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WANDERLEY GUILHERME

Wanderley Guilherme problematiza o efeito histórico para a formação da nossa cidadania. Ele
vai lançar o conceito de “cidadania regulada”. Cidadania regulada remete à idéia de que o
Estado foi capaz, via estruturação de um mecanismo de incorporação dos trabalhadores a uma
ordem hierarquizada, e exercendo o papel de centralizador de todas as demandas, de dar
estabilidade ao regime político e um lugar para a população na estrutura de governo. Através
dos direitos sancionados em leis durante o regime, os indivíduos definiriam o seu status de
membros nesta forma de ordenamento social. A constituição de uma cidadania regulada se
articula com o papel do Estado de garantidor das posições sociais da população e dos direitos
associados a estas posições. Os membros da comunidade nacional são definidos pelo conjunto
de profissões reconhecido por lei. A cidadania, portanto, poderia ser sempre mais ampliada, na
medida em que o Estado se dispusesse a regular novas profissões

a atuação do Estado se daria mais no sentido de regular as compensações sociais daqueles que
participavam do processo de acumulação do que regular as próprias condições nas quais o
processo de acumulação ocorreria.

ROBERT DAHL

Robert Dahl tinha o objetivo de tratar sobre o desenvolvimento de um sistema político que
garantisse que o governo fosse responsivo as preferências dos cidadãos e permitisse a
oposição ou competição entre um governo e seus oponentes. Ele afirmava que as democracias
modernas são formadas por várias minorias concorrentes entre si e que no mínimo cada uma
dessas minorias pode exercer alguma influencia sobre as questões que lhe interessam e a
partir disso ele vai formular o conceito de poliarquia, que é basicamente um sistema político
em que os eleitores, cidadãos adultos considerados politicamente iguais, podem escolher
entre vários partidos em eleições. Uma das principais características da poliarquia é a
competição e a inclusão, ou seja, um alto grau de competição pelo poder político e uma
grande parcela da população participando das decisões tomadas por este poder político,
podendo se expressar e contestar as decisões. Ele vai dizer também que para pensar
democracia é preciso considerar que há muitos tipos de democracias e que vai depender da
pluralidade de cada sociedade e que é preciso olhar para essa composição plural e não apenas
sob a ótica do Estado e da formação hierárquica.

OLIGARQUIAS COMPETITIVAS: Há contestação mas não há participação

HEGEMONIAS FECHADAS: não há contestação e nem participação

HEGEMONIAS INCLUSIVAS: há participação mas não há oposição.

POLIARQUIA: difere pois há uma ampla participação e uma ampla oposição.


MARSHALL

Marshall entende que a cidadania é um status concedido áqueles que são membros integrais
de uma sociedade. Ele pretendia justificar não uma sociedade sem classes, mas uma sociedade
na qual as diferenças de classe fossem legítimas em termos de justiça social e as classes
colaborassem mais intimamente para o bem comum de todos. Ele acredita que uma cidadania
só é plena quando tem no seu exercício a garantia de 3 tipos de direitos:

Direitos civis: Relacionado ao direito de ir e vir, direito de expressão e o direito a propriedade

Direito político: Possibilidade de participar no exercício do poder político, seja como membro
eleito ou como eleitor.

Direitos sociais: Bem estar econômico, segurança, direito de participar, direito de participar na
herança social e levar a vida de um ser civilizado de acordo com os padrões que prevalecem na
sociedade. Sistema educacional, serviços sociais.

Ele vai dizer que é uma cidadania inconclusa e “doada” pelo Estado, não conquistada pelo
povo pois não teve uma mobilização suficiente para dizer que foram conquistados e que os
direitos não tem vínculos históricos, não sofreram um processo linear. Também é possível
conceituar como uma cidadania negativa, pois teve uma direção errônea, orientada pelo
Estado.

