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Processos de Fusão, Vazamento

e Rebarbação de Peças
Fundidas
Fornos a arco elétrico
Instrutor: Tomás Henrique
Fornos a arco

A ideia do forno elétrico foi concebida pelo francês Pichon em


1.853;

Porém somente em 1.879 é que Sir William Siemens apresentou


a primeira prática do arco elétrico à fusão de aços sob a forma
de forno de arco indireto.
Fornos a arco
Em 1.890 surgiu na França o forno de
arco direto de Heroult, e em 1.902 o
primeiro forno fechado (com
abóbada)

Paul Héroult
1863-1914
Forno arco elétrico (FEA)

Consiste de uma carcaça metálica revestida com material


refratário e painéis refrigerados, abóboda, sistema de
basculamento e exaustão de gases, e eletrodos de grafita.

A estrutura básica de um FEA tem uma carcaça, abóbada, porta


de escória, um canal de vazamento, três eletrodos de grafite com
seu sistema de controle e um sistema queimadores e injetores.
Principais equipamentos do Forno
elétrico a arco
Exaustão – para remoção
dos fumos

Carcaça e painéis
refrigerados
Principais equipamentos do Forno elétrico a arco
Forno arco elétrico (FEA)

O FEA funciona por meio de um


processo de fusão elétrica.

Em resumo, se baseia em um
recipiente em que os materiais são
depositados e submetidos a um arco
elétrico intenso, que é gerado por
eletrodos.
O que é arco elétrico?

O arco elétrico é estabelecido entre


cada eletrodo de grafite e a própria
carga metálica (sucata).

É controlado por corrente e tensão, através de um sistema de


reguladores.

Esse arco chega a temperaturas muito altas, acima de 5000ºC


localmente, e serve como a principal fonte de calor para fundir o
aço.
Forno arco elétrico
 A temperatura do arco corresponde à temperatura de ebulição
do material que constitui o eletrodo.

 No caso de eletrodos de carbono, a temperatura é de 4197 ºC


(estima-se que a temperatura no centro do arco esteja entre
10.000 e 18.000 ºC).
Forno arco elétrico (FEA)

O arco elétrico aquece o material a altas


temperaturas, que chegam a fundir o
material e permitir que ele se misture
de forma homogênea.
Forno arco elétrico (FEA)

O Forno Elétrico a Arco é operado a


partir de um painel de controle, que
monitora a temperatura, a corrente
elétrica e outros parâmetros para
garantir que o processo de fusão ocorra
com segurança e eficiência.
Forno arco elétrico (FEA)

Em fornos modernos, utilizam-se também lanças de oxigênio,


queimadores a gás e injetores de carbono para fornecer energia
adicional por meio de reações químicas.

Após a fusão, são adicionados elementos de liga, ajustando a


composição química do novo aço de acordo com as especificações
do produto desejado.
Forno arco elétrico (FEA) – Injetores de oxigênio e carbono
Forno arco elétrico (FEA)
Objetivo da injeção de carbono e oxigênio (ou oxidação)

1. Atingir o nível de carbono especificado para o aço a ser produzido


2. Reduzir o teor de fósforo no aço líquido abaixo da especificação
(usualmente abaixo de 0,015%)
3. Homogeneizar a composição e temperatura do aço
4. Aquecer o aço líquido até a temperatura necessária para o
vazamento
Forno arco elétrico (FEA)
Injetores e queimadores

Minimização do efeito dos pontos frios: formados nas regiões onde


a incidência de irradiação do arco dos eletrodos é baixa e,
consequentemente, a taxa de fusão é lenta.

A redução desses pontos propicia um aumento substancial de


produtividade nos fornos.
Forno arco elétrico (FEA)
Injetores e queimadores

O posicionamento estratégico dos injetores e/ou queimadores


propicia uma fusão ou "descida" uniforme da sucata da parede do
forno, acelerando a condição de estabilidade do arco para uma
fusão mais rápida e com menor consumo de energia elétrica.
Forno arco elétrico (FEA) – Posicionamento de injetores e
queimadores
Forno arco elétrico (FEA) – Sistema de queimadores
Forno arco elétrico (FEA)

Os fornos a arco podem ser de três tipos:

 Arco submerso;

 Arco indireto;

 Arco direto.
Forno a Arco submerso

 Constituído de uma cuba revestida de material refratário dentro


do qual operam os eletrodos submersos na massa da carga de
trabalho.

