Você está na página 1de 6

Colégio Estadual Paes de Carvalho

Professora: Simague Rocha - 2º bimestre – 01


Disciplina: Geografia Série: 3ª Turma: Turno: Manhã/tarde Data: / /
Aluno(a):

Espaço agrário: globalização, modernização e a manutenção das estruturas agrárias como forma de
resistência.

Globalização e fragmentação do espaço agrícola do Brasil


A globalização da economia provocou uma reestruturação produtiva da agropecuária brasileira, marcada pela
territorialização do capital e pela oligopolização do espaço agrícola, culminando na organização de um novo modelo
econômico, técnico e social de produção. Como este se processa de forma socialmente excludente e espacialmente
seletiva, acentuando as históricas desigualdades sociais e territoriais do país, além de criar muitas novas
desigualdades, paralelamente à difusão do agronegócio, ocorre uma nova divisão territorial e social do trabalho
agropecuário. Desse modo, amplia-se a dialética da produção do espaço agrícola, cada vez mais fragmentado,
caracterizando-se arranjos territoriais produtivos agrícolas. Este artigo tem por objetivo tratar das principais
características da consecução do agronegócio no Brasil; da fragmentação do espaço agrícola e do incremento da
urbanização no Brasil agrícola moderno, resultando numa nova tipologia de cidade: a cidade do agronegócio.
"O processo de modernização do campo corresponde à implantação de novas tecnologias e maquinários no processo
de produção no meio rural. Isso significa que a evolução das técnicas e dos objetos técnicos provoca uma
transformação no que se refere ao espaço geográfico agropecuário. É claro que desde a constituição da agricultura
o homem foi gradativamente desenvolvendo novas ferramentas e procedimentos mais avançados, mas quando
falamos em modernização, falamos em um processo recente que gerou impactos em larga escala.

Modernização do campo
Historicamente, a mecanização do campo foi tida como uma consequência direta das revoluções industriais, pois
essas proporcionaram um avanço nos meios de produção, atingindo o meio agrário. Foi ao longo do século XX que
tais transformações ocorreram de maneira mais intensa, proporcionadas tanto pelo desenvolvimento de maquinários
quanto pelas novas técnicas de manipulação dos bens de cultivo, muitos deles atrelados à Revolução Verde.
Uma das principais vantagens do processo de modernização do campo foi o aumento significativo da produtividade,
incluindo a geração e distribuição de alimentos pelo mundo, o que contrariou perspectivas pessimistas que
acreditavam que o crescimento populacional superaria a disponibilidade de recursos. Outro ponto positivo foi a
menor necessidade de utilização de agrotóxicos nas lavouras em razão da melhoria genética das plantas, embora
eles ainda sejam utilizados em larga escala.
Dos pontos negativos do processo de mecanização do campo – ou as críticas geralmente direcionadas a tal ocorrência
– destaca-se o desemprego estrutural gerado entre os trabalhadores rurais. Houve uma significativa substituição do
homem pela máquina nos sistemas de cultivo, o que intensificou a prática do êxodo rural, apesar de a modernização
agrícola não ter sido a única responsável por esse processo. Existem ainda as críticas direcionadas às transformações
genéticas das plantas, outra faceta da modernização agrária. Muitos segmentos da sociedade enxergam de forma
cética a produção de alimentos transgênicos ou, em alguns casos, o uso em demasia de produtos químicos, tais
como os defensivos agrícolas e os agrotóxicos em geral. Tais críticas, inclusive, aumentaram a visibilidade das
práticas da agricultura familiar, que em geral é menos mecanizada, e, principalmente, da agricultura orgânica, cujo
princípio é a mínima utilização de produtos químicos no processo produtivo. Por fim, destaca-se como desvantagem
da modernização do campo o aumento das áreas de cultivo, com o consequente avanço sobre o meio natural. No
Brasil, o avanço da fronteira agrícola ou agropecuária proporcionou o avanço do espaço geográfico sobre áreas
naturais, ocasionando a diminuição do ambiente original de vários grupos de vegetação, notadamente o Cerrado e
a Mata Atlântica. Embora existam problemas e críticas, o processo de mecanização e modernização das atividades
agrícolas foi uma importante forma de produzir-se mais e melhor no meio rural. O Brasil, por exemplo, é hoje uma
grande potência agrícola, sendo o maior produtor mundial de café, cana-de-açúcar, laranja e outros, além de um
dos maiores exportadores de soja.

