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ARTIGO 4

Artigo 4. Direito à vida

4.1 Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser
protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém
pode ser privado da vida arbitrariamente.

 A fertilização in vitro não viola o direito à vida, previsto no art. 4.1 da Convenção
Americana de Direitos Humanos

264. A Corte utilizou os diversos métodos de interpretação, os quais levaram a resultados


coincidentes no sentido de que o embrião não pode ser entendido como pessoa para
efeitos do art. 4.1 da Convenção Americana. Além disso, depois de uma análise das
bases científicas disponíveis, a Corte concluiu que a “concepção”, no sentido do art.
4.1, ocorre a partir do momento em que o embrião se implanta no útero, razão pela
qual antes desse evento não procederia a aplicação do art. 4 da Convenção. Além
disso, é possível concluir das palavras “em geral” que a proteção do direito à vida em
conformidade com essa disposição não é absoluta, mas é gradual e incremental
segundo seu desenvolvimento, em razão de que não constitui um dever absoluto e
incondicional, mas implica entender a procedência de exceções à regra geral. [Corte
IDH. Caso Artavia Murillo e outros (Fecundação in vitro) vs. Costa Rica. Exceções
preliminares, mérito, reparações e custas. Sentença de 28-11-2012.] [Resumo oficial.]

 Deve-se interpretar o tipo penal do aborto conforme a Constituição para excluir do


seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação no primeiro trimestre

21. Torna-se importante aqui uma breve anotação sobre o status jurídico do embrião
durante fase inicial da gestação. Há duas posições antagônicas em relação ao ponto.
De um lado, os que sustentam que existe vida desde a concepção, desde que o
espermatozoide fecundou o óvulo, dando origem à multiplicação das células. De outro
lado, estão os que sustentam que antes da formação do sistema nervoso central e da
presença de rudimentos de consciência – o que geralmente se dá após o terceiro mês
da gestação – não é possível ainda falar-se em vida em sentido pleno. Não há solução
jurídica para esta controvérsia. Ela dependerá sempre de uma escolha religiosa ou
filosófica de cada um a respeito da vida. Porém, exista ou não vida a ser protegida, o
que é fora de dúvida é que não há qualquer possibilidade de o embrião subsistir fora
do útero materno nesta fase de sua formação. Ou seja: ele dependerá integralmente
do corpo da mulher. Essa premissa, factualmente incontestável, está subjacente às
ideias que se seguem. (...) na linha do que se sustentou no presente capítulo, a
criminalização da interrupção da gestação no primeiro trimestre vulnera o núcleo
essencial de um conjunto de direitos fundamentais da mulher. [STF. HC 124.306, rel.
min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Roberto Barroso, 1ª T, j. 9-8-2016, DJE de 17-3-2017.]

 É inconstitucional a interpretação segundo a qual a antecipação terapêutica do parto


no caso de feto anencefálico constitui crime de aborto

Aliás, no julgamento da referida e paradigmática Ação Direta de Inconstitucionalidade


3.510/DF, acerca da pesquisa com células-tronco embrionárias, um dos temas
espinhosos enfrentados pelo Plenário foi o do que pode vir a ser considerado vida e
quando esta tem início. Ao pronunciar-me quanto à questão do princípio da vida,
mencionei a possibilidade de adotar diversos enfoques, entre os quais: o da
concepção, o da ligação do feto à parede do útero (nidação), o da formação das
características individuais do feto, o da percepção pela mãe dos primeiros movimentos,
o da viabilidade em termos de persistência da gravidez e o do nascimento. Aludi ainda
ao fato de, sob o ângulo biológico, o início da vida pressupor não só a fecundação do
óvulo pelo espermatozoide como também a viabilidade, elemento inexistente quando
se trata de feto anencéfalo, considerado pela medicina como natimorto cerebral,
consoante opinião majoritária. [STF. ADPF 54, rel. min. Marco Aurélio, P, j. 12-4-2012, DJE
de 30-4-2013.]

Vide: STF. HC 84.025, rel. min. Joaquim Barbosa, P, j. 4-3-2004, DJ de 25-6-2004.

 A pesquisa com células-tronco embrionárias para fins terapêuticos não viola o direito
à vida nem a dignidade da pessoa humana

O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da vida humana ou o preciso instante
em que ela começa. Não faz de todo e qualquer estádio da vida humana um
autonomizado bem jurídico, mas da vida que já é própria de uma concreta pessoa,
porque nativiva (teoria "natalista", em contraposição às teorias "concepcionista" ou da
"personalidade condicional"). E, quando se reporta a "direitos da pessoa humana" e até
dos "direitos e garantias individuais" como cláusula pétrea, está falando de direitos e
garantias do indivíduo-pessoa, que se faz destinatário dos direitos fundamentais "à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade", entre outros direitos e
garantias igualmente distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como direito à
saúde e ao planejamento familiar). Mutismo constitucional hermeneuticamente
significante de transpasse de poder normativo para a legislação ordinária. A
potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para
acobertá-la, infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de
obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três realidades não se
confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa
humana. [STF. ADI 3.510, rel. min. Ayres Britto, P, j. 29-5-2008, DJE de 28-5-2010.]

4.2 Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser
imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de
tribunal competente e em conformidade com lei que estabeleça tal pena,
promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá
sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente.

 A ausência de provas quanto à sujeição do extraditando a possível tratamento que


viole sua integridade pessoal obsta a responsabilização do Estado por violação à
Convenção

2. Conforme descrito nos parágrafos 124 a 188, não seria legalmente possível nesse
momento aplicar a pena de morte, e não foi provado que a extradição poderia expor
Wong Ho Wing a um real e previsível risco de ser submetido a tratamento que violasse
sua integridade pessoal; portanto, se for extraditado, o Estado não será responsabilizado
por violar a obrigação de assegurar o direito à vida e à integridade pessoal
reconhecidos nos arts. 4 e 5 da Convenção, em relação ao art. 1(1) desse instrumento,
ou a obrigação do non-refoulement estabelecido no art. 13 (4) da Convenção
Americana para a Prevenção e Punição da Tortura. [Corte IDH. Caso Wong Ho Wing vs.
Peru. Exceções preliminares, mérito, reparações e custas. Sentença de 30-6-2015.
Tradução livre.] [Resumo oficial.]

4.3 Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

 Pena de morte

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO


FEDERAL – INSTITUIÇÃO DA PENA DE MORTE MEDIANTE PRÉVIA CONSULTA PLEBISCITÁRIA –
LIMITAÇÃO MATERIAL EXPLÍCITA DO PODER REFORMADOR DO CONGRESSO NACIONAL
(ART. 60, § 4º, IV) – INEXISTÊNCIA DE CONTROLE PREVENTIVO ABSTRATO (EM TESE) NO
DIREITO BRASILEIRO – AUSÊNCIA DE ATO NORMATIVO – NÃO CONHECIMENTO DA AÇÃO
DIRETA. [STF. ADI 466 MC, rel. min. Celso de Mello, P, j. 3-4-1991, DJ de 10-5-1991.]

4.4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos,
nem por delitos comuns conexos com delitos políticos.

4.5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da


perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem
aplicá-la a mulher em estado de gravidez.

4.6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou
comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos.
Não se pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente
de decisão ante a autoridade competente.

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