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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA CÍVEL DO FORO

CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP

PROCESSO Nº

FABIO, brasileiro, casado, vendedor autô nomo, portador da cédula de identidade RG


nº ...SSP/SP e inscrito no CPF/MF sob nº ..., com domicílio à ..., ... – apto. ... – ... – Sã o
Paulo/SP, cep: ...., nos autos da açã o de nú mero epígrafe, que lhe move DANIEL E
ALESSANDRO , vem, por seu advogado (procuraçã o) anexa, com endereço a Rua ..., nº ...– ...
– ... – CEP: ... e endereço eletrô nico ...., oferecer CONTESTAÇÃO com fulcro no artigo 335 e
seguintes cc 295, todos do có digo de processo civil, conforme passa a expor
I. SÍNTESE DOS FATOS
Trata-se de açã o de obrigaçã o de fazer em que os Requerentes pleiteiam o reconhecimento
de um negó cio jurídico efetivado entre as partes cujo objeto seria a venda de 2 (dois)
POSTOS DE GASOLINA QUE VENDIAM 320.000 (trezentos e vinte mil) litros de combustível
mês. Deste modo, o Requerido deveria passar para o nome dos Requeridos bens imó veis de
sua propriedade no valor de R$ 4.650.000,00 (quatro milhõ es, seiscentos e cinquenta mil
reais), bem como o pagamento mensal de R$ 70.000,00 (setenta mil reais) em cinco vezes.
Ocorre que ao adentrar no negó cio o Requerido ficou surpreendido ao saber que um dos
postos (RONDON) estava funcionando por medida liminar e que poderia cair a qualquer
momento, bem como haviam dívidas exorbitantes.
O Requerido tentou contato com os Requerente, que nã o deram atençã o e tentando
minimizar suas perdas o Requeridos vendeu aos postos aos Correqueridos, que nada
pagaram até a presenta data alegando haver diversas dívidas junto aos postos.
II. DA JUSTIÇA GRATUITA
O Requerente faz jus à concessã o da gratuidade de Justiça, haja vista nã o possuir
rendimentos suficientes para custear as despesas processuais e honorá rios advocatícios
em detrimento de seu sustento e de sua família.
Destaca o dever estatal de prestar assistência gratuita a Constituiçã o Federal do Brasil, em
seu artigo 5º LXXIV, in verbis:
“Art. 5º Todos sã o iguais perante a lei, sem distinçã o de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXIV – O
Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos;”
De igual modo, enuncia o artigo 98 e seguintes, do Có digo de Processo Civil de 2015: “Art.
98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e os honorá rios advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei. [...]”
Cumpre salientar, que o Requerente (Fabio) nã o tem renda, pois trabalha de forma
autô noma recebendo pouco mais que R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), nã o
podendo entã o arcar com as despesas processuais, pois paga aluguel, despesas da casa,
escola de suas filhas.
Com base na necessidade demonstrada, aguarda as Requerentes o deferimento da justiça
gratuita de modo integral.
III. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Devido à complexidade da causa o Requerido opta pela realizaçã o de audiência
conciliató ria ( CPC, art. 319, inc. VII), razã o qual requer a citaçã o dos Requeridos, por carta
(CPC, art. 247, caput).
IV. DA IMPUGNAÇÃO DO VALOR DA CAUSA INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 291 DO CPC
O valor atribuído à causa, na açã o em apreço é de R$ 5.530,000,00 (cinco milhõ es,
quinhentos e trinta mil reais), conforme consta de fls., 27.
Os autores nã o apresentaram qualquer argumento ou informaçã o que justifique o valor
atribuído à demanda, o que leva à conclusã o inarredá vel de que o valor foi fixado
aleatoriamente e sem embasamento no que dispõ e do Có digo de Processo Civil tanto é
verdade que posteriormente pleitearam a reduçã o do valor. Ou seja, a açã o está em total
dissenso do artigo 291 do CPC, que, aliá s, traz como requisito o valor atribuído à causa
mesmo que nã o haja proveito econô mico.
Deste modo, qual seria o valor cobrado pelos Requerentes R$ 5.530.000,00 ou de R$
880.000,00, conforme emenda a inicial de fls. 240/241?
