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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA DE

MOCAMBIQUE
LINCENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA

ARSON SUPADA

CHAIDA TANGUNE

CHAQUIRA MATSINHE

CRISTINA MURRONA

DORCA GUENTE

EGIDIO CHONGUE

MATERIALIDADE EM AUDITORIA

MAPUTO
2023
ARSON SUPADA
CHAIDA TANGUNE
CHAQUIRA MATSINHE
CRISTINA MURRONA
DORCA GUENTE
EGIDIO CHONGUE

MATERIALIDADE EM AUDITORIA

Trabalho a ser apresentado no Instituto


Superior deContabilidade e Auditoria
deMoçambique (ISCAM), em
cumprimentodos requisitos parciais da
cadeira de Auditoria Externa II.

Docente: Mestre Hélder Nhassengo.

MAPUTO
2023

ÍNDICE
1 Introdução.....................................................................................................................................1
1.1. Problemática..............................................................................................................................2
1.3. Objectivos..................................................................................................................................3
1.3.1. Objectivos geral.....................................................................................................................3
1.3.2. Objectivos específicos:...........................................................................................................3
2. Revisão da literatura......................................................................................................................5
2.1. Materialidade em Auditoria.......................................................................................................5
2.2. Tipos de materialidade..............................................................................................................5
2.3. Determinação da Materialidade................................................................................................6
2.4. Julgamento profissional.............................................................................................................6
2.5. Materialidade para execução da auditoria................................................................................7
2.6. Conceito de Risco em Auditoria.................................................................................................8
2.7. Relação entre a Materialidade e o Risco....................................................................................8
2.8. Procedimentos de Avaliação de Risco em Relação à Materialidade..........................................9
2.9. Resposta do Auditor aos Riscos Avaliados à Luz da Materialidade..........................................10
2.10. Conceito de Distorção..........................................................................................................12
2.10.1. Distorções típicas.................................................................................................................12
2.10.2. Limite para Acumulação de Distorções................................................................................13
2.11. Perspectivas da materialidade.............................................................................................13
2.12. Caso de Estudo....................................................................................................................15
3. Metodologia................................................................................................................................16
4. Conclusão....................................................................................................................................17
5. ReferênciasBibliográficas.............................................................................................................18

Lista de abreviaturas
DRA – Diretriz de Revisão / Auditoria

IAS – International Accounting Standard

IAASB – International Auditing and Assurance Standards Board

IFAC – International Federation of Accountants

ISA – International Standard on Auditing

RA – Risco de Auditoria

RC – Risco de Controlo

RD – Risco de Deteção

RDM – Risco de Distorção Material

RI – Risco Inerente

Resumo
A Materialidade é um dos conceitos básicos e principais de auditoria. O conceito de
materialidade reconhece que algumas matérias, individualmente ou em conjunto, são
relativamente importantes para a verdadeira e justa apresentação da informação financeira de
acordo com as práticas contabilísticas aceites.

Não existe nenhum conjunto de regras específicas que possa ser aplicado consistentemente
para determinar a materialidade em todas as circunstâncias.

A materialidade é um termo relativo: o que pode ser considerado material em dada


circunstância, pode não ser relevante numa outra situação.

A avaliação do que é material é uma questão de “opinião profissional” e experiência auditor.


E como qualquer outra opinião esta também pode estar certa ou errada, a existência do risco
de erro é inevitável, daí se verificar um relação imediata entre a materialidade e o risco de
auditoria.
1

1 Introdução

No que diz respeito à informação financeira, as demonstrações financeiras devem evidenciar


todos os elementos que sejam relevantes e que possam afetar as avaliações ou decisões dos
stakeholders. Por conseguinte, torna-se necessário avaliar a qualidade desta informação.

A Materialidade é a importância de uma omissão ou distorção na informação financeira que


possa afectar a decisão tomada com base na informação disponibilizada.

