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Semana 3

Objetivos da Semana

1. Conhecer a composição do capital de uma empresa

2. Diferenciar e conhecer os custos atrelados ao capital próprio do capital de terceiros

3. Estudar a estrutura de capital de uma empresa

4. Conhecer e calcular a alavancagem financeira


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Unidade 3 – Estrutura e Custo de


Capital

Material Didático
Olá!!! Sejam bem-vindos a Unidade 3 – Estrutura e Custo de Capital.

De onde a empresa tira dinheiro para existir???? Pra responder a essa pergunta, mais uma
vez voltamos a contabilidade. É preciso entender a estrutura de capital. A estrutura de capital de
uma empresa refere-se à composição de suas fontes de financiamento, ou seja, literalmente de
onde a empresa busca recursos para existir.

O capital total de uma empresa é decomposto em duas partes: capital próprio e capital de
terceiros. Vamos relembrar do Balanço Patrimonial:

Todo o capital que a empresa possui está investido no Ativo, ou seja, em bens e direitos.
Todo o dinheiro necessário para adquirir os ativos veio do Passivo e Patrimônio Líquido.

Capital de Terceiros

O capital de terceiros inclui todos os fundos levantados pela empresa junto a credores, e
representados basicamente por empréstimos e financiamentos. A empresa contrata esses

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empréstimos por um prazo determinado, pagando juros pelo seu uso. No balanço Patrimonial
é representado pelo Passivo. Os Juros pagos representa o custo do capital de terceiros.

Capital Próprio

O capital próprio, identificado nos balanços patrimoniais como Patrimônio Líquido,


consiste nos recursos investidos pelos acionistas da empresa. Esses fundos não têm prazo de
reembolso estabelecido, permanecem na empresa por tempo indeterminado.

Custo do capital próprio é o retorno mínimo que os acionistas exigem de seu capital
investido na empresa. Equivale ao rendimento mínimo que a empresa deve obter para remunerar
seus acionistas e manter o preço de mercado de suas ações.

O custo do capital de terceiros é menor comparativamente ao do capital próprio. O


retorno do acionista está vinculado ao sucesso dos negócios, à geração de lucros em volume
suficiente para remunerar o custo do capital investido. Caso a empresa apure prejuízo, o
acionista não terá direito algum de pleitear pagamento pelos recursos aplicados; ele assume o
risco do negócio. Em consequência, exige um prêmio pelo risco maior (ASSAF NETO & LIMA,
2014). Esse prêmio é justamente o retorno exigido pelos acionistas, que constitui no custo do
capital próprio.

O credor, ao contrário, recebe garantias efetivas da devolução do capital emprestado,


como aval, hipoteca etc., e tem os pagamentos da dívida livres de qualquer relação formal com
os resultados apurados pela empresa. A empresa tomadora de recursos não tem como justificar
sua eventual inadimplência por um resultado negativo em seus negócios (ASSAF NETO & LIMA,
2014).

Se a empresa possui tanto capital de terceiros quanto capital próprio, como saber qual o
custo desse capital? É necessário fazer uma média ponderada desses custos.

Esse cálculo é o CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL, WACC - Weighted Average


Cost of Capital. Esse custo total representa a taxa de atratividade da empresa, ou seja, quanto a
empresa deve exigir de retorno de seus investimentos visando maximizar seu valor de mercado.

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O estudo de estrutura de capital é fundamental para as decisões financeiras. Na
busca do objetivo de maximização da riqueza, a empresa deve selecionar uma composição
das fontes de financiamento que promova a minimização do custo médio ponderado de capital
(WACC) (ASSAF NETO & LIMA, 2014).

Estrutura de Capital e a teoria da pizza

Como uma empresa deve escolher seu índice Dívida/Capital próprio? Ross et al. (2015)
apresentam o modelo de pizza, que representa a soma dos direitos financeiros sobre os ativos
da empresa, da dívida e do capital próprio

Se o objetivo da administração da empresa for torná-la tão valiosa quanto possível, então
a empresa deve escolher o índice Dívida/Capital próprio que torna a pizza – o valor total – tão
grande quanto possível.

Muitas empresas assumem um risco de alavancar seu negócio. É o fenômeno conhecido


como Alavancagem Financeira. Basicamente, a empresa pega dinheiro emprestado e aplica esse
valor em ativos que possam fornecer um retorno maior do que os juros pagos ao banco.

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Conceitualmente, a alavancagem financeira ocorre quando o capital de terceiros
produz efeitos sobre o patrimônio líquido. O Processo é como se o capital de terceiros,
utilizando-se de uma “alavanca”, produzisse efeitos (positivos ou negativos) sobre o patrimônio
líquido. (GESSER, 2012)

De acordo com ASSAF NETO & LIMA (2014), Alavancagem Financeira é o efeito
causado por se tomar recursos de terceiros emprestados a determinado custo, aplicando-os
em ativos a outra taxa de retorno.

