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DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

SUPERVISÃO E INSPECÇÃO ESCOLAR

1. INSPECÇÃO ESCOLAR

Conceito
A inspecção é um órgão especial de controlo e supervisão do cumprimento das disposições normas
pedagógicas, administrativas, jurídicas financeiras e outras vigentes em todos os órgãos e instituições
do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano.

O que diferencia da inspecção da supervisão, é o facto de a inspecção preocupar-se com a avaliação do


cumprimento dos padrões educacionais (o que foi feito e como foi feito), enquanto a supervisão é uma
acção constante e regular que a inspecção, centrando-se na orientação e aconselhamento dos
professores.

Atribuições da inspecção da educação e cultura


A inspecção é um órgão que faz o cumprimento das disposições normativas atinentes à administração
do Sistema Nacional da Educação, de harmonia com a Lei n˚6/92, de 6 de Maio, que reajusta o quadro
geral do mesmo sistema e a política cultural em Moçambique, aprovada pelo concelho de Ministros por
resolução n˚ 12/97 de 10 de Junho.

Para o efeito, promove a fiscalização da aplicação da política governativa com as seguintes acções:
 Avaliação e a fiscalização da aplicação da política educativa do Estado em todos os órgãos e a
instituição da educação com base na legislação em vigor e decisões do Ministério da Educação e
Desenvolvimento Humano;

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 Verificação do processo de dirrecção nos órgãos e instituições da educação e cultura, bem assim
da existência ou não dos dispositivos legais, que se mostrem aplicáveis ao Sistema Nacional da
Educação e da política cultural do país;
 Controlo da aplicação e do cumprimento da legislação vigente em todos os órgãos inerentes ao
processo docente-educativo e formulação de propostas para a superação e correcção dos
constrangimentos e falhas verificadas;

 Avaliação da eficácia do funcionamento das estruturas da educação e cultura, em todos os


órgãos e instituições;
 Contribuição para o fortalecimento da disciplina laboral em todos os órgãos e instituições da
educação e cultura.

Estas acções visam os seguintes propósitos:


 Melhoria da qualidade de ensino;
 Racionalização dos recursos disponíveis;
 Eficácia e funcionamento adequado dos órgãos e serviços instituídos;
 Conformidade dos actos praticados pelos órgãos e agentes de educação e da cultura a diversos
níveis, com a ordem jurídica.

A Inspecção é pois, um processo que integra:


 O controlo e fiscalização do cumprimento das disposições e normas pedagógicas,
administrativas, jurídicas, financeiras e outras vigentes na educação;
 A formação dos funcionários a todos os níveis;
 A promoção de auto-aprendizagem de quem procede a inspecção.

Competências da Inspecção
No âmbito da sua actividade a inspecção compete:
 Realizar periodicamente, de forma planificada, inspecções às estruturas centrais, locais, aos
estabelecimentos de ensino e instituições subordinadas, apresentando, ao Ministro da educação e
cultura ou ao dirigente máximo do sector, a nível local, os respectivos relatórios, incluindo sugestões
que achar conveniente;

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 Fiscalizar a execução das normas técnicas e organizacionais;
 Proceder e/ou colaborar em processo de sindicância e disciplinares, que lhe foram
determinados;
 Prestar às estruturas e instituições, que entregam a sua área de actividade, os esclarecimentos e o
apoio de ordem técnica e administrativa, que sejam solicitados ou de que careçam;
 Investigar, por informação, petição ou denúncia presumíveis violações da legalidade ou
irregularidade e desvio no processo de direcção e realização de actividade educacional.

Funções específicas do inspector da educação


São tarefas específicas do inspector:
 Conhecer todos os programas do ensino e de formação, bem assim os respectivos currículos, aos
diferentes níveis;
 Realizar inspecção regular às instituições do ensino;
 Contribuir para o aperfeiçoamento contínuo do sistema educativo, difundindo experiência
positivas e inovadoras dos diferentes domínios, à todos órgãos e instituições da educação e cultura;
 Combater todas as violações das normas do currículo, do funcionamento e da disciplina laboral,
tomando medidas adequadas, para a sua prevenção e eliminação;
 Preparar e organizar profundamente cada actividade de inspecção;
 Estabelecer mecanismos de articulação com os dirigentes dos diferentes sectores da educação e
da cultura aos vários níveis;
 Tomar parte das reuniões, conselhos, seminários, conferências, comissões, ou grupo de trabalho
de natureza educacional para que forem superiormente designados ou convocados;
 Desempenhar as demais funções que lhe sejam conferidas por lei, regulamento ou determinação
superior;
 Realizar ou colaborar em processos de inquérito, de sindicância, disciplinares e de revisão, que
lhe forem determinados.