É evidente que a reduçã o do valor da causa no caso em questã o tem o ú nico e exclusivo
intuito de burlar a legislaçã o processual, qual seja: (artigo 291), pois ao ser indeferido seu
pedido de justiça gratuita atribuiu um valor simbó lico de R$ 880.000,00, que, aliá s nã o se
encontra em nenhum lugar do processo.
Entretanto, como o objetivo dos autores é o “pagamento” da compra de 2 (dois) postos no
valor de R$ 5.530.000,00, devem os autores corrigir o pedido demonstrando qual o objeto
perseguido, pois se for o pagamento deve ser atribuído o valor correto à causa que é de R$
5.530.000,00 ou entã o explicar de forma fundamentada de onde tirou o valor de R$
880.000,00.
Assim, data venia, conforme demonstrado, consideradas as peculiaridades da demanda, o
valor da causa deverá ser alterado para R$ 5.530.000,00.
Pede e espera, destarte, pelo decreto de procedência da presente Impugnaçã o ao Valor da
Causa, com a consequente intimaçã o dos autores para complementar o valor das custas
prévias.
V. DA PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO PARA APRECIAÇÃO DA DEMANDA
Em que pese ser dificultoso o entendimento da açã o proposta, bem como a individualizaçã o
dos pedidos em face do Requerido (Fabio) e do CORREQUERIDOS, haja vista nã o haver
individualizaçã o dos pedidos entres as partes.
Impende destacar que se trata de açã o cujo objeto é o “pagamento” da compra e venda de 2
(dois) postos de gasolinas cujos endereços sã o, que se deu como suposto pagamento a
fraçã o de cota de imó vel situado no bairro de Santana.
Cumpre dizer que o suposto pagamento se daria com a cessã o de cotas do imó vel situado
Rua Sã o Cleto, no sítio Barro Branco, conforme clá usula Primeira do contrato juntado pela
parte à s fls. 80, print abaixo.

Deste modo, logo de início nos deparamos com a competência de 3 (três) foros distintos,
quais sejam: Regional do Butantã ; Foro de Diadema; e Foro Regional de Santana, que, aliá s,
conforme confessado pelos pró prios Autores já é foro com competente para julgar o objeto
desta demanda, pois, já foi proposta açã o com o mesmo objeto naquele foro, veja-se:

Conforme pode ser verificada o pró prio pedido de tutela antecipada da parte é voltada para
declaraçã o de propriedade dos lotes:
Deste modo, tendo em vista que a presente demanda se funda se em “pagamento” cujos
objetos sã o bens imó veis, requer seja julgada procedente a preliminar de incompetência
desse juízo determinado a remessa dos autos ao Foro Regional de Santana, condenando os
requerentes ao pagamento de honorá rios na forma lei.
VI. DA PRELIMINAR DE INÉPCIA DA INICIAL POR INCORREÇÕES NO VALOR DA CAUSA
– INSEGURANÇA JURÍDICA
Conforme declinado no item acima a alteraçã o do valor atribuído à causa como forma de
ludibriar a norma processual para recolhimento de custas em valor menor, causou lesã o ao
direito de defesa do Requerido, pois nã o sabe ao certo sobre o que versaria atualmente a
açã o, haja vista que inicialmente os Autores teriam atribuído à causa valor de R$
5.530,000,00 (cinco milhõ es, quinhentos e trinta mil reais) e em seguida, apó s ter o
benefício da justiça denegado, emendaram a inicial a atribuíram a causa o valor de R$
880.000,00, sem nenhuma especificaçã o.
Deste modo, nã o há como contestar a veracidade dos fatos ocorridos, haja vista que os
valores constantes no contrato objeto da açã o é 5 (cinco) vezes superior ao valor atribuído
a causa.
Contudo, o requerido traz consigo a minú cia de que estar diante de um propó sito claro e
evidente de locupletamento “sine causa”. Salvo melhor compreensã o, a falta de
embasamento e provas cabais para as alegaçõ es pecuniá rias aludidas pela autora na peça
vestibular conduz veementemente à tal conclusã o.
