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Apontamentos - II - IV - Procedimento Administrativo
Apontamentos - II - IV - Procedimento Administrativo
1. Noção
A ação da Administração Pública constitui um resultado. Esta conceção pressupõe que toda a
ação administrativa seja precedida de um conjunto de atos, lógica e sequencialmente
ordenados segundo uma tramitação, em ordem à produção de um determinado resultado –
designadamente, um regulamento administrativo, um ato administrativo ou um contrato
administrativo –, dando corpo ao procedimento administrativo
O Procedimento Administrativo pode ser definido como o caminho ou a via através do qual a
Administração Pública pode obter uma decisão. É, por isso, através deste procedimento que
a Administração é capaz da formação e da expressão de uma vontade.
A atividade administrativa não se esgota na tomada de decisões, visto que antes e depois de
cada decisão há sempre um conjunto de passos a tomar, sejam eles atos preparatórios a
praticar, estudos a efetuar, averiguações a fazer, exames e vistos a realizar, informações e
pareceres a recolher, etc.
A atividade da Administração Pública é, em larga medida, uma atividade processual, isto é,
sobre cada assunto, começa num determinado ponto e depois caminha por fases, desenrola-
se de acordo com um certo modelo, avança pela prática de atos que se encadeiam uns nos
outros e, pela observância de certos trâmites, de certas formalidades e de certos prazos que
se sucedem numa determinada sequência. Chama-se a esta sequência o procedimento
administrativo.
O procedimento administrativo é, assim, a sequência juridicamente ordenada de atos e
formalidades tendentes à preparação e exteriorização da prática de um ato da Administração
ou à sua execução
5. Procedimento decisório
I. Fase inicial
Esta é a fase que dá início ao procedimento. Este início pode ser desencadeado pela
Administração, através de um ato interno, ou por um particular interessado, através de
requerimento, como estabelece o artigo 17º LPA.
Se for a Administração a iniciar o procedimento, deverá comunicá-lo às pessoas cujos direitos
ou interesses legalmente protegidos possam ser lesados pelos atos a praticar no decurso do
procedimento e que possam ser identificadas desde logo (os interessados) (16º LPA).
Se for o particular a tomar iniciativa, deverá fazê-lo através da apresentação de um
requerimento escrito, do qual constem as menções indicadas no artigo 31º/1 LPA. Ver
também artigo 13º.
Esta fase destina-se a averiguar os fatos que se interessem à decisão final e, nomeadamente,
a recolher as provas que se mostrarem necessárias.
É uma fase largamente dominada pelo princípio inquisitório.
Cabe ao diretor da instrução averiguar todos os factos cujo conhecimento seja adequado e
necessário à tomada de uma decisão legal e justa dentro do prazo razoável, podendo recorrer
a todos os meios de prova admitidos em direito. Pode, também, determinar aos interessados
a prestação de informações, a apresentação de documentos ou coisas, e a colaboração
noutros meios de prova. De resto, sem prejuízo de averiguação oficiosa dos factos relevantes
por parte da Administração, cabe aos interessados provar os factos que tenham alegado.
Durante a fase de instrução pode ser ouvido o particular cujo requerimento tenha dado
origem ao procedimento ou contra quem este tenha sido instaurado
A audiência dos interessados é uma das mais importantes faces de dois princípios gerais: o
princípio da colaboração da Administração com os particulares e o princípio da participação.
A audiência prévia consiste no direito de os interessados participarem na formação de
decisões que lhes digam respeito.
Inclui a notificação dos interessados antes de ser tomada a decisão final sobre o sentido
provável desta, de modo que estes possam pronunciar-se sobre todas as questões com
interesse para a decisão.
O dever de notificar está previsto no artigo 25º e, por princípio, deve ser observado. No
entanto, existem casos em que essa notificação é dispensada, nos termos do artigo 26º,
quando sejam atos praticados oralmente na presença dos interessados ou quando o
interessado, através de qualquer intervenção no procedimento, revele perfeito
conhecimento do conteúdo desses atos. O artigo 27º estabelece o que deve conter a
notificação, o artigo 28º prevê que a mesma deve ser feita no prazo de 10 dias e o artigo 29º
estabelece que as notificações devem ser feitas pessoalmente, por ofício ou por telefone.
A falta de audiência prévia dos interessados, nos casos em que seja obrigatória, constitui uma
ilegalidade e traduz-se num vício de forma, por preterição de uma formalidade essencial: será
anulável, nos termos do artigo 52º.
V. Fase da decisão
O procedimento termina com a decisão, assim como estabelece o artigo 34º. O procedimento
pode terminar pela prática de um ato administrativo, a emissão de um regulamento
administrativo ou a celebração de um contrato administrativo.
A LPA apresenta um prazo geral para a prática de qualquer ato administrativo pela
Administração de 15 dias, nos termos do artigo 30º/1. Assim, os procedimentos de iniciativa
particular ou oficiosa devem ser decididos dentro deste prazo geral de 15 dias.
Nesta fase são praticados certos atos e formalidades posteriores à decisão final do
procedimento: registos, arquivamento de documentos, publicação.
Obrigatoriedade de decisão