Tipos de agricultura
Tipos de agricultura constituem formas de cultivo ou produção
agrícola que se baseiam nas condições do ambiente, adequando-
se, então, às características e necessidades para a produção.
A agricultura pode dividir-se em diferentes tipos de produção, que
se adequam às características do ambiente.
Tipos de agricultura correspondem a diferentes maneiras de
produção agrícola, as quais se adequam às características do
ambiente no qual serão realizadas. Essas características podem ser
a formação vegetal que constitui o local, as condições climáticas do
ambiente, o relevo, a composição do solo e a demanda de produção
existente.

Sistemas agrícolas
As atividades agrícolas que correspondem a todas as fases de plantio (preparação, correção, adubação, plantio,
colheita e venda) dividem-se em dois tipos, geralmente segundo o tamanho da área e da produtividade alcançada:
1. Agricultura intensiva: corresponde à prática agrícola com altos índices de produtividade e capital investido. Conta
com mão de obra qualificada, um alto nível de mecanização e tecnologia. Há rotação de culturas e uso intenso de
fertilizantes e insumos, que colaboram para o aumento da produção. As áreas destinadas a essa produção possuem
custo elevado. As sementes usadas no plantio passam por rigorosa seleção. É comum o esgotamento dos solos em
razão de seu uso permanente. A produção é destinada para a exportação.
2. Agricultura extensiva: esse tipo de sistema agrícola não conta com muito capital investido. Não há emprego de
tecnologias avançadas, portanto, a mão de obra é rudimentar e pouco qualificada. Como não há muita exploração
das terras, a produtividade é baixa. Não é comum o uso de adubos e fertilizantes. Também não há correção dos solos,
contando então apenas com a fertilidade natural dele. A mão de obra do homem sobrepõe-se à mecanização. A
produção é voltada para o mercado interno.
Os tipos de agricultura
Agricultura familiar (tradicional)

A agricultura familiar é voltada para a subsistência de núcleos


familiares rurais e conta com técnicas rudimentares.
Esse tipo de agricultura corresponde à produção agrícola
desenvolvida por famílias, cujo rendimento é voltado para a
subsistência delas. Essas famílias geralmente moram nas terras
em que desenvolvem o cultivo. A mão de obra utilizada
normalmente é do próprio núcleo familiar. Não há uso de
fertilizantes no solo nem mesmo técnicas para correção. O
terreno voltado para esse tipo de agricultura, de modo geral, é
pequeno, e a produção é diversificada. A agricultura familiar
representa cerca de 80% da produção mundial de alimentos,
portanto, é de extrema importância para a economia.

Agricultura comercial (moderna)


A agricultura comercial, ou moderna, é voltada para o
abastecimento do mercado externo e conta com o uso de
tecnologias para aumentar a produtividade.
Esse tipo de agricultura corresponde à monocultura, ou seja, é
cultivado um único produto agrícola. Essa produção é feita em
grandes extensões de terra e sua produção é voltada para o
abastecimento do mercado externo geralmente. Em virtude da
intensa mecanização, esse tipo de agricultura possui altos
índices de produtividade. Empregam-se máquinas e tecnologias
para aumentar o rendimento do cultivo. A agricultura comercial
provoca alguns impactos negativos no meio ambiente, como
desmatamento, esgotamento dos solos e uso excessivo de
fertilizantes e produtos químicos.

