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SEMÂNTICA

PROFª. CLAUDIANE APARECIDA DE SOUSA


P o rtu g u ês I n st ru m en ta l |1

TRILHA II - SEMÂNTICA

2.1. Polissemia

2.2. Homonímia, Paronímia

2.3. Denotação e conotação

2. PODEMOS FALAR DE UMA ÚNICA SEMÂNTICA?


De modo abrangente, a Semântica pode ser acentuada como a área
dos Estudos Linguísticos que se prende à apreciação dos significados
expressos por entidades linguísticas. Sendo assim, trata-se de um ramo
investigativo que advém sobre as representações evocadas por morfemas,
itens lexicais, sintagmas, sentenças, textos e discursos, tendo em vista que
considera o significado como um componente essencial à função primordial
da linguagem humana: o estabelecimento de comunicação. Desse modo,
sendo a Semântica uma vertente que toma como finalidade a esfera da
significância, seu alcance não pode ser percebido de forma homogênea, uma
vez que as diversas formas de se considerar o estudo do significado
propiciarão abordagens variadas, com objetivos e focos igualmente
distintos.

O termo “significado” seguramente não se atém à esfera da


Linguística, pois, como sociedade, assentamos culturalmente alguns
significados para entidades diversas, inclusive não linguísticas. Podemos,
então, compreender o significado de um olhar reprovativo em uma dada
situação, ou de outros signos, como, por exemplo, os comandos recordados
pelas cores de um semáforo, uma placa de trânsito etc. Porém, em termos de
significado linguístico, podemos compreender certas especificidades, as
quais auxiliam no alinhamento de objetivos e metodologias de investigação
semântica.
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O significado linguístico, por assim dizer, admite-se como um


elemento que, junto de uma forma, detém-se à fixação de uma convenção
através da linguagem. Dessa maneira, sua característica talvez mais
relevante seja a questão de sua associação ao material formal (e.g. palavras,
expressões, padrões sintáticos etc.), o que remete à acepção de signo
linguístico (Saussure, 1916), ou, em versões teóricas mais recentes, à
definição de pareamentos simbólicos de forma-sentido-uso (Goldberg,
1995; 2006).

A definição de significado é variável, a depender da filiação teórica do


analista. Para correntes formalistas, como a Semântica Estrutural e a
Semântica Formal, por exemplo, o significado pode ser apreendido como
uma propriedade de diferença e individualização de entidades no mundo, ou
como um componente que envolve duas expressões – o sentido e a
referência –, as quais preveem a organização lógica de sentenças. Em
contrapartida, já para outras vertentes, como a Semântica Enunciativa e a
Semântica Cognitiva, as quais sopesam outras questões relativas à língua
em uso, o significado pode ser entendido, simultaneamente, como resultado
do jogo argumentativo criado pela interação, ou como estruturação mental
de experiências socioculturais.

Observamos, assim, que as distintas escolhas teóricas influenciam


diretamente no estudo do significado e dos fenômenos a ele relacionados.
Dessa maneira, em cada uma das vertentes podem-se notar influências do
Estruturalismo, do Gerativismo, da Análise de Discurso e do Funcionalismo
e da Linguística Cognitiva.

Não se pode assegurar, deste modo, que todas as teorias linguísticas


se interessam equitativamente pelos mesmos fatos da linguagem, porque, a
depender do propósito ao qual se direcionam, estas se agruparão em
determinados aspectos. Não obstante, podem ser contemplados dois
proponentes essenciais e inerentes às teorias sobre a linguagem humana,
quais sejam: (a) capacidade descritiva e (b) potencial explanatório a respeito
da natureza da linguagem.
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Tais prerrogativas, apesar disso, não implicam uniformidade entre as


teorias, pois estas podem se aproveitar de abordagens e concepções
distintas para descrever e elucidar a linguagem humana. De outro modo, um
mesmo fenômeno linguístico pode ser apreciado de várias formas a
depender do modelo de gramática que se propõe em cada vertente, sem que
isso constitua preferência de uma dada visão em detrimento das outras. Até
mesmo, é muito comum compreendermos na historiografia da Linguística
que uma teoria pode partir das conjecturas de outra para ampliar
explicações sobre fatos da língua que não foram bem aclarados antes –
aspecto que observa o caráter científico do estudo da linguagem.

