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Língua Portuguesa:

Morfologia
Material Teórico
Processos de Formação de Palavras no Português

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Nelci Vieira de Lima

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Processos de Formação
de Palavras no Português

• Introdução;
• Processo de Composição;
• Palavras Compostas: Descrição e Funcionamento;
• Derivação;
• Alguns Exemplos de Análise;
• Derivação Regressiva.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Refletir sobre a questão da definição de palavra;
• Compreender, analisar e refletir sobre os processos de formação de palavras no
Português: composição e derivação.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Introdução
Para darmos início ao nosso estudo sobre a formação de palavras no Português,
precisamos, num primeiro momento, pensar na definição de palavra.

Como se define palavra?

A definição de palavra nem sempre é um consenso e, no tratamento dado pela


Gramática Tradicional à Morfologia, um dos aspectos problemáticos é justamente esse.

Para entendermos melhor, vejamos a definição de palavra dada pelos gramáticos


Celso Cunha e Lindley Cintra, na obra Nova Gramática do Português Contem-
porâneo, publicada pela Lexikon, e disponível em nossa Biblioteca Digital, para
você consultar:

“As palavras são, pois, unidades menores que a frase e maiores que o fonema”
(CUNHA; CINTRA, 2008, p. 89)

O problema é que essa definição se confunde com a definição de frase que, se-
gundo os mesmos autores, é a “menor unidade comunicativa”.

Aí mora o problema, porque, se pensarmos bem, uma frase pode ser consti-
tuída por uma única palavra e uma palavra também pode ser constituída de um
único fonema.

Veja os exemplos a seguir:

(1)
– Você saiu cedo hoje?
– Saí.
(2)
– Sua festa é amanhã?
– É.

No exemplo 1, a forma verbal “saí” é uma palavra que sozinha se constitui em


uma frase, e no exemplo 2, “é” é uma palavra constituída a partir de um só fonema
e também é uma frase.

Isso comprova como a noção de palavra e frase, dadas pela Gramática Tradi-
cional, se confundem. Essa discussão pode ser observada no Capítulo 1 do livro
Para conhecer a Morfologia, indicado no Material Complementar desta Unidade.
Confira lá a indicação completa.

No tratamento dado pela Linguística à Morfologia, percebemos uma tentativa de


solucionar essa questão da definição de palavra.

Para o linguista Bloomfield, por exemplo, a palavra é uma “forma livre mínima”.

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A esse respeito, afirma Margarida Basílio, em sua obra Formação e classes
de palavras no Português do Brasil, que também está indicada para leitura no
Material Complementar:
Forma livre é aquela que pode por si só constituir um enunciado, ao
contrário da forma presa, ou afixo, que só pode ocorrer em conjunto
com outra. A palavra é, então, a forma livre mínima, isto é, a forma livre
que não pode ser subdividia em formas livres, embora possa conter uma
forma livre (BASÍLIO, 2018, p. 17)

Mattoso Câmara, importante linguista brasileiro, acrescentou à definição de


Bloomfield a noção de forma dependente, que abrange preposições, conjunções,
artigos e pronomes enclíticos.

A forma dependente, apesar de não estar presa, estabelece uma relação de com-
plementaridade com a outra palavra.

O importante é saber que a noção de palavra possui facetas diversas: fono-


lógica, gráfica, sintática, semântica, pragmática e morfológica. E a nós, nesta
Disciplina, interessa essa última faceta, que assim é definida pelo linguista Ataliba
de Castilho, em sua obra Gramática do Português Brasileiro, publicada pela
Editora Contexto:

Palavra morfológica:
Margem esquerda (morfema prefixal) + Núcleo (morfema radical) + Margem
direita (morfema sufixal) (CASTILHO, 2019, p. 54).

A Morfologia trata da estrutura interna da palavra, o que vamos esmiuçar nesta


Unidade. No entanto, é preciso ressaltar que a palavra é indissociável e sua divisão
em partes só serve para fins acadêmicos.

Basicamente, há dois processos de formação de palavras: a composição e a derivação.

Vamos conhecer como esses processos são tradicionalmente tratados e refletir


sobre eles.

Vamos lá?

Está preparado(a)?

Processo de Composição
A composição é o processo de formação de palavras por meio da reunião de
dois ou mais radicais, que passam a exprimir conceito novo e único e, não raro,
desvinculado do sentido de cada um de seus componentes.

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Tomemos, por exemplo, a palavra “amor-perfeito”. Nela, temos a reunião de


duas formas livres, que adquirem um significado novo (o nome da flor).

Há, também, os compostos formados por radicais latinos e gregos, que só ocor-
rem em palavras compostas, como “psicologia”. Estes, geralmente, pertencem à
Linguagem Científica ou Literária.

Observe o Quadro a seguir:

Tabela 1
Radical Radical =
AMOR PERFEITO AMOR-PERFEITO
PSIC(O)- -LOGIA PSICOLOGIA

Sendo assim, quando utilizamos o processo de formação de palavras “composição”,


temos como resultado uma palavra composta. Isso se resume na seguinte fórmula:

[radical + radical = palavra composta]

Lembrando-se sempre de que os radicais podem ser latinos e gregos também!

Conhecer os principais radicais gregos e latinos usados para formar palavras em nossa Lín-
Explor

gua é muito importante para a atribuição de sentidos e para a ampliação de nosso repertório
lexical. Para ter acesso a uma lista desses radicais, acesse e explore os seguintes links:
• Radicais gregos e latinos: http://bit.ly/326KGHr
• Prefixos: http://bit.ly/2P6YMU9

Palavras Compostas:
Descrição e Funcionamento
Vimos que a composição é um dos processos, e não o único, de formar palavras
compostas.

Na Seção 3, estudaremos a derivação. Antes de continuarmos a estudar esses


processos, no entanto, vamos abrir um espaço para falarmos sobre eles.

Isso posto, vamos começar por responder a uma pergunta importante: como
reconhecemos palavras compostas?

Reconhecimento e Propriedades
Vale observar que os elementos das palavras compostas podem ser escritos sem
hífen, como em “girassol”, separados por hífen, como em “amor-perfeito”, ou sepa-
rados e sem hífen, como em “estrada de ferro” e “dia a dia”.

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Isso nos traz, portanto, outra questão: se não podemos ter como base a escrita,
ou seja, uma marca na escrita, como o hífen, como saberemos se a palavra é ou
não composta?

A resposta vem da lição de outro mestre: Herculano de Carvalho (1973).

Ao tratar de compostos como “amor-perfeito” (aos quais o estudioso chama de


sintagmas fixos), ele descreve as propriedades que permitem reconhecer esses
elementos.

Veja só: como essas propriedades são as mesmas que normalmente são atribu-
ídas a palavras simples, vamos fazer um teste, comparando uma palavra simples e
outra composta, para verificar se ambas têm as mesmas propriedades.

Para isso, tomaremos como exemplo as palavras “desleal” e “estrada de ferro”.

Vamos lá?
• 1ª propriedade: a ordem é fixa.

