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Estatuto do conhecimento
científico
(De acordo com as
Aprendizagens Essenciais)
Problemas filosóficos a tratar:
6
7
método linguagem
autonomia da
experimental matemática
ciência
Aplicando na prática o método já
Separando o conhecimento da antes proposto por Bacon:
natureza do estudo meramente Recorrendo à linguagem precisa e
escolar e livresco (os livros de rigorosa da matemática («a
Aristóteles) e da teologia 1. Observação linguagem da natureza»), para
(religião), a ciência tornou-se 2. Formulação de hipóteses (por exprimir o conhecimento da
verdadeiramente uma área indução) natureza e das suas leis.
independente e autónoma. 3. Experimentação
4. Estabelecimento de leis científicas
7
p.183
•O que é a ciência?
•O que distingue uma boa teoria científica de uma má teoria? Algumas questões
•Qual deve ser o método a adotar em ciência? epistemológicas
•Como progride a ciência?
•Será que o conhecimento científico é objetivo?
•O contexto cultural e social tem alguma influência sobre a atividade científica?
2.1.2. A especificidade do conhecimento
científico – distinção entre senso
comum e conhecimento científico
p.186
Realidade
Senso comum
ou Conhecimento
conhecimento científico
vulgar
p.187
SENSO COMUM
(CONHECIMENTO VULGAR)
DO SENSO COMUM AO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Resulta de uma leitura dos fenómenos diferente da do conhecimento vulgar e de uma atitude
diferente face ao real.
Procura descrever, explicar e prever os fenómenos e as suas relações, apontando as leis que
presidem a tais fenómenos.
p.190
Conhecimento científico
Procura ser objetivo. Tem em atenção o facto, excluindo as apreciações subjetivas.
Resulta de um método Tal método apoia-se, no caso das ciências empíricas, na verificação e no controlo
específico. experimentais – método experimental.
Resulta da formulação de
Elas procuram ordenar a diversidade empírica.
hipóteses.
É constituído por um As teorias são hipóteses já estabelecidas e comprovadas.
conjunto de teorias.
Procura leis. As leis exprimem a invariância e a repetibilidade dos factos; muitas vezes, este
conhecimento exprime os factos em termos estatísticos ou probabilísticos.
É provisório. Mantém-se como aceitável até surgir outra teoria mais eficaz e mais próxima da
verdade.
•biologia •sociologia
•química •psicologia
•lógica
•física •história
•matemática
•astronomia •economia
•… •…
Especificidade metodológica
da ciência
MÉTODO
Conjunto de procedimentos, orientados por um conjunto de regras, que estabelecem a
ordem das operações a realizar com vista a atingir um determinado resultado.
INDUTIVISMO
p.193
INDUTIVISMO
Formulação de
Observação Experimentação Lei
hipóteses
p.193/
194
Contexto de descoberta
(diz respeito à maneira como ocorreu a descoberta)
Contexto de justificação
(refere-se ao modo como se justificam os resultados obtidos na descoberta)
EXPERIMENTAÇÃO
Enunciados do indutivismo Tx 4
Princípio da Princípio de
Princípio da indução
acumulação confirmação
O conhecimento
Articula a plausibilidade
Há uma forma de, a científico é o resultado de
das leis com o número de
partir da acumulação de factos bem estabelecidos,
instâncias a que o
factos singulares, inferir a que progressivamente
fenómeno a que se refere
enunciados universais. se acrescentaram outros
a lei foi submetido.
sem alteração daqueles.
2.2.2. O critério da verificabilidade
p.195
Verificação da hipótese
Critério da
verificabilidade
p.196
Proposição empiricamente
verificável
Problema da indução
p.196
Critério da
confirmabilidade
confirmação da teoria
Críticas ao indutivismo
Problema da indução
(levantado por David Hume)
não constitui uma verdade necessária não pode ser provado empiricamente: ele
(a priori), pois não pode ser justificado decorre da experiência anterior e do
pelo pensamento hábito, sendo igualmente estabelecido
por generalização (isto significa que
recorremos à indução para justificar a
confiança na própria indução)
p.197/
198
Decorre do hábito.
Exemplo
Não é possível justificar, com rigor, aquilo que é proposto numa teoria ou lei científica que decorra da
generalização indutiva. O rigor e a verdade do conhecimento científico ficam comprometidos.
p.199
David Hume
Karl Popper
Karl Popper
Rejeita o critério da
Considera que a especificidade
verificabilidade e da confirmação
metodológica da ciência não pode
das hipóteses e teorias científicas
assentar na indução.
tal como proposto pelo
positivismo lógico.
