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INTRODUÇÃO

A luta pelo direito das mulheres é uma narrativa de resiliência, perseverança e conquistas ao
longo da história. Desde tempos imemoriais, as mulheres enfrentaram desafios e obstáculos
em busca de igualdade, justiça e reconhecimento. Nas guerras os homens, usando a sua
superioridade física, criaram situações de humilhação à mulher, batendo-lhes ou dirigindo-lhes
palavras impróprias. Atualmente, na nossa sociedade, as mulheres participam ativamente em
todas as áreas sociais, tendo os mesmos direitos que os homens.

Os direitos das mulheres referem-se à liberdade que lhes é inerente, geralmente, são
ignorados/ilegais e suprimidos por leis ou costumes de uma determinada sociedade. Este
trabalho se propõe a explorar a evolução do direito das mulheres, desde os primórdios da
humanidade até os movimentos contemporâneos, destacando as batalhas travadas e os
marcos históricos que moldaram o panorama atual dos direitos das mulheres.

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ABORDAGEM TEÓRICA

O termo Direitos das mulheres refere-se aos direitos objetivos reivindicados para
as mulheres em diversos países.
Em alguns lugares, esses direitos são institucionalizados e garantidos pela legislação,
pelos costumes e comportamentos, enquanto em outros locais eles são suprimidos ou
ignorados.
Eles podem variar de noções mais amplas de direitos humanos a reivindicações contra
tendências históricas de tradicionais do exercício de direitos de mulheres e meninas
em favor de homens e mulheres.

1. BREVE HISTÓRIA SOBRE O DIREITO DAS MULHERES


Na antiguidade ( 4000 a.C. – 476 d.C. ) no Egipto antigo, uma das principais funções
sociais das mulheres era a constituição da família, sendo que elas eram muitas vezes
vendidas sem direito de escolha para que formassem casamento. Elas não podiam
participar de debates políticos, não tinham acesso à educação e concentravam os seus
trabalhos no ambiente doméstico.
Além disso, dependiam de suas condições económicas e sociais, era muito comum
serem submetidas a escravidão ( como no caso da maioria das imigrantes ) e/ou a
prostituição.
Já na Europa, na Idade Média ( 476 – 1453 ), as mulheres começaram a exercer outros
papéis dentro da sociedade. Isso acontecia porque as mulheres precisavam da permissão
dos homens, e eram dependentes destes para ter participação na sociedade. Já o período
medieval, a Europa também foi marcada pela grande influência e poder da Igreja
Católica na sociedade, que associava a mulher ao pecado. Sendo que passou a
considerado heresia todas as interpretações diferentes daquilo que a igreja determinava.
Rituais ou atitudes feitas por mulheres que divergiam dos ritos estabelecidos pela Igreja
eram apontados como bruxaria e, como condenação, muitas delas eram queimadas
vivas. Foi apenas muitos anos mais tarde que esses direitos começaram a ganhar corpo e
a serem reivindicados na Idade Contemporânea (1789 – hoje).
Os primeiros elementos que mais tarde iriam guiar o que conhecemos como os
Direitos das mulheres surgem somente após Idade Moderna (1453 – 1789), mais
precisamente após a Revolução Francesa eclodir, em 1789, exigindo por
liberdade, igualdade e fraternidade.
Como um efeito desse contexto, em Londres no ano de 1792, Mary
Wollstonecraft publica a sua obra Reivindicação dos Direitos da Mulher, como
uma resposta à Constituição Francesa elaborada em 1791, que excluía as
mulheres da categoria de cidadãs. O documento denunciava a proibição do
acesso das mulheres a direitos básicos, como educação formal, e criticava a
condição de opressão em que as mulheres viviam na sociedade da época.

