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Como estimular o protagonismo das crianças na Educação Infantil?

Esse conceito vai muito além da mera manipulação de objetos, ou de responder ‘sim’ e
‘não’ para proposições dos adultos – e algumas questões são essenciais para colocarmos
os pequenos no centro do processo de aprendizagem, sempre de forma ativa.

A palavra “protagonismo” aparece pelo menos 60 vezes na nossa Base Nacional Comum
Curricular – ou seja, está mais do que reforçado o quanto isso faz parte dos
fundamentos que norteiam os processos de aprendizagem nas escolas em todo o país. Só
que nem sempre foi assim: no passado, a organização curricular era centrada na figura
do professor. Com isso, todas as discussões sobre metodologias de ensino e práticas mais
eficientes de organização do trabalho colocavam o docente como a figura central, como
o detentor do saber, que possuía uma conduta inquestionável

No caso da Educação Infantil, ainda havia outro ponto: inicialmente, as práticas de


atendimento nessa etapa focavam basicamente na atenção básica higienista;
posteriormente, passaram a considerar apenas o cuidar, sem qualquer compromisso
pedagógico com o educar e pensando esse espaço como uma preparação para escola, e
para as outras etapas da vida.

Felizmente, desde os mais recentes marcos legislativos como as Diretrizes Curriculares


Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), de 2009, e agora a BNCC de Educação Infantil
(2017), esse cenário mudou. Vemos, assim, uma concepção de criança como um sujeito
histórico e de direitos (com destaque para os seis direitos de aprendizagem previstos na
Base: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se); como um sujeito
inserido socialmente; e como um sujeito de múltiplas linguagens, capacidades e formas
de se expressar, com um modo próprio de aprender e de se relacionar com o mundo e
com as pessoas.

Por isso, quando falamos em protagonismo infantil, estamos falando em todas essas
possibilidades, algo que vai muito além de meramente organizar um espaço para que
manipulem objetos e respondam "sim" ou "não" para as proposições dos adultos. Na
verdade, é necessário que o professor coloque a criança no centro do seu processo de
aprendizagem, e ao mesmo tempo, se torne um ‘co-protagonista’, já que o seu trabalho
docente é marcado por uma intencionalidade pedagógica visando que os pequenos
sejam, de fato, os protagonistas dos seus percursos de aprendizagem. E para isso, é
importante considerarmos ao menos cinco questões fundamentais, que destaco a seguir:

1. Cada criança é um sujeito singular

Por mais que todo professor exerça sua função no âmbito coletivo, não podemos nos
esquecer que cada sujeito é único, tem sua personalidade, seu histórico de vida, seu
modo específico de ser e agir no mundo. A criança só desenvolve condições para exercer
seu protagonismo quando se encontra em um espaço que acolhe e valoriza essas
diversidades.

Trago dois exemplos: o momento do sono não necessariamente precisa ser ao mesmo
tempo para todos; e talvez nem todas as crianças consigam comer tudo, ou a quantidade
exata recomendada pela nutricionista. Certas vivências farão mais sentido para algumas
crianças e nem tanto para outras, por isso, é importante planejar vivências simultâneas e
espaços diversos que respeite os múltiplos interesses, e considerem questões como dias
em que as crianças poderão estar mais cansadas ou com maior estresse, o que exigirá
uma atenção mais individualizada.

2. A participação das crianças

Como já pontuei anteriormente, essa participação vai muito além do “sim” e do “não”
das crianças para as proposições do professor. Inclusive, ‘participar’ é um dos seis
direitos de aprendizagem da BNCC, sendo algo que se efetiva em um ambiente de
constante diálogo. O planejamento é construído a várias mãos, em momentos de
conversas que podem parecer despretensiosas, mas que envolvem muita escuta das
ideias e impressões das crianças, como destaquei na minha última coluna.

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Com os grupos das crianças bem pequenas e pequenas é possível organizar assembleias,
debates e votações simples para a tomada de decisões conjuntas sobre as pequenas
coisas, como por exemplo, decidir quais serão as brincadeiras no parque, quais materiais
são de interesse coletivo, quais os livros que querem ler, quais personagens interessam
numa brincadeira de dramatização, e muitas outras possibilidades.

3. A continuidade das experiências

Não basta apenas um bom planejamento e a construção de experiências para os


pequenos. Com o seu olhar que é, ao mesmo tempo, atento para todos, e observador
sobre cada uma das crianças, o professor vai sintonizar os diferentes interesses da turma
e contribuir para que as vivências tenham continuidades, percorrendo os campos de
experiência previstos na BNCC de Educação Infantil, e dessa forma, estabelecendo
situações em que as crianças terão a possibilidade de ampliar os seus saberes e de
explorar diferentes caminhos.

Afinal, a realidade infantil é muito pautada pelo “aqui e agora”, e é justamente


possibilitando a continuidade das ações que os professores vão poder garantir o
crescimento e a qualidade das experiências na escola.

4. As ações do professor são essenciais para o protagonismo das crianças 

É muito importante reforçar que o professor incentiva protagonismos quando marca


intencionalmente em seu planejamento o resultado de suas observações e da escuta das
crianças, e assim, incentiva a diversidade de brincadeiras e consolida vivências
significativas de acordo com os múltiplos interesses e a realidade social, cultural e natural
de cada um. 

Isso se dá de diversas formas na Educação Infantil, como quando o educador se coloca


enquanto agente articulador de diferentes contextos educativos, acredita no potencial
das crianças, as considera em sua integralidade e respeita as especificidades, com um
olhar cuidadoso para que exista interação em pares, em grupos, com faixas etárias

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diferentes, e com oportunidades para que a criança tenha sua experiência
individualizada. 

5. As ações das crianças revelam esse protagonismo 

Por fim, é interessante observar que as próprias crianças revelam, por meio das suas
ações, que estão em um espaço que garante o seu protagonismo. Isso ocorre, por
exemplo, quando se mostram confortáveis, seguras e autônomas para percorrer os
espaços da instituição, explorar todos os materiais, e com eles criar outras proposições
ao transferi-los de lugar, empilhar, montar e desmontar, e ainda quando demonstram
que as suas preferências sobre brincadeiras, alimentação e organização dos seus
pertences são respeitadas. 

Além disso, elas se sentem motivadas a vivenciar os desafios propostos,  e encontram


nos diálogos uma liberdade para se expressarem, como quando fazem comentários
sobre as histórias, incluem outros personagens, contextualizam com outras vivências, e
indicam que estão tendo os seus tempos e interesses respeitados.

Com isso, caros professores e professoras, vemos que o protagonismo infantil se revela
mesmo é na convivência diária, quando as crianças têm voz ativa e quando veem que os
seus direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se estão
garantidos desde a sua chegada e ao longo das mais significativas memórias construídas
nesse espaço que tem tudo para ser único e inesquecível: a sua escola.

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