Apesar da mesma não ser uma qualidade da informação financeira, determina, no entanto, o
ponto a partir do qual a mesma se torna útil. No entanto, uma vez que não existem regras
específicas relativamente à determinação da materialidade e que esta depende do juízo
profissional do auditor, existe a possibilidade deste emitir uma opinião inadequada em
relação à informação. Essa possibilidade é habitualmente denominada de risco de auditoria, e
como iremos ver mais para a frente existe uma relação entre a Materialidade e o Risco de
auditoria, mas para já começamos pela Materialidade.

O trabalho de pesquisa está dividido em cinco partes, onde primeiramente serão apresentados
os elementos introdutórios, seguido pela revisão da literatura, a metodologia, a conclusão e
por fim as referências bibliográficas.
2

1.1. Problemática

Segundo Marconi e Lakatos(2003), “O problema é uma dificuldade, teórica ou prática, no


conhecimento de alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma
solução”.

Gil (2008) define o problema como a resposta a pesquisa, assim como uma delimitação
espacial e temporal.

Assim a problemática deste trabalho é levantada por meio da seguinte questão: Como
determinar a materialidade no planeamento e execução de uma Auditoria?

1.2. Hipótese
3

1.3. Objectivos

1.3.1. Objectivos geral

Para atender a problemática, teve-se como base o seguinte objectivo geral: Conhecer o
conceito da materialidade no planeamento e execução de uma auditoria.

1.3.2. Objectivos específicos:

 Definir materialidade em auditoria;


 Classificar os tipos de materialidade;
 Conceituar o risco em auditoria;
 Relacionar a Materialidade e o Risco;
 Classificar os procedimentos de avalição do risco;
 Conceituar a distorção;
 Descrever perspectivas da materialidade.
4

1.4. Justificativa

“Justificativa trata-se de uma apresentação inicial do projecto, que pode incluir: factores que
determinam a escolha do tema, argumentos relativos a importância da pesquisa e a referencia
a sua possível contribuição para o conhecimento de uma questão teórica ou pratica”, (GIL,
2008).

A justificativa e a apresentação geral do projecto e sempre responde a pergunta porquê? Esta


secção e de suma importância para aceitação do projecto pelas pessoas ou entidades que
poderão patrocina-lo pois destaca a relevância da pesquisa do ponto de vista teórico,
metodológico, ou empírico ou ainda acrescentara uma contribuição para algo ainda não
elucidado, (LAKATOS, 2003; GIL, 2002).

As normas de auditoria estabelecem que ao conduzir a auditoria de demonstrações


financeiras, os objetivos gerais do auditor são obter segurança razoável de que as
demonstrações financeiras como um todo estão livres de distorções relevantes, devido a
fraude ou erro, possibilitando dessa maneira o auditor expressar uma opinião sobre se tais
demonstrações foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura
de relatório financeiro aplicável, assim como reportar os assuntos identificados (ISSAI 1200;
ISA/NBC TA 200, 11).

A materialidade em auditoria é relacionada à expressão todos os aspectos relevantes a que se


referem as normas de auditoria acima mencionadas. Expressa a relevância ou importância
relativa de um assunto de auditoria. Em auditoria financeira, refere-se à relevância das
distorções que podem estar presentes na apresentação, na divulgação ou nas afirmações que
constam das demonstrações financeiras.

A materialidade e o seu relacionamento com o risco devem ser tomados em consideração


pelo auditor na fase de planeamento, na fase de execução da auditoria, na etapa de avaliação
do efeito de distorções identificadas na auditoria e de distorções não corrigidas, de forma a
minimizar o risco, que caberá ao auditor efectuar um planeamento de auditoria, em busca de
evidencias suficientes que sustentam e suportam a sua avaliação.
5

2. Revisão da literatura

2.1. Materialidade em Auditoria

Segundo a DRA- “Materialidade de Revisão/Auditoria", a Materialidade é definida como o


significado e a importância relativos de um assunto (quer considerado individualmente, quer
de forma agregada) no contexto das demonstrações financeiras como um todo.