A construção do conhecimento
O critério de cientificidade das
científico faz-se através de
teorias é o da falsificabilidade.
conjeturas e refutações.
p.200
CIÊNCIA Suposição/hipótese
arrojada,
imaginativa, mas
Faz-se por um processo de construção criativa de devidamente
fundamentada, que
hipóteses– conjeturas – para responder a problemas.
o cientista concebe
para explicar os
factos.
Ao contrário do indutivismo, Popper entende que a
observação não é o ponto de partida do cientista, nem
as teorias resultam de inferências indutivas.
Hipótese Testes
Problema
(conjetura)) (refutação)
p.200
p.201
1 – Formulação da Hipótese
hipótese ou conjetura
2 – Dedução das
consequências
3 – Experimentação
Agora será necessário descobrir se as previsões que o
cientista fez estão ou não corretas: a hipótese será
Exemplo: testada, confrontada com a experiência. Os resultados
Experiências realizadas com podem, então, mostrar o “sucesso” ou o fracasso da
ratinhos revelam que, nos grupos conjetura proposta.
em que a hormona X foi
administrada em doses • Se for validada pela experiência, a hipótese é
sucessivamente superiores, os
ratinhos apresentaram um
considerada como credível e passará a ser
crescimento mais ou menos lento e reconhecida na comunidade científica – teoria
pouco significativo, mesmo quando corroborada. Mesmo assim, deverá continuar-se a
bem alimentados; já nos grupos de submeter essa teoria a testes, cada vez mais severos,
ratinhos que não sofreram essa de falsificação.
administração, o seu crescimento
foi normal. Este resultado validou a
hipótese. Caso não tivesse validado • Se não for validada, teremos de a abandonar
a hipótese, teríamos de a ou de a reformular – teoria refutada.
reformular ou apresentar uma
nova hipótese.
p.197
Este método não se baseia no raciocínio indutivo, mas sim no raciocínio dedutivo.
O método indutivista, visando a verificação das teorias, assenta num argumento falacioso,
cometendo a falácia da afirmação do consequente
p.202
2.2.5. O critério da falsificabilidade
Problema da demarcação
p.202
POPPER
Critério da
falsificabilidade
Enunciados
Mais possibilidades de a
ciência progredir.
p.203
Exemplo:
Critério da falsificabilidade
p.204
2.2.6. Críticas a Popper
p.204/
205
Considerando a história da ciência, não parece que ela possa evoluir por meio de
conjeturas e refutações: Copérnico, Galileu ou Newton, por exemplo, não abandonaram
Críticas as suas teorias na presença de factos que aparentemente as poderiam falsificar.
a
Popper Popper, com o critério falsificacionista, subestima o valor, para o progresso da ciência,
das previsões bem-sucedidas. É expectável que o cientista se concentre mais nas
previsões bem-sucedidas do que naquelas que são um fracasso. Estas previsões são
fundamentais para o progresso da ciência.
2. A Filosofia na cidade
p.197
História da ciência
O critério da
falsificabilidade pressupõe Nenhuma teoria, mesmo
que a todo o momento as aquela que é corroborada,
teorias possam ser é completamente definitiva
refutadas. e verdadeira.
p.197
Parte de problemas. P1
ERROS
Atitude crítica
Thomas S. Kuhn
A construção de teorias
Ao contrário da tradição A produção científicas está sempre
positivista, Kuhn não vê o científica dependente de um
cientista como um sujeito depende de conjunto de factos, de
neutro ou isolado, mas sim um crenças e conhecimentos,
condicionado e paradigma regras, técnicas e valores
contextualizado. científico. compartilhados e aceites
pela maioria dos cientistas.
Revolução
Fase de mudança e aceitação de um novo paradigma pela comunidade científica.
científica
Nova ciência Paradigma: conjunto de crenças, regras, técnicas e valores compartilhados e aceites por uma
normal (novo comunidade científica e que orientam a sua atividade. Corresponde a um modo de fazer
paradigma) ciência, de perceber, abordar e resolver problemas, que se institui no seio dessa comunidade.
p.197
Kuhn exemplifica com as imagens da psicologia da forma (Gestalt): estas imagens ilustram a
inesperada e total mutação de formas que ocorre de um paradigma para outro.
