Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Consumidor - Responsabilidade Por Vício Do Produto e Do Serviço
Consumidor - Responsabilidade Por Vício Do Produto e Do Serviço
Daniel Venturine
Direito do Consumidor
(*) não cabendo a garantia quando o vício é conhecido e aceito, culminando a redução
do preço.
Direito do Consumidor
Obs.: Cabe relembrar que a incidência do CDC não dispensa a realização de diálogo das
fontes com o Código Civil. A solução jurídica para o caso concreto decorre da análise
simultânea e comparativa dos diplomas legais (CDC e CC), com pretensão de harmonia
entre as fontes, e utilização daquilo que for mais favorável ao consumidor.
Art. 18 (...)
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados,
corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em
desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se
destinam.
Direito do Consumidor
Vício de quantidade:
Obs.: Nas hipóteses de vícios de quantidade, não incide o prazo de 30 dias para o
fornecedor providenciar a correção do vício, como previsto na hipótese de vício de
qualidade (art. 18, §1º/CDC).
Obs.: Além das alternativas de substituição, restituição do dinheiro e abatimento do preço, o
consumidor também pode exigir indenização por perdas e danos, em decorrência dos vícios
dos produtos e/ou serviços.
“2. Recurso especial em que se discute se o consumidor faz jus à indenização por danos
morais em virtude de defeitos reiterados em veículo zero quilômetro que o obrigam a levar
o automóvel diversas vezes à concessionária para reparos, bem como o dies a quo do
cômputo dos juros de mora. 3. O defeito apresentado por veículo zero-quilômetro e sanado
pelo fornecedor, via de regra, se qualifica como mero dissabor, incapaz de gerar dano
moral ao consumidor. Todavia, a partir do momento em que o defeito extrapola o razoável,
essa situação gera sentimentos que superam o mero dissabor decorrente de um transtorno
ou inconveniente corriqueiro, causando frustração, constrangimento e angústia, superando a
esfera do mero dissabor para invadir a seara do efetivo abalo psicológico. 4. Hipótese em
que o automóvel adquirido era zero-quilômetro e, em apenas 06 meses de uso, apresentou
mais de 15 defeitos em componentes distintos, parte dos quais ligados à segurança do
veículo, ultrapassando, em muito, a expectativa nutrida pelo recorrido ao adquirir o bem.”
(REsp 1.395.285/SP)
Direito do Consumidor
Art. 18 (...)
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste
artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes
viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto,
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
§ 7º Entende-se por produto essencial aquele cuja demora para ser reparado
prejudique significativamente as atividades diárias do consumidor e o
atendimento de suas necessidades básicas, como por exemplo: I – fogão; II –
geladeira; III – aparelho de telefone, fixo ou celular; IV – computador
pessoal; V – televisor; VI – óculos, lentes de contato e quaisquer outros
acessórios destinados a corrigir problemas de visão; VII – equipamentos de
auxílio à mobilidade, como cadeiras de rodas, andadores, muletas etc;
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a
obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente
pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
Direito do Consumidor
Serviços Públicos:
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste
artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na
forma prevista neste código.
Cabe relembrar que a pessoa jurídica de direito público pode ser fornecedora
(art. 3º/CDC), sendo direito básico do consumidor a adequada e eficaz prestação
dos serviços públicos em geral (art. 6º, X/CDC).
Direito do Consumidor
Embora não haja dúvida quanto à incidência do CDC aos serviços públicos, há
polêmica quanto à necessidade da atividade ser remunerada diretamente (tarifa,
preço público ou taxa) ou a suficiência de que a remuneração seja indireta e
remota (impostos).
Art. 175/CF. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
• o corte do serviço deverá respeitar o princípio da não surpresa, devendo existir prévia
comunicação, por escrito, visando dar a oportunidade de o consumidor pagar seu débito e
purgar a mora (Resp. AgRg no AREsp 412822/RJ; REsp 1270339/SC);
• não é lícito à concessionária interromper o fornecimento de energia elétrica por dívida
pretérita, a título de recuperação de consumo, em face da existência de outros meios legítimos de
cobrança de débitos antigos não pagos (REsp 1298735/RS). O débito deve ser atual;
• quando configurado o abuso de direito (ausência de razoabilidade/proporcionalidade diante
do valor do débito) pela concessionária, cujo reconhecimento implica a responsabilidade civil de
indenizar os transtornos sofridos pelo consumidor. (REsp 811690/RR);
• quando o débito decorrer de suposta fraude no medidor de consumo de energia apurada
unilateralmente pela concessionária (REsp 1298735/RS; AgRg no AREsp 346561/PE; AgRg no
AREsp 370812/PE);