Para o Financial Accounting Standards Board (FASB) na Statement of Financial Accounting


Concepts (SFAC), a Materialidade refere-se “à magnitude de uma omissão ou relato errado
da informação financeira que, à luz das circunstâncias envolventes tome provável que o
julgamento de uma pessoa razoável e confiante nessa informação possa ter alterado ou
influenciado pela omissão ou erros.”

“A materialidade é o tamanho do erro ou omissão nas demonstrações financeiras ou nas


divulgações relacionadas que o auditor acredita tornar provável que o julgamento de um dos
usuários das demonstrações financeiras possa ser influenciadas na tomada de decisão.” -
Pereira, 2021.

Entende-se então, por Materialidade, a importância de uma omissão ou distorção na


informação financeira que possa afectar a decisão tomada com base na informação
disponibilizada. A Materialidade está ligada directamente com a relevância, pois pressupõe
que exista Materialidade quando há relevância nos factos, e Imaterialidade quando os factos
são irrelevantes.

2.2. Tipos de materialidade

 Materialidade Global

A materialidade para as demonstrações financeiras como um todo (materialidade global) é


baseada no julgamento profissional do auditor sobre o valor (ou conjunto de valores) mais
alto de distorções que poderia estar incluído nas demonstrações financeiras sem afectar as
decisões econômicas dos usuários das demonstrações financeiras. Se o valor de distorções
6

não corrigidas, individualmente ou em conjunto, é maior que a materialidade global


estabelecida para o trabalho, isso significa que as demonstrações financeiras apresentam
distorções relevantes.

Cálculo: Aplica-se uma percentagem sobre o referencial como ponto de partida para
determinar-se o limite numérico da materialidade. A natureza do referencial e a percentagem
a ser aplicada baseiam-se em julgamento profissional.
 Materialidade Específica
Consiste na definição de um nível ou níveis de materialidade para classes específicas de
transacções, saldos contabilísticas ou divulgações, nos casos em que pode haver a
necessidade de identificar distorções de valores inferiores ao da materialidade global que
afectariam as decisões económicas de usuários de demonstrações financeiras.

Cálculo: Estabelece-se um valor de materialidade específico mais baixo (com base em


julgamento profissional) para a auditoria de áreas específicas ou sensíveis das demonstrações
financeiras.

2.3. Determinação da Materialidade

A determinação da materialidade é um tema da estratégia global de auditoria, e tem por base


o julgamento profissional do auditor. É responsabilidade do auditor estabelecer o referencial
de materialidade para a identificação dos riscos de distorção relevante e para reduzir a um
nível aceitavelmente baixo o risco de que as distorções não corrigidas e não detectadas, em
conjunto, excedam a materialidade definida para as demonstrações financeiras como um todo
(ISSAI 1320; ISA/NBC TA 320). Assim, o auditor deve estabelecer a magnitude das
distorções que serão consideradas relevantes, obtendo um referencial para:

 determinar da natureza, época e extensão dos procedimentos de avaliação de risco;

 identificar e avaliar os riscos de distorção relevante; e

 determinar a natureza, época e extensão dos procedimentos adicionais de auditoria.

(ISSAI 1320; ISA/NBC TA 320).


7

2.4. Julgamento profissional

A determinação de materialidade é uma questão de julgamento profissional e é afetada pela


percepção que o auditor tem sobre as necessidades de informações dos usuários das
demonstrações financeiras. Portanto, é necessário identificar os usuários das informações no
contexto das demonstrações financeiras auditadas, assumindo que eles:

 Possuem conhecimento razoável de negócios, actividades económicas, contabilidade e


a disposição de estudar as informações das demonstrações financeiras com razoável
diligência;
 Entendem que as demonstrações financeiras são elaboradas, apresentadas e auditadas
considerando níveis de materialidade;
 Reconhecem as incertezas inerentes à mensuração de valores baseados no uso de
estimativas, julgamento e a consideração sobre eventos futuros; e
 Tomam decisões económicas razoáveis com base nas informações das demonstrações
financeiras (ISSAI 1320; ISA/NBC TA 320).