Agricultura sustentável
A agricultura sustentável promove o cultivo de produtos visando ao
menor impacto ambiental possível.
Esse tipo de agricultura corresponde a produções alternativas para
preservar o meio ambiente e gerar um impacto negativo mínimo.
Contudo, não deixa de ser um tipo de produção agrícola voltado para
a comercialização e obtenção de lucro. A agricultura sustentável
desenvolve ações como a diminuição do uso de adubos e fertilizantes,
captação e reúso da água e o não uso de pesticidas. Esse tipo de
agricultura investe em qualificação da mão de obra. É dividido em
algumas correntes:

→ Agricultura orgânica ou biológica


Agricultura orgânica não utiliza agrotóxicos, portanto, produz alimentos com
alto nível nutritivo, visando ao bem-estar dos seres vivos. Esse tipo de
agricultura constitui uma produção que se preocupa com a saúde e bem-estar
de quem a consome. Há preocupação com o uso do solo, bem como a sua
manutenção. Não utiliza agrotóxicos ou pesticidas, visando a um produto de
qualidade e nutritivo. Os recursos hídricos são usados de maneira racional,
evitando o desperdício. Assim, não há contaminação do solo ou lençol freático
por meio de produtos químicos e também não há esgotamento dos recursos
hídricos. O comprometimento com a sustentabilidade é uma das premissas
desse tipo de agricultura. A produção geralmente apresenta um valor maior no
mercado dada a maior garantia em relação à manutenção da saúde.
→ Agricultura natural
Esse tipo de agricultura caracteriza-se por utilizar tecnologias alternativas para a produção para aproveitar ao
máximo os recursos naturais, explorando a potencialidade do solo e o que ele tem a oferecer. É também
caracterizado por explorar as condições do ambiente, como insolação, clima, recursos hídricos e relevo. A ideia da
agricultura natural é recuperar o solo após a produção, tornando-o novamente produtivo. Isso é feito por meio de
ações como o uso de compostos naturais, adubos verdes, controle natural das pragas, entre outras técnicas. O
objetivo é obter uma produção racional e duradoura, buscando a harmonia entre os seres vivos e o meio ambiente
e que promova o desenvolvimento sustentável.

Permacultura utiliza os recursos naturais de maneira sustentável, pensando no equilíbrio energético entre os seres
vivos e o meio ambiente.
Permacultura refere-se à agricultura permanente, termo criado
em 1978 por Bill Mollison, cientista e naturalista, que designa
uma ciência cujo objetivo é a permanência do ser humano na
Terra. Esse tipo de agricultura caracteriza-se por compreender
a ecologia, utilizar os recursos naturais de maneira racional e
pela prática do desenvolvimento sustentável. Possui três
princípios básicos: cuidar da terra, cuidar do futuro e cuidar
das pessoas.
A permacultura une as práticas tradicionais agrícolas com
ideias novas, estabelecendo uma integração entre homem e
meio ambiente de forma equilibrada. As principais práticas da
permacultura são: banheiro seco (visa à diminuição do uso de
água e tratamento das fezes); horta mandala (produção de
alimentos de maneira sustentável) e minhocário (produção de
húmus).
A preservação é uma consequência da combinação da conscientização com a tecnologia Instituições de pesquisa e
extensão rural trabalham para levar tecnologias conservacionistas às comunidades amazônicas. Entre essas ações
estão a adoção de tecnologias para recuperação de áreas degradadas, implantação de sistemas agroflorestais e
diversificação da atividade agrícola. As propriedades que fazem parte do trabalho, não cortam árvores nem fazem
queimadas para o plantio das lavouras. O projeto já alcançou 118 famílias, nos municípios de Igarapé-Açu,
Marapanim, Itiruia, São Domingos do Capim e Tomé-Açu. Outro programa em desenvolvimento na Embrapa envolve
50 famílias, e tem como objetivo promover diversificação nas propriedades, incentivando o cultivo de banana,
mandioca, açaí e cacau. O projeto visa a diversificação para que os agricultores possam ter produtos a curto, médio
e longo prazo e não depender apenas de uma única fonte de renda. A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
(ILPF) promove a recuperação de áreas de pastagens degradadas agregando, na mesma propriedade,
diferentes sistemas produtivos, como os de grãos, fibras, carne, leite e agroenergia. ILPF: diversidade, renda e
ganhos ambientais. ILPF é uma tecnologia desenvolvida no Brasil. Trata-se de uma estratégia de produção que
integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita
em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades.
A integração permite otimizar o uso da terra, elevar os patamares de produtividade e gera produtos de qualidade.
Com isso, reduz a pressão sobre a abertura de novas áreas. A EMBRAPA estima que mais de 1 milhão de hectares
da Amazônia já são cultivados no sistema ILPF. As estimativas são de que o sistema ILPF reduz entre 20 e 30% as
emissões de gases de efeito estufa e ainda sequestra cerca de 8 toneladas de CO2 por hectare ao ano. Além dos
inestimáveis serviços ambientais, a preservação da Amazônia é primordial para a manutenção e a conquista de
novos mercados para os produtos brasileiros.

