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Nutrição é a arte de dar saúde a vida (Luany Dourado)

1ª INTERVENÇÃO ALIMENTAR
Introdução
A conduta dietética, intervenção alimentar e terapias alimentares nas crianças com
DIFICULDADES ALIMENTARES é primordial e, de grande importância para
construção, manutenção e prevenção da vida, da saúde. Não é segredo que um corpo
alimentado, não significa estar nutrido de macro e micronutrientes necessários, por isso
precisamos melhorar a nossa alimentação, para mais saudável possível, isso é a base da
nutrição que como ciência nos prova que sem ela, não há vida!
Objetivo
Elaboração e aplicação da intervenção terapêutica alimentar, com objetivo de
melhorar a aceitação de novos alimentos – de preferência vegetais crus, mas pode ser
arroz, feijão, outros grãos... tudo isso para conseguirmos diminuir a ingestão de
industrializados, como: fórmulas, farináceos... além de melhorar a condição de
seletividade alimentar severa ou alimentação restrita e repetitiva de papas, atentando ao
comportamento diante do ambiente associado na intervenção, observando gatilhos
antecedentes, fuga de demanda e a função deste comportamento da recusa alimentar.
É fundamental realizar intervenções educativas para estimular a aceitação de
novos alimentos, contribuindo para a saúde da criança. Alternativas de mudanças de
texturas e consistências dos alimentos, têm um resultado benéfico com relação à
seletividade alimentar (CHISTOL et al, 2019; SILVA et al, 2009).

Desenvolvimento
Paciente: Willian Wallace L. do Nascimento 25/06/2018, P:20,3kg / H:1,14cm
Local: casa
Duração: uma vez ao dia, de 10 a 20 minutos, com intervalos de 5 a 10 minutos e retorna
mais uma atividade de 10 a 20 minutos (depende da interação da criança para que esse
intervalo ou atividade seja maior ou menor), porém deve ser nos horários diferente das
principais refeições, como: desjejum, almoço e jantar, mas se a criança for seletiva severo,
não se alimenta no almoço e nem jantar, come apenas 1 ou 2 itens, pode estimular nestes
horários também.

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Durante 15 dias. Anotar toda prática, tempo, alimento utilizado, quantidade, corte; qual
foi o comportamento diário, recusa, crise, ânsia, choro ou alegria, ânimo, empolgação,
repetição... (Após, enviar as anotações).
Avaliar preferências: observar o brinquedo favorito que será usado como reforço, para
brincar junto com a criança (mãe e filho). Ou poderá ser um alimento favorito, desde que
não seja guloseimas industrializadas e açucaradas.
Ambiente: No próprio ambiente que a criança reside, no quarto, na área, na cozinha, no
quintal, onde a criança se sentir mais tranquila para brincar e aprender, sem excesso de
estímulo externo, o mesmo local será usado durante toda a intervenção, para gerar
repetição e criar hábito. O ideal é que seja em um lugar onde não terão o mínimo de
interferência de outros sons, pessoas, durante a hora de intervenção.
Material: Deverão ser utilizados vários alimentos e objetos para elaborar “brincadeiras”
os alimentos melhores que seja apenas um e depois pode ir aumentando com mais, vai
depender de cada criança. Poderá ser picado de várias formas em cada intervenção
(redondo, quadrado, cumprido, triangulo, retângulo, tiras, ralado, cozido, crus, assados,
desidratados...). Tudo conforme já orientado na consulta.
Os objetos e utensílios para ajudar nas preparações, sem muitas informações de imagens
e cores, a não ser, que a criança adora o personagem e cores diversas e, se isso for ser o
reforçador. Exemplos: Potes rasos, fundos, pequenos, grandes, claros ou escuros (sempre
de plástico ou inox, para evitar acidentes domésticos), mini colher, grafo e faca infantil
de serra sem ponta (sempre atento e dando suporte, ajuda física no processo). Poderá
utilizar números escritos separados no papel ou de brinquedo de 1 a 5 ou mais dependendo
da idade e reconhecimento dos números e pode utilizar alfabeto, cores para parear
(numerar quantas pedaços ou alimentos, combinar cor, letra da inicial do nome do
alimento estimulado) ou, até mesmo, vai depender da idade e conhecimento da criança
para escolher os melhores objetos na hora da diversão. Essas são apenas dicas, você pode
viajar no mundo da imaginação kids e improvisar! Caso tenha dúvidas me chame.
Procedimentos: Iniciar sempre com a preferência da criança, ela é a protagonista da
brincadeira, claro, depende do desempenho, interesse e desenvolvimento, caso contrário
deverá dar suporte ideal, observar preferências de vegetais, se claros ou escuros, macios
ou crocantes; ex. macios: pêra portuguesa em cubinhos, laranja sem casca-gomo ou