2.5. Materialidade para execução da auditoria

Planear a auditoria somente para detectar distorção individualmente relevante negligencia o


facto de que as distorções individualmente irrelevantes em conjunto podem levar à distorção
relevante das demonstrações financeiras e não deixa margem para possíveis distorções não
detectadas. A materialidade para execução da auditoria (que, conforme definição é um ou
mais valores) é fixada para reduzir a um nível adequadamente baixo a probabilidade de que
as distorções não corrigidas e não detectadas em conjunto nas demonstrações financeiras
excedam a materialidade para as demonstrações financeiras como um todo. A materialidade
para execução da auditoria é a distorção tolerável (erro tolerável) do trabalho de auditoria.
Será com base nesse valor que o auditor determinará a extensão dos procedimentos. Isso
significa que quanto maior o risco, menor será o percentual estabelecido para a materialidade
para execução de auditoria e, portanto, maior será a quantidade de evidência necessária de
auditoria, implicando maior extensão de testes (tamanho da amostra). Isso significa que
materialidade para execução menor resulta na execução de mais trabalho de auditoria, pois
distorções menores podem ser identificadas, e na redução do risco de auditoria para um nível
apropriadamente mais baixo. Por outro lado quanto maior for esse percentual, maior será a
distorção tolerável e menor será o volume de testes.
8

Cálculo: As normas de auditoria não fornecem orientações específicas. As percentagens


podem variar entre 50% e 75% da materialidade global ou específica, dependendo do
resultado da avaliação dos riscos da entidade. Quanto maior o risco mais próximo de 50%,
quanto menor o risco mais próximo de 75%, ou seja, quanto maior o risco, menor o
percentual.

2.6. Conceito de Risco em Auditoria

O Risco de Auditoria é, de acordo com a ISA320, o risco de o auditor expressar uma opinião
de auditoria inapropriada, quando as Demonstrações Financeiras estão materialmente
distorcidas.
O risco de auditoria é a função de:

 Risco de distorção material risco de que as Demonstrações Financeiras estejam


materialmente distorcidas antes da auditoria.
 Risco de detecção risco de que o auditor não detecte tal distorção através da
realização dos seus testes e procedimentos.
O risco de distorção material compreende, de acordo com a ISA 200, o risco inerente e o
risco de controlo.

 Risco Inerente susceptibilidade de que uma asserção possa estar materialmente


distorcida, individualmente ou quando agregada com outras distorções, antes de se tomar em
consideração quaisquer controlos.
 Risco de Controlo é o risco de que uma distorção, que possa ocorrer numa asserção e
que possa ser material, individualmente ou quando agregada com outras distorções, não seja
evitada ou detectada e corrigida tempestivamente pelo controlo interno da entidade.

Fórmula
RA=RD*RI*RC

2.7. Relação entre a Materialidade e o Risco

Segundo Almeida (2017), os conceitos de materialidade e risco estão relacionados e são


indissociáveis, o risco está relacionado com a medida de credibilidade e a materialidade está
9

relacionada com distorções relevantes sobre as Demonstrações financeiras. A materialidade e


o risco são considerados ao longo da auditoria.

A materialidade deve ser tida em consideração pelo auditor não só quando determina a
natureza, tempestividade e extensão dos procedimentos de auditoria mas também quando
avalia o efeito das distorções.

Existe uma relação inversa entre a materialidade e o nível de risco de auditoria, pelo que
quanto maior for o nível de materialidade menor será o risco de auditoria, e vice-versa. Isso
permite que o auditor determine a natureza, época e extensão dos procedimentos de auditoria.

