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Trabalho Sobre Facto Culposo
Trabalho Sobre Facto Culposo
A concepção de culpa de base naturalística não permite um conceito unitário que sirva
as necessidades da construção da infracção penal, pois abrange aqueles que, em
definitivo, não se tem interesse em punir, na medida em que a culpa é um juízo de censura
formulado pela ordem jurídica a um determinado agente. Censura-se ao agente o facto de ele
ter decidido pelo ilícito.
Sobre a culpa há vários conceitos que variam de acordo com as escolas que se ocupam pela
dogmática da infracção criminal. A saber, temos a concepção psicológica da culpa, a
concepção normativa da culpa e a concepção ultra-normativa da culpa.- Das quais: na
concepção psicológica temos a Escola Clássica, na concepção normativa, temos a Escola
Neo-clássica e por fim na concepção ultra-normativa temos a Escola Finalista.
Apraz-me falar da Concepção Psicológica (escola clássica), sobre o tema pelo qual nos foi
abordado. A Escola Clássica tem uma perspectiva naturalística da infracção criminal e
assenta em bases empíricas, adoptando uma concepção psicológica da culpa. Sendo a culpa
uma ligação psicológica entre o agente e o facto, ligada a intenção de atingir um certo
resultado. A concepção psicológica diz-se simplista na medida em que é pouco abrangente
por um lado e muito abrangente por outro. Por um lado, não abarca a negligência
inconsciente porque não havendo o resultado e a sua previsão, não há ligação psicológica,
daí, não haverá culpa. Em seguimento da concepção psicológica, a negligência quando
inconsciente nunca seria culposa, e, por outro lado, abrangeria os inimputáveis, pois, ainda
que de uma maneira imperfeita o inimputável pode instituir um vínculo material entre a sua
acção e um facto ilícito.
Em suma a concepcao naturalística diz que a culpabilidade não é unicamente dolo e culpa, e
que a sua estrutura deve pertencer algum outro elemento susceptível de alterações
quantitativas.1
De acordo com a escola clássica assim como a escola neoclássica, o dolo e a negligência são
tidos como formas de culpa, sendo a culpa uma categoria analítica do facto punível, pelo que
só se pode formular um juízo de censura de culpa sobre um imputável porque as penas só se
aplicam a quem seja susceptível de um juízo de censura de culpa.
No entanto, para que exista a culpa do agente por um facto, não basta a capacidade de ser
objecto de sensura, para a existência do facto é necessário que este possa ser
subjectivamente imputado ao agente a título de dolo ou negligência. Tanto que a ligação do
agente com o seu facto pode se dar por forma de dolo e da negligência.
3.Sobre a hipótese no que se refere à responsabilidade do Afonso por este ter feito um corte
no braço do seu instruendo e de o ter atirado para a água de modo que o tubarão o atacasse e
assim conseguisse salvar a sua perna, é de aferir que lhe recai sim uma responsabilidade
criminal, na medida em que nesta situação, ao Afonso assistia-lhe o dever de agir no sentido
de ter evitado a verificação do resultado proibido.
Ademais, cabia ao Afonso como instrutor proteger os seus instruendos, apesar de ter-se
encontrado numa situação de lesão de dois bens jurídicos que são a sua vida e a dos seus
instruendos. Importa aferir que houve uma exigibilidade de comportamento humano diverso.
O seu instruendo acabou sendo devastado pelo tubarão mas que a obrigação do Afonso seria
de proteger a vida deste e sacrificou a vida do instruendo em determento da sua tendo agido
com dolo, nos termos do artº 3, nº1 CP, 20146.
No entanto, não poderei aferir que pelo comportamento de Afonso, este teria agido daquela
maneira em busca de exclusão de culpa ou o estado de necessidade, contidos nos artº 48,
nº1, 2, b) e artº 49, ambos do CP, 2014. Afonso agiu também por negligência, pois, cabia a
este, segundo as circunstâncias em que se encontrava, proceder com cuidado, a que estava
obrigado a fazer, Afonso omitiu voluntariamente um dever que lhe foi adstrito, nos termos
do artº 4, CP, 2014.
Só pelo o facto de ter cortado o braço do instruendo e jogar no mar é verídico que fê-lo com
intenção de se salvar, e, em sua vez entregar e perigar a vida do seu instruendo.
ESTUDANTE DO DCI
PÓS-LABORAL
NOME: FERNANDA TERESA ADRIANO PEDRO TAMELA
3
Direito Pernal, pagº 201
4
FRANCO, Alberto Silva et all; Código Penal, ob cit, pag 274, citado por Macie, Albano, pagº 253
5
MACIE, Albano , Direito Penal, Textos de Apoio, Parte geral I, 2018, pagº 253
6
Decreto 35/2014, de 31 de Dezembro que aprova do CP