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canoa, abacaxi em cubinhos, melão sem casca utilizar corte fundo para pegar apenas a
parte macia e remover a semente e a textura molhada posterior as sementes, para ficar
mais firme ou cubinhos...
Crocantes: maçã, cenoura, beterraba, pepino, pipoca, empanados, carne assada sequinha,
frutas desidratadas, castanhas... usar a imaginação para cortes, quadrado, redondo,
triangulo, fino, grosso... Poderá utilizar outros vegetais como uma frua que aceita, para
estimular outra junto no processo da escolha, preparo, até a finalização de degustar.
Primeiro estar atento a quantidade, caso for usar outro alimento como reforço deverá
colocar um de cada, pois se colocar muita do que já aceita vai comer somente o aceito e
ignorar o outro ofertado, e, também se colocar muito do outro alimento que ainda não
aceita e está estimulando pode gerar fuga de demanda. Sempre de uma a um, (isso se já
aceitou pegar e comer), caso contrário vá repondo devagar, enquanto você come e de
acordo com a brincadeira. Mas atenção! É importante todo o processo: escolher,
manipular, pegar, lavar, cortar, parear e por último experimentar e comer.
Lembre-se dos estímulos antecedentes de ver, aproximar, tolerar, pegar, cheirar,
manusear, experimentar (primeiro você), mastigar, saborear e engolir. Veja que existe um
processo para aceitação, porém somente a repetição é que gera o hábito, tem que ser
devagar, transição. Deve colocar pouco quando iniciar a comer sempre com um
pedacinho pequeno, nada de excesso, para não gerar recusa nenhuma recusa do alimento
que já consome, por estar próximo.
Na hora da intervenção é importante falar que “está cheiroso e que você- mãe/AT, quer
comer um pedaço, você cheirar primeiro sem dar mando”, estimular através dos neurônios
espelhos que é divertido manusear, tocar, cheirar e até mesmo experimentar. Você pode
fazer tudo isso divertindo com ele e não emitir vários mandos para pegar, cortar, cheira,
experimentar... deixa a criança querer participar por alegria e interesse e, não por excesso
de mando, que pode gerar irritabilidade, desconforto, crise.
Comemore, reforce com elogios e beijos quando ele pegar, manusear; com o carinho que
ele goste de receber de você. Depois de mais 5 minutos você peça outro pedaço e coma
novamente com ele olhando e fale novamente que está muito gostoso, que você quer mais
e come mais um, pedindo sempre ele para te ajudar a preparar conforme você gosta, e
quando ele quiser experimentar, deixe ele preparar como ele gosta.