Pecuária
A pecuária é uma atividade econômica pertencente ao setor primário que diz respeito à criação de animais para a
comercialização direta, para o fornecimento de matérias-primas empregadas em outros setores produtivos (como
couros, lãs e peles) e, principalmente, para a produção de alimentos como carnes, leites, ovos e mel.

Tipos de pecuária
Quando falamos em pecuária, a primeira coisa que nos vem à mente é a criação do gado bovino. No entanto, todo
e qualquer tipo de criação de animais com fins econômicos e para a alimentação está incluso no escopo da pecuária.
Existem, portanto, diferentes tipos em que essa atividade pode ser dividida, e até mesmo dentro dessa separação
são identificadas finalidades distintas.

A primeira forma de se categorizar a pecuária é com base na criação propriamente dita, ou seja, de acordo com a
espécie animal envolvida nos processos. Tem-se, com isso, as pecuárias: bovina (bois e vacas); suína (porcos);
caprina e ovina (cabras, bodes e ovelhas); equina (cavalos); bufalina (búfalos); avicultura e aquicultura, que se
tratam, respectivamente, da criação de aves, como galinhas, frangos, patos e gansos, e de peixes e demais espécies
de pescados e animais aquáticos.

A pecuária pode ser classificada também conforme a sua finalidade produtiva, dividindo-se em:
Pecuária de corte: destinada à produção exclusiva de carnes para o consumo. O destaque nessa categoria são as
carnes bovina e suína, mas elas não são as únicas geradas pela pecuária de corte.
Pecuária leiteira: voltada à produção de diversos tipos de leite, o qual pode ser direcionado sem intermediários
ao consumidor final ou ainda se tornar matéria-prima para a indústria de laticínios, que produz queijos, manteiga,
creme de leite, iogurte, leite pasteurizado e outros produtos derivados.
Pecuária de lã: a produção de animais se volta para a obtenção de lãs, as quais são derivadas de ovinos e caprinos.

Modalidades da pecuária
As modalidades da pecuária dizem respeito à maneira pela qual se dá a criação dos animais, como a utilização do
espaço e as técnicas empregadas no manejo dos rebanhos.
Pecuária extensiva: a criação é feita em extensas áreas, por isso o seu nome, nas quais os animais ficam soltos
para circularem e para se alimentarem da pastagem disponível. A tecnologia empregada nessa modalidade é baixa,
da mesma forma como os investimentos necessários para o estabelecimento da produção e de manutenção. Com
isso, a pecuária extensiva apresenta baixos níveis de produtividade comparativamente à pecuária intensiva.
Pecuária intensiva: diferentemente da primeira, na pecuária intensiva os animais são criados em confinamento,
com condições adaptadas, alimentação balanceada e enriquecida e cuidados veterinários necessários, preocupando-
se assim com a qualidade do produto final. Observa-se nessa modalidade o emprego intensivo de tecnologia e mão
de obra, assim como há a demanda de um alto grau de investimentos, o que lhe confere alta produtividade.
Pastoreio nômade: essa modalidade se assemelha à pecuária extensiva. No entanto, é um tipo de produção
destinado à subsistência do produtor e de seus familiares, com a comercialização dos excedentes nos circuitos
comerciais locais.