Três conceções de espaço que suportam três geometrias diferentes: todas podem ser
verdadeiras, pois funcionam em paradigmas distintos (a de Euclides é a que está subjacente à
física newtoniana; a de Riemann está subjacente à física einsteiniana).
O progresso científico não pode ser entendido como um processo contínuo e cumulativo de
teorias ou paradigmas cada vez melhores em direção a uma meta ou fim.
Se não podemos afirmar que um paradigma é melhor que o antecessor, também não podemos
afirmar que o novo paradigma descreve melhor a realidade que o antecessor.
Na obra A Tensão Essencial, Kuhn define os critérios a partir dos quais, regra geral, os
cientistas escolhem determinadas teorias e abandonam outras.
p.197
CRITÉRIOS
Objetivos Subjetivos
Característica
segundo a qual Sobriedade e
uma teoria é Ausência de elegância na
capaz de fazer contradições forma como a Capacidade da
Abrangência da
previsões internas e teoria explica os teoria para
teoria
corretas. Quanto compatibilidade fenómenos; uma impulsionar a
relativamente à
mais exata for da teoria com teoria é simples investigação
diversidade de
uma teoria, mais outras teorias se não depende científica em
fenómenos que é
perto ela está do aceites dentro de muitas leis direção a novas
capaz de explicar.
que é possível do paradigma para explicar os descobertas.
observar ou dos vigente. fenómenos
resultados da observados.
experimentação.
p.197
Critérios objetivos
Critérios subjetivos
p.197
Alguns críticos acusam Kuhn de ser Este processo traduz a ideia de que a
relativista: as explicações da ciência atividade científica é irracional (o que
encontram-se num plano idêntico ao de põe em causa o valor da ciência).
outras explicações do mundo.
2.3.2. A questão da objetividade
científica
p.197
Dá-nos informações do
objeto e não do sujeito: o A informação «pesado» ou «leve» depende do sujeito que a
computador pesa 20 quilos afirma, mais do que do objeto. A proposição dá-nos mais
independentemente dos informações sobre as características do sujeito (ser forte ou
sujeitos e pesa o mesmo para não) do que sobre as características do objeto.
todos os sujeitos.
p.197
Conhecimento objetivo
A investigação científica
O interesse que o A escolha dos modelos e
está dependente de
cientista demonstra por teorias científicas pode
financiamento:
determinados factos, em ser orientada por
determinadas
vez de outros, pode ser o critérios estéticos
investigações podem ser
resultado da sua enraizados na respetiva
patrocinadas porque
ideologia. tradição cultural.
interessam e outras não.
PROBLEMA DA OBJETIVIDADE
POPPER KUHN
O conhecimento científico não se confunde O conhecimento é dependente do sujeito
com o sujeito que o produz; é independente integrado numa comunidade científica. A
do sujeito e do contexto. ciência não é totalmente objetiva.
A validação das teorias obedece ao critério A escolha e avaliação das teorias dependem
da falsificabilidade. de fatores objetivos e subjetivos.
O
conhecimento
O conteúdo das teorias ou conjeturas, científico é
obedecendo a princípios lógicos, garante o A verdade é relativa ao paradigma vigente;
objetivo?
rigor e a objetividade com que o só pode ser entendida dentro dos limites que
conhecimento científico descreve e explica a ele impõe.
realidade.
Tanto Popper como Kuhn compreendem que a ciência não é o tipo de conhecimento absolutamente certo e
indubitável. Segundo Popper, a ciência evolui progressivamente em direção à verdade, através da eliminação
de erros ou da refutação de teorias; para Kuhn, ela evolui dentro de cada paradigma e também nas mudanças
de paradigma. No entanto, não podemos dizer que se aproxima da verdade.
p.197
RACIONALIDADE CIENTÍFICA
Verdade certa,
Objetividade Neutralidade necessária e Demonstração
universal
A matéria do trabalho científico – os factos – é suscetível de uma descrição exata e de uma explicação rigorosa.
perfeitamente
puramente racional isolado do mundo objetivo e imparcial
nas suas conclusões
A objetividade passa a ser O cientista não apresenta Não existe uma verdade
entendida como uma racionalidade pura e absolutamente certa,
intersubjetividade. neutral. universal e necessária.
RACIONALIDADE CIENTÍFICA