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Além de Wollstonecraft, o período também é marcado pelas ideias de sua
contemporânea francesa Olympe de Gouges. Olympe, foi a responsável por
publicar na França a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, em 1791,
como uma contraproposta da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, elaborada após a Revolução Francesa. A sua crítica era a utilização da
palavra “homem” como sinônimo de “humanidade” e exigia que as mulheres e
homens tivessem igualdade de direitos em relação à propriedade privada, aos
cargos públicos, à herança, à educação, entre outros.
À medida que o movimento feminista internacional começou a ganhar força nos
anos 70, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o ano de 1975 como o
Ano Internacional das Mulheres e organizou a primeira Conferência Mundial
sobre as Mulheres, na Cidade do México. Os anos de 1976 a 1985 foram
declarados a Década das Mulheres.
Em 18 de dezembro de 1979, foi promulgada, no âmbito das Nações Unidas,
a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de discriminação contra as
mulheres, frequentemente descrita como uma Carta Internacional dos Direitos
das Mulheres.

2. A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DAS


MULHERES

Os primeiros elementos que mais tarde iriam guiar o que conhecemos como os
direitos das mulheres no Ocidente surgem somente após Idade Moderna (1453 –
1789). Mais precisamente após a Revolução Francesa eclodir, em 1789, exigindo por
liberdade, igualdade e fraternidade.
O evento foi um marco para passarmos a conhecer como Direito Humanos e, como
consequência, diversos questionamentos em relação aos direitos civis e políticos da
humanidade começaram a ser debatidos. Entretanto, a revolução não resultou em
nenhum direito específico para as mulheres.
Como um efeito deste contexto, Londres no ano de 1972, Mary Wollstonecraft publica
a sua obra Reivindicação dos Direitos da Mulheres, como resposta à constituição
Francesa elaborada em 1791, que excluía as mulheres da categoria de cidadãs.
Além disso , o documento denunciava a proibição do acesso das mulheres a direitos
básicos, como educação formal, e criticava a condição de opressão em que as
mulheres viviam na sociedade da época.
Impulsionadas por essas reivindicações, em Nova York cerca de 15 mil mulheres
organizaram uma marcha em 1908 exigindo melhores salários e o direito ao voto, o
que resultou na determinação do Dia Nacional da Mulher nos EUA, no ano seguinte.

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No mesmo sentido, em 1910, na Conferência Internacional das Mulheres Socialistas foi
aprovado o estabelecimento do Dia Internacional da Mulher, a ser celebrado no dia 19
de março.
Entretanto, em 1911, por pressão política das mulheres russas que reivindicaram o Dia
Internacional da Mulher no dia 8 de março na Rússia, bem como em outras regiões
como Áustria, Dinamarca e Alemanha, a data foi alterada e perdura mundialmente até
hoje, sendo reconhecida como um dia de conscientização da luta das mulheres por
direitos.
Mesmo assim, apesar de todos esses movimentos, os direitos das mulheres só ganharam força no
cenário internacional na segunda metade do século XX, após as intensas guerras travadas na Europa.

3. OS DIREITOS DAS MULHERES EM UM PATAMAR GLOBAL


Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) os países europeus estavam
arrasados com as destruições e os danos causados em seus territórios e populações.
Neste sentido a ONU elabora a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948,
reconhecendo o caráter universal dos Direitos Humanos, em que todas as pessoas do
mundo, sem exceção, devem ter direitos fundamentais garantidos para viver uma vida
digna.
Porém, apesar da amplitude dos Direitos Humanos, a comunidade internacional,
principalmente por pressão de movimentos de mulheres no mundo, que possuíam
vozes poderosas como Eleanor Roosevelt, tomou consciência de que era preciso
estabelecer direitos específicos para as mulheres.
Na Declaração Universal, pouco é citado sobre questões envolvendo gênero e na
primeira Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada no México em 1975, foi
discutido que não era possível nem justo tratar um grupo que historicamente foi
oprimido e subjugado da mesma maneira que o grupo que sempre foi dominante e
privilegiado, nesse caso, os homens.
Isto é, a crítica partia da ideia de que os direitos internacionais dos Direitos Humanos
estabelecidos não conseguiam suprir de maneira adequada às necessidades das
mulheres ao redor do mundo, que ainda sofriam com a desigualdade de gênero e
discriminações.

