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Visoes_Soteriologicas_Pelagianismo_Semip
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Visões Soteriológicas
Pelagianismo, Semipelagianismo, Arminianismo, Molinismo, Calvinismo
e Amiraldismo
Benevides
2023
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3
1 PELAGIANISMO ................................................................................................................ 4
2 SEMIPELAGIANISMO ..................................................................................................... 5
3 ARMINIANISMO ............................................................................................................... 6
4 MOLINISMO ....................................................................................................................... 8
5 CALVINISMO ..................................................................................................................... 9
6 AMIRALDISMO ............................................................................................................... 11
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 12
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 13
OBRAS CONSULTADAS ..................................................................................................... 14
3
INTRODUÇÃO
1
MITCHEL, Larry A.; PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso; METZEGER, Bruce M. Pequeno Dicionário de
línguas bíblicas. São Paulo: Edições Vida Nova, 2002. p. 45.
4
1 PELAGIANISMO 2
Ou seja, para Pelágio o homem era totalmente capaz de cumprir os mandamentos divino.
Segundo McGrath: “A idéia de predisposição humana para o pecado não tem lugar em seu
pensamento. Para ele, a capacidade humana de alcançar a perfeição não poderia ser vista como
algo que fora comprometido pelo pecado.”5
A implicação desse pensamento acerca da hamartiologia e antropologia é que a
justificação do homem acontece baseada em seus méritos. Ou seja, se o homem usar o livre-
arbítrio e cumprir os deveres estabelecidos por Deus, será salvo; todavia, se o homem falhar em
2
Neste capítulo, faço um agradecimento especial ao Alister McGrath. O seu texto e suas citações indicaram as
fontes primárias dos textos de Pelágio. Cf.: MCGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, histórica e filosófica:
uma introdução a teologia cristã. São Paulo: Shedd Publicações, 2005.
3
MCGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, histórica e filosófica: uma introdução a teologia cristã. São
Paulo: Shedd Publicações, 2005. p. 59.
4
PELAGIUS. A Letter from Pelagius. Disponível em: <https://epistolae.ctl.columbia.edu/letter/1296.html>.
Acesso em: 14 de junho de 2023. Tradução do autor.
5
MCGRATH. Ibid., p. 509.
5
cumprir esses deveres, será condenado. Além disso, para Pelágio, o envolvimento de Cristo na
salvação é apenas o exemplo a ser imitado; “se para Pelágio é possível falar da ‘salvação em
Cristo’, é apenas no sentido da ‘salvação por meio da imitação do exemplo de Cristo’. 6
Após a discussão entre Pelágio e Agostinho (há outros personagens envolvidos na
controvérsia pelagiana, todavia, estes são os principais), Pelágio foi considerado como herege,
e os seus foram considerados heterodoxos.
Pode-se encontrar uma sistematização do pelagianismo em sete pontos na obra de
Augustus H. Strong; a saber:
“1) Adão foi criado mortal, de sorte que teria morrido mesmo que não tivesse cometido
pecado; 2) o pecado adâmico feriu não a raça humana, mas somente Adão; 3) as crianças recém-
nascidas estão na mesma condição de Adão antes da queda; 4) toda a raça humana não morre
por causa do pecado de Adão, nem ressurge por causa da ressurreição de Cristo; 5) as crianças,
ainda não batizadas, alcançam a vida eterna; 6) a lei é um meio de salvação tão bom como o
evangelho; 7) mesmo antes de Cristo houve homens que não cometeram pecado.” 7
2 SEMIPELAGIANISMO
6
MCGRATH. Ibid., p. 512.
7
STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática. Volume 2. São Paulo: Hagnos, 2003. p. 209-210.
8
GONZÁLES, Justo L. Breve Dicionário de Teologia. São Paulo: Hagnos, 2009. p. 301.
Robert D. Culver defende que é melhor chamar esta corrente teológica de semiagostiniana. A saber: “Tanto por
sua origem como por sua história, talvez seja melhor chamar essa perspectiva de semiagostiniana.” Cf. a defesa
em: CULVER, Robert Duncan. Teologia Sistemática: Bíblica e Histórica. São Paulo: Shedd Publicações,
2012. p. 520-521.
9
GONZÁLES. Ibid.
10
CULVER. Ibid.
6
11
Charles Hodge, um calvinista, também escreveu que os semipelagianos rejeitavam tanto o pelagianismo como
o agostinianismo. Para ler um panorama histórico sobre o semipelagianismo e uma crítica calvinista ao
semipelagianismo, cf.: HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001. p. 601-609.
12
CULVER. Ibid.
