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Laboratório de

Instrumentação
Biomédica
Material Teórico
Preparo de Soluções

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Deny Anderson dos Santos

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Preparo de Soluções

• Introdução ao Tema;
• Leitura Obrigatória;
• Material Complementar;
• Referências.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Demonstrar para os alunos os principais conceitos aplicados à produção de soluções de
laboratório e às principais metodologias matemáticas para uma correta dissolução e
diluição de soluções e amostras de interesse.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Preparo de Soluções

Introdução ao Tema
Uma solução é uma mistura homogênea de substâncias puras (átomos, molé-
culas ou íons) na qual não há precipitação. Suas propriedades físicas e químicas
podem não estar relacionadas às das substâncias originais. Por exemplo, a tem-
peratura de fusão do gelo e da salmoura é menor que a temperatura de fusão da
água e do sal.

A seguir, algumas definições:


• Substância pura: substância com composição característica e definida, com
um conjunto definido de propriedades, exemplos: água, ferro (Fe), sal (NaCl),
açúcar comestível, oxigênio (O2);

Fusão do segundo
componente

Intervalo
de fusão
Temperatura

Temperatura

Fusão do primeiro
componente

Tempo Tempo
(a) (b)

Figura 1 – Curvas de aquecimento e ponto de fusão para (a) uma mistura


heterogênea de dois componentes e (b) uma solução de dois componentes

• Fase: região distinta em um Sistema, na qual todas as propriedades são as


mesmas. A visualização das fases pode ser feita a olho nu ou através de micros-
cópio. Estados físicos diferentes caracterizam fases diferentes;
• Solução: mistura homogênea de substâncias puras (átomos, moléculas, íons)
na qual não há precipitação. Soluções são misturas homogêneas porque nelas
ocorre ligação no nível molecular ou atômico entre as substâncias envolvidas,
não apresentando fases diferentes, como as misturas heterogêneas. Suas pro-
priedades físicas e químicas podem não estar relacionadas àquelas das subs-
tâncias originais, diferente das propriedades de misturas heterogêneas, que
são combinações das propriedades das substâncias individuais. As soluções
incluem diversas combinações em que um sólido, um líquido ou um gás atua
como dissolvente (solvente) ou soluto;
• Solvente: substância presente em maior quantidade em uma solução, por meio
da qual as partículas do(s) soluto(s) são preferencialmente dispersas. É muito
comum a utilização da água como solvente, originando soluções aquosas;

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• Soluto: substância(s) presente(s) em menor quantidade em uma solução. Por
exemplo, ao preparar uma xícara de café solúvel, temos como soluto o café e
o açúcar, e como solvente a água quente;
• Concentração do soluto: é a proporção entre soluto e solvente em uma so-
lução. A composição de uma solução é expressa pela concentração de um ou
mais de seus componentes;
• Soluções concentradas e diluídas: são indicações qualitativas da proporção
entre o soluto e o solvente na solução. É incorreto dizer que uma solução é
forte ou fraca, pois esses termos apresentam outros significados em química,
indicando a força de eletrólitos;
• Solução saturada: é aquela que, ao se ir adicionando um soluto sólido a um
solvente, atinge o ponto de equilíbrio, que é quando não há mais condições de
dissolução desse soluto;
• Solução insaturada: é aquela que tem uma concentração de soluto menor do
que a de uma solução saturada, podendo, ainda, dissolver soluto adicional até
se tornar uma solução saturada;
• Solução supersaturada: é aquela que tem uma concentração de soluto maior
do que a de uma solução saturada. É uma solução instável, não havendo equi-
líbrio de solubilidade e seu soluto tende a se cristalizar. Essa situação é possível
quando uma solução saturada, sob certas condições, é colocada em condições
diferentes de temperatura, nas quais o soluto é menos solúvel, retendo, assim,
mais soluto do que reteria na temperatura original;
• Solubilidade: solubilidade do soluto é a quantidade necessária para formar
uma solução saturada numa dada quantidade de solvente;
• Mistura: são duas ou mais substâncias diferentes juntas em um mesmo
Sistema. As misturas podem ser classificadas em homogêneas (soluções) e
heterogêneas. As propriedades de uma mistura são uma combinação das
propriedades dos seus componentes. Para misturas heterogêneas as pro-
priedades são uma combinação das propriedades das substâncias individu-
ais. Existe um método comum de laboratório para identificar uma solução
de uma mistura heterogênea, que se baseia na medida da temperatura de
mudança de fase.

