativa, passiva ou média (BLACK, 2009, p.978).
Além disso, as principais formas do verbo ei)mi/ são encontradas em três
modos: indicativo, subjuntivo e imperativo.
Conhecer a sua conjugação é importante, pois ajudará de maneira mui-
to significativa na leitura do texto bíblico do Novo Testamento.

2. A conjugação do verbo ei)mi/

Como dissemos, a conjugação do verbo ei)mi/ segue o paradigma do ver-


bo ti/qhmi. Trata-se de um verbo de terminação atemática.19
Ao contrário de outros verbos do koinê, que são conjugados pratica-
mente em todos os tempos no modo indicativo, o verbo ei)mi/ é conjugado
em três tempos: presente, imperfeito e futuro. Vejamos como se dá essa
conjugação.

2.1. Indicativo
Lembre-se: o indicativo é o modo da realidade. No caso do verbo ei)mi/,
trata-se informar o estado do sujeito no momento em que ele é descrito.

2.1.1. Presente do indicativo


Observe a conjugação do presente do indicativo.

Presente do Indicativo
1ª Pessoa ei)mi/ eu sou/estou
Singular 2ª Pessoa ei)= tu és/estás
3ª Pessoa e)sti/(n) ele é/está

19
Os verbos de terminação atemática e outras formas verbais serão estudados em Grego II.
u NI D A D E 3 • 149

Presente do Indicativo
1ª Pessoa e)sme/n eu sou/estou
Plural 2ª Pessoa e)ste/ tu és/estás
3ª Pessoa ei)si/(n) ele é/está

Em primeiro lugar, perceba que todas as formas do verbo ei)mi/ no pre-


sente são enclíticas, exceto a segunda pessoa do singular (ei)=). Portanto,
conforme as regras de acentuação, as palavras que antecedem o verbo de-
vem ser acentuadas na última sílaba ( )Egw/ ei)mi o( poimh\n o( kalo/j – Jo
10.11).
Em segundo lugar, atente-se para a terceira pessoa do singular e do
plural. Ambas as formas possuem o n móvel, que, como já aprendemos, é
usado apenas quando o verbo antecede palavras iniciadas com vogais, no
final de frases ou, em alguns casos, antes de palavras iniciadas com con-
soantes. Logo, essas formas podem variar de acordo com o texto. Veja os
exemplos abaixo:

o(/ti qro/noj e)sti\n tou= qeou=, (Mateus 5.34)

o( path\r u(mw=n oi)kti/rmwn e)sti/n. (Lucas 6.36)

O verbo ei)mi/ também pode ser usado com um sentido impessoal. Neste
caso, a forma verbal comunica a ideia do verbs haver. Isto ocorre em ora-
ções sem sujeito (MCLEAN, 2011, p.35; BLACK, 2009. p.1214). Observe
o exemplo:

kai\ o)li/goi ei)si\n oi( eu(ri/skontej au)th/n. (Mateus 7.14)

Por fim, o verbo ei)mi/ tem como predicativo um nominativo. Craig Price
argumenta que isso ocorre porque o e)imi/ expressa um estado e não uma
ação (ao contrário dos verbos que indicam ação (2008, p.20). Um exemplo
disso é 1ª Coríntios 1.9. Veja:

pisto\j o( Qeo\j
150 • GREGO

2.1.2. Imperfeito do indicativo


Observe a conjugação do imperfeito do indicativo.
Imperfeito do Indicativo
1ª Pessoa h)=n ou h)= eu estava sendo
Singular 2ª Pessoa h)=sqa tu estavás sendo
3ª Pessoa h)=n ele estava sendo
1ª Pessoa h)=me/n nós estávamos sendo
Plural 2ª Pessoa h)=te/ vós estaveis sendo
3ª Pessoa h)=san eles estavam sendo

O imperfeito do indicativo de ei)mi/ descreve um estado contínuo já vi-


venciado. Logo, funcionará como uma forma de passado. Perceba que o e é
alongado, de maneira a ser substituído pelo h.

2.1.3. Futuro do indicativo


Agora, observe a conjugação do futuro do indicativo.
Futuro do Indicativo
1ª Pessoa e)/-s-omai eu serei/estarei
Singular 2ª Pessoa e)/-s-ei ou e)/-s-$ tu serás/estarás
3ª Pessoa e)/-s-tai ele será/estará
1ª Pessoa e)-s-o/meqa nós seremos/estaremos
Plural 2ª Pessoa e)/-s-esqe vós sereis/estareis
3ª Pessoa e)/-s-ontai eles serão/estarão

Com um olhar atento, você perceberá que o verbo recebe o s como ele-
mento temporal do futuro. Além disso, compare as terminações pessoais.
Elas são exatamente as mesmas do presente do indicativo passivo, que você
já aprendeu.