Por conseguinte, não deve ser acatada factível a ideia de que todas as
teorias sugeridas para a investigação do significado linguístico, em distintas
vertentes de exame que compõem a Linguística Moderna, dão alicerces e
instrumentos capazes de considerar em sua totalidade quaisquer
fenômenos semânticos. Ao contrário, a depender da base teórica, ou seja, de
que Semântica se está falando, pressupõem-se focos diferentes, os quais
explicarão, de forma mais enfática, determinados fenômenos conectados à
significância. Assim, apesar de haver disputas entre cada teoria, é mais
produtivo para a pesquisa que elas sejam vislumbradas como
complementares no serviço incessante de expor as minúcias do significado
linguístico.

2.1 A SEMÂNTICA COMO PARTE DA LINGUÍSTICA QUE


ESTUDA O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
Essa, por sua vez, se dedica ao estudo do significado e a interpretação
dos significados das palavras, frases ou expressões dentro de um específico
contexto. A semântica é uma parte da gramática que se relaciona com outro
campo da linguística, a sintaxe. Isto posto, qualquer alteração sintática que
houver em uma sentença, em um ponto que for, todo o sentido também
mudará.
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Celebrada como o “estudo de significado”, a semântica tem por


objetivo elucidar o sentido da mensagem que está sendo transmitida. A
análise semântica poderá ser feita pela elucidação da mensagem e através
do olhar atento ao texto completo ou por meio das palavras que estão
compondo a oração.

Igualmente, é a parte da linguística que estuda os significados das


palavras, das frases, dos símbolos e imagens, etc. Ademais, a semântica
dedica-se ao estudo das várias mutações de significado que as palavras
podem ter dentro de distintos contextos.

A semântica ainda considera as transformações de significados que


acontecem nas formas linguísticas devido a fatores como o tempo. Isto é,
parte de duas vertentes:

• Semântica Sincrônica é aquela que estuda o significado das


palavras no momento atual. É a semântica descritiva que tem relação com a
evolução da língua.

• Semântica Diacrônica é aquela que estuda o significado das


palavras em um determinado espaço. É a semântica histórica que tem
relação com um tempo passado.

No campo de estudo da semântica existem alguns conceitos que são


fundamentais para a compreensão dos significados das palavras. Na ementa
é destacado apenas a polissemia, a homonímia, a paronímia e a denotação e
conotação.
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Aqui, darei uma pincelada em todos os significados das palavras para


maior compreensão da semântica. Vejamos:

✓ Denotação
✓ Conotação
✓ Sinonímia
✓ Antonímia
✓ Hiperônimo
✓ Hipônimo
✓ Homonímia
✓ Paronímia
✓ Polissemia
✓ Ambiguidade

2.1.1 Conotação ou Conotativo

Conotação é quando as palavras são aplicadas em um sentido


figurado. Além de depender do contexto em que estão inseridas.

Exemplo:

Disponível em: https://bit.ly/3H2aZRX


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2.1.2 Denotação ou Denotativo

Denotação é o sentido real da palavra ou frase. Exatamente o


contrário da função conotativa. É o significado literal e original presente no
dicionário.

Exemplo:

➢ Marcelo partiu o pé da cadeira.

2.1.3 Sinonímia

No estudo semântico, sinonímia acontece quando duas palavras com


significados diferentes são colocadas em um contexto em que passam a ser
sinônimas. Isto quer dizer que não são palavras sinônimas, mas dentro
daquela determinada oração assume significados iguais.

Fique Atento!

Tais expressões não são sinônimos, apenas estabelecem uma


relação de sinonímia dentro de um contexto.

Exemplos:

➢ A paz e a tranquilidade reinava na casa de Marcelo.


➢ A ponte da esquina quebrou porque era frágil e fraca.

ENTENDA: Os substantivos "paz", "tranquilidade", "frágil” e "fraca"


quando separados do contexto não são sinônimos. Apesar disso, dentro do
contexto de estabelecem estão estabelecendo uma relação de sinonímia.
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2.1.4 Antonímia

Antonímia é a relação que ocorre quando duas ou mais palavras não são
necessariamente contrárias, mas ao serem colocadas dentro de um
contexto assumem sentido de antônimos.

Exemplos:

➢ Mônica é uma pessoa caridosa, já seu irmão Marcos é agressivo.


➢ Marcos é um homem mau, já Mônica é uma pessoa boa.

ENTENDA: “caridosa” e “agressivo” não são antônimos, mas transmitem


esse sentido dentro desse contexto. Logo, as palavras “mau” e “boa” estão
estabelecendo uma relação de antonímia, no entanto, também são palavras
antônimas, pois o contrário de mau é bom e vice e versa.