Veja: “desleal” é formado pelo prefixo des- + “leal”, mas não podemos inverter
essa ordem em “leal” + des-.

des- leal

leal des-

Figura 1

Da mesma forma, não podemos alterar a ordem dos elementos de “estrada de


ferro” para “de ferro estrada”, “ferro de estrada” etc.

estrada de ferro

ferro de estrada

Figura 2
• 2ª propriedade: não se pode inserir um elemento entre os componentes
da palavra.

Veja: podemos acrescentar um sufixo a “desleal”, obtendo “deslealdade”, mas


não podemos inseri-lo entre os componentes, formando des- + -dade + “leal”.

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

des- leal -dade

ferro -dade leal

Figura 3

Da mesma maneira, podemos dizer “estrada de ferro antiga”, mas ao dizermos


“estrada antiga de ferro” não teremos mais a integridade da expressão, que se torna
um todo significativo na Língua.

estrada de ferro antiga

Figura 4
• 3ª propriedade: os elementos não podem ser substituídos.

Veja: não podemos substituir des- por in-, por exemplo, formando “inleal”.

Embora estruturalmente o prefixo in pudesse se acoplar a leal, e embora in e


des sejam ambos prefixos de negação, a formação “inleal” não está autorizada na
Língua, porque não faz parte do uso.

in- leal

Figura 5

Da mesma forma, não podemos substituir “estrada de ferro” por de “estrada de


aço”, por exemplo, pois o significado se altera completamente.

estrada de aço

Figura 6
• 4ª propriedade: não se pode suprimir nenhum elemento.

Veja: o significado de “desleal” é resultado da combinação dos elementos des- e


“leal”, de modo que uma parte não pode valer pelo todo.

Da mesma forma, em “viajei pela estrada de ferro” não se pode suprimir qual-
quer elemento, como em “viajei pela estrada” ou “viajei pelo ferro”.

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viajei pelo ferro

Figura 7

Kehdi (2003, p. 42) acrescenta que um composto, como “estrada de ferro”, equi-
vale a uma palavra simples, pois, em um enunciado, ele pode ser substituído por
uma única palavra (e não necessariamente por um grupo de palavras).

O autor nos dá o seguinte exemplo: “admiro a estrada de ferro”/“admiro a ferrovia”.

Formação das Palavras Compostas


Said Ali (1964) já observara que os compostos são formados por um processo
sintático e não morfológico.

O que isso quer dizer?

Isso significa que uma palavra composta é formada a partir de uma frase ou de
parte dela. Por exemplo, palavras como “saca-rolhas”, “beija-flor” e “ganha-pão”
formaram-se a partir de expressões como “objeto que saca rolhas”, “ave que beija
a flor” e “ofício com que se ganha o pão”.

Lapa (1975, p. 92) apresenta visão idêntica, que exemplifica com a palavra
“mancheia” (de “mão” + “cheia” = “punhado”), conforme segue:
Ao princípio, dir-se-ia: “Tinha as mãos cheias de flores”. Depois, pela fre-
quência do emprego e um pouco de imaginação, os dois termos fizeram
corpo um com o outro e começou a dizer-se: “Atirou-lhe mãos cheias de
flores”. Os dois nomes andam hoje intimamente soldados; a tal ponto que
já mão-cheia se diz e escreve simplesmente mancheia (destaques do autor).

Benveniste (1999, p. 147) compartilha a visão desses autores e acrescenta que a


lógica entre os elementos é essencial à análise.

Tomando como exemplo “papel-moeda”, observa que, em tais compostos, o


primeiro elemento é sempre o que nomeia o ser; e o segundo, o que o especifica.
O objeto pertence à classe do primeiro elemento e é determinado pelo segundo.

A relação entre ambos é de semelhança, ou seja, papel-moeda é “um papel que


é moeda”, ou que tem valor equivalente ao dela.

Nem sempre é fácil estabelecer essa relação entre os elementos da palavra com-
posta. Tomando-se, por exemplo, “peixe-espada”, não temos dificuldade em perce-
ber que se trata de um peixe que tem forma semelhante à de uma espada.

Já “dama-da-noite” não é uma mulher de vida noturna, e não há nada nos ele-
mentos que formam a palavra que nos permita entender que se trata de uma flor.

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Do mesmo modo, “louva-a-deus” não é uma pessoa religiosa, e o sentido do


todo não corresponde à soma de suas partes. Nada indica que se trata de um inseto.

Figura 8
Fonte: Getty Images

O linguista francês Bernard Pottier propôs o conceito de lexia, que pode nos
ajudar a entender os compostos. Uma lexia é uma “unidade lexical memorizada”.

Pode ser uma palavra simples, um composto, uma expressão, ou seja, qualquer
item do léxico que trazemos, na memória, como um todo significativo.

Vamos, então, à lição do mestre:


O locutor, quando diz: “quebrar o galho”, “Nossa Senhora!”, “pelo amor
de Deus”, “bater as botas”, “barra-limpa”, “nota promissória”, não cons-
trói essa combinação no momento em que fala, mas tira o conjunto de
sua “memória lexical”, da mesma forma que “banco”, “livro” etc. Assim,
“pé de cabra” pode ser uma lexia, no sentido de ferramenta, ou o resulta-
do de uma construção sintática de discurso, se se tratar do pé do animal
(POTTIER; AUDUBERT; PAIS, 1972, p. 26-7).

A contribuição dos autores, ao introduzir a noção de lexia, é fornecer um con-


ceito abrangente.

Segundo Bechara (2009, p.351-2), embora alguns autores considerem a lexia


como um tipo de composto, o fenômenos se distingue deste, vez que uma lexia
“É formada de sintagmas complexos que podem ser constituídos de mais de dois
elementos” e, assim, o autor cita como exemplos “negócio da China” (transação
comercial vantajosa’), pé de chinelo (‘diz-se da pessoa de poucos recursos’)”.

Que tal ouvir a música “Pé com pé”, do grupo musical Palavra Cantada? Acesse o link:
Explor

https://youtu.be/EmvwcSr_L5Q

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Importante! Importante!

Aproveite para refletir sobre a importância do uso das “lexias” com a palavra “pé” para a
construção não só da sonoridade, mas da ludicidade musical e o trabalho com a produção
de sentidos na Língua.

Outro fenômeno classificado como composição é o chamado “cruzamento vo-


cabular”, também designados como blend, mistura, fusão vocabular, palavra entre-
cruzada, amálgama, mesclagens lexicais etc.

Esse tipo de fenômeno visa a alcançar um efeito cômico por meio da reunião de
palavras, como em “chocólatra”, (de “chocolate” + “alcoólatra”).

Basílio (2003, p. 1) observa que:


[...] o cruzamento vocabular pode ser considerado como um tipo de com-
posição, na medida em que sua formação envolve duas palavras, e o pro-
cesso correspondente envolve o mecanismo de formar uma nova palavra
cujo significado e forma final decorrem diretamente da combinação de
duas palavras.

Em alguns desses compostos, os elementos se ligam devido a semelhanças de


sonoridade, como “chafé”, “trêbado”, “apertamento”, “burrocracia”, “lixeratura”,
“paitrocínio”, “showmício”, podendo indicar, também, posição intermediária, como
“portunhol”, “brasiguaio”, “namorido”, “batatalhau”.

Em outros, substitui-se um fragmento por outro que possui semelhança de signi-


ficado (real ou suposta), como em “bebemorar” e “carreata”.