Objectivos da Inspecção
Tanto para a inspecção como para a supervisão, os seus objectivos são comuns, a saber:
 A garantia da qualidade;
 Aperfeiçoamento e manutenção dos padrões;

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 Avaliação do desempenho dos professores e das escolas;
 O encorajamento e gestão de mudanças e de desenvolvimento;
 O reforço da supervisão dos directores das escolas;
 O fortalecimento de informações ao Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano e aos
outros parceiros.

Funções dos inspectores por área de actuação


Área pedagógica
Realizar a inspecção na área pedagógica e disciplinar de ensino, incluindo acções práticas nos domínios
de:
 Ensino-aprendizagem e docentes educativos;
 Cumprimento dos planos de estudos e programas de ensino vigente;
 Metodologia de ensino;
 Critérios de avaliação;
 Promover a difusão e aplicação de experiências pedagógicas relevantes.

Área administrativa
 Realizar a inspecção sobre os processos administrativos às instituições de educação;
 Verificar a conformidade do processo de direcção nos órgãos e instituições subordinadas do
Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano com as normas vigentes;
 Inspeccionar a gestão dos recursos humanos e materiais das instituições da educação, de acordo
com a regulamentação específica, com especial incidência sobre infra-estruturas, equipamentos
instalado e pessoal afecto;
 Realizar a inspecção financeira das instituições da educação;
 Verificar o processo contabilístico e bancário, incidindo sobre o orçamento das despesas e
receitas do Estado e/ou da instituição, quando esta tiver receitas próprias;
 Cooperar com a inspecção do Ministério do Plano e Finanças na fiscalização financeira das
instituições da educação.

Área cultural
 Assegurar o cumprimento da legalidade sobre os espectáculos de natureza artística;
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 Garantir a observância e o cumprimento da legalidade referente a direitos de autor e a lei do
património cultural;
 Proceder à fiscalização de entidades que se dedicam ao fabrico, duplicação e distribuição de
videogramas e fonogramas assim como das que importam ou fabricam suportes materiais a eles
destinados;
 Estudar e emitir parecer sobre os processos respeitante a afectação dos recintos licenciados para
exploração cultural à fins diferentes.

Habilidades profissionais do inspector


As habilidades profissionais são técnicas ou perícias que podem permitir aos inspectores realizar
eficiente e eficazmente o seu trabalho e facilitar a sua eficiência no apoio aos professores, com o
objectivo de melhorar o ensino-aprendizagem. Desta feita, temos algumas dessas habilidades:
a) Avaliação;
b) Relato;
c) Recolha e análise de dados;
d) Planificação;
e) Gestão de projectos;
f) Orientação e aconselhamento;
g) Resolução de conflitos e/ou problemas;
h) Pesquisa e interpretação de regulamentos.

Habilidades interpessoais e relações humanas exigidas aos inspectores


Algumas dessas qualidades interpessoais do inspector tanto para o director da escola, são:
a) Honestidade;
b) Espírito de ajuda;
c) Franqueza;
d) Credibilidade;
e) Vontade de aprender
f) Justiça;
g) Imparcialidade, capacidade de comunicação, competência e respeito.

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Fontes de inspecção

1. Ordem de inspecção: o comando individual emanado por quem de direito, impondo a


realização de uma determinada actividade inspectiva. São componentes para ordenar a
realização das actividades inspectivas, as seguintes entidades:

 A nível central: Ministro da Educação, Vice-Ministro da Educação, Secretário Permanente e


Inspector-Geral da educação;

 A nível provincial: Director provincial da Educação e o responsavel pela Inspecção;

 A nível distrital: Director distrital de Educação .

A ordem de inspecção apresenta as seguintes características:

 Número de ordem, incluindo o ano em que foi emitido;

 Nome do inspector que deverá executar a missão;

 A actividade a realizar;

 Instituição objectiva da inspecção;

 Finalidade da inspecção;

 Assinatura do mandante competente.

2. Plano de actividades da inspecção: Com base no plano e nas necessidades do


desenvolvimento da Educação, a Inspecção elabora um plano de actividades, à luz do qual,
concretiza os objectivos prescritos no regulamento da inspecção.

