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Especificidades da

docência com bebês e


crianças na educação
infantil
Marilene Sales de Melo
Resumo
Este artigo faz uma reflexão sobre a especificidade
da docência com os bebês na Educação Infantil
trazendo alguns princípios da abordagem de Emmi
Pikler e sua importância para a formação dos
educadores. A autora parte de sua própria formação
no curso “Reflexões sobre o exercício da docência
com bebês” em 2016 e de sua trajetória como
coordenadora pedagógica na Rede Municipal de
Ensino de São Paulo. Aponta a metodologia do curso
pautada na ação/reflexão/ação orientada pela
observação, registro e documentação pedagógica
vivenciada durante o processo de formação que
foram fundamentais para mudança de uma prática
que respeita os bebês e crianças como sujeitos e
protagonistas de seu desenvolvimento.
Palavras-chave: docência para bebês – educação infantil – observação – registro
– documentação pedagógica – Abordagem Emmi Pikler.
Início do caminho...

Coordenação Pedagógica

Formadora DIPED Jaçanã Tremembé

Curso: Reflexões sobre o exercício da


docência com os bebês.
Curso: reflexões sobre o exercício da
docência com bebês
 Regente: Maria Helena Pelizon

Reflexões Indagações

Inspirações
Princípios

 Todo o diálogo naquele momento foi iluminado pela


abordagem Emmi Pikler e toda sensibilidade presente
nos detalhes que o trabalho pedagógico com essa
abordagem requer, considerando sempre os
seguintes princípios: valor da atividade autônoma;
importância das relações afetivas e a maneira
singular como elas podem realizar-se dentro de um
contexto institucional; a necessidade de favorecer
que a criança conheça a si mesma e seu entorno; a
importância de um bom estado de saúde dos bebês
(David e Appell, p. 55, 2008).
Princípios
 A partir das leituras, reflexões e diálogos realizados
em quinzenalmente nos encontros de formação
presenciais, os educadores voltavam para suas
prática unidades educacionais com uma “tarefa”: realizar
observações e registros de cenas vivenciadas pelas
crianças a partir de suas práticas pedagógicas. Esses
registros eram compartilhados com os colegas no
encontro seguinte e juntos nos detínhamos a analisar
e pensar sobre o quanto as práticas pedagógicas dos
educadores se aproximavam ou se distanciavam dos
princípios propostos por Emmi Pikler.
Práxis

Mundança
de
concepções

Teoria Prática
Olhar da autora do artigo

 Hoje vejo a experiência húngara como uma


inspiração para cuidados com os bebês na qual se
rompe a ideia de criança incapaz, percebendo que
o incentivo à motricidade livre, um dos pontos fortes
dessa experiência, são a base para uma verdadeira
autonomia, assim como também são importantes às
relações estáveis e de vínculos afetivos entre bebês,
crianças bem pequenas e os adultos e o quanto a
organização de ambientes, tempos, materiais e a
qualidade das relações e interações estabelecidas
potencializam autonomia.
De acordo com Falk (2011):

Para a criança, a liberdade de movimentos significa a


possibilidade, nas condições materiais adequadas de
descobrir, de experimentar, de aperfeiçoar e de viver, a
cada fase de seu desenvolvimento, suas posturas e
movimentos. Por isso, tem necessidade de um espaço
adaptado aos seus movimentos, de roupa que não
atrapalhe, de um chão sólido e de brinquedos que o
motivem. (p. 48)
Abordagem Emmi Pikler

 Instiga o olhar.
 Percepção de detalhes.
 Práticas de acolhimento e cuidado.
 Autoria e protagonismo dos bebês.
Durante as atividades de cuidados e atenção
pessoal nota-se a delicadeza dos gestos dos
adultos, considerando as crianças sensíveis a
tudo, entendendo que não se pode tocá-las
de qualquer maneira, além da importância
de evitar qualquer mudança na rotina de
forma inesperada, sendo tudo feito de
maneira terna e atenciosa, como bem
assinalam David e Appell (2009, p. 75).
Delicadeza dos gestos

São evitados os movimentos e gestos rápidos e


mecânicos, há um interesse sincero pelas
crianças, e o tempo todo se procura ter a
parceria delas nas ações. A ternura e
sensibilidade das mãos fazem a diferença
nesse processo, são elementos perceptivos do
ritmo de cada bebê, daquilo que lhe agrada
ou desagrada.
 Ana Tardos nos alerta que “(...) É muito mais fácil,
conseguir das educadoras um rosto sorridente, ou que
conversem com as crianças, do que movimentos ternos
e delicados (FALK et al., 2016, p. 69)”.

