Aula 2 14.02.2023

Você também pode gostar

Você está na página 1de 13

O que é a ciência?

O que é a ciência?
• A ciência é definível pela prevalência da utilização de instrumentalidades
específicas que o campo científico construiu e tornou disponíveis.

• Instrumentalidades (teorias, métodos, técnicas, etc) que servem o


propósito de perseguir novos conhecimentos.

• Cada ciência foi definindo o seu objeto próprio — passível de


sobreposições com outras disciplinas —, sendo esse objeto um conjunto
articulado de interrogações.

• Interrogações que são suscetíveis de solução por recurso aos instrumentos


que as ciências vão construindo.
Que instrumentos são esses ?

• Conceitos e relações entre conceitos constitutivos da teoria;

• Caminhos críticos da pesquisa a que chamamos método;

• Técnicas de recolha e tratamento da informação que alimentam todo o


processo de produção de conhecimento.
Carácter cumulativo

• A cumulatividade na produção de conhecimento acrescenta, por

definição, novos saberes, reformula teorias e explicações, bem como

instrumentalidades metodológicas e técnicas.

• Thomas Kuhn chama a esse tipo de desenvolvimento “ciência normal”,

aquela que vai ocorrendo no interior de um sistema de referências, de um

paradigma.
O que é o conhecimento
científico?
1.

Conhecimento é diferente da busca por uma qualquer verdade essencial (versão idealista).

2.

Ao contrário da ideia de ‘verdade’ ou dos dogmas, o conhecimento é parcial e transitório.

3.

O conhecimento é sempre aproximado, falível e, por isso mesmo, suscetível de contínuas

correções.

4.

A construção de conhecimento científico implica interferência na realidade que se quer

conhecer e explicar.
Perspetiva crítica (questionadora sobre o
real e sobre o próprio conhecimento)

• A pesquisa sociológica – sobre um qualquer tema - não existe fora do contexto


social mais global, nem fora do mesmo tempo histórico daquilo que se estuda.
Isto é, a pesquisa e o conhecimento que produz existem ao mesmo tempo do
que aquilo que se estuda.

• A ciência é um ponto de vista. É fundamental enunciar qual é o nosso ponto de


vista no início de qualquer ciclo teórico, isto é, no início de qualquer pesquisa
(Myrdal).
O que é o senso comum?
O conhecimento do senso comum
O obstáculo presente no trabalho científico – em particular no trabalho da sociologia, porque
o objeto são as sociedades e os indivíduos – tem a ver com as evidências do senso comum.

Porquê? Por que…

• Da sociedade toda a gente tem de falar.


• Toda a gente precisa igualmente de aprender regras práticas para lidar com o seu
quotidiano.
• O senso comum sobre o social é necessário, universal e explícito.
• Ele é também tanto mais informado quanto mais reflexivas são as sociedades (Almeida,
2007).
Rutura e condições para a rutura

• O choque entre a argumentação do senso comum e as exigências analíticas


do trabalho sociológico é frequente.

• A pesquisa científica deve partir de princípios e problemáticas e deve colocar


em dúvida o conhecimento comum.

• A rutura não significa superação absoluta e definitiva, porque…


• Os factos sociais são sempre interpretados por quem os vive; a consciência
dos atores é um elemento constitutivo do mundo social.

• O conhecimento científico não se situa num plano hierárquico superior ao


senso comum, nem, por exemplo, às apropriações artísticas da realidade
social. É apenas diferente, porque diferentes são os seus instrumentos e os
seus objetivos (Ferreira de Almeida, 2007).
• Gaston Bachelard caracterizava o modelo abstrato dos percursos científicos
através da trilogia rutura, construção, constatação.

• E a rutura é precisamente o momento inicial de ganhar distância em


relação ao que parece evidente, sejam essas evidências provenientes do
senso comum ou de formulações teóricas que se tornaram insuficientes
quanto à respetiva capacidade explicativa.

• A rutura epistemológica é uma condição necessária para se passar a novas


construções conceptuais, à exploração de novas interrogações e hipóteses
orientadoras de caminhos críticos de pesquisa, bem como ao teste e
validação de resultados (João Ferreira de Almeida, 2007).
• Rutura, construção e demonstração/constatação são indissociáveis.

• A construção teórica desempenha um papel central.

• A rutura com o senso comum depende da construção teórica, isto é,


do esforço e do trabalho de problematização e teorização (por
exemplo: elaboração enquadramento teórico/problematização).

• A demonstração/constatação depende das teorias que estão a ser


verificadas.

Você também pode gostar