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Síntese

Álvaro de
Campos, o poeta
da modernidade
Síntese
Álvaro de Campos, o poeta da
modernidade

Álvaro de
Campos Nascimento: 15 de outubro de 1890, Tavira.

Formação e profissão: universitária; engenheiro naval.

Características físicas: «alto (1,75 m de altura, mais 2


cm do que [Fernando Pessoa]); magro e um pouco
tendente a curvar-se»; «cara rapada; entre branco e
moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo liso
e normalmente apartado ao lado, monóculo.»

Contexto de escrita heteronímica: num «súbito


impulso para escrever e não sei o quê».

Características estilísticas: escreve «razoavelmente


mas com lapsos como dizer «eu próprio» em vez de «eu
mesmo», etc.».
Síntese
Álvaro de Campos, o poeta da
modernidade
O fingimento artístico: o poeta da modernidade

Rompe com a tradição Produz um novo real, através dos


estética anterior. vários modos de sentir.

Apologia da civilização Exacerbação e simultaneidade


contemporânea moderna, das sensações.
industrial e tecnológica.

Ideais excessivos e chocantes, que A sensação como método


chegam a defender a violência e a cognitivo da realidade.
guerra.
Síntese
Álvaro de Campos, o poeta da
modernidade
O fingimento artístico: o poeta da modernidade

É através do processo sensorial que Na demanda de conhecer e


se atingirá a compreensão do mundo. apreender o cosmos, desdobra-se em
Não existe uma realidade propriamente diversas maneiras de sentir (as
dita; apenas as sensações, diversas e sensações permitem-nos «viajar» tanto
fragmentadas permitem a perceção de exterior como interiormente).
«pedaços» do real.

Movimento artístico de vanguarda, que pôs em causa toda a arte, as tradições e


conceções do passado, celebrando a vida moderna e o futuro - Modernismo.
Síntese
Álvaro de Campos, o poeta da
modernidade
O imaginário épico: a exaltação do
Modernismo e o arrebatamento do canto
Exaltação da civilização cosmopolita e
da Modernidade enquanto nova era
do progresso humano.

Exaltação eufórica da máquina, da


força, da velocidade, da
agressividade, do excesso.

Pablo Picasso, Fábrica na Horta do Ebro,


1909.
Poder da força da sensação, da emoção, aliadas a uma construção poética inovadora;

Superior capacidade de «construção e desenvolvimento ordenado de um poema»,


como expressão da civilização moderna.
Síntese
Álvaro de Campos, o poeta da
modernidade
O arrebatamento do canto

o cântico reflete a grandiosidade da


matéria épica;

poema extenso, com versos livres e longos;

estilo esfuziante e torrencial; ritmo


estonteante;
Umberto Boccioni,
Dinamismo de um Ciclista, 1913.

êxtase discursivo: abundância de recursos expressivos; onomatopeias,


empréstimos, neologismos, interjeições, pontuação expressiva, …
Síntese
Álvaro de Campos, o poeta da
modernidade
Reflexão existencial:
sujeito, consciência e tempo; nostalgia da infância

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,


Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião
qualquer.
Álvaro de Campos, op. cit., p. 403.

Amedeo Modigliani, O Rapaz, c. 1918.


Síntese
Álvaro de Campos, o poeta da
modernidade

Reflexão existencial:
sujeito, consciência e tempo; nostalgia da infância

Consciência dramática da identidade fragmentada.


Ceticismo perante a realidade e a passagem do tempo.
Angústia existencial, solidão, abulia, cansaço e morbidez.

Introspeção e pessimismo – dor de pensar.


A náusea, a abjeção e o «sono» da vida quotidiana.
Evasão para o mundo da infância feliz,
irremediavelmente perdido. George Seurat,
Menino Sentado no Prado, 1883.
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Álvaro de Campos, o poeta da
modernidade

O discurso de Álvaro de Campos

Cariz eufórico, excessivo, dinâmico, Estilo abúlico e sonolento.


apesar de processualmente (em consonância com temáticas
repetitivo. intimistas e introspetivas).
(adequado à exaltação do mundo
moderno)

Multiplicidade da civilização Criação emotiva e espontânea,


mecânica e pluralidade de independentemente do seu estado
sentimentos e sensações do eu lírico. de espírito.
Síntese
Álvaro de Campos, o poeta da
modernidade
Linguagem, estilo e estrutura

A forma espelha o conteúdo da mensagem poética.

Verso livre e, normalmente, longo.

Irregularidade estrófica, rítmica e métrica.

Ausência de rima (versos soltos).

Linguagem simples, objetiva, prosaica, onomatopeias, neologismos,


empréstimos, topónimos e antropónimos.

Inclusão de vários registos de língua (do literário ao calão).


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Álvaro de Campos, o poeta da
modernidade
Linguagem, estilo e estrutura

Vocabulário concreto (sobretudo do campo lexical da Mecânica e da


Indústria).

Construções sintáticas nominais, gerundivas, infinitivas e, por vezes,


presença de frases atípicas, experimentais.

Privilégio do presente do indicativo.

Recursos expressivos predominantes: aliteração, anáfora, apóstrofe,


enumeração, gradação e metáfora.

Nas composições intimistas, o fôlego modernista e épico decai num


estilo abúlico, deprimido, aproximando-se do registo poético do
ortónimo.

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