2.2. Subjuntivo
O segundo modo no qual o verbo ei)mi/ é conjugado é o subjuntivo.
Aprendemos que o subjuntivo é o modo da possibilidade. No caso do verbo
ei)mi/, o subjuntivo expressa o desejo de que um determinado estado seja
vivenciado. Neste modo, encontraremos apenas o tempo presente.
u NI D A D E 3 • 151

2.2.1. Presente do subjuntivo


Observe a tabela de conjugação do presente do subjuntivo de ei)mi/:
Presente do Subjuntivo
1ª Pessoa w)= que eu seja/esteja
Singular 2ª Pessoa $)=j que tu sejas/estejas
3ª Pessoa $)= que ele seja/esteja
1ª Pessoa w)=men que nós sejamos/estejamos
Plural 2ª Pessoa $)=te que vós sejais/estejais
3ª Pessoa w)=si(n) que ele sejam/estejam

Repare bem na forma do presente do subjuntivo de ei)mi/. Basicamente,


estas formas nada mais são do que as terminações pessoais do presente do
subjuntivo ativo, que nós estudamos no capítulo anterior.

2.2.2. Imperativo
Aprendemos, anteriormente, que o imperativo é o modo do apelo à von-
tade. Como ocorre no subjuntivo, o imperativo também é conjugado apenas
no presente. Um diferencial do imperativo é que ele é conjugado apenas na
segunda e na terceira pessoa, tanto do singular quanto do plural.

2.2.3. Presente do imperativo


Observe a conjugação do presente do imperativo.
Presente do Subjuntivo
1ª Pessoa ------------ ------------
Singular 2ª Pessoa i)/sqi sê/esteja tu
3ª Pessoa e)stw seja/esteja ele
1ª Pessoa ------------ ------------
Plural 2ª Pessoa e)/ste sede/estai vós
3ª Pessoa ei)stwn sejam/estejam eles

A forma do verbo é diferente do que já estudamos. A fórmula para


aprender é: decore!
152 • GREGO

RESUMO

Principais ideias vistas neste capítulo


Neste capítulo estudamos o verbo ei)mi/. Aprendemos que:
• Trata-se de um verbo de ligação, que expressa um estado e não uma
ação;
• É o verbo mais usado no texto do Novo Testamento;
• Seu significado básico expressa os conceitos de ser e estar;
• Ele pode ser usado como um verbo impessoal;
• Exige como predicativo um nominativo;
• Ele é conjugado em três modos: indicativo, subjuntivo e imperativo;
• Não possui vozes.
u NI D A D E 3 • 153

AUTOATIVIDADE

Vamos aplicar o que aprendemos!


A. Vocabulário

Estude mais verbos:

dei= é necessário a)/rxw mandar, começar


ti/qhmi colocar prose/rxomai aproximar-se, ir ou vir para
dida/skw ensinar prose/uxomai orar
genna/w torna-se pai ou dar a luz e)kba/llw expulsar, expelir
fobe/omai temer katabai/nw descer, abaixar
peripate/w andar/ viver pe/mtw enviar
ka/qhmai sentar u(pa/gw ir embora, voltar para casa
a)koloube/w seguir a)noi/gw abrir
a)po/llumi destruir, arruinar bapti/zw batizar
pi/ptw sair marture/w testemunha

B. O texto abaixo é 1ª Coríntios 12.1-11. Leia-o em voz alta.

Depois, identifique as formas do verbo ei)mi/ presentes nele.