 São comumente empregados na manutenção do estado líquido


do gusa ou aço oriundo de outros tipos de fornos.
Forno a Arco submerso
Forno a Arco Direto

 Constituído de uma cuba revestida de material refratário dentro


do qual operam os eletrodos posicionados acima da carga de
trabalho.

 São comumente empregados na fusão de sucata de ferro e aço


dirigida à fabricação de lingotes.
Forno a Arco Direto
Fornos a arco direto

O forno a arco direto tem sua


maior aplicação em aciarias
para fabricação de grandes
quantidades de aço a partir
de sucata (pelo processo
ácido ou básico) e em
fundições de grande porte.
Forno a Arco Indireto
 Neste forno o aquecimento de sua carga se dá por irradiação e
convecção, uma vez que o arco permanece entre os eletrodos e
não toca a carga.
Fornos a arco indireto

O arco é mantido entre eletrodos e carga, sendo o calor gerado


principalmente pelo arco e em pequena parte pela resistência da
carga à passagem de correntes através da mesma entre os eletrodos.

Esta modalidade é empregada apenas em fornos de baixa capacidade


(cerca de 0,25t a 2t) devido à limitação exigida pela posição
horizontal dos eletrodos e ao fato de possuir um consumo energético
elevado.
Principais
equipamentos do
Forno elétrico a arco
Fornos elétricos a arco

Utiliza o calor desenvolvido pela descarga elétrica em forma de


arco, entre 3 eletrodos (igualmente espaçados) e o metal. Cada
eletrodo é ligado a uma fase trifásica.

Eletrodos são de grafita por ter alta resistência e elevada


condutibilidade elétrica.

A fusão é controlada pela variação de voltagem e pelo ajuste


automático da posição ou altura dos eletrodos. A faixa de
voltagens varia entre 90 e 500V.
Eletrodos

Os eletrodos são constituídos de um bloco


cilíndrico de grafite de comprimento e
diâmetro variáveis em função da capacidade
do forno.

Os eletrodos são emendados na medida em


que vão sendo consumidos, por meio de
“nipples” cônicos ou paralelos.
Consumo dos Eletrodos

Erosão – causada pela projeção de metal nos eletrodos,


provocada pelas forças eletromagnéticas gerada pela alta corrente
nos eletrodos.

Sublimação – a temperatura de sublimação (passagem do estado


sólido para gasoso) do carbono é da ordem de 3800°C, que pode
ser atingida na região do arco elétrico, o que faz com que o
consumo da grafita seja inevitável.
Consumo dos Eletrodos

Oxidação – a grafita começa a oxidar a temperatura da ordem de


400°C e o consumo por oxidação aumenta à medida que a
temperatura se eleva.

Quebras – decorrentes de trincas oriundas da própria fabricação


do eletrodo.
Refratário

A parte inferior do forno (soleira) é constituída por revestimento


refratário de natureza básica ou ácida.

O fundo pode ser chato ou abaulado.

As partes laterais bem como a abóbada, são revestidas de tijolos


silicosos.
Refratário

Fundo chato
Refratário

Fundo abaulado
Fornos elétricos a arco
Forno arco elétrico
 Quanto maior a potência instalada, mais rápida será a fusão da
carga.

 Entretanto, a radiação causada pela alta energia disponível no


arco acelera o desgaste dos refratários das paredes e da
abóbada do forno.
Fornos elétricos a arco

As etapas do processo de um forno elétrico a arco podem ser


subdivididas nas seguintes etapas:
 Preparação do cestão;
 Carregamento;
 Fusão;
 Refino;
 Vazamento.
Cestões para carregamento
Preparação do cestão e carregamento

A preparação do cestão é uma operação


muito importante não apenas para
garantir a composição química do metal
mas também para proporcionar boas
condições de fusão da carga e garantir
maior segurança operacional.
Preparação do cestão e carregamento

Com o forno desligado e os eletrodos


elevados, inicia-se o carregamento.
Na camada inferior do cestão utiliza-se
sucata leve, para amortecer o impacto da
queda do restante da carga e protegendo
o material refratário da soleira.
Preparação do cestão e carregamento

Acima dessa camada deve ser colocada


cargas mais pesadas, para evitar que
afundem de uma vez e quebrem os
eletrodos.
Preparação do cestão e carregamento

Na terceira camada coloca o ferro-gusa e


carburantes.