Há compostos em que se dá um fenômeno chamado haplologia, que consiste


na supressão de uma sílaba semelhante a outra que ocorre em sequência.

São exemplos “dedurar” por “dedo-durar”, “cunicultura” (criação de coelhos) por


“cuniculicultura”, “tragicômico” por “trágico-cômico” etc.

A haplologia também ocorre em palavras formadas por outros processos e não


deve ser confundida com a aglutinação, que é a perda de fonemas que ocorre em
certos compostos, como “aguardente”, de “água” + “ardente”.

Nos compostos em que não ocorre perda de fonemas, diz-se, por oposição à
aglutinação, que se trata de justaposição.

Palavras Compostas: uma Possibilidade


de Formação de Palavras na Língua
Uma resposta bem simples a essa pergunta é: formam-se compostos para desig-
nar alguma coisa quando não existe uma palavra simples para nomeá-la; mas essa
resposta é, para dizer o mínimo, insuficiente.

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Pode-se afirmar que o “pé de cabra” é assim designado porque tem a extremi-
dade dividida – como a pata do animal, e não existe outro substantivo para nomear
essa ferramenta.

Da mesma forma, “batata da perna” daria nome a um músculo situado na perna


e semelhante a uma batata.

Se refletirmos um pouco mais, veremos, no entanto, que essas explicações


são enganosas.

Por quê?

Ora, se a extremidade bifurcada do pé de cabra serve para arrancar pregos, por


que ele não é chamado de “*despregador”?

Poderíamos resolver o problema de nomear o objeto por meio da derivação.


Quanto à “batata da perna”, existe outra palavra que designa a mesma parte do
corpo, que é “panturrilha”.

Para resolvermos essa questão, temos de entender a Língua como um conjunto


de possibilidades. Nas palavras de Saussure (s/d), trata-se de um “Sistema de Signos”.

Nesse sistema, a realização de uma possibilidade – constituindo um signo linguís-


tico – torna-se norma e “bloqueia” as outras. Por exemplo, em Português, pode-se
formar um substantivo a partir de um verbo com o acréscimo dos sufixos -ção e
-mento (além de outras possibilidades).

No caso do verbo “abolir”, por exemplo, formou-se “abolição”, que passou a


fazer parte da norma, impedindo a formação de “*abolimento”.

Voltando aos casos anteriores, a formação de um composto, como “pé de cabra”


é uma das possibilidades da Língua. Como essa possibilidade se concretizou, impe-
diu a realização de outras, como “*despregador”.

No caso de “batata da perna”, a palavra manteve-se, ao lado de “panturrilha”,


porque cada termo é empregado em um contexto diferente.

“Batata da perna” é uma palavra do dia a dia, enquanto “panturrilha” é termo


usado mais comumente em linguagem científica, na área da anatomia.

Evidentemente, além desse motivo, podemos dizer que se formam compostos


pela mesma razão que se formam palavras por outros processos, ou seja, os com-
postos facilitam a memorização. Por exemplo, algumas espécies animais dividem-
-se em centenas, milhares, milhões e até bilhões de subespécies, que, em geral, são
designadas a partir do nome genérico, como “lobo-guará”, “urso-polar” etc., ou por
semelhança a outra espécie mais conhecida, como “elefante-marinho”.

Outras são designadas por associação de sua forma de comportamento ou apa-


rência a algum objeto ou outro animal, como “estrela-do-mar”, “louva-a-deus”, “bei-
ja-flor”, “bicho-preguiça” etc.

Em alguns casos, combina-se, ainda, o nome genérico e uma das associações


citadas, como “tubarão-martelo”, “tubarão-baleia” etc.

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Tipos de Palavras Compostas
As palavras compostas por composição podem se formar a partir do agrupa-
mento de palavras das diferentes classes.

Você se lembra quais são as classes de palavras no Português?

A Gramática Tradicional nos apresenta 10 classes de palavras, e você pode saber mais sobre
Explor

elas acessando o link a seguir: http://bit.ly/324x7Z2

Vamos ver, a seguir, que as palavras compostas podem ser formadas por:
• Dois substantivos: bicho-preguiça, Decreto-lei;
• Substantivo + adjetivo: baleia-azul;
• Substantivo+preposição + substantivo: castanha-de-caju;
• Dois adjetivos: luso-brasileiro, azul-marinho;
• Adjetivo + substantivo: verde-bandeira;
• Verbo + substantivo: beija-flor;
• Verbo + preposição + substantivo: louva-a-deus;
• Verbo + verbo: perde-ganha;
• Verbo + conjunção + verbo: leva e traz;
• Verbo + advérbio: pisa-mansinho;
• Advérbio + adjetivo: sempre-viva;
• Numeral + substantivo: segunda-feira;
• Pronome + substantivo: Vossa Excelência;
• Dois pronomes: aqueloutro;
• Frase substantivada: estou-fraca (mesmo que galinha d’angola), deus nos acuda etc.

Agora que você observou a formação das palavras compostas na Língua e


sabe que palavras de diversas classes podem se unir para formar novos compo-
nentes significativos, que tal empreender uma pesquisa sobre esse assunto em
diferentes Gramáticas?

É sempre bom comparar como o assunto é tratado por diferentes autores.

Adotar uma postura investigativa diante da Língua é ideal para quem vai estar
em sala de aula. É essencial ampliar o escopo de conhecimento e ter material para
que os alunos possam explorar as informações também e fazer pesquisas confiáveis.

Para isso, você pode acessar nossa Biblioteca Digital e comparar duas Gramáti-
cas Tradicionais clássicas da nossa Língua: a de Celso Cunha e de Lindley Cintra,

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Nova Gramática do Português Contemporâneo e a de Evanildo Bechara, Mo-


derna Gramática Portuguesa.

Flexão de Plural das Palavras Compostas


Vimos, nesta Unidade, que as palavras compostas, muitas vezes, são formadas
a partir de uma frase ou de parte dela. Isso posto, vimos, também, que a relação
entre os elementos dessas palavras é sintática, e não morfológica.

Podemos, portanto, ter como base o plural de grupos sintáticos para compre-
endermos a flexão de plural dos compostos. Em outras palavras, consideraremos
como referência o modo como grupos de palavras semelhantes às palavras com-
postas se flexionam no plural dentro de uma frase. Utilizaremos alguns exemplos
da seção anterior.

Nas palavras compostas formadas por dois substantivos, como “bicho-preguiça”,


o segundo elemento é determinante do primeiro, funcionando como um adjetivo.

É um caso idêntico, por exemplo, a “saia rosa”, em que o segundo elemento é


um substantivo (nome da flor) que funciona como um adjetivo (equivalente a cor-
-de-rosa).

Tomando esse exemplo, podemos notar que o substantivo em função de adjetivo


não varia.

Veja:

a menina usava saia rosa – as meninas usavam saias rosa.

Isso explica o plural de compostos como “bicho-preguiça” que, portanto, é:

Figura 9 – “Bichos-preguiça”
Fonte: Getty Images

O mesmo raciocínio permite-nos compreender por que o plural de “jaqueta


verde-bandeira” é “jaquetas verde-bandeira”, pois “bandeira” é substantivo em fun-
ção de adjetivo.

