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140 Ciencia Mudanças de paradigma l 141

34 Mudanças Ve,rdo};e, c..i entífica...


e.. feJa.:tivismo
de parad.igina, c..Í ef{tÍfi G0 objetivos e padrões de
nto fundamental evidência e prova; filtra tudo
"Se enxerguei mais longe foi po ue Kuhn faz da
· ,, r estar sob um elerne por mei o de uma rede
d e gigantes. A famosa frase que Isaa re os ornb no desenho. qntifica e. que e 1a de suposições e crenças _ .
colega cientista Robert Hooke c ta c Newton ,1:~ . r0s mudan~~~~rnente inserida
ap comp . :-easeu existentes; toma suas propnas
popular d os avanços da ciência o reCISào Utna . está c:rande conjunto de decisões sobre quais perguntas
um processo cumulativo, supõ~se progresso científico ~ num h"15tóricos e outros.
fatores fazer e O que considera uma
. .
d e cientistas ' no qual cada e Embora o próprio Kuhn boa resposta? A opinião geral
desenvolve algo com b ase nas d gera.,;
...o quis
. esse distanciar-se de uma diz que a verdade de uma _
seus predecessores: uma marcha col b . escobertas d leitura relativista do seu teoria científica é uma questao
, di . . , a orativa e trabalho, o relato que el~ faz
met o . ca, mevitavel
. - rumo a uma maior com - graduai,
. de corno a ciência progn~e .
de quão bem ela resiste lado
d as l eis naturais que governam O preensão a lado com observações
• lança dúvidas sobre_a p~opna
UOiverso. neutras e objetivas sobre
noção de verdade c1ent1fica
0 mundo. Mas, como Kuhn
e sobre a ideia de que o alvo
Uma imagem popular e atraente talvez m e outros demonstraram,
r . , ' as enganosa da ciência é descobrir de não existem f atos " neutros";
lóso,o e historiador norte-americano Thomas S K 'segundoofi. modo objetivo fatos não há uma linha divisória
fluente livro de 1962, Estrutura das Te•"'l"r~ . · uhn. Em seu in-
vv ...,.oes científicas Kuhn
verdadeiros sobre como
definida entre teoria e dados;
as coisas são no mundo.
relato mais acidentado do desenvolvimento • 'f· ' fazlUI! cada observação traz sua
. c1entt 1co: uma his . Pois que sentido faz falar
u carga de teorias• - é coberta
d e progresso vacilante e intermitente pontuadO . tória de verdade cientifica quando
á
· h por crises revol · cada comunidade cientifica
por uma grossa camada de
n n as con ecidas como "mudanças de paradigma". 1JC10- crenças e teorias existentes.
estabelece os seus próprios

Ciência normal e revolucionária Num período d L


· d " -~ · I" oquesecna•
man a e c1enc1a norma , segundo Kuhn, uma comunidade de ope-
so, estão engajados em resolver quebra-cabeças apresentados pelo es-
rários cientistas que pensam de modo semelhante trabalha dentro de
quema conceituai, resolvendo anomalias conforme elas surgem e
uma estrutura con ceituai ou de uma visão global chamada "paradig-
gradualmente estendendo e garantindo os limites de seu domínio.
ma". Um paradigma é um conjunto extenso e flexivelmente defmioo
de ideias e suposições partilhadas: métodos e práticas comuns, diretri- Um período de ciência normal pode durar muitas gerações, talvez
zes sobre tópicos de pesquisa e experime ntação adequados, técnicas séculos, mas cedo ou tarde os esforços dos que formam a comunida-
comprovadas e padrões de evidência aceitos, interpretaçnes nãoques, de criam uma massa de problemas e anomalias que começam a mi-
tionadas que são passadas de geração a geração, e muito mais. nar e desafiar o paradigma existente. Isso acaba por detonar uma
crise que encoraja alguns a enxergar além da estrutura estabelecida
Cientistas que traba lham dentro de um paradigma não estão preocu- e começar a imaginar um novo paradigma, e então acontece uma
pados em se aventurar fora dele ou abrir novos caminhos; emvezdi.Y 1nudança, uma migração de operários - que pode levar anos ou dé-