Ora, com a devida “data maxima venia", nada parece apoiar a propositura da açã o em
contradita, em enlace com toda o emaranhado de elementos que contestam tal intento.
Diante do exposto, fica plenamente manifesta a INÉ PCIA DA PETIÇÃ O INICIAL e a
INCORREÇÃ O NO VALOR DA CAUSA, ambas com fulcro no artigo 337, incisos III e IV, no
NCPC, devendo ser julgado extinto o processo sem julgamento de mérito, de acordo com os
ditames do artigo 300 do mesmo diploma legal.
VII. DA REALIDADE DOS FATOS
O Requerido (Fabio) efetuou a compra dos postos de gasolina, uma vez que os cessioná rios,
ora Requerentes informaram ao Requerido que os postos estavam livres de qualquer
obstá culo, bem como era estimado uma venda de 320 mil litros mês, conforme consta do
contrato de fls. 44, print abaixo.
Impede destacar que o Requerido ficou apenas 60 (sessenta) dias no postos, pois ao
adentram no posto verificou que havia diversas irregularidades, quais seja: a) diversas
dividas; b) um dos postos funcionava por liminar e que poderia ser cassado a qualquer
tempo; c) mã o cumpria “galonagem da ALI” e tã o pouco “galonagem” da IPIRANGA.
Ou seja, os Requerentes engaram o Requerido e nã o cumpriram o contrato.
Com o fito de tentar minimizar seus prejuízos o Requerido (Fabio) vendeu o posto aos
CORREQUERIDOS (ADRIANO e MARIA), que nã o pagaram o Requerido por alegaçã o de
dívidas e funcionamento de liminar. Ou seja, os postos nunca valeram o valor que constou
no contrato, pois conforme pode ser verificado os Requerente venderam posto que
funcionava por liminar e que nã o tinha nenhuma validade no mercado.
Deste modo, o contrato é nulo pelo vicio (DOLO e ERRO SUBSTANCIAL) criado pelos
pró prios Requerentes.
VIII. DO DIREITO – DOS VÍCIOS NO CONSENTIMENTO - DO ERRO SUBSTANCIAL E DO
DOLO NA NEGOCIAÇÃO DOS POSTOS
O estudo da ineficá cia dos contratos envolve a identificaçã o, compreensã o e delimitaçã o
dos efeitos promovidos por circunstâ ncias que impedem que o negó cio jurídico produza
consequências, seja por evento que se lhe apresenta exterior, seja por vício interno.
Vícios ou defeitos há que, em contratos, ensejam a sua paralisaçã o, impedindo que atinja o
objetivo de realizar o que se propô s, invalidando-os.
A inobservâ ncia dos pressupostos e requisitos do contrato, bem como a desconsideraçã o
das exigências legais a respeito promovem a sua invalidade, de modo a poder-se dizer, a
contrario sensu, que a validade do contrato está na dependência de sua sujeiçã o à s
reivindicaçõ es da norma e no respeito aos seus elementos fundamentais, sem os quais nã o
poderá cumprir o seu destino realizador, por nã o produzir efeitos.
Uma noçã o a ser fixada é que a invalidade do contrato é gerada, na esmagadora maioria das
vezes, por fato ou circunstâ ncia contemporâ nea à sua formaçã o, diferentemente do que
ocorre com as hipó teses de extinçã o do contrato, determinadas por motivos
supervenientes. Nã o significa dizer que nã o haja exceçõ es – e um tema assim tã o
controverso está prenhe de exceçõ es à regra -, como na hipó tese de eficá cia em sentido
estrito, quando seja necessá ria a prá tica de atos ulteriores para que sejam produzidos
efeitos e estes atos nã o se realizam.
Conforme pode se verificado pelo termo de cessã o firmado entre as partes o Requerido
(Fabio) efetuo a compra dos postos sob a condiçã o suspensiva de que os Postos vendiam
por dia 320 mil litros de combustível mês, print abaixo:
Ocorre que a verdade era outra, pois a realidade dos fatos os postos nunca venderam
tal quantidade de combustível. O Requerido na verdade teve que injetar R$
160.000,00 (cento e sessenta mil reais) nesses 60 (dias) que ficou na posse dos
postos.