A quarta camada deve conter sucatas de


média densidade em blocos para evitar
seu deslocamento durante a fusão.
Preparação do cestão e carregamento

A última camada deve ser de sucata leve, para facilitar a fusão, já


que no início é utilizado baixa potência para facilitar a penetração
dos eletrodos.

Essa camada não pode ter materiais isolantes (madeira e borracha)


pois podem causar quebra dos eletrodos por isolamento elétrico.
Perfuração e fusão

A etapa de perfuração inicia quando os


eletrodos são baixados.

Essa etapa é caracterizada por intenso


ruído devido à instabilidade do arco, sendo
então realizada com potência reduzida e
arco curto.
Perfuração e fusão

Após suficiente penetração dos eletrodos na sucata, inicia-se o


período de fusão e pode-se aumentar o comprimento do arco e
sua potência sem gerar danos às paredes do forno e abóboda.

Com um arco mais longo e vertical, o calor pode ser irradiado


horizontalmente e a sucata fundida mais rapidamente.
Perfuração e fusão

O calor vai se difundido por irradiação e por condução elétrica,


devido à resistência da par te sólida da carga, até
que se dê a fusão completa da carga.

Durante a fusão é necessário manipular partes de carga que


ficam nas zonas menos quentes do forno ou que ao formarem
blocos sinterizado não se fundem tão prontamente como
desejados.
Perfuração e fusão
Fusão através dos eletrodos
Refino
 Refino é o trabalho com aço líquido onde se objetiva a limpeza
do aço em termos de inclusões e acerto de composição
química;

 Esse período é acompanhado pela elevação de temperatura


no forno e formação de escórias que ajudam a proteger o
forno contra a radiação térmica.

 Essas escórias também colaboram na limpeza do aço.


Refino Oxidante
A oxidação se dá pelo oxigênio proveniente das seguintes
fontes:

• Óxido contido na própria sucata;


• Oxigênio livre e gases de atmosfera do forno;
• Oxigênio proveniente de calcinação do calcáreo;
• Óxido de elementos de ligas adicionados;
• Minério ou escamas de laminação adicionados;
• Oxigênio injetado no banho.
Refino Oxidante
Durante este período, os vários elementos são oxidados segundo
reações do tipo indicado abaixo:

(1) C + FeO = CO + Fe
(2) Si + 2 FeO = SiO2 + 2 Fe
(3) Mn + FeO = MnO + Fe
(4) (a) 2 Fe3P + 8 FeO = 3 FeO . P2O5 + 11 Fe
(b) 3 FeO . P2O5 + 3 CaO = 3 CaO . P2O5 + 3 FeO
Refino Oxidante
No processo básico de suas escórias, a oxidação é geralmente
levada a ponto de se eliminar praticamente o C, Si e Mn pois que
a oxidação do banho favorece a eliminação do P.

Para fixação do P na escória é preciso que se mantenha elevado o


grau de basicidade de escória, caso contrário poderá se dar a
reversão da reação, devido à temperatura elevada da escória,
resultando sua reversão do P ao banho.
Refino Oxidante
Sopro do oxigênio:

• Desfosforação – remoção de 20 a 50% de fósforo (P) do metal.


• Dessulfuração – redução do teor de enxofre (S).
• Desgaseificação – redução de hidrogênio (H) e nitrogênio (N),
reduzindo a pressão parcial do gás .
Refino Oxidante

O forno é então desligado e basculado no sentido da porta de


carga e a escória oxidante são removidas antes de se proceder
com as outras operações.
Refino Oxidante
Remoção da escória Vazamento
Sequência de operações
Processo de fabricação
Vazamento
Vazamento com EBT – vazamento excêntrico
(Eccentric Bottom Taping) Vazamento com bica)
Vantagens
 Simplicidade e rapidez das operações para chegar-se a fundir
certa quantidade de material.