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Em alguns casos, a relação entre os substantivos pode ser de coordenação, isto
é, eles têm valor equivalente. Tomemos, por exemplo, a frase:

Assinei o Decreto e a Lei – assinei os Decretos e as Leis.

Isso explica a possibilidade de os dois elementos se flexionarem no plural, como


em “Decretos-Leis”.

Quando a palavra composta é formada por substantivo + adjetivo, a relação


entre eles é simples: o adjetivo concorda com o substantivo.

Vejamos as frases a seguir:

Comprei uma camisa branca – Comprei duas camisas brancas.

Isso explica por que o plural de “baleia-azul” é “baleias-azuis”.

Nas palavras compostas formados por substantivos ligados por preposição, so-
mente o primeiro elemento flexiona-se.

Observe a frase:

Comprei uma camisa de seda – Comprei duas camisas de seda.

Isso explica por que o plural de “castanha-de-caju” é “castanhas-de-caju”.

Outro caso, ainda: verbos não admitem desinências nominais, como o -s de


plural. Também não há concordância entre o verbo e o substantivo em função
de complemento.

Veja:

Esse passarinho beija a flor – Esse passarinho beija as flores.

Figura 10
Fonte: Getty Images

Isso explica por que o plural de “beija-flor” é “beija-flores”.

O mesmo raciocínio explica, também, por que “perde-ganha” é invariável: (o)


“perde-ganha” – (os) “perde-ganha”.

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Observações:
• Compostos que se escrevem juntos flexionam-se como palavras simples, como
“vaivém” (plural: “vaivéns”);
• Em compostos de adjetivo + adjetivo, como “luso-brasileiro”, flexiona-se o últi-
mo elemento: “luso-brasileiros”;
• Em “jaquetas azul-marinho”, o adjetivo composto não varia, pois “marinho”
refere-se a “azul” e não a “jaqueta”. O mesmo vale para “azul-celeste”;
• Em “meninos surdos-mudos”, os dois elementos flexionam-se, pois a relação
entre eles é de coordenação (surdos e mudos), como em “decretos-leis”;
• Advérbios são palavras invariáveis, o que justifica os plurais “pisa-mansinho”,
“sempre-vivas”;
• Os substantivos formados por verbo repetido, como “corre-corre” admitem
duas formas de plural: “corre-corres” e “corres-corres”;
• As frases substantivadas são invariáveis:(a) “estou-fraca” – (as) “estou-fraca”, (o)
“deus nos acuda”– (os) “deus nos acuda”.

São muitas formas diferentes para conhecer os plurais das palavras compostas do Português,
Explor

não é mesmo? Mas lembre-se de que sempre é possível consultar gramáticas, sites e o VOLP
– Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras na
Internet, no link: http://bit.ly/2HASacq
Plural dos substantivos compostos: http://bit.ly/2STtgdq

De toda maneira, a partir deste nosso estudo, você já tem assegurados alguns
recursos que vão ajudá-lo(a) a seguir uma determinada lógica de como funciona a
flexão de plural das palavras compostas no Português, não é mesmo?

Agora, retomamos os processos de formação de palavras e, na próxima seção,


trataremos de outro importante processo de formação de palavras no Português:
a derivação.

Derivação
Como vimos no início deste Material, o processo da composição para a forma-
ção de palavras compostas envolve a presença de dois ou mais radicais.

Lembra-se da fórmula?

Composição é: [radical + radical = palavra composta].

Já a derivação consiste na formação de palavras a partir de um único radical


e abrange diferentes processos, dos quais o mais comum é a derivação progressiva
(ou própria), que ocorre por meio de acréscimo de afixos (prefixos e sufixos).

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Por não constituírem enunciados sozinhos, os afixos estão entre as chamadas
formas presas.

Como são acrescentados ao radical, os afixos também são conhecidos como


morfemas aditivos. Eles compõem um inventário fechado, ou seja, não surgem
novos afixos na Língua Portuguesa.

Sendo assim, a derivação progressiva ou própria permite a seguinte fórmula:

[radical + afixos = nova palavra]

A derivação progressiva ou própria apresenta três diferentes processos de


que trataremos nesta Unidade – a derivação prefixal (ou prefixação), a derivação
sufixal (ou sufixação) e a derivação parassintética (ou parassíntese).

Vamos a elas?

Derivação Prefixal
A derivação prefixal é o processo que consiste na formação de palavras com-
postas por meio da adição de um prefixo.

O prefixo, como já sabemos, sempre antecede o radical. Se tomarmos a palavra


“desleal”, com base em seu significado (não leal), podemos formar um par com a
palavra “leal”, a partir do qual podemos dividir a palavra em seus elementos mórfi-
cos, como mostra o Quadro a seguir:

Tabela 2
Prefixo Radical =
DES- LEAL DESLEAL

A derivação prefixal serve, quase exclusivamente, ao acréscimo semântico, em-


bora haja um pequeno número de prefixos cujo acréscimo pode alterar a classe
da palavra. Por exemplo, “parto” e “míssil” são substantivos, a partir dos quais
se podem formar adjetivos por meio do acréscimo de prefixos, como ocorre em
“condições pós-parto” e “proteção antimíssil”.

Esses casos são excepcionais, e ocorrem, apenas, devido à ausência de adjetivos


que correspondam a “parto” e “míssil”. Disso se conclui que, embora a derivação
prefixal possa resultar na mudança de classe da palavra, não há prefixos cuja fun-
ção seja apenas essa. Logo, a função principal da derivação prefixal é, de fato, o
acréscimo semântico.

Existem prefixos, no entanto, que não alteram a classe da palavra a que se pren-
dem, nem acrescentam significado. Por exemplo, os verbos “ajuntar” e “avoar” são
formados pelo acréscimo do prefixo a- aos verbos “juntar” e “voar”. O sentido dos
verbos derivados, porém, é exatamente o mesmo dos primitivos.

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Há muito tempo se discute se as palavras formadas por acréscimo de prefixo são


casos de derivação ou de composição. Os que defendem que se trata de composi-
ção recorrem, muitas vezes, à análise diacrônica.

O argumento é que alguns prefixos, como a-, ante-, com- (con-, co-), contra-, de-,
entre-, sob-, sobre-, tras-, também são preposições; e outros, como ab-, ad-, en- (e-,
em-), ex-, in- (posição interior), intro-, ob-, pós-, pro-, sub-, trans-, retro-, per-, justa-,
circun-, ultra-, super-, extra-, têm origem em advérbios e preposições do latim.

Além disso, pode-se afirmar que os prefixos têm maior autonomia do que os
sufixos. Por exemplo, pós-, em “pós-graduação”, tem uma função equivalente à de
um advérbio (= depois da graduação), o que não ocorreria com um sufixo como -al,
por exemplo, em “nacional.

Entre os que partilham da opinião de que os prefixos são formadores de palavras


compostas, por um lado, ou seja, estão relacionados ao processo de formação de
palavras por composição, mencionamos Mattoso Câmara (2004, 2005).

Por outro, há autores que defendem a ideia de que a prefixação é um caso de de-
rivação e argumentam que prefixos como re-, di-, dis- e in- (negação) não têm pre-
posições correspondentes, nem jamais foram preposições ou advérbios em latim.