 Emmi Pikler entendia que olhares e toques, sensíveis,


delicados e ternos são imprescindíveis em todos os
momentos, sejam eles de alimentação, banho, trocas
ou brincadeiras.
Percepções sobre as
Especificidades da docência
com bebês

 Atuação atualmente como coordenadora


pedagógica.
 Participação no grupo de estudos e pesquisa
“Educação de bebês e crianças pequenas em
espaços coletivos.”
 Reflexão sobre os benefícios da abordagem Pikler
para os educadores.
Especificiades da docência
com bebês
 Nessas especificidades é frisada a importância dos
gestos delicados e das pequenas atenções, da
observação atenta, do falar enquanto atende os
bebês, um meio de prepará-los para tudo que vai
acontecer, além de considerar seus gestos de
colaboração e protesto.
 Nessa perspectiva os bebês precisam se sentir aceitos
e valorizados, o que exige dos adultos que não
expressem rejeição, impaciência ou decepção com
eles, evitando também atitudes e condutas
superprotetoras (FALK, 2016, p.46).
Toda essa atenção com os pequenos para Freitas e
Pelizon (2011) se concretizam em detalhes que
levam em conta:

A importância do olhar, olhos nos olhos de cada


criança e o tempo, a comunicação verbal sobre
sua ação (antecipando todos os
acontecimentos), permite a presença de gestos
delicados e consentidos nos momentos de troca,
banho, alimentação e sono de cada criança.
(p.5).
Especificidades da docência
Olhar da autora do artigo, enquanto coordenadora
pedagógica, iluminado pela abordagem Pikler:
 Valorizar e reconhecer a atividade autônoma e a
motricidade livre das crianças, os momentos de
cuidado e atenção e a necessidade do brincar
 Educadores com sensibilidade, delicadeza e ternura de
gestos e olhares.
 O conhecimento sobre como documentar as vivências
e experiências das crianças.
 A organização de ambientes, tempos, espaços e
materiais.
 Compromisso e intencionalidade.
 A docência com bebês e crianças pede um olhar, um
sentir, um escutar de modo especial às infâncias,
percebendo como por meio delas podemos conhecer
tanto de nossos bebês e crianças, com toda potência
que merecem ser vistos. A abordagem Pikler afina
nossos olhares e escutas, ilumina caminhos e trajetórias
de educadores que se colocam como sensíveis às
infâncias potentes.
Como coordenadora pedagógica posso afirmar
que as mudanças e transformações do fazer
pedagógico não se dão do dia para noite,
mas num trabalho contínuo de ação-reflexão-
ação, iluminado por referenciais consistentes.
Aos poucos a mudança aparece na forma de
olhar bebês e crianças, na escuta mais atenta
e principalmente no trabalho com mais
intencionalidade que só acontece quando
protagonismos e autorias, tanto das crianças
quanto de seus educadores, são
reconhecidos e valorizados.
Conclusão para novos
diálogos

 Tivemos aqui um início de diálogo e reflexão sobre as


especificidades da docência de bebês, com foco na
abordagem Emmi Pikler e o quanto os educadores podem
instigar a autonomia e o protagonismo das crianças, quando
imbuídos de concepções inspiradoras de práticas que as
valorizem como seres potentes, com singularidades e
diferenças.
Esse diálogo inicial traz o convite a conversas futuras e novos
aprofundamentos que podem dar aqueles que estão todos
os dias nas instituições de educação infantil, responsáveis
pelos cuidados e educação da primeira infância, novos
olhares, novas escutas, novas práticas.

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