Tipos de Solução
As soluções podem ser classificadas quanto ao seu estado físico: sólido líquido
ou gasoso.

Na Tabela 1, são apresentados exemplos da preparação de vários tipos de


soluções.

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UNIDADE Preparo de Soluções

Tabela 1 – Classificação de soluções


Tipos de soluções Exemplos
Soluções gasosas
Gás dissolvido em gás Oxigênio dissolvido em nitrogênio
Líquido dissolvido em gás Clorofórmio dissolvido em nitrogênio (vaporizado)
Sólido dissolvido em gás gelo seco dissolvido em nitrogênio (sublimado)
Soluções líquidas
Gás dissolvido em líquido Dióxido de carbono dissolvido em água
Líquido dissolvido em líquido Etanol (álcool de cereais) dissolvido em água
Sólido dissolvido em líquido Açúcar dissolvido em água
Soluções sólidas
Gás dissolvido em sólido Hidrogênio dissolvido em paládio
Fonte: Brady, 1986. p.187-8 / p. 347-51

Uma solução, no sentido amplo, é uma dispersão homogênea de duas ou mais


substâncias moleculares ou iônicas.

No âmbito mais restrito, as dispersões que apresentam as partículas do disperso


(soluto) com um diâmetro inferior a 10 Å são denominadas soluções.

Quando esse diâmetro se situa entre 10 e 1000 Å, temos dispersões coloidais.


Exemplos de dispersões coloidais são gelatina, goma arábica, dispersões de proteí-
nas (como de albumina bovina) e fumaça, entre outras.

Quando as partículas do disperso possuem diâmetro superior a 1000 Å, temos dis-


persões grosseiras. Por exemplo, o “leite de magnésia” constitui uma dispersão grossei-
ra de partículas de hidróxido de magnésio (aglomerados de íons Mg2+ e OH–) em água.

As soluções podem ser insaturadas, saturadas ou supersaturadas, de acordo


com a quantidade de soluto dissolvido.

Para defini-las, é preciso lembrar que a solubilidade de um soluto é a quantidade


máxima da substância que pode dispersar-se numa certa massa de solvente a uma
dada temperatura.

A solução insaturada contém, numa certa temperatura, uma quantidade de


soluto dissolvido menor que a sua solubilidade nesta temperatura. Por exemplo: a
solubilidade do acetato de sódio é igual a 123,5g/100g de água a 20oC.

Já uma solução que contém 80g desse sal dissolvidas em 100g de água a 20oC
é uma solução insaturada.

Em contrapartida, a solução saturada contém, numa dada temperatura, uma


quantidade de soluto dissolvido igual à sua solubilidade nessa temperatura.

Uma solução saturada pode (ou não) apresentar corpo de fundo (excesso de solu-
to precipitado). Por exemplo: 123,5g de acetato de sódio em 100g de água a 20oC.

Finalmente, a solução supersaturada possui, numa dada temperatura, uma


quantidade de soluto dissolvido maior que a sua solubilidade nessa temperatura
(solução metaestável).

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Uma solução supersaturada pode ser obtida por aquecimento de uma solução
saturada com corpo de fundo, seguido por resfriamento lento para evitar a preci-
pitação do excesso de soluto. Por exemplo, 124,0g de acetato de sódio dissolvidos
em 100g de água a 20oC.