3. Petição, denúncia, queixa ou participação: Petição consiste na faculdade conferida ao


cidadão do direito do lesado e dos fundamentos respectivos; Denúncia consiste no exercício do

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direito do cidadão de levar, ao conhecimento de inspecção, a ocorrência de um determinado
facto ou a existência de uma certa situação irregular; a queixa consiste no cidadão lesado
participar na inspecção um comportamento incorrecto manifestado por um funcionário ou
agente da educação e desenvolvimento humano.

4. Iniciativa do inspector: O inspector pode, por própria iniciativa, elaborar uma ordem de
inspecção, a submeter ao seu superior hierárquico.

5. Convite da instituição objecto ou recomendação de um órgão competente: As instituições


de Educação de todos os níveis, têm o direito de, sempre que julgar necessária uma intervenção
da inspecção, formular um pedido, mencionando a razão que justifica a intervenção da
inspecção ou de um determinado inspector.

Tipos de Inspecção

Inspecção-geral ou sindicância: é aquela que se realiza com o fim de conhecer o funcionamento geral
da instituição em todas os seus aspectos pedagógicos, administrativos, financeiras. Neste tipo de
inspecção o inspector verifica o regulamento interno, o funcionamento e a articulação dos órgãos e
serviços em conformidade com as normas e disposições legais.

Inspecção específica ou temática: que examinam e avaliam um número limitado de aspectos da vida
da escola, tais como: ensino, sem preocupar-se com outros aspectos. Tem como objectivos: verificar
aspectos específicos da vida da escola; avaliar áreas específicas da escola; transmitir informação da
escola para as entidades superiores.

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Inspecção especial: é o tipo de inspecção de que se debruça sobre áreas específicas da vida da escola,
por exemplo: greve numa escola, carta anónima dirigida ao chefe do serviço; um acto de má conduta de
um professor. Esta inspecção tem como objectivos: verificar certos factos; recolher informações para
apurar a veracidade; fazer análise minuciosa e avaliar evidências e transmitir recomendações e
constatações de/e para entidades superiores.

Inspecção Pedagógica: é aquela que tem como objectivo avaliar e controlar a área específica de
ensino-aprendizagem. Nesta inspecção, deve-se verificar se a instituição tem: toda legislação sobre o
seu funcionamento, distribuição equilibrada de professores por turmas, classes e turnos, horários de
ensino, avaliar como se planifica e promove-se a actividade pedagógica na escola;

Inspecção Administrativa-financeira: é aquela que consiste na verificação, avaliação e controlo de


recursos humanos, financeiros e materiais, incidindo sobre a verificação da conformidade dos actos e
procedimentos administrativos. Neste âmbito, o inspector deve: analisar a ocupação de cada um dos
trabalhadores, de acordo com a sua função ou categoria, investigar, por informação, petição, ou
denúncia, presumíveis violações da legalidade.

Inspecção permanente: é o tipo de inspecção normal aplicada como eficácia, quando se trabalha ao
nível territorial. Cada inspector trabalha no seu território, fazendo investigação nas instituições de
educação e escolas que estão a seu cargo durante um período pelo menos de 5 anos nos campos de
educação, formação e administração. Este tipo de inspecção tem as seguintes vantagens:

 Permite conhecer o funcionamento dos órgãos e serviços locais;

 Possibilita o acompanhamento da evolução das escolas e instituições e influeciá-las na procura


de soluções dos problemas que se apresentam;

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 Proporciona no fim de um certo tempo, conhecimento profundo e global sobre as escolas e
instituições da educação do território controlado.

Estilos de inspecção

Inspecção de estilo directivo: Aqui o inspector orienta o professor naquilo que deve ser feito, fixa o
tempo e o critério a usar na inspecção, determina as acções a seguir pelo professor. Neste estilo, os
inspectores possuem maior conhecimento e especialização sobre a matéria em questão ou em mão do
que o professor; conhece o que é que deve ser feito para melhorar o ensino.

Inspecção de estilo não directivo: o inspector escuta o professor, clarifica o que o professor diz,
encoraja o professor a falar mais a cerca da questão, preocupa-se e verifica as preocupações do
professor, o inspector ajuda o professor a formular a decisão a cerca do futuro

Inspecção de estilo colaborativo: neste tipo de inspecção, os inspectores apresentam as suas próprias
ideias, pedem ao professor para propor possíveis soluções e negociam com o professor para encontrar
plano de acção comum. A decisão final respeitante ao plano de acção é partilhada tanto pelo professor
como pelo inspector.

A Docente

Msc. Melissa Vinho

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