O Requerido (Fabio) por diversas vezes tentou um acordo com os Requerentes, mas
nada foi acordado, pois jogaram uma imensa “bomba nas mãos” do Requerido
(Fabio) e tentando amenizar seu prejuízo efetuou a venda para os CORREQUERIDOS
(MARIA e ADRIANO), mas nada recebeu também, pois os compradores alegavam
dividas exorbitantes e impagáveis.
Tal fato se comprova que pela simples verificação e consulta pelo site do TJ/SP, que
mostra que o Posto Rondon inscrito no CNPJ/MF nº, tem cerca de 11 (onze)
processos distribuídos em seus nome que vai desde execuções ficais (que
comprovam a alegação de dividas), até a venda de gasolina adulterada.
Os Requerente não informaram em nenhum momento que o Posto Rondon
funcionava por liminar, conforme pode ser visto pelo print do mandado se segurança
nº ...
O Artigo 147, inciso II, do Código Civil dize: “ É anulá vel o ato jurídico: II-Por vício
resultante de erro, dolo, coaçã o, simulaçã o ou fraude.”
Inicialmente temos que a vontade é a mola propulsora dos negó cios ou atos jurídicos, e
assim sendo é de fundamental importâ ncia que essa vontade seja manifestada de forma
livre e espontâ nea.
Todas as vezes que essa vontade nã o se manifestar fiel aos objetivos intimamente
perseguidos, diremos que houve vício, mais precisamente vício do consentimento. Estes
por sua vez sã o produtos da influência dos erros (que sã o uma falsa noçã o, juízo ou
representaçã o da realidade.)
Orlando Gomes também nos dá uma esclarecedora noçã o de negó cio jurídico:
" Para a aquisiçã o, transferência, modificaçã o ou extinçã o de um direito, nã o basta a
manifestaçã o da vontade do sujeito de direitos. É preciso que seja intencional e conforme a
lei."
A funçã o mais característica do negó cio jurídico é, porém, servir de meio de atuaçã o das
pessoas na esfera de sua autonomia. É através dos negó cios jurídicos que os particulares
auto-regulam seus interesses estatuindo as regras a que voluntariamente quiseram
subordinar o pró prio comportamento. Domina atualmente o pensamento de que o negó cio
jurídico exprime o poder de autodeterminaçã o dos sujeitos de direito, notadamente no
campo das relaçõ es patrimoniais. Encarado esse poder na sua Junçã o de auto-disciplina das
pró prias pessoas interessadas na constituiçã o, modificaçã o ou extinçã o de uma relaçã o
jurídica, apresenta-se como expressã o da autonomia privada. Salienta-se a correlaçã o entre
negó cio jurídico e autonomia privada, dizendo-se que se a autonomia privada é o poder de
autodeterminaçã o, o negó cio jurídico é o instrumento através do qual o poder de
autodeterminacã o se concretiza"
É uma noçã o equivocada sobre alguma coisa, há uma ideia distorcida de alguma coisa. No
sentido jurídico o erro é os defeitos dos negó cios jurídicos caracterizados pela falsa
imagem que a declarante forma acerca do objeto da declaraçã o, ou a pessoa a quem tal
declaraçã o se dirige, acerca da natureza do pró prio negó cio ou acerca da existência, ou da
vigência o significado jurídico de uma lei. Esta imagem falta poderia ser sido formada por
qualquer pessoa com atençã o mediana. "Art. 138. Sã o anulá veis os negó cios jurídicos,
quando as declaraçõ es de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser
percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâ ncias do negó cio."
A ignorâ ncia é a ausência de conhecimento sobre alguma coisa. Em se tratando de negó cios
jurídicos as consequências de erro e ignorâ ncia, sã o passiveis de anulabilidade. Tanto o
erro como a ignorâ ncia têm as mesmas consequências.
Dispõ e o artigo 138 do CC que ‘’ sã o anulá veis os negó cios jurídicos quando as declaraçõ es
de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal, em face das circunstâ ncias do negó cio. No o artigo 147 ‘’ nos negó cios
jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade
que a outra parte haja ignorado, constitui omissã o dolosa, provando-se que sem ela o
negó cio nã o se teria celebrado.”