Além disso, acrescentam que os prefixos não se comportam mais como preposi-
ções e que a análise deve considerar, apenas, a realidade atual da Língua, ou seja,
um recorte para a análise sincrônica.

Há, ainda, quem defenda que alguns prefixos formam palavras compostas e ou-
tros formam palavras derivadas, de acordo com o seu “grau de aderência”.

No Material de nossa Disciplina, a prefixação é considerada um processo de de-


rivação, em conformidade com Basílio (2004) e com a maior parte dos estudiosos
dessa questão.

Os prefixos podem ligar-se a verbos, adjetivos e substantivos, como ocorre em


“antever” (verbo), “inativo” (adjetivo) e “vice-reitor” (substantivo).

Para chegarmos aos elementos constitutivos de cada palavra, como você sabe,
formamos pares, que, nos casos citados são “antever”/“ver”, “inativo”/“ativo” e
“vice-reitor”/“reitor”.

Vamos ver num Quadro?

Tabela 3
Prefixo Radical =
ANTE- VER ANTEVER
IN- ATIVO INATIVO
VICE- REITOR VICE-REITOR

22
Para expressar ideia de intensidade, podemos optar por derivados prefixais ou
sufixais (além de outros recursos). Por exemplo, de “interessante”, formam-se “su-
perinteressante” e “interessantíssimo”.

superinteressante (sem hífen)

Prefixo + radical

Interessantíssimo

Radical + sufixo
Figura 11

Sobre o emprego do hífen na escrita de algumas palavras que contêm prefixos, como “vice-
Explor

-reitor”, consulte o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, VOLP, acessando o link:


http://bit.ly/2HASacq
Veja, também, uma lista de prefixos do Português em: http://bit.ly/2P6YMU9

Seguimos nosso estudo da derivação, compreendendo melhor os sufixos e o


processo de derivação sufixal.

Siga-nos!!!

Derivação Sufixal
A derivação sufixal consiste no acréscimo de um sufixo ao radical. Os sufixos
ocupam sempre posição posterior ao radical. Tomando-se, por exemplo, a palavra
“clareza”, podemos formar o par “clareza”/“claro”, a partir do qual deduzimos a
presença do radical “clar-” e do sufixo -eza.

Veja o Quadro a seguir:

Tabela 4
Radical Sufixo =
CLAR- -EZA CLAREZA

23
23
UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Aqui, vamos fazer uma reflexão sobre a questão da norma linguística.

Assim como -eza, há outros sufixos que formam substantivos a partir de adjeti-
vos, como -ez, que forma “nitidez”, a partir de “nítido” (nitid- + -ez), -dão, do qual
se obtém “vastidão”, a partir de “vasto” (vast- + -[i]dão) etc.

Como temos dito nesta Unidade, a Língua é um Sistema de possibilidades, isto


é, a partir de “claro”, existe a possibilidade de se formar “clareza”, assim como “cla-
rez” ou “claridão”.

Então, por que essas duas últimas formas não se tornaram realidade da Língua?

Bem, o que determina a possibilidade que se tornará uma realidade da Língua


é a norma.

Em outras palavras, dizemos “clareza” e não “clarez” ou “claridão” porque, histo-


ricamente, essa é a forma corrente que se estabeleceu no uso da Língua e foi norma-
tizada, ou melhor, é a forma autorizada e adotada pelos próprios falantes da Língua.

Em linguagem simples, a norma explica, segundo Bechara (2003), “Tudo o que


se diz ‘assim e não de outra maneira’”.

Agora, cabe outra questão: se “clareza” faz parte da norma e não das outras pos-
sibilidades, por que existe “claridade”, que também é um substantivo formado a par-
tir do adjetivo “claro”? Isso não seria incoerente com o que acabamos de afirmar?

Na verdade, não há incoerência, pois, no caso desses substantivos, há duas


formas normatizadas porque houve especialização de sentido, ou seja, “claridade”
remete a uma ideia concreta, algo que pode ser percebido pela visão, enquanto
“clareza” remete a uma ideia abstrata, algo que pode ser percebido pelo raciocínio.

Por isso, dizemos que há claridade no quarto (e não clareza) e que há clareza em
uma explicação (e não claridade).

Outra questão importante a respeito dos sufixos (e também dos prefixos) é que
eles podem ser produtivos ou improdutivos. São produtivos os sufixos que formam
efetivamente novas palavras.

Tomemos, por exemplo, as palavras “dentinho” e “dentículo”. A primeira é for-


mada com um sufixo bastante produtivo (-inho), que faz parte da Linguagem co-
tidiana, enquanto, na segunda, temos o sufixo -ículo, mais comum na Linguagem
Científica, de baixa produtividade nas palavras na Língua Portuguesa.

Para comprovar essa baixa produtividade, basta pensar, formamos mais diminu-
tivos com –inho ou –ículo?

Para um pequeno texto, usamos textinho ou textículo? Para verso pequeno,


usamos versinho ou versículo?

Ah, percebeu que versículo é o nome que damos a pequenos trechos bíblicos e
não a versos pequenos?

24
Pois... o mais importante é perceber que são os falantes da Língua que determi-
nam a produtividade ou não de prefixos e sufixos, e não a Gramática Normativa.

Em outras palavras, são os usos que fundam a Língua.

Como os sufixos, formam um inventário fechado, que conta com um número


reduzido de elementos, muitos sufixos apresentam diferentes funções, ou seja, são
usados para formar palavras de significados distintos. Por exemplo,o sufixo -ada
forma substantivos que dão nomes a refeições, como “feijoada” e “bacalhoada”,
mas também aqueles que nomeiam golpes, como “facada” e “pedrada”; além de
nomear também comportamentos específicos (frequentemente de sentido pejora-
tivo) como “palhaçada”, ações ou resultados, como “chegada” e “jogada”, e
alguns coletivos, como “garotada” e “rapaziada”, entre outros.

Na Linguagem coloquial, nota-se a produtividade desse sufixo, como, por exemplo,


em “dar uma ligada” (por ligação ou telefonema), “dar uma arrumada na casa” etc.

Como vimos, há sufixos formadores de substantivos, como -eza, em “clareza”,


formadores de adjetivos, como -oso(a), em “cheiroso”, formadores de verbos, como
-izar, em “fiscalizar”, além de -mente, formador de advérbios, como “claramente”.

O sufixo -inho(a), em princípio, forma substantivos com ideia de diminutivo, como


“livrinho”; mas, em Linguagem afetiva, pode prender-se a adjetivos, como em “rapi-
dinho”, a advérbios, como em “agorinha”, a pronomes, como em “euzinho”, vocezi-
nho”, a numerais, como em “unzinho”, e até a verbos, como em “chuviscandinho”.

É importante perceber que o assunto da formação de palavras na Língua Portu-


guesa não se esgota com o estudo desta Unidade.

O importante é você saber que para saber mais precisa acessar os links, fazer as
leituras indicadas no Material Complementar e buscar novas referências.