JOSE MURILO DE CARVALHO

Jose Murilo de carvalho fala sobre a complexidade da construção da cidadania e da


democracia no Brasil. Segundo o autor, a cidadania nasceu na Inglaterra, em um processo
muito lento. Em relação ao Brasil, ele afirma que do período colonial á independência
brasileira praticamente não tivemos cidadania. Até mesmo com a proclamação da República
permanecia um caráter exclusivista. Ele divide a cidadania em três abordagens: Direitos civis,
políticos e sociais

Direitos civis: são os direitos fundamentais, à liberdade, à propriedade, à vida, à igualdade


diante da lei. Estes direitos pressupõem a independência da justiça, além de sua eficiência, e
facilidade no acesso para toda sociedade, garantindo as relações entre as pessoas e um
ambiente propício ao desenvolvimento socioeconômico;

Direitos sociais: são os que garantem a distribuição da riqueza entre as esferas da sociedade,
incluindo itens como: o direito ao trabalho, à educação, à aposentadoria, ao salário justo e
saúde de qualidade.

Direitos políticos: tratam-se daqueles ligados à participação do cidadão no governo da


sociedade. Os Direitos políticos têm como base a existência de partidos políticos atuantes e
um parlamento livre e representativo, os quais dão legitimidade à organização política da
sociedade.
Essa é uma ordem cronológica, mantida na maioria dos países, porém no Brasil essa
seqüência é invertida. Primeiramente surgem os direitos sociais, depois os direitos
políticos e por fim os direitos civis. Para Jose Murilo, a cidadania plena combina
liberdade, participação e igualdade para todos, um cidadão pleno seria aquele que
fosse titular dos três direitos, aqueles que possuíssem só algum desses direitos
seriam cidadãos incompletos e se não possuísse nenhum, não seria considerado
cidadão.

somente o exercício pleno de um direito pode redundar na aquisição de outros direitos

GRAMSCI

Gramsci tinha como proposta a análise do Estado e uma de suas maiores contribuições se deu
com a ampliação do conceito de Estado ao incluir a sociedade civil como aparelho privado de
hegemonia, definição muito comum entre governantes, intelectuais e nas práticas políticas do
Estado, da sociedade e dos partidos.

Para Gramsci o “mito-principe” não pode ser uma pessoa real mais um organismo, um
elemento complexo no qual já um reconhecimento da vonta coletiva. O principe ao mesmo
tempo que é o mito ele cria uma cisão abstrata, ele toma o lugar da consciência, da divindade,
segundo Gramsci ele torna-se base de um laicismo moderno de toda a vida e de todas as
relações de costume.

Hegemonia: é orgânica e aparece como uma resposta para a sociedade, a economia e a


política. É uma concepção de mundo, um objeto de consentimento que oferece condições de
reconhecimento, transcende interesses e se faz com a participação ativa dos sujeitos políticos.
A conquista da hegemonia se dá antes da tomada do poder e se fundamenta pelo
consentimento, pela direção político-ideológica, pela persuasão permanente e pela batalha
cultural. A reforma intelectual é a condição para a conquista da hegemonia, é o caminho para
a formação da consciência de classe.

a universalidade do pensamento de Gramsci se dá em três aspectos: pela teoria do Estado


ampliado; pela teoria processual e molecular da revolução socialista e guerra de posição; e
pela superação do marxismo clássico.

Para o Gramsci, o Estado não é formado só pelo Estado e Governo, ele é formado
instancias: a sociedade política e a sociedade civil. A sociedade política é composta pelo
governo que é o aparelho repressivo do Estado, que coloca as leis para serem colocadas
em prática e a sociedade civil são instituições, os partidos políticos, as mídias, as religiões
e os sindicatos. O Estado Ampliado é a junção dos dois pois em sua perspectiva, a
sociedade civil interfere na construção da sociedade política. Para Gramsci, a sociedade
civil precisa vencer a hegemonia, o domínio do Estado. Porém, esse domínio não vai ser
vencido pela luta como propunha Marx mas no campo das idéias, dentro das instituições,
ou seja, a classe dominada precisa se organizar politicamente, ter um partido político para
contrapor a classe dominante.

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