linha do tempo
lt A navalha de Occam
142 Ciência Mudanças de paradjgma 143

Uso e.. abuso públ;CD


~ de,.sún i@ da. c..i êttc..1a.
O term o " muda nça de A inven ção da .
para digm a", ao contr ário e internamente consistente.
uma muda n ça Polvo ra rna
rea - se há temp os que a ciência
de outro s term os técni cos
de Supoe- . t A chave para tal unificação é,
tecno logia milita _Paradigma é um empreend1m~n o supostamente, um cômp uto
e acad êmic os, migr ou sem na tecno logia rn::~I Penicilinana essen cialm ente unific ado. Pare ce
esfor ço para o dom ínio públ ºICO =
ca; turti·lllas' redu tivo das ciências, a sugestão
A - na avia - .
_ . çao, raquet razoável falar em •n:iét od~ . mais comu m sendo a de subm eter
noça o de mud ança radic al n; no tems; e assirn es de grafite· cientí fico• - um con1unto unico,
tudo à física. Estudos recentes.
mod o com o as pess oas pens a P0r diante '
Ironi came nte, e. clar bem defin ido, de proc edim ento s
so~r e as coisa s e as enxe rgamm
· poré m, ampl iaram a apreciação
t rab alho de Kuhn o, o Próprio práticas que a princípio pode
8 da incrustação cultural e social
é tao suge stivo e resso nant e entou ser aplicado a vária s e difer entes
que o t~rm o pass ou a ser usad o
em vário s outro s conte xtos.
uma muda nça
mod o como a
d
fil:
repres
Pllradigrna no
ª encarava
disciplinas científicas - e espe cular
sobre a prob abilid ade de algum tipo
das ciências e deram maior
ênfase à desunião essencial
o prog resso da c·:O~
luncia. da ciência. Com isso, veio a
de grande unific ação das ciências,
percepção de que a busca por
na qual todas as leis e todo s os
um único méto do científico
princípios ficari am junto s num a
cada s - do velho para d igma. estrutura abran gente, comp leta talvez não passe de um sonh o.
K h para o novo O . d
plo favo rrto
u n era a . tran siçã o trau . - o pt. 1 exem
máti ca d a v1sa .
. o oma 1ca da T e
cent ro d o siste ma sola r para o siste ma h 1· A erra co
O utra mud ança de para dig ma s,sm ' . oco e ioce ntrico de Copé rn1c_mo
0
. ,ca
rada pela físic a rreu quan do a mecãni .
new toni ana foi supe havia prevalecido ante s
A •

ta n o sécu lo XX · quan ttca e a mecânica re1atrvis-. ca tura da ciên cia corre contrá.ria à visão que
que o edifício do conh eci-
da época de Kuh n. A ntes, aceit ava- se
o
As desc onti nuid ades e os desl ocam ento s e d
xage ra os presumidos pe.
mento cien tífic o fosse cons truíd ( ( Nã o du! 1do , por exe m.p lo,
1as cons idera ções de Kuh n signt"f,cam que elas continuam c calma e racio nalm ente sobr e ali- qu e a me cân ica de Ne wto n
sas com o tese histórica • maont rover- cerces erguidos por operá.rios an- rep res ent a um a me lho ria
. s mesmo
. . teriores. De um só golp e, Kuh n em rel açã o à de Ar istó tel es
assim p ro vara m ter forte influ•enc1a
f· I en- varreu a ideia de progresso orde -
t ciênc ia É d . - e qu e a de Ein ste in
Os di.spara.:te.s 1 re ·os ' ósof os da · e panicu
a r mt~resse a alegação de que paradi .
nado rumo a uma únic a verdade
rep res ent a um a me lho ria
científica e colo cou em seu lugar
de.. Ke.Jvin mas difer ente s são "incomensuráve!• uma paisa gem de obje tivos e mé-
em rel açã o à de Ne wto n
- as difer ença s básicas em suas lógicas todos cien tífico s dive rsos, local-
com o ins tru m.e nto s par a
Por sua ~atu reza, mud ança s
de para digm a são boas para fund ame ntais significam que os resul- mente dete rmin ados e muit as ve-
a sol uçã o de pro ble ma s.
emb araç ar as pess oas. Em 1900 tados alca nçad os em um paradigma são zes conf litan tes.
Ma s não vej o na sua
num surp reen dent e mom ento ' efet ivam ente incompatíveis comoutro suc ess ão um eam tub o
de. arrog - ·
_ . ancia , 0 famo so físico para digm a, ou que é impossível testar coe ren te de des env olv ime nto
~~ta mco ~ord Kelv in decla rou:
os dois junt os. Por exemplo, embora ont oló gic o. ) )
gora , nao há mais nada novo
. .
para ser desc ober to pel a F'rsrca
T d
poss amo s espe rar que os "átomos" do Jhomas Kuhn, 111t
u o o que nos resta são
filós ofo greg o Dem ócrit o não possam
med! ções cada vez mais
prec isas" · A pena s pouc os anos ser com para dos aos átomos decompos·
.
tos por Eme st Rutherford, a incomen·
m:s tarde , as teori as d e Eins tein
so re a relat ivida de espe cial e sura biÜdade suge re que os átomos de a id ei a re su m id a:
~=~~I e a nova teori a do quan tum
mecf:i~aam o tron? ocup ado pela
Ruth erfo rd tamb ém são diferentes dos
que fora m desc ritos pela mecânica
C iê nc ia - ev ol uç ão
de dois sé~ilwtooma na havia mais
s. quân tica mod erna . Essa descontinui·
dade lógic a dent ro da grande arquite·
e re vo lu çã o

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