Cálculo para Preparo de Soluções


Para darmos início aos cálculos para o preparo de soluções, algumas unida-
des de medida importantes devem ser destrinchadas:
1. g.L–1 – Representa a massa (em g) do soluto por litro de solução;
2. mol.L–1 – É o número de mols de uma substância por litro de solução;
3. Percentual – Porcentagem de soluto. Usualmente expressa como percen-
tual peso/peso (% p/p: massa em gramas de soluto em 100g de solução),
percentual peso/volume (% p/v: massa em gramas de soluto em 100ml de
solução) e percentual volume/volume (% v/v: volume em ml de soluto em
100ml de solução);
4. ppm ou ppb – Massa em gramas de soluto por milhão ou bilhão de gramas
de solução.

Fórmulas importantes:

Tabela 2 – Fórmulas de importância laboratorial, sendo: m = massa (em gramas);


V = volume (em mililitros); MM = massa molar (em gramas por mol)
Fórmula Unidade
Concentração comum C = m/V g/mL
Número de mol n = m/MM mol
Molaridade M = m/MM . V mol/L
Fonte: Rocha Filho, 1992. p. 51-7

Expressão de concentração de soluções


A concentração de uma solução é a relação entre a quantidade do soluto e a
quantidade do solvente ou da solução. Uma vez que as quantidades de solvente e de
soluto podem ser dadas em massa, volume ou quantidade de matéria, há diversas
formas de expressar a concentração de soluções.

As relações mais utilizadas estão identificadas a seguir.

Concentração em gramas por litro


Esse termo é utilizado para indicar a relação entre a massa do soluto (m), expres-
sa em gramas, e o volume (V) da solução, em litros:

C (g/L) = m (g)/V (L)

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UNIDADE Preparo de Soluções

Exemplo

O hipoclorito de sódio, NaClO, produz uma solução alvejante quando dissolvido


em água. A massa de NaClO contida numa amostra de 5,00ml de alvejante foi
determinada como sendo igual a 150mg.

Qual é a concentração (em gramas por litro) do hipoclorito de sódio nessa solução?

Resolução

Dados: V = 5,00 ml = 0,00500 L


m = 0,150 g C = 0,150 g/0,00500 L
C = 30,0 g/L

Concentração em quantidade de matéria


É a relação entre a quantidade de matéria do soluto (nsoluto) e o volume da
­solução (V), expresso em litros.

No passado, essa unidade de concentração era denominada molaridade ou con-


centração molar. Atualmente, por recomendação da International Union of Pure
and Applied Chemistry (IUPAC), o emprego desses termos vem sendo evitado.

Em seu uso correto, a palavra “molar” significa “por mol”, e não “por litro”,
como na definição da molaridade.

A quantidade de matéria do soluto (nsoluto, anteriormente chamada “número de


mols”) é a relação entre a massa do soluto (msoluto) e a sua massa molar (M, a massa
de 1,0 mol da substância), expressa em g/mol.

C (mol/L) = nsoluto/Vsolução (L)

Exemplo

Qual é a concentração (em quantidade de matéria) da solução que contém 9,8g


de ácido sulfúrico em água suficiente para 10,0 litros de solução?

Resolução

C (mol/L) = nsoluto/Vsolução (L)


n = massa do soluto (g)/massa molar do soluto (g mol-1)
n = m/M = 9,8 g/98,08 g mol–1 n = 0,10 mol

Portanto, C = 0,10 mol/10,0 L

Molaridade
Esta relação é utilizada sempre que se pretende expressar concentrações inde-
pendentes da temperatura, pois é expressa em função da massa (e não do volume)
do solvente.

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A molalidade de uma solução (não confundir com molaridade) é calculada como
o quociente entre a quantidade de matéria do soluto (nsoluto, expressa em mol) e a
massa total do solvente (expressa em quilogramas, kg):

Molaridade = nsoluto/msolvente

Normalidade
É a relação entre o número de equivalentes-grama do soluto e o volume da so-
lução, expresso em litros.