Importância da pecuária
A criação de animais para a alimentação e a obtenção de peles está presente na história da humanidade há muitos
séculos, sendo importante para a subsistência de agrupamentos humanos. No decorrer do tempo, a relevância dessa
atividade deixou de ser atrelada exclusivamente à sobrevivência e se tornou econômica, representando assim uma
fonte importante de receitas para economias locais e nacionais, além de gerar diversos empregos direta e
indiretamente. Os produtos derivados da pecuária, como as carnes (destacando-se a bovina), os leites e as peles e
os couros, ocupam uma posição de destaque na cesta de exportação de muitos países, como Brasil, Austrália,
Argentina, Estados Unidos e Índia. Além do mercado externo, a atividade pecuária é responsável pelo abastecimento
dos mercados internos com alimentos (carnes, leites, ovos, mel) e matérias-primas que serão utilizadas
principalmente na produção de outros gêneros alimentícios, calçados e vestuário.

Atividade extrativista
A atividade extrativista consiste em extrair ou retirar recursos naturais em sua forma original com fins lucrativos ou
simplesmente para subsistência. A atividade extrativista está dividida em três tipos distintos: a extração vegetal,
animal e mineral.
A atividade do extrativismo vegetal está vinculada à extração de produtos ou subprodutos oriundos de plantas,
tais como seivas, folhas, ervas, madeira, frutos, cascas de tronco entre outros. Esse tipo de atividade é bastante
difundido no Brasil, principalmente na região norte, na floresta Amazônica é extraído madeiras, castanha-do-pará,
látex da seringueira, açaí e muitos outros, além do nordeste que extrai carnaúba e babaçu.
A atividade extrativista animal executa a pesca e a caça, tais procedimentos em animais silvestres como jacarés,
onças, macacos e pássaros são protegidos pela lei federal, mesmo assim ainda é uma prática que ocorre
frequentemente e de forma ilegal. A pesca não configura como uma atividade ilegal e sua exploração é relativamente
modesta, uma vez que o país possui uma grande riqueza em litorais e rios. Isso é explicado pelo fato do baixo
consumo de pescado no país, que é de aproximadamente 6,4 quilos por habitante no período de um ano, no Japão
o consumo é de 52 quilos por pessoa ao ano.
A atividade extrativista mineral extrai ou retira recursos de origem mineral, esses são encontrados no subsolo,
nessa modalidade a execução é chamada de garimpo, pois se desenvolve de forma tradicional com equipamentos
rudimentares. Em território brasileiro essa atividade acontece nas margens dos rios e córregos, especialmente na
região norte e centro-oeste, onde são comumente extraídas, sobretudo, pedras preciosas como ouro, diamantes,
esmeralda entre outros minérios."