13
Acerca da origem do termo sinergista, Culver escreveu: “Sinergismo (do grego, trabalhar com) ou
‘cooperativismo’ é o nome que os reformadores, Lutero e Calvino, deram à teoria segundo a qual Deus proveu e
ofereceu salvação, mas que o pecador que coopera com os toques da Palavra e do Espírito, vêm a Deus para
receber a salvação. Eles insistiam, por outro lado, que Deus escolhe o pecador, acha-o e persuade-o.” cf.:
CULVER. Ibid., p. 852.
14
FERGUNSON, Sinclair B.; WRIGHT, David F.; PARCKER, J. I. (editores). Novo Dicionário de Teologia.
São Paulo: Hagnos, 2011. p. 914.
15
CULVER. Ibid.
7
seus seguidores eram calvinistas em todos os pontos, exceto nos que debatiam.”16 Ou seja, havia
muito concordância entre os calvinistas e arminianos.
Armínio concordava em quase todos com o ensino agostiniano e reformado sobre a
depravação humana; os ensinos de Armínio acerca disso estão longe de serem considerados
pelagianos ou semipelagianos. Em resumo, Armínio ensinava que o homem não pode salvar a
si mesmo.
Todavia, os ensinos de Armínio se distanciaram drasticamente da teologia calvinista no
tocante a predestinação e expiação. Essa posição recebeu forte apoio entre os reformados
holandeses, que escreveram o Manifesto Remonstrante, em 1610:
Por fim, destaca-se também que para Armínio, a predestinação é coletiva, isto é, Deus
predestinou à salvação aqueles que crêem em Jesus. 18 Ou seja, a predestinação não está
fundamentada de modo incondicional apenas na vontade divina, está também condicionada à
fé do indivíduo. “Deus elege para a salvação aquele que não resistem, mas aceitam seu dom
gracioso da fé e perseverança; Deus reprova os que teimam em rejeitar sua dádiva da
salvação.”19 Segundo os escritos do próprio Armínio: “[...] Deus fez um decreto para eleger
apenas os fiéis e para condenar os incrédulos.” 20 Além disso, destaca-se que o arminianismo é
sinergista21, pois, é necessário o homem crer para ser salvo; todavia, o crer só é possível por
causa da graça preveniente. Concluindo, percebe-se que os ensinos de Armínio são extensos.
Posteriormente, os remonstrantes – seguidores de Armínio – sistematizaram o
arminianismo em cinco pontos para combater os defensores da teologia calvinista. A saber:
FACTS (1. Freed by grace (to believe)/livre pela graça (para crer); 2. Atonement for
16
GONZÁLES. Ibid., p. 44.
17
Remonstrant Articles. p. 1-2. Apud MCGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, histórica e filosófica:
uma introdução a teologia cristã. São Paulo: Shedd Publicações, 2005. p. 535.
18
MCGRATH. Ibid.
19
DYRNESS, William A.; KÄRKKÄINEN, Veli-Matti (editores gerais); MARTINEZ, Juan F.; CHAN, Simon
(editores adjuntos). Dicionário Global de Teologia: uma obra de referência para a Igreja em todo o mundo.
São Paulo: Hagnos, 2017. p. 44.
20
ARMINIO, Jacó. As Obras de Armínio. Volume 3. Rio de Janeiro: CPAD, 2015. p. 556.
21
Cf.: nota nº 13.
8
22
Veja uma defesa detalhada de cada ponto em: DANIEL, Silas. Arminianismo: a mecânica da salvação. Rio
de Janeiro: CPAD, 2017. p. 307-477.
23
GEISLER, Norman L. Enciclopédia Apologética: repostas aos críticos da fé crista. São Paulo: Editora
Vida, 2002. p. 608.
24
CRAIG, William Lane. O Único Deus Sábio: A Compatibilidade entre a Presciência Divina e a Liberdade
Humana. Maceió: Editora Sal Cultural, 2016. p. 125, 136.
9
com certeza responderão e serão salvos. No entanto, eles ainda têm a liberdade de rejeitar a
graça de Deus. Claro, se eles fossem rejeitar a sua graça, o conhecimento médio de Deus teria
sido diferente.”25 Ou seja, para o molinismo, Deus deseja que todos sejam salvos, e procura
trazer as pessoas à para ele. Mas, se fizermos uma escolha livre de rejeitar o sacrífico de Cristo
por nossos pecados, Deus nos dará aquilo que merecemos; sendo assim, Deus não nos mandará
ao inferno, nós mesmos nos mandamos.26 E Deus já sabe, com base no conhecimento médio,
qual será nossa escolha.