No passado, esta unidade foi muito utilizada em cálculos relacionados a titula-


ções. Atualmente, o uso da normalidade não é recomendado pela IUPAC, vez que
esta unidade de concentração não enfatiza o conceito de mol ou a estequiometria
da reação química.

Além disso, o valor numérico do equivalente-grama de alguns compostos quími-


cos (e, portanto, a normalidade da solução que os contém) varia de acordo com a
reação química em que a substância (ou a solução) é utilizada.

Composição percentual (título)


Um método bastante usual de expressão da concentração baseia-se na compo-
sição percentual da solução.

Esta unidade de concentração relaciona a massa (m) ou o volume (V) do soluto à


massa ou ao volume do solvente ou da solução, conduzindo a notações tais como:

10% (m/m); 10% (m/V) ou 10% (V/V).

A relação m/m corresponde à base percentual mais usada na expressão da con-


centração de soluções aquosas concentradas de ácidos inorgânicos (como o ácido
clorídrico, o ácido sulfúrico e o ácido nítrico).

Exemplo

100g de solução concentrada de HCl a 36% (m/m) contêm 36g de cloreto de


hidrogênio e 64g de água.

O ácido sulfúrico concentrado adquirido no comércio contém cerca de 98% (em


massa) de soluto (H2SO4 líquido), ou seja, 100g do ácido comercial contêm 98g de
H2SO4 e 2g de água.

Diluição
Com frequência, é necessário preparar uma solução diluída a partir de uma so-
lução mais concentrada. Por exemplo, o rótulo da água sanitária, a seguir, informa
isso na composição (componente ativo: hipoclorito de sódio – 2,0 a 2,5% de cloro
ativo) e no modo de usar (lavagem de roupas brancas e remoção de manchas – co-
loque 1 copo (200ml) de água sanitária em 20l de água).

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UNIDADE Preparo de Soluções

Explor
Nesse caso, estamos fazendo uma diluição da solução estoque.

Rótulo de água sanitária: https://bit.ly/2Iyvxb1.

No exemplo acima, o fabricante da água sanitária (uma solução de hipoclorito de


sódio com 2,0 a 2,5 %pp de cloro ativo) sugere a diluição da solução inicial (200ml
da solução em 5 litros de água) para lavagem de roupas, uma solução ainda mais
diluída (200ml da solução em 10 litros de água) para limpeza geral e ainda o uso da
solução “pura” (mais concentrada) para desinfecção.

Diluir uma solução significa adicionar a ela mais solvente, não alterando a massa
do soluto. O princípio básico da diluição é que o número de mol do soluto é o mes-
mo na alíquota da solução concentrada e na solução diluída final.

Observe:

Solução Concentrada Solução Diluída

Concentração molar inicial = Mi Concentração molar final = Mf

Volume inicial = Vi Volume final = Vf

Mi = ns / Vi Mf = ns / Vf

ns = Mi . Vi ns = Mf . Vf

Mi . Vi = Mf . Vf
Fórmula de diluição

Figura 2 – Aplicabilidade de dados para a formulação de cálculos de diluição

A diluição de soluções deve seguir a seguinte ordem:


1. Medir o volume da solução concentrada a ser diluída;
2. Transferir quantitativamente para o balão volumétrico;
3. Completar o volume com o solvente;
4. Homogeneizar a solução;
5. Guardar as soluções em recipientes adequados e rotulados.

Vale ressaltar que qualquer substância que forme um sistema homogêneo com a
água será sempre considerada solvente, mesmo que esteja em menor quantidade.

Assim, é necessário calcular a quantidade de soluto (sólido ou líquido) que será


necessária para preparar uma solução de concentração definida.

No preparo de soluções entre líquidos, as vidrarias utilizadas são a pipeta volu-


métrica e o balão volumétrico, que possui um traço de aferição situado no gargalo,
que determina o limite da capacidade dele.

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Quando o solvente atingir o traço de aferição, observa-se a formação de um menisco.