Pode-se dizer que dolo é qualquer meio utilizado intencionalmente para induzir ou manter
alguém em erro na prá tica de um ato jurídico. O dolo se assemelha ao erro, e representa
uma limitaçã o à eficá cia do ato jurídico, isto porque a vontade que constituiu manifestou-se
enganada.
Muitos escritores assimilam esses dois defeitos, por entenderem que a causa da
anulabilidade do ato jurídico é sempre o erro, quer livre, quer provocado, isto é dolo.
Dispõ e o artigo 145 ‘’ sã o os negó cios jurídicos anulá veis por dolo, quando este for a sua
causa."E o artigo 150 ‘’ se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá -lo
para anular o negó cio, ou reclamar indenizaçã o."
O Dolo divide-se em: causam dans e incidens. O causam dans principal) é o ú nico que dá
lugar a anulaçã o e também a perdas e danos. O incidens (incidental) nã o prejudica a
validade do ato, mas dá ligar a perdas e danos.
O Dolo principal se apresenta como causa determinante da declaraçã o da vontade, nele se
origina o ato. O dolo incidental, que só obriga a reparaçã o do dano, nã o elimina a conclusã o
do ato, mas este se aperaria em condiçõ es diversas. O artigo 146 dispõ e ‘’ o dolo acidental
só obriga a satisfaçã o das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negó cio
será realizado, embora por outro modo’’.
Deste modo, o contrato deve ser declaro nulo por fragrantes vícios de consentimento:
(DOLO e ERRO). Portanto, nã o cabe ao Requerido cumprimento de uma obrigado
“pagamento” se os Requerente nã o cumpriram o contrato, qual seja: venda dos postos livre
e desembaraçado com venda de 320.000 (trezentos e vinte mil litros de combustível) mês.
Caso os Requerente tivessem cumprido o contrato o Requerido (Fabio) nã o teria vendido o
posto e tomando o calote, nã o teria perdido todos os seus bens, teria pago suas prestaçõ es
assumida.
Tendo em vista o descumprimento contratual por parte dos Requerentes (clausula 1,
pará grafo primeiro), nã o há que se cogitar a cobrança de multa contratual, pois o
assessó rio (multa) segue o principal acessó rio.
IX. DA COBRANÇA INDEVIDA/LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ
É evidente que os Requerentes sã o litigantes de má -fé, pois esconderam a maior verdade
desse juízo, qual seja: que engaram o Requerido com a venda de Postos que nunca de
qualquer tipo de lucro, mas somente prejuízos, que, aliá s, levaram o requerido (Fabio) a
total falência, tendo que se desfazer de todos os seus bens para saldar dívidas daqueles
postos.
Sem contar é claro que os Requerente nã o mencionam que fizeram a venda de um dos
postos sem a “anuência do seu proprietá rio (Fabio)”. Como isso é possível? Como podem os
requerentes buscarem receber valores já recebidos em outra venda fraudulenta?
Entretanto, ressalta-se que alegaçõ es indevidas, infrutíferas e sem nenhum respaldo
jurídico ou embasada por documentaçã o há bil comprobató ria, apenas tratando-se de
alegaçõ es vã s, configura a litigâ ncia de má -fé. O litigante de má -fé é aquele que busca
vantagem fá cil, alterando a verdade dos fatos com â nimo doloso, e é o que acontece no caso
em tela.
Como consequência da ambiçã o dos Requerentes por pleitear verba da qual sabe nã o ser
merecedor, utilizando-se do processo para obter objetivo ilegal, deve receber puniçã o.
Pugna-se o art. 77 do Có digo de Processo Civil de 2015 o qual impõ e o dever de probidade
e lealdade processual à s partes e procuradores.
O litigante ímprobo, que vier descumprir tal dever, sofrerá as sançõ es previstas ao litigante
de má fé, de que tratam os artigos 79 e 80 do CPC, podendo ser fixada multa até o teto de 10
(dez) salá rios mínimos a serem fixadas por arbítrio de Vossa Excelência, situaçã o que cabe
a aplicaçã o do referido artigo.