1. Peri\ de\ tw=n pneumatikw=n, a)delfoi/, ou) qe/lw u(ma=j a)gnoei=n.


2. Oi)/date o(/ti o(/te e)/qnh h)=te pro\j ta\ ei)/dwla ta\ a)/fwna w(j a)\n h)/ges-
qe a)pago/menoi. 3. dio\ gnwri/zw u(mi=n o(/ti ou)dei\j e)n pneu/mati qeou=
lalw=n le/gei, )Ana/qema )Ihsou=j, kai\ ou)dei\j du/natai ei)pei=n, Ku/rioj
)Ihsou=j, ei) mh\ e)n pneu/mati a(gi/%. 4. Diaire/seij de\ xarisma/twn ei)
si/n, to\ de\ au)to\ pneu=ma: 5. kai\ diaire/seij diakoniw=n ei)sin, kai\ o( au)
to\j ku/rioj: 6. kai\ diaire/seij e)nerghma/twn ei)si/n, o( de\ au)to\j qeo/j o(
e)nergw=n ta\ pa/nta e)n pa=sin. 7. e(ka/st% de\ di/dotai h( fane/rwsij tou=
pneu/matoj pro\j to\ sumfe/ron. 8. %(= me\n ga\r dia\ tou= pneu/matoj di/
dotai lo/goj sofi/aj, a)/ll% de\ lo/goj gnw/sewj kata\ to\ au)to\ pneu=ma,
9. e(te/r% pi/stij e)n t%= au)t%= pneu/mati, a)/ll% de\ xari/smata i)ama/twn
e)n t%= e(ni\ pneu/mati, 10. a)/ll% de\ e)nergh/mata duna/mewn, a)/ll% [de\]
154 • GREGO

profhtei/a, a)/ll% [de\] diakri/seij pneuma/twn, e(te/r% ge/nh glwssw=n,


a)/ll% de\ e(rmhnei/a glwssw=n: 11. pa/nta de\ tau=ta e)nergei= to\ e(\n kai\
to\ au)to\ pneu=ma diairou=n i)di/# e(ka/st% kaqw\j bou/letai.

C. Escreva na tabela abaixo as formas do verbo ei)mi/ que você encontrou no


texto acima, classificando-as conforme o modo e o tempo em que estão
conjugados:

Forma Conjugação

D. Escreva cinco frases utilizando o verbo ei)mi/.

Considere todo o vocabulário estudado nos capítulos anteriores:

1.

2.
u NI D A D E 3 • 155

3.

4.

5.

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A. Assista à palestra do Dr. Augustus Nicodemus Lopes sobre inerrância das Escri-
turas. Essa palestra foi ministrada no Curso Fiel de Liderança.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=91QHD5EdCzM&index=37&lis


t=PL3E82F0BE393549C9

B. Existem, no mercado, vários programas que podem ajudá-lo no estudo das Es-
crituras e na compreensão do texto bíblico.

Dentre os programas pagos, você encontrará o Bibleworks, que está na sua


versão de número 10.

Acesse: http://www.bibleworks.com

Mas, existe também um excelente programa gratuito, o E-Sword. Esse pro-


grama possui versões bíblicas com análise gramatical, dicionários e outros recur-
sos que o ajudarão no estudo do texto grego do Novo Testamento.
Acesse: http://www.e-sword.net/
Bibliografia Comentada

Abaixo você encontrará um comentário sobre cinco obras


importantes para o estudo do grego neotestamentário:

1 FRIBERG, Barbara; FRIBERG, Timothy (eds.). O Novo Testamento grego


analítico. São Paulo. Vida Nova. 1987.
Os autores desta obra facilitaram a vida dos estudantes do grego
koinê,afinal, é é o texto do Novo Testamento analisado gramaticalmen-
te, palavra por palavra, e apresentado de forma linear. Assim, é possível
que o leitor tenha um acesso rápido e prático aos aspectos gramaticais
do texto, o que o ajudará em seus estudos. É uma das obras mais bem
sucedidas em língua portuguesa, o que faz dela um livro essencial na
estante de um estudante do Novo Testamento.

2 GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. Léxico do Novo Testamento


Grego-Português. São Paulo. Vida Nova.1984.
Esta obra é um dicionário grego-português. O seu conteúdo é limitado
às palavras usadas pelo Novo Testamento. Um dado especial dela é
que ela possui variantes do texto grego de Nestle-Aland e da UBS, o
que a enriquece ainda mais. Além do significado dos termos, este léxico
apresenta algumas nuances de tradução a partir de casos e referências
bíblicas que demonstram como os termos foram traduzidos. É uma fer-
ramenta fundamental para o estudo do grego koinê.