Por exemplo, quando em um planeamento para um procedimento de auditoria especifico o


auditor determina que a materialidade é menor, aumentando assim o risco de auditoria. Desta
forma, o auditor quer compensar ou pela extensão do teste de controlo reduzindo a avaliação
de risco de controlo, ou pela extensão dos procedimentos de testes substantivos reduzindo a
avaliação do risco de detenção.

2.8. Procedimentos de Avaliação de Risco em Relação à Materialidade

A avaliação do risco em relação à materialidade desempenha um papel essencial no processo


de auditoria financeira. A materialidade refere-se à importância relativa de um elemento nas
demonstrações financeiras, isto é, se a omissão ou distorção desse elemento pode influenciar
as decisões dos utilizadores das demonstrações financeiras. O auditor deve levar em conta a
materialidade no planeamento e execução da auditoria. Abaixo, descrevem-se os
procedimentos de avaliação de risco em relação à materialidade:

 Estabelecimento da Materialidade

Determinar a materialidade absoluta é o primeiro passo. Isto envolve a definição de um limite


monetário que seja significativo para a empresa e os seus utilizadores das demonstrações
financeiras. Geralmente, este valor é expresso como uma percentagem do lucro líquido ou
dos ativos totais da empresa.

 Avaliação do Risco de Auditoria

Deve-se considerar os riscos inerentes e de controlo. Identificar os riscos inerentes associados


às transacções e saldos da empresa, bem como a eficácia dos controlos internos é crucial.
Além disso, é importante avaliar o risco de fraude e como este pode afectar a materialidade
das demonstrações financeiras.
10

 Definição de Níveis de Materialidade

Após estabelecer a materialidade absoluta, é fundamental determinar a materialidade para a


empresa no seu todo e, posteriormente, definir níveis de materialidade para componentes
individuais, como segmentos de negócios, unidades operacionais ou áreas geográficas.

 Planeamento dos Procedimentos de Auditoria

O planeamento dos procedimentos de auditoria deve ser minucioso. Deve-se planear


procedimentos de auditoria que sejam adequados para detectar erros ou fraudes que possam
afectar a materialidade das demonstrações financeiras. Recomenda-se concentrar os recursos
de auditoria nas áreas que apresentam maior risco de materialidade.

 Execução de Procedimentos de Auditoria

Realizar procedimentos de auditoria é a etapa seguinte. Estes procedimentos incluem revisões


analíticas, testes de substantivação e procedimentos de verificação de controlo, conforme o
planeamento estabelecido.

 Cumprimento da Materialidade

Após a execução dos procedimentos de auditoria, é essencial avaliar se os erros ou distorções


encontrados estão abaixo dos níveis de materialidade estabelecidos para os componentes
individuais e para a empresa no seu todo.

 Relatório

O auditor deve reportar as conclusões aos responsáveis pela gestão e aos accionistas ou partes
interessadas, destacando quaisquer erros ou distorções que possam afectar a materialidade das
demonstrações financeiras.

2.9. Resposta do Auditor aos Riscos Avaliados à Luz da Materialidade

Após a avaliação dos riscos, o auditor deve desenvolver respostas adequadas considerando a
materialidade dos elementos identificados. Estas respostas visam assegurar que a auditoria
seja eficaz e que sejam obtidas evidências suficientes e apropriadas, tendo em conta a
importância relativa de cada elemento para as demonstrações financeiras.
11

A resposta do auditor aos riscos avaliados, ao nível da materialidade, é um processo crítico


que visa garantir que a auditoria seja conduzida de forma eficaz e eficiente, priorizando os
elementos mais relevantes para as demonstrações financeiras. Cada etapa deve ser
cuidadosamente planeada e executada, tendo em conta a importância relativa de cada
elemento para as demonstrações financeiras.

Abaixo, descrevem-se os procedimentos relativos à resposta do auditor aos riscos avaliados


ao nível da materialidade:

 Estratégia Geral da Auditoria

O auditor deve desenvolver uma estratégia geral de auditoria que leve em consideração a
materialidade dos elementos. Esta estratégia deve incluir uma compreensão dos processos de
negócios da empresa, a natureza, o momento e a extensão dos procedimentos de auditoria,
tendo em conta a relevância dos elementos.