2.1.5 Hiperônimo

São palavras que tem um sentido mais abrangente, isto é, englobam


um conjunto de palavras relacionadas a ela e que estão dentro do mesmo
grupo semântico.

Exemplos:

➢ Profissão: é um hiperônimo, pois dentro desse grupo há várias


outras palavras. Como médico, jornalista, cozinheiro, entre
outros.
➢ Inseto: hiperônimo de barata, mosquito, mosca, etc.
➢ Mamíferos: hiperônimo de ser humano, baleia, vaca, etc.
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2.1.6 Hipônimo

Ao contrário do “hiper” que é algo mais amplo, “hipo” é mais restrito.


Isto é, está relacionado a elementos mais específicos dentro do conjunto dos
hiperônimos.

Exemplos:

• Escritor e Jornalista são hipônimos de profissão.

• Mosquito e mosca são hipônimos de inseto.

• Gato e cachorro são hipônimos de mamíferos.

Hiperônimo Hipônimo

Margaridas

Rosas
Flores
Petúnias

Orquídeas

2.1.7 Paronímia

São palavras parônimas aquelas que têm a escrita e a pronúncia


semelhantes, mas possuem diferentes significados. A relação parônima
acontece quando duas ou mais expressões possuem significados distintos,
mas são parecidas na sonoridade e ortografia.

Exemplos:

• Absolver (perdoar, inocentar) e absorve (aspirar, sorver).

• Recrear (divertir) e recriar (criar novamente).


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• Eminência (elevado) iminência (qualidade do que está iminente).

Disponível em: https://bit.ly/3H83dWL

2.1.8 Homonímia

É a relação presente entre duas ou mais palavras que possuem a


mesma pronúncia ou escrita, mas diferentes significados.

A homônima é subdivida em:

➢ Palavras homógrafas: expressões com sentidos diferentes, mas a


mesma escrita. Exemplo: sede (vontade de beber) e sede (matriz).

➢ Palavras homófonas: expressões que têm a escrita diferente, mas a


pronúncia é igual. Exemplos: Sessão, secção, seção ou
cessão e acerto (ato de acertar) e asserto (afirmação).

➢ Perfeitas: são palavras homógrafas e homófonas ao mesmo tempo, ou


seja, tem a escrita e a pronúncia iguais, mas diferentes significados.
Exemplo: Gosto (substantivo) e gosto (forma do verbo gostar na 1ª
pessoa do sing. do tempo presente do modo indicativo).

2.1.9 Polissemia

A polissemia acontece quando uma mesma palavra pode ser


interpretada em diversos significados, proporciona mais de uma leitura. Os
sentidos mudam apenas no contexto em que forem inseridas.
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Exemplos: palavras polissêmicas

• Cabo: pode ser cabo de vassoura, da faca ou o policial militar.

• Cabo: pode ser da faca ou o policial militar.

• Cabo: pode ser o policial militar.

Disponível em: https://bit.ly/3h8DT8o


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2.1.10 Ambiguidade

A ambiguidade anda ao lado da polissemia, porém a ambiguidade não


está atrelada a vários significados, mas sim as possíveis interpretações em
uma frase. Isto é, ambiguidade está relacionada ao duplo sentindo de uma
sentença ou palavra, enquanto que a polissemia caracteriza-se pelos vários
significados de uma única palavra.

Portanto, ambiguidade é a abertura que uma palavra ou oração pode


deixar para interpretações, a possibilidade de olhar por vários ângulos uma
mesma coisa.

Exemplos:

➢ Daniela comeu um chocolate e sua irmã também. (Daniela e a irmã


dela comeram um doce ou Daniela comeu o doce e a irmã?).

➢ O policial prendeu o suspeito em sua casa. (Na casa de quem? Do


suspeito ou do policial?).

➢ A estudante falou para a professora que era soteropolitana.


(Quem era soteropolitana? A estudante ou a professora?).
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da Presidência da
República. – 3. ed. rev. e atual. – Brasília: Presidência da República, 2018.
Disponível em:
http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/manual-de-
redacao-da-presidencia-da-republica/manual-de-redacao.pdf. Acesso 22
out. 2021.

DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antônio. Curso de português


jurídico. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

GOLDBERG, Adele. Constructions. Chicago: University of Chicago Press,


1995.

MARTINO, Agnaldo. Português esquematizado. 8. ed. São Paulo: Saraiva,


2020.

SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2012


[1916].

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