3 ROGERS, Cleon; RIENECKER, Fritz. Chave linguística do Novo Testa-


mento grego. São Paulo. Vida Nova. 1985.
A ideia do livro é apontar os principais termos de cada versículo do Novo
Testamento. Ao fazê-lo, os autores aprensentam a análise gramatical do
termo e descrevem seu uso e seu significado naquele contexto específi-
co. É um livro que se um pouco analítico e um pouco léxico. Esta obra é
158 • GREGO

uma ferramenta extremamente útil para uma rápida conferência, cum-


prindo o seu objetivo de auxiliar o leitor do grego neotestamentário que
ainda não está bem familiarizado com as nuances da língua.

4 KITTEL, Gerhard; FRIEDRICH, Gerhard (eds.). Dicionário Teológico do


Novo Testamento. (2 volumes). São Paulo. Cultura Cristã. 2014.
Esta, talvez, seja a obra de cunho exegético mais importante já traduzida
para o português, e a mais recente. Trata-se de um compêndio baseado
na obra prima de Gerhard Kittel (1888-1948), Theological Dictionary
of the New Testament. Nela você encontra um tratamento teológico dos
termos gregos considerando o uso histórico no grego clássico, na tradu-
ção da Septuaginta e no texto do Novo Testamento. Kittel e os organi-
zadores da obra têm o cuidado de apresentar ao leitor uma perspectiva
apurada dos termos, primando por uma reflexão teológica refinada.

5 PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso; METZGER, Bruce M. Estudos do voca-


bulário do Novo Testamento. São Paulo. Vida Nova. 1996.
Esta obra é sui generis. Na realidade, ela é a fusão de duas obras distin-
tas acerca do vocabulário do Novo Testamento. Por isso, ela é dividida
em duas partes. A primeira é de autoria de Carlos Osvaldo Pinto, na qual
ele faz um trabalho de organização dos termos considerando a sua ocor-
rência e a utilização pelos autores bíblicos, além das classes gramaticais
a que pertencem. A segunda parte é a tradução da obra de Metzger -
Lexical aids for students of the New Testament. Nela, Metzger faz um
trabalho de anáslise da formação dos termos gregos considerando a sua
raiz. É uma obra para aqueles que desejam ampliar o conhecimento dos
aspectos linguísticos do grego koinê.
Referências

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro.


Nova Fronteira e Lucerna. 2009.

BLACK, David Alan. Learn to read New Testament greek. Nashville. B&H.
2009. [Kindle Edition]

CATACH, Nina (org). Para uma teoria da língua escrita. São Paulo. Ática.
1996.

CHAMBERLAIN, W.D. Gramática exegética do grego neotestamentário. São


Paulo. Cultura Cristã. 1989.

CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.2. São


Paulo. Hagnos. 2001.

FERGUSON, John. A herança do helenismo. Lisboa. Editorial Verbo. 1973.

HORTA, Guida Nedda Barata Parreiras. Os gregos e seu idioma. 4 ed. Tomo
1. Rio de Janeiro. Di Giorgio. 1991.

JANNARIS, Antonios Nikolaou. An historical greek grammar: chiefly of the


attic dialect. London. Macmilliam and Co. Ltd. 1897

LASOR, William Sanford. Gramática sintática do grego do Novo Testamento.


2 ed. São Paulo. 1998.

LOREZ, Frank. Basics of Phonetics and English Phonology. Berlin. Logos.


2013.

LUFT, Celso Pedro. Moderna Gramática Brasileira. 2 ed. São Paulo. Globo.
2002.
160 • GREGO

MCLEAN B. H. New Testament greek: an introduction. New York. Cambrid-


ge university Press. 2011.

MOUCE, William D. Fundamentos do grego bíblico. São Paulo. Vida.


2009.

PACOMIO, Luciano (Ed.) Dicionário Teológico Enciclopédico. São Paulo.


Loyola. 2003.

PRICE, Craig. Biblical exegesis of New Testament greek: James. Eugene.


Cascade Books. 2008.

REGA, Lourenço Stelio; BERGMANN, Johannes. Noções do grego bíblico.


São Paulo. Vida Nova. 2004.

SACKS David. Encyclopedia of the Ancient Greek World. revised editon.


New York. Facts on File. 2005.

SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. Coinê: Pequena gramática do grego ne-


otestamentário. 7 ed. rev. Patrocínio. 1994.

TAYLOR, William Carey. Introdução do estudo do Novo Testamento grego. 7


ed. Rio de Janeiro. JUERP. 1983.

WALLACE, Daniel B. Gramática grega: uma sintaxe exegética do Novo Tes-


tamento. São Paulo. Editora Batista Regular. 2009.

Você também pode gostar