Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Revisto-trabalho Final de Juju Finalmente
Revisto-trabalho Final de Juju Finalmente
Departamento de História
4° ano- laboral
Docentes:
Discente:
1. Introdução ................................................................................................................... 1
1.1. Objetivos ............................................................................................................. 3
1.1.1. Geral ............................................................................................................. 3
1.1.2. Específicos ................................................................................................... 3
2. Problemática ............................................................................................................... 4
3. Pergunta de partida ..................................................................................................... 4
4. Revisão da literatura ................................................................................................... 4
5. Metodologia ................................................................................................................ 6
6. Cronologia .................................................................................................................. 7
7. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 8
1. Introdução
“Tinyanga que é a forma plural da palavra Nyanga possui origem na língua Bantu
Changana e é utilizada na região centro-sul de Moçambique significa Médicos-sacerdotes,
que também são conhecidos pelo nome de curandeiros.” (Santana, 2014:3)
Olhando para o advento da colonização, impactou na cultura tradicional com base em três
aspetos fundamentais:
1
Primeiro a repreensão das religiões tradicionais e de outras expressões ideológicas
da identidade cultural; segundo a política de assimilação destinada a criação de
uma classe intermédia de nativos aculturados á cultura portuguesa, conhecidos
como assimilados; e terceiro a introdução do cristianismo e da educação
missionária básica para nativos estruturada de modo a substituir e combater as
crenças e práticas supersticiosas e a fornecer conhecimentos mínimos para servir
o domínio colonial. (Honwana, 2002:120)
2
Portanto eu argumento que os Médicos- sacerdotes, ou seja, os Tinyanga foram vistos
como um atraso ao desenvolvimento ou até chamados de feiticeiros pelo facto de que após
a independência Moçambique ter adaptado as políticas dos seus colonizadores e
esquecendo a suas próprias crenças, culturas, a categoria na qual médico tradicional foi
colocado no período colonial, houve uma continuidade na posição na qual eles eram
colocados e na interferência do seu trabalho após a independência, a medicina tradicional
em Moçambique foi desvalorizada e reprimida pelos colonizadores europeus, que
impuseram a medicina ocidental como única forma legítima de cuidados de saúde. Mesmo
com a colonização e modernização algumas pessoas principalmente nas áreas rurais,
acreditam que a medicina tradicional é mais acessível e culturalmente apropriada do que
a medicina ocidental, e a demanda por práticas tradicionais continua sendo forte em muitas
áreas rurais do país. Portanto a colonização e a modernização têm tido um impacto
significativo na medicina tradicional no Sul de Moçambique, ou seja, a cultura e
identidade nacional viu-se cada vez ameaçada com esses processos, as culturas são
modificadas provocando nas suas diversas formas enormes prejuízos culturais, mas essa
forma de cuidados de saúde continua sendo valorizada e utilizada no país. A modernização
da medicina ou melhor a medicina moderna tornou-se sim um concorrente bastante forte
para a tradicional pois a tradicional adota produtos e práticas que não fazem parte do
tratamento "padrão" aos olhos da população moderna, a principal diferença entre a
medicina tradicional e a medicina moderna é o conhecimento e as práticas que cada uma
envolve.
1.1.Objetivos
1.1.1. Geral
Compreender o impacto da colonização e da modernização no uso da medicina
tradicional no Sul de Moçambique.
1.1.2. Específicos
Descrever a evolução do processo de colonização e modernização na medicina
tradicional em Moçambique;
Analisar as mudanças ocorridas na medicina tradicional no sul de Moçambique no
período pós-independência;
3
Avaliar os impactos da colonização e da modernizacao no uso da medicina
tradicional no sul de Moçambique entre 1975 a 2000.
2. Problemática
3. Pergunta de partida
4. Revisão da literatura
Em sua obra SANTANA (2014), investiga, entre os anos 1937 - 1988, como Tinyanga,
médicos-sacerdotes, ao sul de Moçambique conseguiram garantir a sobrevivência de seu
grupo social num contexto político de intensas mudanças decorrentes dos processos de
colonização e independência em Moçambique, analisa ainda os motivos e as formas de
interdição que foram impostas ao grupo de Tinyanga e as estratégias construídas por seus
membros para manter o controlo sobre seus recursos próprios de cura, bem como garantir
sua legitimidade enquanto promotores da assistência de saúde e bem-estar social e
propiciar seu retorno ao cenário público.
MENESES (2000) em sua obra faz um estudo sobre a relação entre a medicina tradicional,
a biodiversidade e a concorrência de conhecimentos em Moçambique. A autora examina
4
a tensão entre a medicina tradicional e a medicina ocidental moderna, assim como as
questões de propriedade intelectual e direitos autorais relacionados a esses conhecimentos.