Em conclusão, é importante destaca que o molinismo não é uma “teologia do
multiverso” como alguns acusam de forma errônea e desonesta. O molinismo harmoniza a
predestinação e o livre-arbítrio usando o conhecimento médio; todavia, a explicação do
conhecimento médio certamente é extremamente densa e precisa ser analisada com atenção.27
5 CALVINISMO
25
CRAIG. Ibid., p. 130.
26
CRAIG, William Lane. Em Guarda: defenda a fé crista com razão e precisão. São Paulo: Vida Nova, 2011.
p. 301.
27
Para ver uma explicação e defesa do molinismo, cf.: CRAIG, William Lane. O Único Deus Sábio: A
Compatibilidade entre a Presciência Divina e a Liberdade Humana. Maceió: Editora Sal Cultural, 2016.
28
MCGRATH. Ibid., p. 99.
29
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2012. p. 216.
10
humanidade perdeu a retidão original do primeiro casal, se tornou escrava do pecado; tanto a
parte material e imaterial do homem se deterioraram.30
Na Teologia Sistemática escrita pelo corpo docente do The Master’s College, iniciando
o capítulo sobre pecado, escreveram: “pecaminosidade universal do homem é óbvia e
verificável. O pecado permeia todos os aspectos de nossa existência” 31, [de forma individual e
social]. Sendo assim, o pecado é universal no sentido de que afetou a todos – ou seja, todos são
pecadores –, e é universal porque afetou todas as áreas da vida humana.
A principal implicação da hamartiologia calvinista é que o homem não é capaz de salvar
a si mesma ou escolher Deus. Então, a salvação é a ação completa de Deus, sem ação humana,
em trazer as pessoas da condenação para a justificação, da morte à vida, de estranhos à filhos.32
Ou seja, o calvinismo é essencialmente monergista.
A humanidade é escrava do pecado, acerca disso, Calvino escreveu: “é lícito concluir
que a imaginação do homem é, por assim dizer, uma perpétua fábrica de ídolos.” 33 Por isso,
conclui-se que sem o querer divino o homem não será salvo; somente pela ação divina o homem
é justificado. Posteriormente, Calvino escreveu que a ação divina não destrói a vontade humana,
todavia, a vontade humana é renovada pela ação divina; e então, o homem pode viver segundo
o querer divino: “[...]a vontade não é destruída pela graça; ao contrário, é antes reparada, pois
que ambos esses conceitos se harmonizam esplendidamente, de modo que se pode dizer que a
vontade do homem é restaurada, enquanto, corrigida a viciosidade e depravação, é ela dirigida
à verdadeira norma da justiça, e ao mesmo tempo se pode dizer que é criada no homem uma
vontade nova [...].”34
Anos após a morte de João Calvino, o calvinismo ou teologia reformada foi
sistematizado em cinco pontos no Sínodo de Dort para combater os remonstrantes. A saber:
TULIP (1. Total depravity/depravação total; 2. Unconditional election/eleição incondicional;
3. Limited atonement/expiação limitada; 4. Irresistible Grace/graça irresistível; 5. Perseverance
of the saints/perseverança dos santos.)35 E o ensino que a salvação só é possível por causa do
querer divino permaneceu ligado a teologia calvinista.
30
HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001. p. 614.
31
MACARTHUR, John; MAYHUE, Richard (editores). Teologia Sistemática: Um Estudo Aprofundado das
Doutrinas Bíblicas. Eusébio, CE: Editora Peregrino, 2022. p.584. Para ver uma defesa da imputação do pecado
de Adão cf., 601-603.
32
RYRIE, Charles Caldwell. Teologia Básica: Um Guia Sistemático Popular para Entender a Verdade
Bíblica. São Paulo: Mundo Cristão, 2012. p. 161.
33
CALVINO, João. As Institutas: Volume 1. Edição Clássica. São Paulo: Editora Cultura Cristão, 2006. p. 107.
34
CALVINO, João. As Institutas: Volume 2. Edição Clássica. São Paulo: Editora Cultura Cristão, 2006. p. 100.
35
Cf.: Os Cânones de Dort: a rejeição bíblica do arminianismo sistematizada em cinco artigos de fé. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2016.
11
6 AMIRALDISMO
36
MCGRATH. Ibid., p. 535.
37
MCGRATH. Ibid.
38
ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2015. p. 799.
39
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. Volumes 3 e 4. São Paulo: Hagnos, 2003. p. 184.
40
ERICKSON. Ibid., p. 891. Chafer apresenta pontos diferentes, todavia, a ideia apresentada é a mesma; cf.:
CHAFER. Ibid., p. 180.
12
CONCLUSÃO
41
Este autor adota o amiraldismo.
13
REFERÊNCIAS
OBRAS CONSULTADAS