Figura 3 – Aferição de menisco


Fonte: Rocha Filho, 1992

Para soluções translúcidas, a leitura sempre se faz na parte inferior do menisco,


enquanto para soluções não translúcidas, a leitura se faz na parte superior do menisco.

Figura 4 – Metodologias para aferição correta do menisco


Fonte: Rocha Filho, 1992

Fatores que Influenciam na Solubilidade


Vários fatores afetam a quantidade de soluto que pode ser dissolvido em um solvente.

Logicamente, a natureza de ambos é fator crucial no processo de dissolução,


mas também a temperatura, a pressão e o tamanho das partículas afetam a veloci-
dade na qual um soluto se dissolve.

Assim:
• Agitação: verifica-se, por exemplo, que os cristais de NaCl em água desapa-
recem mais rapidamente quando a solução é agitada. Isso ocorre porque a
agitação da solução possibilita que partes novas de solvente fresco entrem em
contato com o soluto. Outro exemplo semelhante seria a dissolução do açúcar
no café;

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UNIDADE Preparo de Soluções

• Temperatura: este fator influencia na velocidade na qual o soluto se dissolve,


porque a energia cinética das moléculas, a frequência e a força de suas colisões
com os cristais da superfície das partículas de soluto são maiores em tempe-
raturas mais elevadas. Em geral, a solubilidade da maioria das substâncias
sólidas e líquidas em um solvente líquido aumenta com o aumento da tempe-
ratura. Para gases em líquidos, tem-se observado o comportamento oposto
(uma consequência adversa é a poluição térmica de rios e lagos provocada
pelo despejo de dejetos industriais quentes das Usinas Nucleares ou Plantas
de Processos, já que o aumento da T da água é inadequado para a vida aquá-
tica). Quando a baixas temperaturas, as moléculas da maioria dos líquidos se
aproximam. O ponto de congelamento de qualquer líquido é aquele no qual
as forças de atração entre as moléculas é grande o bastante para provocar a
mudança de fase. As moléculas de solvente numa solução estão ligeiramente
mais separadas entre si (devido à presença de partículas de soluto) do que no
solvente puro. A temperatura de congelamento de soluções é menor que a de
substâncias puras. Entretanto, como toda generalização, essa regra não é in-
falível. Em alguns poucos casos, o efeito é contrário a essa regra. Assim com
o NaCl, a solubilidade muda ligeiramente com a diminuição da temperatura.
Alguns sólidos, como NaSO4 anidro e muitos líquidos e gases, dissolvem-se por
processo exotérmico e, portanto, sua solubilidade diminui ao ser aumentada a
temperatura. Em sólidos em líquidos, a solubilidade aumenta com a tempera-
tura. Em gases em sólidos ou líquidos, a solubilidade diminui quando aumenta
a temperatura (por exemplo: garrafa de refrigerante quente). A solubilidade de
gases em líquidos diminui quando aumenta a temperatura, o que quase sempre
é verdadeiro. Por exemplo, quando fervemos água, aparecem pequenas borbu-
lhas na superfície do recipiente, antes de ela começar a ferver. Essas borbulhas
são ar, que sai da solução quando a água se torna quente. Também usamos
esse comportamento geral de solubilidade de gases quando guardamos fras-
cos abertos de bebidas gaseificadas no refrigerador. Esses líquidos retêm CO2
dissolvido por longo tempo, quando são mantidos em ambiente frio, porque
neles, o CO2 é mais solúvel a baixas temperaturas. A análise da quantidade de
gases dissolvidos em riachos, lagoas e rios revela, ainda, outro exemplo desse
fenômeno. A concentração de oxigênio dissolvido, que é imperativo para a
vida aquática, decresce nos meses de verão, em comparação a análises seme-
lhantes realizadas durante os meses de inverno – desde que todas as outras
condições sejam as mesmas, naturalmente. A solubilidade de O2 diminui em
22% com o aumento da T; assim, a 25°C, a solubilidade de O2 é 0,00045g/L
e a 50°C é 0, 00035g/L;
• Pressão: em geral, tem pouco efeito sobre a solubilidade de líquidos ou sólidos
em solventes líquidos. A solubilidade de gases, todavia, sempre aumenta com o
aumento da pressão. Bebidas gaseificadas, por exemplo, são engarrafadas sob
pressão, para assegurar elevada concentração de CO2; uma vez aberta a gar-
rafa, a bebida rapidamente perde sua gaseificação, a menos que seja fechada
outra vez. O mesmo fenômeno é responsável pelo mal-estar da descompressão

