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O investigador das ciências sociais tem de ter uma atitude clara e objetiva para que possa
construir método de pesquisa, ou seja, conhecimento científico. Enquanto ciência estuda
objetivamente os fenómenos sociais, libertando-se do senso comum e dos preconceitos
sociais, de forma a identificar e analisar as relações entre as diversas variáveis, podendo
assim submetê-la aos próprios mecanismos de controlo, colocando em causa os
conhecimentos adquiridos, ao questionar e problematizar.
Têm de excluir a intervenção dos seus valores nos seus procedimentos pois como seres
humanos que são, são seres valorativos, logo, a ciência não reside numa
objetividade pura, mas depende sempre das escolhas valorativas do cientista, ou seja, as
suas simpatias, preferências, conceções, etc.
Para atingir a objetividade o cientista tem que definir rigorosamente os seus conceitos,
tem que contrariar as interpretações vulgares, tem que questionar e analisar de forma
racional e objetiva, ou seja, tem que seguir uma série de procedimentos e métodos
científicos. As ciências sociais ao longo do tempo foi evoluindo e desenvolvendo
procedimentos, teorias e métodos científicos de modo a alcançar o conhecimento
científico, objetivo e racional. Então o investigador das ciências sociais tem de ter uma
atitude que corresponde um método particular de pesquisa, o conhecimento científico.
Para que seja possível realizar a rutura com o senso comum, é necessário romper com
as noções transmitidas e com as influências do meio social e cultural, económico e
político em que se vive e por de parte todo o pensamento que se tenha sobre
determinado assunto ou caso em concreto. O conhecimento de senso comum limita a
objetividade colocando em causa a construção do conhecimento científico, sendo
ultrapassável pela desconstrução de pré-noções e pré-conceitos que cada um tem sobre
a realidade social. O senso comum é um tipo de conhecimento falso com que é
necessário romper para que se torne possível o conhecimento científico, racional e válido.
Para se fazer essa rutura é necessário relativizar, relacionar e proceder à análise
científica das conceções do senso comum. O processo de rutura nunca será completo,
nem realizada de apenas uma vez. Para se romper com o senso comum, o investigador
como membro de uma sociedade deve ser neutro e colocar de parte todas as ideias pré-
concebidas da própria investigação científica em que esta inserido. O investigador
enfrenta então diversos obstáculos, designados por obstáculos epistemológicos, que
passam pela familiaridade com o social, o senso comum, a dicotomia natureza-cultura, a
dicotomia individuo-sociedade e o etnocentrismo. Pode se assim definir os obstáculos
epistemológicos como todos aqueles que o investigador enfrenta ao longo de uma
investigação enquanto membro da sociedade. “Para enfrentar e controlar cada um destes
obstáculos, os cientistas sociais devem fazer um processo de rutura com o senso comum,
nomeadamente, pela desconstrução de pré-noções que dificultam o desenvolvimento do
raciocínio científico” (O. Magano, 2014, p.28). O cientista ao acreditar que a verdade
existe e partindo dessa ideia, tenta atingir o “realismo”, isto é uma visão objetiva da
realidade. Colocam se questões metodológicas na definição do que é a objetividade e nas
formas para atingir essa objetividade na análise dos fatos e das suas relações causais.
Segundo Gaston Bachelard a “ciência não se opõe absolutamente à opinião” (citado por
Santos, 1990:33).