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Dê apenas a ajuda necessária para seu filho, não faça tudo por ele, use as habilidades dele
para a prática.
Cuidado com o excesso de elogios também, esse momento é delicado, crianças maiores
conseguem perceber, que o exagero que está fazendo seria apenas para ele comer e, não,
porque você queria brincar com ele. Neste momento comemore, reforce com elogios,
porém o mais natural do dia a dia de vocês.
Quanto mais natural melhor, aí, neste momento poderá brincar de mastigar, pede para
imitá-la e se acontecer a resposta obterá êxito no processo da mastigação, tão espera e
difícil em nossas crianças. Divirtam-se. Mas lembre-se antes tem que fazer com que a
criança goste de brincar com você, para que você seja o melhor reforçador, caso contrário
será difícil a criança permanecer na brincadeira de intervenção por mais tempo. E mais
isso pode demorar um dia para aceitar coisa novas, como pode demorar meses, mas nunca
pare, continue e continue, persista, que vamos vencer juntas!
Instrução: anotar todos os dias, em todas as atividades, tempo de atividade, tempo de
descanso, se jogou fora, se derramou e não catou, se comeu, se imitou, cheirou, pegou
com a mão, manipulou, brincou, sorriu, cantou, se apenas chorou e pediu para tirar de
perto dos brinquedos, se apresentou, ânsia de vômito, comportamento de autoagressão,
birra, ou apenas ignorou, por quanto tempo... quanto mais dados melhor, para
melhorarmos a intervenção e corrigir falhas do procedimento.
Importante: fazer isso de segunda a sexta, e no sábado ou domingo mude de local, vá há
um parque e faça piquenique, ou na casa da vovó, para haver generalização... Tire um
dia de descanso.... O que a criança já for aceitando fornecer nas principais refeições
diárias – café da manhã, almoço e jantar, até 2 x ao dia.

1-LEMBRE-SE: fazer transição de texturas, conforme orientado, amassar cada vez


menos, manter uma semana e depois ir diminuindo até conseguirmos mexendo,
depois, picado, tudo vai depender também das atividades diárias em casa,
contribuem muito para esse progresso;
2-Água até 1L por dia seria o ideal, observar o excesso, para não atrapalhar no
apetite;

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3- Quando chegar o momento de novas escolhas, oferte somente os alimentos


saudáveis e naturais, que é a base de uma alimentação.
#Descasque mais e desembale menos!
Conclusão
Durante toda a semana de atividades práticas é importante solicitar ao terapeuta
ocupacional, para trabalhar (mínimo 10 minutos) final da intervenção na clínica, com as
mesmas texturas, cores similares ao alimento escolhido em casa, para ajudar no processo
repetição, para aceitação e generalização. Lembrando que a equipe é multidisciplinar, isso
inclui os terapeutas ocupacionais (transtornos sensoriais...), fonoaudiólogos (mastigação,
deglutição...), psicólogos (comportamentos aversivos/luta/fuga...) e, claro, a família na
generalização e transição dos alimentos que podem estar colaborando como gatilho para
este comportamento seletivo, restrito e repetitivo de lanches e recusa de vegetais crus.
Sempre respeitando o espaço da criança e não forçar a cheirar, pegar ou experimentar
deverá vir por livre demanda, com tentativas discretas, de uma forma lúdica ideal para
idade.
O sucesso vem primeiro em acreditar na criança, não deve ser gerado em nenhum
ambiente durante as atividades de aprendizado, frases como: tadinho, ele NÃO gosta
desse alimento ou outro, ele NÃO quer pegar, ele NÃO gosta, ele NÃO aceita, ele vai
chorar... todas essas frases negativas geraram reforço e atrapalha no aprendizado.
Me chame quando estiver difícil, ou com dúvidas. Estamos juntas neste difícil
processo, mas vamos conseguir, acredite no seu filho!
Qualquer dúvida, contextualização e informações importantes que queira relatar,
antes ou durante as atividades, por favor, entre em contato!

Luany Dourado CRN 1/8095


Nutricionista Clínica, Pediátrica e Hebiátrica

Referência
CHISTOL, et al. Sensory Sensitivity and Food Selectivity in Children with Autism Spectrum Disorder.
E.U.A, v. 13, n. 43, p. 114-127, 2019.

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