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Este artigo analisa o papel atribuído ao corpo feminino, no contexto cultural e simbólico da sociedade
brasileira, no início do século XX, influenciado pela idéia de eugenização da raça. Da necessidade de construir
um novo país surge um novo modelo de sociedade que é desenhado por médicos, estadistas, juristas e pessoas
ilustres, como Rui Barbosa, entre outros. A educação física surge como expressão de saúde física para
regenerar a raça, recuperar as virtudes e a moral e defender a pátria. Segundo os "bons costumes" no final do
século XIX e início do século XX a decência da "moça de família" era vista pelo vestir, além do peso do
sobrenome da família. Até então, moças recatadas não tinham o direito de suar em público, mostrar o cabelo
assanhado e fazer exercícios, pois estes eram considerados atividade apropriada aos homens, sendo parte
integrante dos símbolos de sua virilidade, robustez e força. A mulher por ser vista como frágil, não podia fazer
educação physica. Mas, sendo assim, o que fez a sociedade mudar de opinião? Ao que atribuir esta mudança
de comportamento social? No rol das explicações científicas, a mulher passou a merecer atenção dos
higienistas, pois, na explicação biológica, a mulher tinha senão a única, a principal, função de gerar filhos e,
para que estes nascessem fortes e saudáveis, seria preciso educar a "mulher-mãe". É com este propósito que
Fernando de Azevedo defendeu uma educação física para as mulheres diferentes do sexo oposto, por ser a sua
constituição biológica limitada, assim como sua inteligência. Os perfis dos estereótipos masculino e feminino
eram nítidos nas idéias de Fernando de Azevedo sob a influencia do famoso Parecer de Rui Barbosa. Assim, no
corpo feminino, vimos depositada toda uma fé de construção histórica de uma sociedade, enfoques que esse
corpo recebeu nas muitas imagens traçadas, trilhadas, tatuadas e marcadas a ferro.
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 7 - N° 40 - Setiembre de 2001
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A mulher, por ser vista como frágil, não podia fazer educação physica. Mas,
sendo assim, o que fez a sociedade mudar de opinião? Ao que atribuir esta
mudança de comportamento social?
Feito este preâmbulo, este artigo procura refletir sobre o papel atribuído ao
corpo feminino, no contexto cultural e simbólico da sociedade brasileira, no
início do século XX, influenciado pela idéia de eugenização da raça. A
HIGIENIZAÇÃO SOCIAL PELO CORPO FEMININO
...o destino do ser humano na Terra não depende mais da ordem estabelecida,
mas das capacidades individuais e, aqueles que não conseguissem atingir um
grau mais elevado na escala social demonstravam a sua própria falta de
inteligência pessoal, de energia, de força moral, que os condenavam,
juntamente com a hipótese de uma 'herança racial' (Soares, 1994:21).
... Ela deve ser 'educada', preparada de modo científico para contribuir nesse
processo de regeneração da raça, exercendo de modo competente a sua
grande tarefa bio - social, qual seja: gerar e criar filhos robustos e saudáveis
(Soares, 1994:145).
É com este propósito que Fernando de Azevedo defende uma educação física
para as mulheres diferente do sexo oposto, por ser segundo ele, a sua
constituição biológica limitada, assim como sua inteligência. O perfil dos
estereótipos masculino e feminino era nítido nas idéias de Fernando de Azevedo
sob a influência do famoso Parecer de Rui Barbosa, que afirmava,
...A Educação Física da mulher deve ser, portanto, integral, higiênica e plástica,
e, abrangendo com os trabalhos manuais os jogos infantis, a ginástica
educativa e os esportes, cingir-se exclusivamente aos jogos e esportes menos
violentos e de todo compatíveis com a delicadeza do organismo das mães
(Castellani, 1994:58).