O que deve ficar gravado em sua mente é que formamos palavras para atender
nossas necessidades de comunicação e, assim, todo falante da Língua é detentor do
sistema estrutural dessa Língua e, embora muitas vezes nem se dê conta disso, esse
falante é capaz de formar novas palavras dentro desse Sistema.

Na próxima Seção, estudaremos o processo de derivação parassintética.


Explor

Você pode encontrar uma lista de sufixos do Português em: http://bit.ly/2HwPRap

Derivação Parassintética
Vimos, até agora, que, para chegar aos elementos mórficos de uma palavra,
é preciso formar um par, a partir do qual a palavra é dividida em dois elementos
(radical e sufixo, por exemplo).

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Isso não vale para o caso da derivação parassintética (ou parassíntese), e só nes-
se caso, pois as palavras formadas por esse processo devem ser divididas em três
elementos, vez que ocorre acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo.

Vamos a um exemplo?

Se quisermos saber quais são os elementos mórficos da palavra “entristecer”,


devemos formar um par com essa palavra e o adjetivo “triste”.

Desse par, notamos que “entristecer” se divide em três elementos.

Veja:

Tabela 5
Prefixo Radical Sufixo =
EN- TRIST- -ECER ENTRISTECER

Não podemos dividir a palavra em dois elementos, porque, se isolarmos o pre-


fixo, teremos en- + *tristecer e, se isolarmos o sufixo, obteremos entrist- + -ecer.

Como, em Português, não existe o verbo “*tristecer”, nem o adjetivo “*entrist”,


essas análises não são válidas.

É preciso muito cuidado para analisar as palavras em cuja formação há um prefi-


xo e um sufixo para saber se se trata ou não de um caso de derivação parassintética.

Tomemos, por exemplo, a palavra “indispensável”. Essa palavra contém o prefi-


xo -in e o sufixo -vel, mas isso é suficiente para que possamos concluir que se trata
de uma derivação parassintética?

A resposta é não.

Por quê?

Veja: dizer que algo é indispensável equivale a dizer que se trata de uma coisa
não dispensável, de onde se conclui que a palavra é formada por in- + “dispensá-
vel” (do par “indispensável” / “dispensável”); e isso faz dela, portanto, um caso de
derivação prefixal. Se quisermos prosseguir, vamos retomar a palavra “dispensá-
vel”, que serviu de base para a análise anterior.

Alguma coisa que é dispensável é algo que se pode dispensar, o que nos leva a
outro par: “dispensar”/“dispensável”, donde concluímos que “dispensável” é uma
derivação sufixal, formada por “dispensa(r)” + -vel.

Há autores que mencionam -ável como sufixo. Não o fazemos, assim como Houaiss (2001),
Explor

por uma razão de economia de descrição, a mesma que nos levou a não considerar -zinho(a)
um sufixo. Esse raciocínio não nos parece adequado porque nos obriga a considerar quatro
ou, talvez, cinco sufixos em vez de um, ou seja, -ável (dispensável), -ével (delével), -ível (com-
bustível), -óvel (móvel) e -úvel (solúvel). Na nossa análise, o “a” de “dispensável” é a vogal
temática do verbo “dispensar”.

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Essa explicação nos ensina que muitas palavras que aparentemente são forma-
das por derivação parassintética são, na verdade, resultado de uma derivação pre-
fixal seguida de uma derivação sufixal ou vice-versa.

Veja, no esquema a seguir, os processos de formação que levam à palavra “in-


dispensável”:

dispensar dispensável indispensável


Figura 12

Vale ressaltar que a derivação parassintética é um processo por meio do qual se


formam basicamente verbos em Português. Raros são os adjetivos formados por
esse processo, por isso, fique atento aos casos de falsas derivações parassintéticas.

Apresentamos dois adjetivos que são exemplos de parassíntese: “subterrâneo”


e “desalmado”.

Veja a análise no Quadro a seguir:

Tabela 6
PREFIXO RADICAL SUFIXO =
SUB- TERR- -ÂNEO SUBTERRÂNEO
DES- ALM- -ADO DESALMADO

Fique atento(a), pois, no radical, para perceber que a partir dele é possível acres-
centar outros prefixos e sufixos separadamente e formar novas palavras.

No caso de subterrâneo, com o radical terr- podemos formar: terrário; terreno;


terras; terráqueo etc. E no caso de desalmado, com o radical alm- podemos ter:
alma; almas; alminha; desalme etc.

Pelo que vimos nesta Unidade até agora, se buscamos responder à pergunta
“Por que se formam palavras?”, os argumentos aqui apresentados nos parecem
suficientes para dar resposta a esse questionamento.

Se nos perguntássemos, no entanto, por que se formam palavras por meio da


derivação parassintética – e não por meio de outro processo –, a resposta não seria
nada simples; mas, já que a pergunta é pertinente, vamos tentar respondê-la.

Na verdade, a pergunta correta não é essa; mas outra, ou seja, como explicamos
a presença do prefixo na derivação parassintética?

Se tomarmos, por exemplo, o verbo “engarrafar”, podemos argumentar que o


prefixo en- se justifica devido à ideia de movimento para dentro, pois “engarrafar”
é pôr (algo) dentro da garrafa.

Se considerarmos, no entanto, a palavra “enverdecer”, temos um problema, pois


o verbo significa “tornar verde”.

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Não há ideia de movimento. O problema fica maior ainda se considerarmos que


existem os verbos “verdecer” e “verdejar” (ambos sem prefixo), que têm exatamente
o mesmo significado.

A situação fica mais difícil ainda se pensarmos em algumas das nossas “Línguas
irmãs”, o Italiano, o Espanhol, o Galego e o Francês, todas “filhas do latim”.

Em Português, temos a palavra “salada”, cujo radical é “sal” (do latim sal, salis,
idem). A mesma palavra latina deu origem a salade em Francês. Até aí, temos ca-
sos de derivação sufixal.

Nas outras Línguas, porém, temos casos de derivação parassintética, a saber,


insalata em Italiano e ensalada em Galego e Espanhol.

Por que palavras de mesmo significado foram formadas sem prefixo em Portu-
guês e Francês e com prefixo em Italiano, Galego e Espanhol?

A resposta só pode ser que, mesmo que haja a ideia de movimento para dentro
(pôr sal em algo), o prefixo é dispensável.

Ainda que recorrêssemos ao Latim (o que não nos cabe na nossa análise, que é
sincrônica), não teríamos uma explicação plausível.

Em Latim, há os verbos salare e insalare, que originaram palavras com prefixo


em algumas Línguas e sem ele em outras. Isso só nos fez mudar o problema de lugar,
ou seja, por que o prefixo é necessário em insalare se ele está ausente em salare?

A resposta continua a mesma: não há necessidade do prefixo.

Já que chegamos à conclusão de que o prefixo é desnecessário, a pergunta pas-


sou a ser outra, isto é, o que ele faz lá? Para encontrarmos a resposta, precisamos
voltar a um conceito de que já tratamos.

Lembra-se da norma linguística?

Pois é... ela é a resposta que nos resta, ou seja, a presença do prefixo em
alguns derivados e a sua ausência em outros são possibilidades do sistema e algu-
mas são normatizadas.