O artigo 80 do CPC, I, II, III assim disciplina:
"Art. 80. Considera-se litigante de má -fé aquele que:
I - deduzir pretensã o ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;”
O CPC ainda prevê a condenaçã o do litigante de má fé ao pagamento de multa, senã o
vejamos:
“Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má -fé a pagar multa,
que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da
causa, a indenizar a parte contrá ria pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os
honorá rios advocatícios e com todas as despesas que efetuou.”
Sobre o rigor que deve ser dado ao tema, o professor Luiz Padilla já defendia:

“Conforme comentá rios que inserimos na Revista de Processo 64, a Acó rdã o do TARGS que
aplicava a pena de litigâ ncia de má -fé, para ser exemplar, como é do espírito da lei que
proscreve a litigâ ncia deletéria, a penalizaçã o deve ocorrer com tintas fortes e carregando
nas tintas (tomada emprestada expressã o já consagrada no magistério de Araken de Assis,
quando tratou das"astreintes"no direito do consumidor)”.
As alegaçõ es dos Requerentes de nã o cumprimento do contrato sã o falaciosas, pois é
sabido que os postos vendidos nada valiam, pois funcionava por liminar, que, como é
sabido poderia cair a qualquer momento.
Ora Douto Julgador, é inaceitá vel que se permita que tal argumento falacioso se prospere,
pois, dessa forma, os Requerentes estariam utilizando de artifícios pretenciosos para obter
o enriquecimento ilícito.
Portanto nã o merece prosperar a referida açã o.
Concluindo, está claro o equívoco dos Requerentes, também a ocorrência de má -fé.
Face ao exposto, requer-se a condenaçã o do autor ao pagamento de multa por litigâ ncia de
má fé nos termos do art. 81 do CPC.
X. DA RECONVENÇÃO – DOS VÍCIOS DE VONTADE – DO ERRO E DO DOLO
Trata-se de um contrato de compra e venda, uma vez que é possível visualizar que teve
como parcela de pagamento a efetuaçã o da entrega de dinheiro e cessã o de imó vel, nã o
sendo considerada uma troca.
Denomina-se compra e venda o contrato bilateral pelo qual uma das partes (vendedor) se
obriga a transferir o domínio de uma coisa à outra (comprador), mediante a
contraprestaçã o de certo preço em dinheiro. “Art. 481. Pelo contrato de compra e venda,
um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe
certo preço em dinheiro.”
Assim, o negó cio jurídico de compra e venda entre as partes é vá lido, sendo possível
reclamar os vícios constantes em tal contrato.
Conforme ensina Caio Má rio:" Quando o agente, por desconhecimento ou falso
conhecimento das circunstâ ncias, age de um modo que nã o seria a sua vontade, se
conhecesse a verdadeira situaçã o, diz-se que procede com erro. "(Caio Má rio, p. 326)
É notó rio que há vício de consentimento, manifestamente comprovado pela documentaçã o
apresentada, uma vez que se o Requerido (Fabio) soubesse que o posto estava com
diversas dívidas e funcionando por liminar jamais teria efetuado a compra.
Assim, autoriza o requerente a formular seu pedido com fundamento nos art. 138, 139 III e
147, todos do Có digo Civil: “Art. 138. Sã o anulá veis os negó cios jurídicos, quando as
declaraçõ es de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por
pessoa de diligência normal, em face das circunstâ ncias do negó cio. “Art. 139. O erro é
substancial quando: III - sendo de direito e nã o implicando recusa à aplicaçã o da lei, for o
motivo ú nico ou principal do negó cio jurídico.”
Trata-se o caso em questão de erro essencial do requerido que fora ludibriado pelos
Requerentes na realização do contrato de compra e venda, pois se o requerido
tivesse exata representação da realidade e soubesse das circunstâncias de má-fé pela
intenção desde o início do pagamento não teria realizado tal negócio jurídico e
demonstrando sua vontade em realiza-lo, confiou então nos requerente, que fizeram
constar em contrato que ambos os postos vendia cerca de 320.000 (trezentos e vinte
mil litros de combustível mês.
