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Dificuldades alimentares no autista

A seletividade alimentar é o problema de alimentação mais comum em crianças com


Transtorno do espectro de autismo (TEA) e a restrição alimentar pode ter associação com
um histórico médico e ou atraso na motricidade oral.
Para entender esses problemas, é preciso compreender a rigidez no pensamento e os
distúrbios sensoriais, que são características do autismo. Isso quer dizer que a seletividade
alimentar não é uma "frescura". Muitas crianças que estão dentro do espectro apresentarão
um paladar restrito, que pode se modificar com o tempo, mas que será limitado.
Qualquer alteração na sua rotina prejudica sua alimentação. Problemas no processamento
sensorial: cheiros, cores, visual, texturas, pedaços grandes, temperatura... tudo pode
interferir na vontade da criança em aceitar se alimentar. Comer é um ato que requer muitos
sensores.
Para que a criança com TEA passe a comer melhor, precisaremos organizar o sistema
sensorial (tátil, auditivo, vestibular, proprioceptivo, visual). Por isso é importante que o
trabalho com a criança aconteça de forma interdisciplinar, com os profissionais de áreas
relacionadas em avaliar e tratar o problema.
Habilidade e conforto para comer são pré-requisitos para a que criança amplie suas
escolhas alimentares e tenha relação prazerosa com as refeições. É necessário realizar um
trabalho integral com a criança, visando melhorar suas sensações de uma maneira geral,
não apenas na boca.
Deveremos proporcionar experiências positivas, com emoções positivas, para que a criança
esteja motivada a experimentar os alimentos, com características diferentes do que está
habituada. Nunca é positivo forçar a criança a comer.
A refeição não é apenas ingerir alimentos, vai muito além disso. A introdução de alimentos
novos deve ser pequena e simples, para que aceitem. Um exemplo é começar mudando a
marca ou formato de um alimento que a criança gosta. A criança deverá estabelecer uma
relação boa com os alimentos.
Para que uma criança com TEA passe a comer alimentos mais sólidos, o processo deverá
ocorrer de forma lenta e gradual, no qual toda família estará envolvida.
Existem alguns comportamentos que podem auxiliar para aumentar autonomia das crianças
à mesa e melhorar a qualidade da alimentação:
• Comer sentado à mesa nos mesmos horários, sem distrações de músicas, TV ou
brinquedos. O ideal seria, que todos da família pudessem realizar juntos as refeições
• Os pais são o modelo para criança. Dar o exemplo de como utilizar os talheres, colocar
pouca comida na boca e mastigar com a boca fechada
• Um alimento novo deverá ser oferecido pelo menos 8 a 10 vezes para dizer que não gosta.
Não levar em conta algumas caretas, pois são expressões das sensações. Não quer dizer
que não gostou, pode ser apenas, que seja diferente
• Oferecer o alimento novo na textura que a criança gosta, como purê ou chips, e modificar
gradativamente
• Quando a criança não gostar de um alimento, poderá utilizá-lo no preparo de algo que
gosta. Exemplo: se a criança gosta de panqueca, deve-se cozinhar a massa com espinafre,
colocar pouco espinafre no início e ir aumentando gradativamente
• Os alimentos devem ficar separados no prato, sem misturar, deixar a criança explorar o
alimento, cheirá-lo e tocá-lo
• Não demonstre ansiedade e expectativa durante a refeição da criança. Faça com que as
refeições sejam um momento tranquilo e agradável, sem pressionar a criança. Alguns dias
serão melhores que outros, mas ansiedade não ajuda

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