Sendo assim, vale sempre lembrar: o que vai nos dizer por que uma possibilida-
de se realiza e outra não (e, em poucas vezes, mais de uma) é a norma linguística,
porque ela está autorizada pela tradição e está acima da vontade individual de cada
falante de uma determinada Língua.

Se você quiser entender melhor a questão da Norma Linguística, recomendamos o vídeo


Explor

disponível no endereço a seguir: https://youtu.be/BtI2arGsNPA

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Cabe acrescentar que nem sempre o prefixo é desnecessário à formação de
palavras por derivação parassintética. Em “subterrâneo” e “desalmado”, está claro
que os prefixos acrescentam significado ao todo, porém esses casos são minoria.

São muitos casos e possibilidades, não é mesmo?

Então, vamos treinar um pouco o que vimos até aqui?

Alguns Exemplos de Análise


Vamos fazer a análise de algumas palavras, para verificarmos como está a com-
preensão do que aprendemos até agora. Para isso, tomaremos inicialmente a pa-
lavra “inadiável”. O significado da palavra é “não adiável”, portanto, formaremos o
par que segue:

“inadiável”/“adiável”.

Desse par, podemos deduzir que “inadiável” é formada pelo prefixo in- + “adiá-
vel”. O processo de formação da palavra é, portanto, a derivação prefixal.

Se seguirmos em nossa análise, teremos “adiável”. O significado da palavra é “o


que se pode adiar”, logo formaremos o par

“adiar”/“adiável”.

Deduzimos, então, que se trata de uma derivação sufixal: “adia(r)” + o sufixo -vel.

Prosseguindo um pouco mais, temos “adiar”, que se liga à palavra “dia”, pois
“adiar” é “transferir (algo) para outro dia”.

Logo, o par que nos ocorre é

“dia”/“adiar”.

Nesse caso, somos obrigados a dividir a palavra em três elementos: o prefixo


a- + “dia” + o sufixo -ar. Percebemos, dessa forma, que “adiar” é formada por de-
rivação parassintética.

Na próxima análise, utilizaremos o adjetivo “arborização”. Como a palavra signi-


fica “ação de arborizar”, o par lógico da palavra é:

“arborização”/“arborizar”.

Desse par, compreende-se que “arborização” é uma derivação sufixal: “arboriza(r)”


+ -ção. Se quisermos prosseguir na análise, podemos tomar “arborizar” e formar
outro par.

Aqui, podemos recorrer a outra palavra que tenha o mesmo radical de “arbori-
zar”, como “arborescer”, formando o par

“arborizar”/“arborescer”.

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

A partir do par, compreendemos que a palavra é formada por “arbor-” (alomorfe


do radical de “árvore”) + -izar, tratando-se, portanto, de uma derivação sufixal.

E então? Ficou mais claro?

Veja que para determinar o tipo de derivação é importante fazer os pares e não
se satisfazer com uma análise primeira e superficial! As palavras pedem tempo
para observá-las.

Use sempre todo o seu conhecimento e poder de observação para analisar as


palavras. Seguimos para outra classificação em relação à derivação.

Derivação Regressiva
Como vimos, os processos de derivação prefixal, sufixal e parassintética en-
volvem o acréscimo de afixos e, por isso, também são chamados processos de
derivação progressiva.

No processo de derivação regressiva, no entanto, isso não ocorre, pois a palavra


derivada é formada por meio da substituição de elementos mórficos posteriores ao
radical por uma das vogais temáticas nominais, que são -a, -e, -o.

Said Ali (1964) considerava que a derivação regressiva, muitas vezes, era o re-
sultado de um erro de raciocínio, o que a partir das Teorias da Linguística Moderna
pode ser refutado, vez que hoje sabemos que são os usos que fundam a Língua.

Por ora, vamos procurar entender como isso ocorre. Veja: há palavras primitivas
que causam a falsa impressão de conter sufixos. A partir delas, supõe-se que se
chegará à palavra primitiva retirando-se esse sufixo e, assim, forma-se uma palavra
por derivação regressiva.

Vamos a um exemplo: vocês conhecem a palavra “gajo”? Essa palavra, mais


comum no Português europeu, é usada para se fazer referência a uma pessoa qual-
quer, assim como, no Brasil, dizemos “cara”, “camarada”, “sujeito”, “fulano” etc.
Ela é formada a partir de “gajão” que, por sua vez, formou-se a partir do cigano
espanhol gachó.

O final da palavra em “ão” dá-nos a falsa impressão de que “gajão” é um aumen-


tativo (“gajo” + -ão). A partir daí, com a retirada do suposto sufixo, chega-se a “gajo”.

Outro exemplo é a palavra “sarampo”. Ela é formada a partir de “sarampão”.


Uma vez que a palavra primitiva possui a terminação “ão”, derivou-se dela “saram-
po”, seguindo o mesmo raciocínio que deu origem a “gajo”.

Em Português, há alguns substantivos diminutivos terminados em -im, como


“folhetim” (“folheto”), “barraquim” (“barraca”), “espadim” (“espada”), “flautim”
(“flauta”), “tamborim” (“tambor”) etc., é fácil supor que “botequim” – que, na

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verdade, é uma palavra primitiva – seja um caso semelhante aos anteriores, e, daí,
conclui-se, equivocadamente, que a palavra é formada a partir de “boteco”.

A derivação regressiva é um processo produtivo na formação de palavras de


uso informal, como “portuga”, de “Português”, “delega”, de “delegado”, “japa”, de
“japonês”, “comuna” de “comunista”, “neura” de “neurose” ou “neurótico” etc.

A maior parte das palavras formadas por derivação regressiva é chamada de


substantivos deverbais ou pós-verbais, formados pelo radical do verbo acrescido
de uma vogal temática, como “abono” (de “abonar”), “abraço” (de “abraçar”), “aju-
da” (de “ajudar”), “ajuste” (de “ajustar”), “aperto” (de “apertar”), “choro” (de “cho-
rar”), “corte” (de “cortar”), “enredo” (de “enredar”), “envio” (de “enviar”), “furo” (de
“furar”), “guia” (de “guiar”), “janta” (de “jantar”), “lance” (de “lançar”), “nado” (de
“nadar”), “namoro” (de “namorar”), “perda” (de “perder”), “preparo” (de “prepa-
rar”), “sobra” (de “sobrar”), “sopro” (de “soprar”), “taxa” (de “taxar”), “tombo” (de
“tombar”), “urro” (de “urrar”), “visita” (de “visitar”), “voo” (de “voar”).

Veja os Quadros a seguir:

Tabela 6 – Verbo: ajudar


Radical Vogal Temática =
AJUD- -A AJUDA

Tabela 7 – Verbo: cortar


Radical Vogal Temática =
CORT- -E CORTE

Tabela 8 – Verbo: chorar


Radical Vogal Temática =
CHOR- -O CHORO

É exatamente em exemplos como esses que pode nos ocorrer um problema,


pois, assim como há substantivos derivados de verbos, há, também o oposto, os
verbos derivados de substantivos.

Em termos práticos, como saber se o substantivo “venda” é formado a partir


do verbo “vender”, ou se “venda” é a palavra primitiva da qual se forma “vender”?

O verbo “telefonar” é formado a partir do substantivo “telefone” ou o contrário?