Estrutura Fundiária
A estrutura agrária refere-se basicamente ao padrão de distribuição da propriedade das terra agrícolas. Envolve
também um complexo de relações entre regime de propriedade fundiária, produção agrícola e serviços
complementares, num dado marco institucional. A estrutura fundiária é a forma como são distribuídas as
propriedades rurais de um país. A realidade da distribuição de terras no Brasil é uma herança do sistema colonial –
da “Lei das Sesmarias” – onde havia o predomínio de grandes propriedades de terras – as “plantations” – cuja
produção estava voltada ao mercado externo.
A estrutura fundiária brasileira é extremamente conservadora: os latifúndios com mais de mil hectares ocupam
44,4% das terras. A maioria dos proprietários, cerca de 48%, é pequena. Já os grandes latifundiários, que
representam apenas 1% dos donos de terras no Brasil, controlam quase metade delas. Nas últimas décadas, o
governo brasileiro tomou algumas medidas para tentar corrigir essa desproporcionalidade. Houve assentamentos
de produtores rurais sem terras, apoio à agricultura familiar, crédito rural e outros programas. Contudo, isso não
mudou de forma significativa a estrutura fundiária brasileira. A maior concentração fundiária ocorre nas regiões
Centro-Oeste e Nordeste. O Sul apresenta a menor concentração fundiária do país, mas mesmo em tal região as
propriedades rurais não são bem divididas.
O Índice Gini – indicador de desigualdade utilizado para medir o grau de concentração da terra e da renda – revela
quanto conservadora é a estrutura fundiária do Brasil. O índice varia de zero a um: quanto mais próximo de um,
maior a desigualdade na distribuição de terras. O Censo Agropecuário de 2006, divulgado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), revela uma Gini de 0,872 para a estrutura agrária brasileira. Esse número, que é
superior aos índices apurados em 1985 (0,857) e 1995 (0,856), demonstra que com o passar do tempo, o problema
da concentração de terras no Brasil se agravou.
O Censo de 2006 também mostra que a principal atividade de estabelecimentos agropecuários é a criação de
bovinos, que ocorre em mais de 30% deles. Em seguida: o cultivo de outras lavouras temporárias, inclusive o feijão
e a mandioca (18%), o cultivo de cereais (12%) e a criação de aves (9%). De acordo com o Censo, os
estabelecimentos cuja atividade principal é a plantação de cana-de-açúcar ou de soja ficaram com a maior
participação no valor da produção agropecuária (14% cada). Em seguida: estabelecimentos cuja atividade principal
é a criação de bovinos (10%), o cultivo de cereais (9%) e o cultivo de outros produtos da lavoura temporária (8%).
Os minifúndios – pequenas propriedades rurais, geralmente exploradas pelo agricultor e sua família – costumam
ser mais bem aproveitados do que os latifúndios. Os minifúndios são responsáveis por grande parte das culturas de
alimentação básica. São eles que sustentam a atividade produtiva do país, fornecendo alimentos para a população.
Os minifúndios são também os estabelecimentos que mais geram empregos na área rural.
A estrutura fundiária brasileira pouco se modificou na última década. Devido à concentração fundiária, muitos
pequenos agricultores abandonaram suas atividades agrícolas. A modernização acelerada da agricultura e a pobreza
nas áreas rurais resultaram no êxodo rural. Na segunda metade do século XX, o êxodo rural assumiu enormes
proporções: de 1950 a 2000, o percentual de brasileiros que viviam no campo caiu de 64% para menos de 20%.
Em 1950, 60,7% da população ativa trabalhava no setor agropecuário. Em 2000, esse percentual havia diminuído
para 19,0%.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada em 2011 pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil há 29.4 milhões de pessoas que vivem na zona rural. Entre os habitantes
do campo, há cerca de 14.7 milhões de pessoas (50% do total) empregadas em atividades agrícolas. Do total das
pessoas que vivem em áreas rurais, 29,6% são trabalhadores autônomos e 28,4%, empregados. Contudo, a
pesquisa aponta que houve uma redução de aproximadamente um milhão de pessoas empregadas na agricultura.
Essa queda se deve à realocação de pessoas para outros setores ainda relacionados ao agronegócio – por exemplo,
a agroindústria. A pesquisa aponta que 54,8% da população rural tem entre 15 e 54 anos de idade e que 57% das
pessoas que moram no campo têm entre quatro e 14 anos de estudo. A Pnad revela que há mais pessoas com pouca
escolaridade no campo do que na cidade: 22,5% dos habitantes não frequentaram a escola ou estudaram por menos
de um ano. Entre a população urbana, esse percentual é de 9,7%. É importante notar que na última década, a
agropecuária moderna e a agricultura de subsistência passaram a dividir espaço com atividades ligadas à prestação
de serviços, à indústria e ao turismo e lazer. Esse fenômeno, aparentemente irreversível, fez com que os limites
entre o rural e o urbano no Brasil se tornassem cada vez menos nítidos. Dados de 2009 revelam que 44,7% dos
brasileiros que residem na zona rural têm renda proveniente de atividades não agrícolas. Em São Paulo, o número
atinge 78,4%. Segundo o Censo de 2010, dos 29,9 milhões de brasileiros que residiam no campo, 25,5% viviam
em situação de pobreza extrema. Já entre os 160,9 milhões que residiam nos centros urbanos, o número era
bastante inferior: 5,4%. O Censo Agropecuário de 2006-2007 demonstrou a seguinte relação entre o número de
estabelecimentos de agricultura familiar e o tamanho do território que ocupam: 84,4% dos estabelecimentos rurais
brasileiros são de agricultura familiar, mas possuem apenas 24,3% do território ocupado no campo. O restante dos
estabelecimentos (15,6%) faz parte da agricultura “não familiar” – ou seja, é o agronegócio – que, por sua vez,
possui 75,7% das áreas ocupadas no campo. Esses dados demonstram a enormidade da concentração de terras no
Brasil: mais de 75% da área produtiva nacional se encontra nas mãos de cerca de 15% dos proprietários de terra.