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chamado “embriaguez”. Quando um mergulhador ou um escavador de túneis
volta à superfície muito rapidamente, o nitrogênio e o oxigênio, que estão
dissolvidos no sangue a alta pressão, são repentinamente liberados nos vasos
sanguíneos, em forma de bolhas. Isso é muito doloroso e, em casos extremos,
pode vir a causar a morte. O efeito da pressão sobre a solubilidade de um gás
não é muito difícil de ser entendido. Imaginemos que um líquido esteja saturado
com um soluto gasoso e que essa solução esteja em contato com o gás a uma
determinada pressão. Uma vez mais temos um equilíbrio dinâmico, em que
moléculas de soluto estão deixando a solução e entrando na solução. Como é
de se esperar, a velocidade na qual as moléculas entram na solução depende
do número de colisões por segundo que o gás experimenta com a superfície do
líquido; do mesmo modo, a velocidade segundo a qual as moléculas de soluto
deixam a solução depende de sua concentração. Se, repetidamente, aumentar-
mos a pressão do gás, as moléculas se aproximam e o número de colisões por
segundo que as moléculas do gás sofrem com a superfície do líquido torna-se
maior. Quando isso acontece, a velocidade segundo a qual as moléculas do gás
entram na solução também se torna maior, sem um correspondente aumento
na velocidade de saída. Como resultado, a concentração de moléculas de so-
luto na solução aumenta até a velocidade com a qual elas deixam a solução se
iguale, outra vez, à velocidade com que entram; nesse ponto, temos o equilí-
brio restabelecido.

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UNIDADE Preparo de Soluções

Leitura Obrigatória
FELDER, Richard M.; ROUSSEAU, Ronald W. Princípios elementares dos processos químicos.
Explor

3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. 604p.

Referência didática e simples, apresenta uma descrição qualitativa dos tipos de


problemas com os quais os cientistas se defrontam ao tratar vários processos, que
são aparentemente muito diferentes, e depois faz uma breve introdução às técnicas
fundamentais de cálculos químicos. Desenvolve a estrutura da análise elementar de
processos e questões básicas de Química: o que são variáveis de processo e como
elas são expressas, medidas e calculadas; as Leis da Natureza que governam o de-
senrolar dos processos, e as propriedades físicas dos materiais do processo que de-
vem ser determinadas para projetar um processo novo, ou analisar um já existente.

BARBOSA, Gleisa Pitareli. Química analítica: uma abordagem qualitativa e quantitativa.


Explor

São Paulo: Erica 2014.

Este livro aborda aspectos tanto fundamentais quanto práticos da análise quími-
ca. Seu maior objetivo é fornecer um fundamento completo dos princípios da quí-
mica particularmente importantes para a química analítica, a fim de que os alunos
desenvolvam habilidades para a difícil tarefa de julgar a exatidão e a precisão de
dados experimentais, e mostrar como esses julgamentos podem ser aprimorados
pela aplicação de métodos estatísticos. Assim, atentos a evolução contínua da quí-
mica analítica, os autores incluíram nesta edição diversas aplicações em biologia,
medicina, ciência dos materiais, ecologia, ciência forense e outras áreas correlatas.
Há, ainda, inúmeros tópicos atuais, tais como espectrometria de absorção atômi-
ca e de massas moleculares, fracionamento em fluxo tangencial e cromatografia
quiral, além de uma revisão de muitos tratamentos do passado para incorporar
instrumentação e técnicas modernas.