Nas gramáticas, propõe-se, em geral, a seguinte solução: se o substantivo ex-


pressar uma ação, ele é derivado do verbo, mas, se ele for concreto, o verbo é que
é formado a partir dele.

Essa solução parece coerente, pois, se pensarmos em outros substantivos deriva-


dos de verbos por derivação sufixal, veremos que eles expressam ação.

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Note: “descobrimento” expressa uma ação e é derivado do verbo “descobrir”


(descobri(r) + -mento), “comparação” expressa uma ação e é derivado do verbo
“comparar” (compara(r) -ção).

Vamos verificar os exemplos que citamos, “venda” e “telefone”?

O primeiro parece expressar claramente uma ação.

Para comprovar, vejamos as orações a seguir:


1. O corretor vendeu a casa;
2. O corretor realizou a venda da casa.

Já no segundo caso, isso não parece possível.

Veja:
1. Telefonei a meu amigo hoje;
2. Realizei o telefone a meu amigo hoje.

No último caso, nota-se que “telefone” não expressa uma ação, pois o enun-
ciado 4 não é aceitável. Subentende-se que “telefone” não pode expressar a ação
de telefonar, pois ele é um substantivo concreto. Ademais, sabe-se que à ação de
telefonar corresponde o substantivo “telefonema”.

Com esse teste, concluímos que “venda” é uma palavra formada por derivação
regressiva de “vender”; mas, no outro caso, “telefonar” é que é formado a partir
de “telefone”.

Esses casos parecem estar esclarecidos, mas, infelizmente, essa solução tem
suas limitações, já que, algumas vezes, é difícil determinar se a palavra é formada
por derivação regressiva ou não.

Um dos problemas desse procedimento é que as palavras, frequentemente, têm


vários sentidos, o que pode causar problemas para definir se um substantivo ex-
pressa ou não uma ação, se ele é concreto ou não.

Vejamos o caso do substantivo “visita”, que, no Dicionário Houaiss da Língua


Portuguesa, figura como derivação regressiva de “visitar”.

Vamos comparar os enunciados a seguir:


1. Fico satisfeito por sua visita à minha casa;
2. Fico satisfeito por você visitar minha casa.

Nesse caso, a palavra parece expressar claramente uma ação, dado que o subs-
tantivo “visita” em 5 corresponde ao verbo “visitar” em 6.

Veja, agora, outro enunciado:


1. Peça às visitas que entrem.

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No enunciado 7, a palavra “visita” está empregada de modo a exprimir não uma
ação, mas o agente da ação, aquele que realiza a visita, o visitante, tendo, portanto,
um sentido concreto.

Alguns autores defendem a ideia de que a palavra deve ser considerada como
formada por derivação regressiva quando puder ser usada com sentido verbal,
como “venda” no exemplo 1.

Consideramos que essa posição pode causar outro problema, porque nos levaria
a considerar que “visita” é formada por derivação regressiva em 5 e palavra primi-
tiva em 7.

Nos casos de dúvida, pode-se afirmar, no entanto, conforme Basílio (1987), que
é mais interessante considerar que a palavra é formada por derivação regressiva,
uma vez que o número de substantivos formados a partir de verbos é muito maior
que o número de verbos formados a partir de substantivos.

Nossa conclusão é que, se a palavra tem o potencial de expressar uma ação,


deve ser considerada uma derivação regressiva. Nos exemplos que citamos, por-
tanto, apenas a palavra “telefone” estaria excluída desse processo de formação. De
qualquer modo, até o momento, parece não haver uma solução definitiva para a
questão da derivação regressiva.

Ainda assim, há casos em que é fácil eliminar qualquer dúvida. Por exemplo, “em-
barque” só pode ser uma palavra formada a partir de “embarcar”, porque contém
o prefixo em-, que está presente no verbo, o que caracteriza uma derivação sufixal.

Embarcar, no entanto, caracteriza uma derivação parassintética, pois compre-


ende o radical da palavra “barco”, e apresenta o prefixo en(m)- movimento para
dentro e o sufixo/desinência verbal “ar”.

É importante perceber que estudar a formação de palavras na Língua Portu-


guesa reforça a ideia de que a Língua é dinâmica e que apresenta processos que
permitem flexibilidade e constantes mudanças.

Esse é um dos princípios da Língua e quanto mais nos aprofundarmos nesses


estudos, mais fácil será aceitar as variações linguísticas e assumir a Língua como
um fenômeno social e vivo, e por isso em constante mudança.

Chegamos ao final desta Unidade.

Para aprofundar seus conhecimentos, não deixe de consultar o Material Comple-


mentar, de interagir com seus colegas, tutor(a) e, além disso, assistir às videoaulas e
participar das webconferências síncronas com o professor responsável pela Disciplina.

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UNIDADE Processos de Formação de Palavras no Português

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Para conhecer a Morfologia
Para compreender melhor a abordagem da Morfologia, a partir dos estudos estrutura-
listas, sugerimos a leitura do capítulo “O Estruturalismo de Mattoso Câmara Jr.”, no se-
guinte E-Book, disponível em nossa Biblioteca Virtual: SILVA, Maria Cristina Figueiredo;
MEDEIROS, Alexandre Boechat. Para conhecer a Morfologia. São Paulo: Contexto,
2016. p. 27- 62 (E-Book).
Iniciação aos Estudos Morfológicos: Flexão e Derivação em Português
Para compreender melhor os processos de flexão e derivação, leia o capítulo “Das
semelhanças entre flexão e derivação”, no seguinte E-Book, disponível em nossa Biblioteca
Virtual: GONÇALVES, Carlos Alexandre. Iniciação aos estudos morfológicos: flexão
e derivação em Português. São Paulo: Contexto, 2011. p. 71-88 (E-Book).
Formação e Classes de Palavras no Português do Brasil
Para se aprofundar nos processos de formação das palavras no Português do Brasil, leia
os capítulos 1-2 (Para que serve o léxico e Dissecando a palavra, respectivamente), do
seguinte livro, disponível em E-Book em nossa Biblioteca Virtual: BASÍLIO, Margarida.
Formação e classes de palavras no Português do Brasil. São Paulo: Contexto,
2018, p. 7-19 (E-Book).
Palavras de Classe Aberta e Palavras de Classe Fechada
Por fim, fique com a seguinte dica: Lembra-se de que falamos em palavras de inventário
aberto e palavras de inventário fechado? Pois é, aqui vão duas obras importantes para
consultar e que estão disponíveis em nossa Biblioteca Virtual: ILARI, Rodolfo (org.,).
Palavras de classe aberta. São Paulo: Contexto, 2014 e ILARI, Rodolfo (org.). Palavras
de classe fechada. São Paulo: Contexto, 2015.

Leitura
Cruzamento Vocabular: um Subtipo da Composição?
Você já ouviu palavras como namorido ou boa-drasta? Para saber mais sobre a dinami-
cidade da Língua no processo de formação de novas palavras por composição, leia o
seguinte Artigo Científico: ANDRADE, Katia Emmerick; RONDININI, Roberto Bote-
lho. Cruzamento vocabular: um subtipo da composição? DELTA, São Paulo, v. 32, n.
4, p. 861-887, dez. 2016.
http://bit.ly/326py43

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Referências
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