Diz a doutrina, ainda, que o erro deve ser escusá vel, ou seja, que a falsa representaçã o
possa recair sobre qualquer pessoa de normal diligência. Ora, dada a circunstâ ncia, quis o
requerido acreditar na boa-fé dos requerentes.
Assim, houve erro por parte do requerente, mas, indubitavelmente, provocado em
decorrência do dolo manifestado por parte dos Requerentes (Adriano e Alessandro).
O dolo, conforme Orlando Gomes,"consiste em manobras ou maquinaçõ es feitas com o
propó sito de obter uma declaraçã o de vontade que nã o seria emitida se o declarante nã o
fosse enganado. É a provocaçã o intencional de um erro."Ainda:"nos negó cios unilaterais, o
dolo há de provir necessariamente de outrem que nã o o agente."(p. 421)
Permite-se que o negó cio jurídico de compra e venda seja anulado uma vez que está eivado
de vício, conforme o prelecionado por Carlos Roberto Gonçalves, no livro Direito Civil
Brasileiro, parte geral, V. 1, 7º Ed., 2009, p. 438: “Anulabilidade é a sançã o imposta pela lei
aos atos e negó cios jurídicos realizados por pessoa relativamente incapaz ou eivados de
alguns vícios do consentimento ou vício social.”
Assim, a legislaçã o permite que tais contratos sejam anulados em decorrência da sua
produçã o com o vício dolo, uma vez que houve prejuízo ao interesse privado, fora por
provocaçã o do interessado prejudicado, conforme art. 172 e 177 do Có digo Civil. “Art. 172.
O negó cio anulá vel pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.” “Art. 177. A
anulabilidade nã o tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só
os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o
caso de solidariedade ou indivisibilidade.”
Conclui-se que os requerentes agiram dolosamente, pois, ao fazer com que o requerente
transmitisse a posse dos seus imó veis (que se tratava de parcela do pagamento da sua
contraprestaçã o do acordado) com a promessa de que cumpriria a sua parte do acordado
com a venda de 320.000 mil litros de combustível mês, apresenta-se ó bvia a intençã o do
mesmo em prejudicar o requerido (Fabio).
Jurisprudência demonstra a possibilidade de anulaçã o do negó cio jurídico e a devoluçã o do
que entregue ao vendedor como forma de contraprestaçã o, conforme se demonstra a
seguir: “CIVIL. ANULAÇÃ O DE NEGÓ CIO JURÍDICO POR DOLO ESSENCIAL. LEGITIMIDADE
PASSIVA AD CAUSAM. RETORNO AO STATUS QUO ANTE. RESTITUIÇÃ O DO QUE FOI PAGO
PELA AUTORA. SOLIDARIEDADE PASSIVA. APELAÇÃ O PROVIDA. 1 - COMPROVADO QUE
OS DOIS RÉ US PARTICIPARAM DO NEGÓ CIO JURÍDICO HAVIDO COM A AUTORA, A
DECRETAÇÃ O DE NULIDADE DESTE CONDUZ À SOLIDARIEDADE DOS DOIS EM RESTITUIR
À AUTORA AQUILO QUE HAVIA PAGO. 2 - APELAÇÃ O PROVIDA.(TJ-DF - AC:
151247019998070007 DF 0015124-70.1999.807.0007, Relator: SÉ RGIO ROCHA, Data de
Julgamento: 21/02/2005, 2ª Turma Cível, Data de Publicaçã o: 03/05/2005, DJU Pá g. 124
Seçã o: 3)
Portanto, o negó cio jurídico realizado entre os Requerentes (Adriano e Alessandro) e o
Requerido (Fabio) deve ser anulado com fundamento nos descumprimento do contrato de
compra e venda e que o mesmo fora produzido sob dolo essencial dos Requerentes,
devendo haver a restituiçã o do valor pago pelo Requerido de R$ 70.000,00 (setenta mil
reais), conforme já confessado no pedido da açã o dos Requerentes e devolvido na forma
dobrada, nos termos do 940 do có digo civil.