MELZER, Ehrick Eduardo Martins. Preparo de soluções: reações e interações químicas. São
Explor

Paulo: Erica, 2014.

Apresenta, de forma básica, o preparo de soluções, explicando algumas teorias


sobre as proporções e a conservação de massa em processos de transformação
da matéria. Trata de conceitos de base, como estados físicos da matéria, tipos de
substâncias, separação de misturas, padrões para o estudo do átomo, Tabela Peri-
ódica, moléculas, ligações químicas, teoria do octeto e geometria molecular. Estuda

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os compostos orgânicos e inorgânicos, as transformações químicas, os tipos de
reações e o cálculo estequiométrico, bem como métodos de análise quantitativa e
qualitativa. Por fim, traz noções de molaridade, fração molar, tipos de misturas e
propriedades coligativas. Pode ser usado nos Cursos Técnicos em Análises Clínicas,
Análises Químicas, Citopatologia, Controle Ambiental, Farmácia, Meio Ambiente
e Química, entre outros.
Explor

HARRIS, Daniel C. Análise química quantitativa. 8.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

Esta Bibliografia oferece ao leitor sólido entendimento dos princípios da Química


Analítica, ressaltando o papel fundamental desses conhecimentos para a utilização
adequada da Ciência no nosso dia a dia. Dentre os aprimoramentos desta edição,
destaca-se uma nova seção sobre fluorescência de raios-X utilizada como ferramen-
ta analítica de rotina; uma sequência de microfotografias, que mostra o início da
cristalização de um precipitado, e três novos métodos de preparação de amostras.
Além disso, cada tópico da obra é introduzido e ilustrado com exemplos concretos,
que destacam a importância da Química Analítica para nosso cotidiano e para di-
versas áreas de pesquisa científica.

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UNIDADE Preparo de Soluções

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Me Salva! Extensivo de Química - SOL01 - Soluções: Soluto, solvente e classificação de soluções
https://youtu.be/DN_iD1rsKZs
Química Simples #01 - Introdução à Soluções [PILOTO]
https://youtu.be/zcuXdxYELLY
Concentração Comum (em g/L), (Molar) mol/L; Diluição; Mistura de Soluções | Aula 02 (Química II)
https://youtu.be/wjKmmmuVXO0
QUÍMICA - ENEM - Cálculo da concentração das soluções
https://youtu.be/kes0efmdLyg
Soluções Química - Parte 01 - Conceitos, Tipos de Solução e Coeficiente de Solubilidade
https://youtu.be/mJWMLfpX6dM

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Referências
BRADY, James E.; HUMISTON, Gerard E. Química geral. Tradução de Cristina
Maria Pereira dos Santos e Roberto de Barros Faria. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 1986. 2v. p.187-8 / p. 347-51.

BUENO, Willie A. et al. Química geral. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978.
p. 307-16 / 326-7.

HEIN, Morris. Fundamentos de química. Tradução de Delmo Santiago Vaitsman.


Rio de Janeiro: Campus, 1983. p. 259.

O’CONNOR, Rod. Fundamentos de química. Tradução de Elia Tfouni. São Paulo:


Harper & Row do Brasil, 1977. p. 215-26.

ROCHA FILHO, Romeu Cardozo; SILVA, Roberto Ribeiro da. Introdução aos
cálculos da química. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1992. p. 51-7.

RUSSEL, John B. Química geral. 2.ed. Tradução e revisão de Márcia Guekezian


et al. São Paulo: Makron Books, 1994. v. 1 p. 505-11.

SILVA, Roberto Ribeiro da; BOCCHI, Nerilso; ROCHA FILHO, Romeu Cardozo.
Introdução à química experimental. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1990.
p. 68-9.

Sites visitados
<http://www.limpecom.com.br/>. Acesso em: 10/04/2019.

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