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PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS (TREINO)

Orientação tirada de: Daniel Maffasioli Gonçalves - Psiquiatra - Porto Alegre

A seguir será apresentado sucintamente qual o papel dos pensamentos automáticos:

1) Todo estímulo interno (lembrança, sensação coropórea, etc) ou externo (um


acontecimento, ver uma pessoa, etc) desencadeia uma resposta emocional. O elo entre
estes dois eventos costuma não ser familiar para todos. As pessoas em geral limitam-se
a perceber suas emoções, sentimentos, reações, sem muita importância dar aos
estímulos que os provocaram. Temos aqui o primeiro passo para o domínio da técnica:
atentar para as relações entre as emoções e os estímulos que as desencadearam.
Niguém repentinamente sente-se triste ou feliz, amado ou rejeitado, assustado ou
encorajado, sem motivo algum. Não são `obras do ocaso`. Sempre que for tomado por
algum sentimento mais intenso, reflita um pouco e faça uma pequena retrospectiva a
fim de identificar qual foi o estímulo desencadeador daquela emoção. Você ficará muito
surpreso sempre que fizer este exercício, pois verá que nenhum sentimento ou emoção
ocorrem por acaso: sempre houve um estímulo, um desencadeador.
Por exemplo, andando pela rua, repentinamente você sente-se alegre. Ao fazer o
exercício poderá perceber que recentemente passou por você alguém que lhe lembrou
um amigo muito querido da infância e isto lhe causou uma sensação de alegria,
saudosismo e bem estar. Ou então, descansando numa cadeira, poderá sentir-se muito
angustiado. Ao rever o que funcionou como estímulo, poderá perceber por exemplo que
lembrou-se de algumas dívidas que precisa saldar
Esta relação de estímulo e resposta emocional acontece a todo momento, mesmo que
não nos demos conta. É um princípio básico e bastante simples no desencadeamento
das nossas emoções.
Entretanto, como você deve ter percebido, para se identificar a ligação entre um
estímulo e uma resposta emocional, o caminho é inverso ao que ocorre naturalmente.
Ou seja, a sequência natural é do estímulo para a emoção. Porém, para a identificação
dessa relação, parte-se da emoção e então volta-se para os instantes imediatamente
anteriores a esta emoção e tenta-se verificar qual foi o estímulo que a desencadeou.
2) O elo entre um estímulo e a resposta emocional é o pensamento automático.
Você pode repentinamente sentir uma forte tristeza e, num primeiro momento, não
entender de onde surgiu. No entanto, se você parar e analisar o que poderia ter sido o
estímulo de tal emoção, pode perceber que se seguiu ao momento em que um estímulo
desagradável ocorreu. Por exemplo,
pode ter avistado um caderno de aula. Caderno de aula e angústia???
Entre um estímulo e uma emoção, existem sempre pensamentos. Estes são ainda
menos percebidos que os estímulos. Além disso prestam-se muito a serem confundidos
com as emoções. As pessoas tem em geral muita dificuldade para diferenciar
pensamentos de emoções. Por exemplo, é comum ouvirmos: `eu senti que não iria
conseguir`. Na verdade você não sentiu, você pensou que não iria conseguir.
Diferenciar pensamentos de sentimentos é muito importante para a compreensão da
presente técnica. Em geral essa dificuldade reside principalmente porque nossos
pensamentos são geralmente automáticos, independentes de nossa vontade. Ou seja,
são pensamentos que ocorrem de forma involuntária.
Pensamentos automáticos ocorrem espontaneamente e são involuntários. São tão
comuns em nossa estrutura mental que ocorrem como se `tivessem vida própria`. Mas
quando eles ocorrem? Podem ocorrer a qualquer momento, porém quase que
invariavelmente logo após um estímulo desencadeador interno ou externo e
imediatamente antes de uma reação emocional.
Aqui fecha-se o ciclo:
estímulo → pensamento automático → reação emocional
Agora podemos entender porque ver um caderno (estímulo) causa angústia (emoção).
Ocorre que entre ver o caderno e sentir-se angustiado, pensamentos automáticos do
tipo ´vou ter prova amanhã e não vou me dar bem, como sempre`, ou ´não estudei como
deveria ter estudado`, entre outros, ocorreram. Ou seja, a reação emocional segue a um
estímulo porque houveram pensamentos automáticos fazendo o elo entre ambos. Na
verdade, é o pensamento automático o responsável pela reação emocional. Agora
dificultou? Até pode ser, mas logo desatamos o nó.
O problema para o entendimento deste simples esquema estímulo → pensamento
automático → reação emocional (emoção, sentimento) deriva do fato de que, se
costumamos ser insensíveis às situações desencadeadoras de emoções, somos ainda
muito mais insensíveis aos pensamentos automáticos que nos ocorrem dezenas,
centenas, milhares de vezes durante um dia. Saber da ocorrência deste tipo de
pensamento e saber identificá-los é muito pouco costumeiro em nossa sociedade.
Especialmente nesse momento de uma sociedade extremamente dinâmica e pautada
pela rapidez de informações.
Nossos íntimos pensamentos automáticos são praticamente desconsiderados. Isto
ocorre porque não temos o hábito de refletir sobre nós mesmos, por simples
desatenção ou simplesmente por desconhecimento de sua importância.
Entretanto, para modificarmos nosso modo de ser, agir e sentir, necessitamos
impreterivelmente da identificação dos nossos pensamentos automáticos. E isto é
fundamental por dois motivos:
. para conhecermos a sequência de eventos que produzem reações emocionais
. porque pensamentos automáticos são a ponta do iceberg das crenças, atitudes e
suposições mais profundas da nossa psique.
Esse esquema, testado e retestado incontáveis vezes desde sua proposição,
demonstra claramente a sequência de eventos que culminam nas reações emocionais.
Estas se configuram em sintomas psicoemocionais quando inapropriadas,
desagradáveis ou deturpadas continuamente, causando sofrimento e prejuízos na nossa
funcionalidade.
É interessante enfatizar que os pensamentos automáticos podem ser bastante
adpatativos, quando não são exagerados e são coerentes com a realidade, ou seja, não
são distorcidos. Por outro lado, são classificados como disfuncionais quando são
desadaptativos, exagerados, deturpados, incoerentes com a realidade externa; estes
pensamentos disfuncionais são os que desencadeiam respostas emocionais
desagradáveis e inadequadas, produzindo os "sintomas psicoemocionais", que, em
alguns casos, podem culminar em transtornos psíquicos (para saber mais quando tais
sintomas indicam um transtorno mental, veja Diagnóstico em psiquiatria).
Concluindo, os pensamentos automáticos são o elemento central no elo estímulo-
reação emocional, e por isso são fundamentais para a compreensão das nossas
emoções; além disso, representam o elemento mais superficial e acessível que deriva
de porções mais profundas de nossa psique, sendo assim necessário identificá-los e
conhecê-los para acessarmos o nosso íntimo psíquico.
Segue abaixo um exercício para vocês do grupo de TCC fazerem como treino para
identificarem seus pensamentos automáticos:

Para realizar este exercício, sugere-se que você inicie sempre pelo C (emoção) e
então identifique o estímulo (A). Após familiarizada com este procedimento, pode-se
então começar a identificar os pensamentos automáticos (B). Para tanto, inicie pelo C,
siga para o A e, enfim, identifique o B.
A
B
C
A- Estímulo interno/externo: _______________________________
B- Pensamento automático: ________________________________
C- Emoção: _____________________________________________

Exemplos:
A: Vi uma pessoa parecida com meu avô
B: Meu avô foi meu grande amigo
C: Saudade

A: Meu chefe me xingou


B: Eu sou um fracasso
C: Tristeza

A: Vejo meu talão de cheques


B: Nunca vou conseguir pagar minhas dívidas
C: Angústia

Atenção pessoal do grupo de TCC:


A TCC dá ênfase inicial sobre os Pensamentos Automáticos.
É básico para entender a TCC saber muito bem identificar os pensamentos automáticos.
Bom treino.
Beijos
Nilcéa
Orientação tirada de: Daniel Maffasioli Gonçalves - Psiquiatra - Porto Alegre

https://www.facebook.com/notes/grupo-de-terapia-cognitiva-comportamental-tcc/entendimento-e-treino-dos-
pensamentos-autom%C3%A1ticos/310243432358688

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