- Acionando uma simples chave elétrica, começa a funcionar o


aparelho e seu funcionamento não é alterado quimicamente por
gases nem por algum produto da combustão.

 A emissão de CO2 é menor comparado a outros tipos de fornos.


Vantagens
 Tem alta eficiência energética. Em um forno de tamanho regular
consome-se 1 kWh por quilo de material fundido e para fundir
uma tonelada levam-se aproximadamente 2 horas.

- Utiliza eletricidade para gerar o arco elétrico, medida mais eficaz


do que a queima de combustíveis fósseis.

- Isso também faz com que o Forno Elétrico a Arco seja uma opção
mais sustentável e econômica para muitas empresas.
Vantagens
 Facilidade de controle de temperatura.

 Produção de material de alta qualidade.


Desvantagens

 Necessidade de manutenção frequente;

 Emissão de gases poluentes;

 Necessidade de alto investimento inicial;


Meio ambiente

 O aço pode ser reciclado infinitas vezes sem perder suas


propriedades originais e, por isso, a geração de sucata de aço
nunca será um problema ambiental.

 Atualmente, cerca de 28% do aço no mundo é produzido via


Forno Elétrico.
Meio ambiente

 Utilizando o forno elétrico para a produção de aço à partir da


reciclagem de sucata ao invés de redução do minério de ferro
economiza-se em carvão e cal.

 Além disso, reduz a emissão de CO2 e o efeito estufa.


Equipamentos de segurança
Cuidados na operação do forno

Durante a operação, os seguintes cuidados devem ser observados no


sentido de evitar acidentes que venham a afetar a integridade do
operador e a sequência de operação:

 Operador deve trabalhar munido de luvas apropriadas para


manusear queimadores, válvulas e outras peças sujeitas e altas
temperaturas e utilizar óculos de segurança, além dos EPI's
recomendados em sua empresa.
Cuidados na operação do forno

 Os extintores de incêndio devem estar sempre próximos às


instalações de óleo. O operador deve ser treinado no seu
manuseio.

 A permanência do homem em ambientes de altas temperaturas


provoca uma grande perda de água e sais. Por essa razão, deve-se
recompensar essas perdas permitindo que o operador tenha
acesso a líquidos que garantam a reposição dessas perdas.
Cuidados na operação do forno

 Os operadores devem conhecer plenamente o funcionamento das


chaves de comando, aquecedores, a fim de não provocar
acidentes.

 Treinamento conforme normas regulamentadoras NR-10


Segurança em instalações e serviços em eletricidade e NR-
14 – Fornos.
Refino Primário de uma Aciaria Elétrica.
Referências
FERREIRA, Leandro. Metalurgia dos aços. 2011. SENAI. Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/10152186/

PADILHA, Hélio. Fornos para fundição.2017. Disponível em https://slideplayer.com.br/slide/11122921/

MARCOMININI, José Benedito. Processo da indústria metalúrgica e siderúrgica. Disponível em:


https://www.slideserve.com/lise/fundi-o

BLOG DO AÇO. Conhecendo o forno elétrico a arco. GERDAU. 2021. Disponível em: https://mais.gerdau.com.br/blog-do-
aco/automotivo/conhecendo-o-forno-eletrico-a-arco/

FILHO, João Mamede. Instalações elétricas industriais. 7ed. LTC editora. Fornos elétricos.

ACIARIA NEWS. Forno elétrico a arco. 2012. Disponível em: http://aciarianews.blogspot.com/2012/12/forno-eletrico-


arco-fea.html

ROSSI, Daniel; BIELEFELDT, Wagner Viana; VILELA, Antônio Cezar Faria. INFLUÊNCIA DA PROPORÇÃO
ENTRE AS VAZÕES DE OXIGÊNIO E GÁS NATURAL DO SISTEMA DE INJEÇÃO DE UM FORNO
ELÉTRICO A ARCO NO CONSUMO DE ENERGIA TOTAL.

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