Argumenta que a medicina tradicional é muitas vezes vista como inferior pela medicina
moderna, que é vista como mais avançada e cientificamente comprovada, destaca que a
medicina moderna muitas vezes desconsidera o conhecimento e as práticas da medicina
tradicional, o que pode levar à perda de tradições e conhecimentos importantes. Além
disso, a medicina moderna muitas vezes não considera as dimensões culturais e espirituais
da saúde e da doença, que são centrais para a medicina tradicional, a qual segundo ela é
uma forma valiosa de conhecimento que deve ser valorizada e preservada, não apenas por
sua importância cultural, mas também por seu potencial na pesquisa médica moderna.
A mesma autora vem com uma visão diferente daqui nos transmitiu na sua obra acima
referenciada. Em sua obra MENESES (2004) tem como tema central (a interrogação sobre
a relação dicotómica entre saberes locais e globais), vista através do prisma da evolução
da medicina «tradicional» neste trabalho a ideia principal está centrada no argumento de
que as formas e as práticas de saber ditas «tradicionais» detêm realmente um estatuto de
saber legítimo, o qual é reafirmado pela grande afluência de pacientes a estes terapeutas.
A medicina moderna aparece apenas como mais uma prática terapêutica sem constituir
um concorrente verdadeiro as restantes medicinas.
MORAIS [S.n., s.d.] Em sua obra mostrar que o sistema de saúde implementado pelo
governo colonial português contribuiu para a inferiorização das práticas populares de
saúde em Lourenço Marques, renegando-as como conhecimento legítimo, a autora
argumenta que, da necessidade e imposição do conhecimento ocidental como o único
legítimo, atores em nome da ciência ocidental provocaram epistemicídios: os
epistemicídios que foram perpetrados, em nome da visão científica do mundo, contra
outros modos de conhecimento, com o consequente desperdício e destruição de muita da
experiência cognitiva humana. A autora entra em concordância com SANTANA (2018)
no seguinte trecho: A medida em que a medicina oficial baseava-se em outros
pressupostos na concepção de saúde e doença, considerava-se a função no nyanga um
atraso civilizacional, podemos aqui fazer ou recorrer ao que SANTANA diz, sobre a
desvalorização das práticas dos Tinyanga.
5
SANTANA (2018) Fala da experiencia dos nyanga durante o domínio colonial, este
domínio que implicou a desvalorização dos serviços dos Tinyanga e a marginalização de
seu grupo social por parte da esfera pública, expondo seus membros a prisões, castigos e
confiscos dos seus pertences religiosos. De conselheiros políticos, jurídico, religiosos e
promotores de serviços de saúde, os Tinyanga foram reduzidos a condição de feiticeiros.
A autora faz menção de algumas formas de manifestação que os mesmos encontraram,
pois esses ao serem presos eram tratados como quaisquer outras pessoas sendo eles
pessoas de prestígio em suas comunidades, os mesmos faziam músicas em changana e
cantavam pedido a sua liberdade e insultado. Destaca a questão da ausência de Médicas-
sacerdotisas, fala da forma como as mulheres nyanga e não nyanga foram enaltecidas em
algum momento, e deixa claro que às mulheres nyanga exerciam alguma função de poder
nas suas comunidades atuando como detentoras de normas e valores sociais costumeiros,
oferecendo alívio para seus clientes e promovendo o equilíbrio social no agregado familiar
e enquanto às mesmas exercem esse poder estão sujeitas a proteção dos nyanga
masculinos.
5. Metodologia
Para além das instituições que serão recolhidas as informações, serão feitas recolha com
base em fontes orais em alguns distritos na cidade de Maputo, e em alguns distritos nas
províncias de Gaza e Inhambane, entrevistas essas que serão feitas a médicos tradicionais
que vivenciaram estes momentos em que as mudanças ocorreram e ou pessoas com
memorias ou conhecimentos sobre a forma como o novo governo lhe deu com a questão
da medicina tradicional, para que eu possa obter resultados relevantes para a minha
pesquisa.
6
6. Cronologia
Ano Acontecimento
7
7. Referências Bibliográficas
MENESES, Maria Paula G. «Quando não há problemas, estamos de boa saúde, sem azar
nem nada»: para uma concepção emancipatória da saúde e das medicinas: In: SANTOS,
Boaventura de sousa; SILVA, Teresa cruz e (Org.). Moçambique e a Reinvenção da
Emancipação Social. Maputo: Centro de Formação Jurídica e Judiciária, 2004.
8
SANTANA, Jacimara Souza. A EXPERIÊNCIA DOS TINYANGA, MÉDICOS-
SACERDOTES, AO SUL DE MOÇAMBIQUE: IDENTIDADES, CULTURAS E
RELAÇÕES DE PODER.(C. 1937-1988). CAMPINAS, 2014.