3.1. O 1° TRATADO INTERNACIONAL DOS DIREITOS DAS


MULHERES
A consequência da discussão foi a promulgação da convenção sobre a Eliminação de
todas as formas de discriminação contra a mulher (CEDAW), em 1979, pela ONU. A
Convenção é um marco na história dos direitos das mulheres. Ela foi o
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primeiro Tratado Internacional responsável por determinar que os Estados membros
da ONU devem tomar ações na promoção da igualdade de e gênero e no combate às
violações dos direitos das mulheres, com o objetivo de eliminar a discriminação e
práticas que estejam baseadas na ideia da inferioridade de gênero ao redor do
mundo.
Assim, nasce o mais importante instrumento internacional para a proteção dos
Direitos Humanos das mulheres, evidenciando a necessidade de extinguir toda e
qualquer discriminação contra a mulher. Em seu artigo 1º o documento expressa que:
“discriminação contra a mulher significará toda a distinção, exclusão ou restrição
baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o
reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado
civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e
liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em
qualquer outro campo”.

4. DIREITOS FUNDAMENTAIS DA MULHER EM TODAS AS


SOCIEDADES

 Direito à vida.
 Direito à liberdade e à segurança pessoal.
 Direito à igualdade e a estar livre de todas as formas de discriminação.
 Direito à liberdade de pensamento.
 Direito à informação e à Educação.
 Direito à felicidade.
 Direito à saúde e à proteção.
 Direito a constituir relacionamento conjugal e a planear a sua família.
 Direito a decidir ter ou não filhos e quando tê-los.
 Direito aos benefícios do progresso científico.
 Direito à liberdade de reunião e participação política.
 Direito a não ser submetida a torturas e maus-tratos.

Segundo Paul Johnson, “a raça humana tem estado a funcionar com metade da sua energia
criativa", pelo que em bem anos o desperdício ou a não utilização do talento feminino será
considerado como um erro sério e incompreensível.

4.1 ANGOLA E O DIREITO DAS MULHERES


A Constituição da República de Angola no seu artigo 23 (Princípio da igualdade) consagra que
todos são iguais perante a Constituição e a lei e que ninguém pode ser prejudicado,
privilegiado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão do seu sexo, e
dentre outras formas de discriminação. Reforçando assim os esforços do governo angolano na
implementação da igualdade de direitos entre homens e mulheres tanto na sociedade como
no seio familiar ( art. 3 do código da família).

Como muitos outros países africanos, Angola ratificou os principais instrumentos


internacionais sobre os direitos das mulheres e a igualdade de género e está comprometida

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com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável Nº 5 das Nações Unidas, Angola obteve
ganhos significativos na representação de mulheres em cargos de liderança política.

Atualmente, Angola tem uma mulher na presidência da Assembleia Nacional, na pessoa da


antiga jornalista Carolina Cerqueira, enquanto a bióloga Esperança da Costa, ocupa o cargo de
vice-Presidente da República. Cerca de quatro em cada 10 assentos na Assembleia Nacional
(38,1%) são ocupados por mulheres, e nove dos 23 departamentos ministeriais do governo do
Presidente João Lourenço são chefiados por mulheres, a maior proporção de sempre
(Governo, 2024).

No entanto, o Índice Global de Diferenças de Género do Fórum Económico Mundial (2022)


classifica Angola em 125º lugar entre 146 países em paridade de género, refletindo os muitos
desafios restantes no caminho para a igualdade de direitos para as mulheres. Entre eles está a
violência de género: Uma em cada quatro mulheres angolanas relatou em 2018 ter sofrido
violência física e/ou sexual nas mãos de um atual ou ex-parceiro romântico durante o ano
anterior (ONU Mulheres, 2024).