 Planeamento de Auditoria Detalhado

Com base na estratégia geral, o auditor deve elaborar um plano de auditoria detalhado que
considere a materialidade dos elementos. Isto pode incluir a identificação de áreas de maior
risco que requerem uma atenção especial devido à sua relevância para as demonstrações
financeiras.

 Procedimentos Substantivos

Os procedimentos de auditoria substantivos são concebidos para obter evidências de auditoria


suficientes e apropriadas sobre os saldos e as transacções relevantes, tendo em conta a
materialidade. Estes procedimentos podem incluir revisões analíticas detalhadas, testes de
pormenor, confirmações de terceiros e inspecções físicas, focados nos elementos mais
relevantes.

 Testes de Controlo

Quando apropriado, o auditor pode realizar testes de controlo para avaliar a eficácia dos
controlos internos da empresa em relação aos riscos identificados, tendo em conta a
materialidade desses controlos.

 Ampliação de Procedimentos de Auditoria


12

Nos casos em que os riscos são particularmente significativos devido à sua relevância
material, o auditor pode optar por ampliar os procedimentos de auditoria para obter
evidências adicionais ou realizar procedimentos adicionais para mitigar os riscos que podem
afetar a materialidade das demonstrações financeiras.

 Comunicação com a Gestão

O auditor deve manter uma comunicação adequada com a gestão da empresa, informando-a
sobre quaisquer questões significativas identificadas durante a auditoria que possam afetar a
materialidade das demonstrações financeiras e discutindo eventuais ajustes contabilísticos ou
correcções.

 Documentação

É fundamental que todos os procedimentos de auditoria sejam adequadamente documentados,


especialmente os relacionados com elementos de maior relevância material. Esta
documentação serve como um registo das acções realizadas e das conclusões alcançadas
durante a auditoria.

 Revisão da Evidência de Auditoria

Após a realização dos procedimentos de auditoria, o auditor deve rever a evidência obtida
para assegurar que é suficiente e apropriada para fundamentar a sua opinião sobre as
demonstrações financeiras, tendo em consideração a materialidade dos elementos.

A resposta do auditor aos riscos avaliados, ao nível da materialidade, é um processo crítico


que visa garantir que a auditoria seja conduzida de forma eficaz e eficiente, priorizando os
elementos mais relevantes para as demonstrações financeiras. Cada etapa deve ser
cuidadosamente planeada e executada, tendo em conta a importância relativa de cada
elemento para as demonstrações financeiras.
13

2.10. Conceito de Distorção

Uma distorção consiste na diferença entre o valor, a classificação, a apresentação ou a


divulgação de um item nas demonstrações financeiras e o valor, a classificação, a
apresentação ou a divulgação que seria requerido para que esse item estivesse em
conformidade com a estrutura de relatório financeiro aplicável. Distorções podem decorrer de
erro ou fraude (ISSAI 1450; ISA/NBC TA 450).

2.10.1. Distorções típicas

Considerar que distorções típicas envolvem:

1. erros e fraudes identificados na elaboração das demonstrações financeiras;

2. Falta de cumprimento da estrutura de relatório financeiro aplicável;

3. Fraudes perpetradas pelos empregados ou pela administração;

4. Erros da administração;

5. Elaboração de estimativas imprecisas ou inadequadas;

6. Descrições inadequadas ou incompletas das políticas contabilísticas ou das divulgações


das notas. (IFAC, 2010).