A questão fundiária no Brasil.


A questão fundiária é um tema que envolve a posse e a distribuição de terras em um país. Esse é um tema
que aparece bastante em questões de Geografia e Sociologia do Enem, inclusive de maneira interdisciplinar.
Esse assunto envolve também questões políticas e econômicas relacionadas à propriedade rural e coisas
afins.
No caso do Brasil, o tema se liga bastante à concentração fundiária. No caso, a posse de vastas extensões de
terras boas para a produção agrícola na mão de poucas pessoas. Isso pode ser notado quando vemos os números.
Cerca de 0,8% dos proprietários rurais possuem mais de 42% dos hectares de terra que são privados.
Isso mantém a desigualdade no campo e gera diversos conflitos.
Além da concentração da propriedade, existem também as invasões a terrenos, conhecidas como grilagem.
Essa situação atravessa a história do país. Vamos ver a seguir a história da questão fundiária no Brasil.
História da questão fundiária no Brasil
A situação da questão fundiária no Brasil tem suas raízes no nosso passado colonial. Quando os portugueses
chegaram ao território e tomaram posse dele, o rei de Portugal fez a sua divisão em capitanias hereditárias.
Elas eram extensões muito grandes de terras que foram doadas a membros da realeza para eles as
administrarem. Uma das ações deles era a concessão de sesmarias para a exploração agrícola e pastoril.
Com isso, boa parte do território ficou concentrado na mão de poucas pessoas e formou latifúndios.
Outra forma de obter terras no Brasil era o uti possidetis. Neste caso, o proprietário seria alguém que se
instalou em um pedaço de terra e ficou reconhecido como dono dela pelas autoridades.
Essa foi a situação até a Lei de Terras de 1850, quando o Estado brasileiro iniciou a regularização do espaço
rural. Ela definiu a forma de utilização e os meios de obtenção, que se reduziram à compra.
Assim, a terra passou a ser um bem mais valioso do que antes e tornou mais difícil a sua aquisição pelas pessoas
de renda baixa ou média.
No final do século XIX, começaram a surgir ideias de reforma agrária, mas sem muito impacto. Somente em
meados do século XX é que organizações iniciaram mobilizações mais fortes para a democratização do
campo. Em 1963, o então presidente João Goulart formulou o projeto de reforma, mas ele foi deposto pelo golpe
militar no ano seguinte.
Os militares elaboraram o chamado Estatuto da Terra para regulamentar a questão fundiária no Brasil. Porém,
muitas críticas foram direcionadas à lei, alegando que sua tentativa de fazer a reforma agrária é mais um
entrave burocrático. Até hoje a reforma não avançou muito. Ela continua sendo um dos grandes desafios do
Estado brasileiro, que tem a função de desapropriar, indenizar e distribuir as terras.
A estrutura fundiária no Brasil.
A estrutura fundiária no Brasil é definida pela Lei nº 4.504/1964. Ela estabelece os tipos de propriedade rural
existentes no Brasil. No caso:
 Pequena propriedade rural: é aquela explorada mediante o trabalho pessoal do proprietário e de sua
família, com área máxima de 4 módulos fiscais.
 Média propriedade rural: é aquela que possui área superior a 4 e inferior ou igual a 15 módulos fiscais, e
é explorada com o trabalho pessoal do proprietário e de sua família, podendo empregar terceiros.
 Grande propriedade rural: é aquela que possui área superior a 15 módulos fiscais e é explorada com a
utilização de empregados assalariados, equipamentos e técnicas modernas de produção.
O Estatuto também define o que são latifúndios e minifúndios. Os latifúndios, de acordo com essa lei, são
definidos pela área e pelo uso da terra. Assim:
 Latifúndio de exploração: é o imóvel que possui de 1 a 600 módulos rurais e com baixo ou nenhum
aproveitamento de suas capacidades físicas, econômicas e sociais. O objetivo é muitas vezes especulativo, em
que o proprietário mantém a terra à espera da valorização para vendê-la.
 Latifúndio de dimensão: propriedade com extensão maior do que 600 módulos rurais, com ou sem uso da
terra.
Já o minifúndio é qualquer propriedade rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar. Ou seja,
que tem menos de um módulo rural, que é a área de terra, medida em hectares, suficiente para garantir
estabilidade econômica para o produtor.