O assédio sexual é uma das principais barreiras à participação efetiva das mulheres no
mercado de trabalho, de acordo com uma conselheira da ONU Mulheres (Africa News, 2021).
Quase um terço (30,3%) das mulheres de 20 a 24 anos eram casadas ou viviam em união antes
de completarem 18 anos (ONU Mulheres, 2023) Este dispatch relata um módulo especial de
pesquisa incluído no inquérito da 9ª Ronda do Afrobarometer (2021/2023) para explorar as
experiências e percepções dos Africanos sobre a igualdade de género no controlo sobre a
posse de bens, empréstimos bancários, posse de terra e liderança política.

Para os resultados sobre a violência baseada no género, veja Kitombe & Pacatolo, 2023, em
Angola, a maioria expressa apoio ao direito das mulheres à igualdade na contratação, na posse
da terra e na liderança política, mas uma parte significativa também considera provável que
uma mulher sofra críticas ou assédio se concorrer a um cargo eletivo. No geral, menos de
metade dos Angolanos aprova o desempenho do governo na promoção da igualdade de
direitos e oportunidades para as mulheres.

Na sociedade, as diferenças entre os dois sexos são demasiado profundas. As mulheres são
como sensíveis, emotivas, carinhosas, preocupadas com a prática, intuitivas , doces, meigas,
sedutoras, espertas, fracas, tentadoras dos homens, fadas do lar, vaidosas, perspicazes,
coscuvilheiras, fatais, sentimentais, belas, feias, velhas, perversas e frustradas. Já os homens
destinam-se pela natureza cerebral, dureza, resistência, agressividade, violência, coragem,
força, liderança, amizade, competição mas também são passíveis e tentados ao pecado pelas
mulheres, calmos e criativos.

O peso dos poderes entre homens e mulheres é ainda demasiado agravado e, neste sentido, a
Declaração Universal dos Direitos Humanos trabalha com o intuito de igualar as
oportunidades. A mulher devia participar ativamente na sociedade; todavia, em algumas zonas
do mundo, a ausência ou diminuta participação do sexo feminino é frequente, o que levará a
um modelo incômodo para homens e mulheres, pois revela persistência de modelos sociais
antiquado.

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CONCLUSÃO
A inclusão das mulheres na sociedade, com maior participação política e tendo um papel
socioeconômico de maior relevância, foi possível graças a um conjunto de fatores, entre eles
normas e valores adotados por muitos países, que passaram a incluir em suas legislações
diversos direitos fundamentais até então negados às mulheres. As reivindicações por
igualdade tiveram frutos e podemos considerar que em grande parte das sociedades
democráticas ocidentais, pelo menos em teoria, as mulheres contemporâneas usufruem de
liberdade e autonomia.

Contudo, é preciso ressaltar que apenas a elaboração e a alteração de leis, sejam elas
internacionais ou nacionais, não são capazes de transformar a realidade vivida pelas mulheres.
Os direitos adquiridos são somente um instrumento jurídico, que para terem efeitos reais
precisam ser acompanhados de comportamentos e práticas sociais que favoreçam a sua
aplicação.

Assim, políticas públicas que buscam estabelecer a igualdade de oportunidades e tratamento


entre homens e mulheres devem ser reforçadas e exigidas. Por fim, é necessário que
tenhamos consciência de que os direitos das mulheres e a sua implementação são
indispensáveis para a construção de uma sociedade mais democrática, em que as necessidades
particulares das mulheres sejam reconhecidas e respeitadas.

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BIBLIOGRAFIA
https://www.politize.com.br/historia-dos-direitos-das mulheres/
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Direitos_das_mulheres
https://www.infopedia.pt/artigos/$historia-dos-direitos-da-mulheres
https://news.un.org/pt/story/2019/03/1666271
https://www.undp.org/pt/angola/publications/os-direitos-da-mulher-
compromissos-de-angola-nivel-internacional-e-nacional
Constituição da República de Angola (2010).
Formação de Atitudes Integradoras (livro) 10ª/11ª Classe.

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