XI. RECONVENÇÃO (CPC, ART. 343)
Reconvençã o é a açã o do Réu, ora Requerido, contra os Autores, ora Requerentes, no
mesmo processo em que aquele é demandado. Nã o é defesa, é demanda, ataque. Esta açã o
amplia objetivamente o processo, obtendo novo pedido na presente açã o.
Nesse sentido, o art. 343 do CPC textualiza:
“Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão
própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
Indubitavelmente, alegar reconvençã o na contestaçã o é lícito, conforme respalda o art. 343
do CPC.
Como amplamente demonstrado nesta resposta, o Requerido (Fabio) reconvinte pleiteia a
anulaçã o do contrato de fls. 79/81 no valor de R$ 5.530.000,00 (cinco milhõ es, quinhentos
e trinta mil reais), bem como a devoluçã o do valor de R$ 70.000,00 (setenta mil reais) de
forma dobrada, haja vista os evidentes vícios de consentimentos
A reconvinte possui cristalino direito de receber em dobro o valor da dívida indevidamente
cobrada em valor maior em juízo , uma vez que encontra respaldo jurídico no art. 940 do
CC, conforme mencionado anteriormente e preenche os requisitos necessá rios para
pleitear e garantir tal direito, quais sejam: pagamento da dívida cobrada indevidamente e a
má fé do reconvindo.
Portanto, nã o pode ser proferido outro julgamento senã o a procedência dessa reconvençã o
para declaraçã o a nulidade do contrato, bem como a devoluçã o dos R$ 70.000,00, pagos de
forma dobrada
Ainda que ocorra a desistência da açã o ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o
exame do seu mérito, nã o obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvençã o,
conforme preceitua o § 2º do art. 343 do CPC.
XII. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Ante o exposto, requer-se:
a) O conhecimento e acolhimento da preliminar de incompetência desse juízo com a
remessa dos autos ao foro Regional de Santana;
b) O conhecimento e acolhimento da preliminar de inépcia da inicial por ausência de valor
exato a causa, conforme determina o artigo 291 do CPC, com a respectiva extinçã o do
processo
c) Julgada procedente a impugnaçã o ao valor da causa e com isso seja determinado que os
requerentes atribuam o valor correto à causa nos termos do artigo 291 do CPC;
d) Seja deferido ao Requerido os benéficos da justiça gratuita, na forma da lei;
e) Em face do exposto, CONTESTA todos os termos da inicial, requerendo que a açã o seja
julgada IMPROCEDENTE EM RAZAÕ DO VÍCIO DE VONTADE DEVIDAMENTE
COMPROVADO (ERRO E DOLO), sob pena de ENRIQUECIMENTO ILICITO, ainda
condenando os Requerentes no pagamento das custas, despesas processuais e honorá rios
advocatícios no percentual de 20% sobre o valor do bem buscado;
f) Sejam os Requerentes condenados por litigâ ncia de má -fé, haja vista que alteraram a
verdade dos fatos, nos termos da lei processual;
g) Sejam os Requerentes, Reconvindos, citados para contestar os termos da reconvençã o,
sob pena de nã o o contestando ser considerado revel;
h) Seja o pedido de reconvençã o julgado PROCEDENTE, a fim de condenar o anular o
contrato firmando entre as partes, uma vez que evidente os vícios de vontades (ERRO e
DOLO), bem como seja condenado ao pagamento do valor de R$ 70.000,00, na forma
dobrado do artigo 940 do CC;
i) Seja o reconvindo condenado ao pagamento de custas e despesas processuais, bem como
honorá rios advocatícios, conforme preceitua o art. 85, § 1º do CPC, no percentual de 20%.
Provarã o o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente o
depoimento pessoal do representante legal da reconvinte, sob pena de confissã o, oitiva de
testemunhas oportunamente arroladas, juntadas de documentos, etc. Protestam por outras
provas.
Por fim, requer ainda que todas as intimaçõ es e publicaçõ es sejam feitas em nome de seu
advogado WELLINGTON COELHO TRINDADE, OAB/SP 309.403.
Dá a causa o valor de R$ R$ 5.670.000,00 (cinco milhõ es, seiscentos e setenta mil reais),
para fins de alçada.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Sã o Paulo, 25 de junho de 2019.

ADVOGADO
OAB/SP...

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