Produtividade Agrícola
Graças às pesquisas da Embrapa, o aumento da produtividade resultou no crescimento da produção agrícola
brasileira. Um exemplo disso: entre 1990 e 2009, a área plantada de grãos no Brasil subiu 1,7% ao ano, mas a
produção cresceu 4,7%. De 1975 a 2010, o índice de produtividade agrícola do Brasil multiplicou-se 3,7 vezes: o
dobro da velocidade observada nos Estados Unidos. A produtividade agrícola brasileira é beneficiada pelo clima
tropical do país. Exemplificando: em algumas regiões brasileiras, é possível plantar milho depois da colheita da soja.
Há, portanto, duas safras no mesmo ano. O Brasil lidera a produtividade agrícola na América Latina e no Caribe.
Segundo um estudo realizado em 2011 pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o país
apresenta índices de crescimento acima da média mundial. O aumento da produtividade deve-se às novas
tecnologias aplicadas ao plantio, à colheita e ao transporte. Deve-se também ao uso de sementes de melhor
qualidade, à maior utilização de insumos agrícolas e de maquinário, à mão de obra predominantemente assalariada
e ao uso intensivo do solo. Um outro fator é a expansão das terras agricultáveis, apesar da manutenção de
desigualdades sociais. É importante notara que as pequenas propriedades podem ser consideradas as mais
produtivas, pois abastecem em grande parte o mercado interno. Proporcionalmente, as grandes propriedades são
mais improdutivas, pois ocupam a maior parte da área e têm a menor quantidade de produção.

Subsídios do Governo
As políticas de mobilização de recursos viabilizam os ciclos do plantio, pois oferecem ao homem do campo acesso a
linhas de crédito para custeio, investimento e comercialização. Vários programas do governo ajudam a financiar as
diversas necessidades dos produtores. Contudo, os pequenos produtores rurais são os que mais encontram
dificuldades para obter linhas de financiamento.

Você também pode gostar