2.10.2. Limite para Acumulação de Distorções

Além da magnitude de uma distorção, o auditor considera a natureza de possíveis distorções e


as circunstâncias específicas de sua ocorrência ao avaliar seu efeito nas demonstrações
financeiras. As circunstâncias relacionadas com algumas distorções podem levar o auditor a
avaliá-las como relevantes mesmo que estejam abaixo do limite de materialidade (IFAC,
2010). O auditor deve acumular distorções identificadas durante a auditoria que não sejam
claramente triviais. Deve-se definir um valor abaixo do qual as distorções seriam
consideradas claramente triviais e não precisariam ser acumuladas porque o auditor espera
que a acumulação desses valores não teria obviamente efeito relevante sobre as
demonstrações financeiras. “Claramente triviais” não é outra expressão para “não relevantes”.
Assuntos que são claramente triviais são de magnitude totalmente diferente (menor) que a
materialidade determinada, e são assuntos claramente sem consequências. Quando há alguma
incerteza sobre se um ou mais itens são claramente triviais, o assunto é considerado como não
sendo claramente trivial (NBC TA 450). Significa dizer que o auditor pode estabelecer um
14

valor abaixo do qual as distorções não serão acumuladas, de modo que, individualmente ou
em conjunto com todas as outras distorções, não sejam relevantes para as demonstrações
financeiras (GAO).

Cálculo: pode variar entre 3% e 5% da materialidade global, a depender da avaliação de


riscos.

2.11. Perspectivas da materialidade

As distorções não se restringem a aspectos monetários, ou seja, envolvem tanto a perspectiva


quantitativa quanto a qualitativa. Distorções podem envolver o valor monetário
(materialidade quantitativa), a natureza do item (materialidade qualitativa) e as circunstâncias
da ocorrência. Isso implica que o auditor, ao exercer julgamento profissional sobre a
relevância das distorções em uma auditoria, deve levar em consideração não apenas o valor
monetário, mas também a natureza do item (características inerentes) e o contexto em que
ocorreu a transacção que gerou a informação.

 Perspectiva quantitativa

É determinada pela definição de um valor numérico e serve como um determinante tanto no


cálculo das dimensões das amostras para os testes de detalhes como na conclusão sobre os
impactos das distorções nas demonstrações financeiras (resultados da auditoria). O valor
numérico é calculado, utilizando-se uma percentagem sobre um referencial escolhido como
ponto de partida, que reflecte, no julgamento do auditor, as medidas mais sensíveis para
influenciar a tomada de decisão dos usuários da informação (TCE, 2012).

A escolha do referencial quantitativo a ser usado no cálculo da materialidade envolve


exercício de julgamento profissional e se fundamenta no conhecimento adquirido sobre a
entidade, levando ainda em consideração:

1. os elementos das demonstrações financeiras (activo, passivo, património líquido,


receita, despesa);
2. se há itens que tendem a atrair a atenção dos usuários das demonstrações financeiras
da entidade específica (por exemplo, com o objectivo de avaliar o desempenho das
operações, os usuários tendem a focar sua atenção em resultado, receita ou património
líquido);
15

3. a natureza da entidade, a fase do seu ciclo de vida, o seu sector e o ambiente


económico em que actua;
4. a natureza jurídica da entidade e como ela é financiada (por exemplo, se a entidade é
financiada somente por dívida em vez de capital próprio, os usuários dão mais
importância a informações sobre os activos, e processos que os envolvam, do que nos
resultados da entidade); e
5. a volatilidade relativa do referencial. (ISSAI 1320).

 Perspectiva qualitativa

A perspectiva qualitativa, que também deve ser considerada pelos auditores na determinação
da materialidade, decorre do facto de que apesar de quantitativamente imaterial, certos tipos
de distorções podem ter um impacto relevante sobre os relatórios financeiros e influenciar as
decisões económicas dos usuários das informações. A avaliação do que é relevante é sempre
uma questão de julgamento profissional (IFAC, 2010). Assim, convém dividir a avaliação de
relevância das distorções em dois tipos:

1. Irrelevante por natureza: está relacionado às características inerentes, inclui


qualquer suspeita de má gestão grave, fraude, ilegalidade ou irregularidade ou
distorção intencional ou manipulação de resultados ou informações;
2. Relevante pelo contexto: são relevantes por sua circunstância, mudam a impressão
dada aos usuários. Inclui casos em que um pequeno erro pode ter um efeito
significativo, por exemplo, classificação incorrecta de despesas como receita, de
modo que um déficit real é relatado como um excedente nas demonstrações
financeiras (TCE, 2012).