Exemplo prático (ASSAF NETO & LIMA, 2014)

Considere uma empresa que acabou de ser fundada, com um investimento de $ 50 mil, dos
quais $ 20 mil para aplicação em ativo imobilizado e os restantes $ 30 mil para o capital de
giro (ativo circulante).

Suponha-se que as taxas de juros para os financiamentos sejam de 12% ao ano, e que se
espera um retorno (lucro) de $ 8 mil por ano, antes dos encargos financeiros (lucro operacional
antes do Imposto de Renda). Admita-se neste exemplo, ainda, que não exista Imposto de Renda
e que não haja inflação nessa economia. Dessa maneira, a DRE – Demonstração do Resultado
do Exercício será a seguinte:

Vamos supor duas situações de financiamento:

Situação 1: Sem uso de financiamento

Nessa situação, os acionistas teriam um retorno sobre o investimento total de 16%. Este retorno
pode ser obtido a partir da seguinte expressão:

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 onde ROA é o Retorno sobre o Ativo e ROE o Retorno sobre o Patrimônio Líquido.

 O ROA = ROE em razão do lucro operacional, diante da inexistência de dívidas e, em


consequência, de despesas financeiras, ser exatamente igual ao lucro líquido.

 Da mesma forma, o investimento total é representado pelo próprio patrimônio líquido.

Situação 2: Sem uso de financiamento

Nesta situação, os acionistas decidem utilizar somente $ 25,0 mil (50% do total do investimento)
de recursos próprios, e financiar a outra metade dos ativos através de um financiamento tomado
à taxa de 12% a.a. Com isso, o lucro de $ 8,0 mil é reduzido pelo custo de tomar os $ 25,0 mil
emprestados.

Dessa forma, os indicadores de retorno ROA e ROE ficariam:

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Pode-se perceber agora que o retorno dos acionistas subiu bastante, passando de 16% para 20%
do capital próprio investido. Sem financiamentos, o lucro dos acionistas era de $ 8 mil e o
investimento próprio de $ 50 mil; com o financiamento, o lucro reduziu-se para $ 5 mil, mas o
capital próprio investido desceu pela metade, $ 25 mil, alavancando seu retorno.

Exatamente isto é a ALAVANCAGEM FINANCEIRA: o efeito de


tomar, numa ponta, recursos de terceiros a determinado
custo, aplicando-os na outra ponta (nos ativos) a outra taxa
de retorno: a diferença vai para os proprietários e altera seu
retorno sobre o patrimônio líquido, para mais ou para menos
do que aquele que seria obtido caso todo o investimento fosse
feito apenas com recursos próprios.

Porém, quanto maior a utilização de recursos de terceiros e, consequentemente, maior


a capacidade de alavancagem do retorno do patrimônio líquido, mais elevado também se
apresenta o risco financeiro assumido pela empresa em suas decisões de financiamento. A
medida que quantifica esta capacidade do capital de terceiros em incrementar o retorno do
acionista é denominada de Grau de Alavancagem Financeira.

A alavancagem é medida pelo Grau de Alavancagem Financeira (GAF), sendo definido por:

No exemplo anterior, teríamos então:

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20%
𝐺𝐴𝐹 = ≫ 𝐺𝐴𝐹 = 1,25 ≫ é 𝐹𝑎𝑣𝑜𝑟á𝑣𝑒𝑙
16%

Probabilidade de falência

Quanto mais elevada a alavancagem financeira de uma empresa, maior é o seu risco financeiro
– o risco de ser incapaz de cobrir seus pagamentos fixos de juros e dividendos preferenciais.

A empresa deve encontrar a sua estrutura ótima de capital. Estrutura ótima de capital é
a composição das fontes de financiamento, próprias e de terceiros, que minimiza o custo total
de capital (WACC), levando à maximização do valor da empresa.

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Videoaula(s) da Semana

1) Vídeo Aula – Estrutura de Capital: https://youtu.be/OSpQCfGy-Sc

Resumo do conteúdo apresentado na semana

Você conheceu nesta semana a composição do capital de uma empresa. Aprendeu sobe o
capital próprio e o capital de terceiros, e os custos atrelados a cada um. Estudou a estrutura de
capital de uma empresa e ainda aprendeu a calcular o grau de alavancagem financeira.

Bibliografia da semana

ASSAF NETO, A. LIMA, F. G. Curso de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014
GESSER. H. C. Administração Financeira. Notas de aula, Curso de Graduação em
Administração. Universidade Estácio de Sá, 2012.
ROSS, S. A., et al. Administração financeira. Versão brasileira de Corporate Finance [recurso
eletrônico]. Tradução: [Evelyn Tesche ... et al]. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.

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