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A Afinidade Do Liberalismo Com o Fascism
A Afinidade Do Liberalismo Com o Fascism
Fernando Alcoforado*
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arcaicas estruturas de Velho Mundo. A partir de 1848, agudizou-se em todo o mundo o
confronto entre a direita, representada pelos conservadores, e a esquerda, representada
pelos socialistas, enquanto os liberais centristas se posicionavam entre as duas correntes
ideológicas tendendo mais para as posições dos conservadores. Uma diferença
fundamental entre esquerda e direita é a de que a primeira é defensora intransigente da
igualdade e a direita não. A esquerda acredita que a maior parte das desigualdades é
social e, enquanto tal, eliminável e a direita acha que a maior parte delas é natural e,
portanto, ineliminável (BOBBIO, Norberto. Direita e esquerda. São Paulo: Editora
UNESP, 1995).
A Revolução de 1848 teve grande importância para que uma nova polarização política
ganhasse vida com a burguesia e o proletariado em campos opostos que marcaria
profundamente os embates políticos futuros. A burguesia francesa apercebera-se dos
perigos das revoluções, tomando consciência de que os anseios políticos do povo
poderiam ser atenuados com a concessão do sufrágio universal que evitaria conflitos e
sublevações. Segundo Wallerstein, no período pós-1848, “o desencadear de paixões
populares e, em particular, a legitimação de objetivos populares, forçou os grupos
governantes a fazer concessões importantes no médio prazo através do programa do
liberalismo. Desses os mais importantes foram o sufrágio (que acabou por se tornar
universal) e uma redistribuição de renda parcial (o estado do bem-estar)”. Os
mecanismos da democracia moderna – especialmente o sufrágio universal e o direito de
organização – são frutos das lutas populares e que, em certo sentido, foram vitórias da
esquerda contra o liberalismo.
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autoritárias, com um poder que era exercido de maneira unilateral sem consulta a quem
quer que fosse.
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de mídia, que financiaram esses regimes com o objetivo de frear o avanço do socialismo
soviético na Europa. O nazismo tinha, também, muitos pontos em comum com o
liberalismo econômico, uma bandeira tradicionalmente da direita.
Nesta obra, Mises também não hesitou em legitimar, elogiar e, até mesmo, enaltecer o
Fascismo: “Não se pode negar que o fascismo e movimentos semelhantes, visando ao
estabelecimento de ditaduras, estejam imbuidos das melhores intenções e que sua
intervenção, até o momento, salvou a civilização europeia. O mérito que, por isso, o
fascismo obteve para si estará inscrito na história. Porém, embora sua política tenha
propiciado salvação momentânea, não é do tipo que possa prometer sucesso continuado.
O fascismo constitui um expediente de emergência”. Mises, um dos ideólogos do
neoliberalismo afirmou o absurdo de que o fascismo e o nazismo salvaram a civilização
europeia.
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o verdadeiro rosto do fascismo moderno que é necessário chamá-lo pelo seu verdadeiro
nome: sistema capitalista totalitário. O homem, a sociedade e o conjunto de nosso
planeta estão ao serviço desta ideologia neofascista. O sistema capitalista totalitário
realizou o que nenhum totalitarismo conseguiu fazer antes: unificar o mundo à sua
imagem. Hoje já não existe exílio possível.
Pelo exposto, fica, portanto, demonstrada a afinidade entre o liberalismo e o fascismo
com as experiências históricas do fascismo na Itália, do nazismo na Alemanha e da
globalização contemporânea. No Brasil atual, o sistema capitalista totalitário está
representado pelo governo neofascista de Bolsonaro que se manifesta com suas políticas
econômicas neoliberais e pela repressão contra os movimentos sociais.