2.12. Caso de Estudo

Abordaremos um caso empírico, sobre uma Escola de Culinária, Channy’sKitchen,Lda.

Reportando a época de 2022-2023, foram apresentados lucros superiores a 3.000.000,00MT,


pela direção da mesma empresa.

De acordo com o relatório produzido pelo GRUPO E, consultório de auditoria, a


Channy’sKitchen,Lda sofreu perdas na mesma época, de 6.000.000,00MT.
16

Assim verifica-se diferenças grandes as contas entre as contas apresentadas pela empresa
Channy’sKitchen,Lda e o apurado pelo GRUPO E.

Seguidamente apresentamos algumas informações financeiras relevantes:

Resultados Resultados apurados p/


declarados auditor
Receitas operacionais 23.000.000,00Mzn 11.000.000,00Mzn
Despesas operacionais 10.000.000,00Mzn 35.000.000,00Mzn
Lucro operacional +/- +13000.000,00Mzn -24.000.000,00Mzn
receitas financeiras / - 9.000.000,00 Mzn -12.000.000,00 Mzn
despesas
Resultados antes do 4.000.000,00Mzn -36.000.000,00Mzn
imposto
Imposto 640.000,00Mzn -
Resultados líquidos 3.360.000,00Mzn -36.000.000,00Mzn

3. Metodologia

De acordo com (Gil, 2002), “metodologia é um conjunto de procedimentos intelectuais e


técnicos utilizados para atingir o conhecimento. Para que seja considerado cientifico, é
necessária a identificação dos passos para a sua verificação, ou seja, determinar o modo que
possibilitou chegar ao conhecimento.”

No presente trabalho, foi utilizado o método de pesquisa exploratória, com a finalidade de


analisar o conceito da Materialidade na garantia da eficiência do processo de Auditoria
Externa II, tendo sido realizada uma pesquisa bibliográfica em estatutos, resoluções, sites e
manuais que abordam em torno do tema.
17

4. Conclusão

O presente trabalho teve como objectivo o embarcamento preliminar na cadeira de Auditoria


Externa II, tendo como tema Materialidade em Auditoria, assim tivemos a oportunidade de
abordar diversos assuntos que achamos pertinentes relativamente ao tema e que cremos que
serão de grande valia.

A consideração da materialidade de uma matéria é a questão do julgamento profissional e


experiência do auditor. As demonstrações financeiras devem conter todas as informações
relevantes para mostrar a imagem verdadeira e apropriada. O parecer do auditor ajuda a
determinar de forma verdadeira e apropriada a posição financeira e os resultados operacionais
de uma entidade.

De forma a minimizar o risco, caberá ao auditor efectuar um bom planeamento de auditoria,


avaliação da materialidade e seu relacionamento com o risco, determinar a natureza, a época
e a extensão de procedimentos adicionais e como também recolher todas as provas
convenientes que suportem a sua avaliação.
18

5. Referências Bibliográficas

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU, 2015). Manual de Auditoria Financeira.


ALMEIDA, B. J. (2017). Manual de Auditoria Financeira. Escolar Editora.
IAASB. (2015). Manual das Normas Internacionais de Controlo de Qualidade, Auditoria,
Revisão, Outros Trabalhos de Garantia de Fiabilidade.
ORDEM DOS REVISORES OFICIAIS DE CONTAS (OROC) (1999) - DRA 320 –
Materialidade de Revisão / Auditoria.

INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS (IFAC) (2009) - ISA 320

Clarificada – Materialidade no Planeamento e Execução de uma Auditoria. LAKATOS, E.


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