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Católica de Santa Catarina

Curso de Direito Noturno


Direito Processual Civil I
QUESTÕES

COMUNICAÇÃO - CARTAS

1 - O que são e para que servem as Cartas precatória, rogatória, de


ordem e arbitral?

Carta precatória:É um instrumento utilizado pela Justiça quando existem


indivíduos em comarcas diferentes, um pedido que um juiz envia para outro de
outra comarca. Será expedida para que o órgão jurisdicional brasileiro pratique
ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato
relativo a pedido de cooperação judiciário formulado por órgão jurisdicional de
competência territorial diversa.

Carta rogatória: É similar à carta precatória, mas se diferencia deste por ter
caráter internacional. A carta rogatória tem por objetivo a realização de atos e
diligências processuais no exterior, como, por exemplo, audição de
testemunhas, e não possui fins executórios. Será expedida para que órgão
jurisdicional estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica internacional,
relativo a processo em curso perante órgão jurisdicional brasileiro.

Carta de ordem:É um instrumento processual pelo qual uma autoridade


judiciária determina a outra hierarquicamente inferior, a prática de determinado
ato processual necessário à continuação do processo que se encontra no
tribunal. Será expedida pelo tribunal, carta para juízo a ele vinculado, se o ato
houver de se realizar fora dos limites territoriais do local de sua sede.

Carta arbitral: O NCPC trás uma inovação da carta arbitral, como um novo
veículo de cooperação. É expedida para que órgão do Poder Judiciário pratique
ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato
objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive
os que importem efetivação de tutela provisória.

No atual CPC as cartas são utilizadas para atos processuais dentro e fora
dos limites territoriais da comarca.

Art. 200. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial ou


requisitados por carta, conforme hajam de realizar-se dentro ou fora
dos limites territoriais da comarca.

O NCPC deixa claro que serão utilizadas as cartas para atos processuais
fora dos limites territoriais fora da comarca. Também traz inovações para
prática de atos processuais por meio de videoconferência ou outros recursos
tecnológicos de transmissão de sons e imagens em tempo real.

Art. 236. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial.


§ 1o Será expedida carta para a prática de atos fora dos limites
territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da subseção
judiciárias, ressalvadas as hipóteses previstas em lei.
§ 2o O tribunal poderá expedir carta para juízo a ele vinculado, se o
ato houver de se realizar fora dos limites territoriais do local de sua
sede.
§ 3o Admite-se a prática de atos processuais por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de
sons e imagens em tempo real.

O NCPC em seu art. 261, §1º traz a mudança de que agora as partes
serão intimadas do ato da expedição da carta.

Art. 261. Em todas as cartas o juiz fixará o prazo para cumprimento,


atendendo à facilidade das comunicações e à natureza da diligência.
§ 1o As partes deverão ser intimadas pelo juiz do ato de expedição
da carta.

O art. 209 do CPC e o art. 267 do NCPC e seus inciso II foram feitas
algumas correções de palavras, permanecendo o mesmo entendimento.

Art. 209. O juiz recusará cumprimento à carta precatória, devolvendo-


a com despacho motivado:
II - quando carecer de competência em razão da matéria ou da
hierarquia;
Art. 267. O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou arbitral,
devolvendo-a com decisão motivada quando
Art. 267, II - faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da
hierarquia;

Se tratando de incompetência ou competência de Tribunal o art. 210 e


211 se uniram, formando o paragrafo único do art. 267 do NCPC

Art. 210. A carta rogatória obedecerá, quanto à sua admissibilidade e


modo de seu cumprimento, ao disposto na convenção internacional; à
falta desta, será remetida à autoridade judiciária estrangeira, por via
diplomática, depois de traduzida para a língua do país em que há de
praticar-se o ato.
Art. 211. A concessão de exequibilidade às cartas rogatórias das
justiças estrangeiras obedecerá ao disposto no Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal.
Art. 267, Parágrafo único. No caso de incompetência em razão da
matéria ou da hierarquia, o juiz deprecado, conforme o ato a ser
praticado, poderá remeter a carta ao juiz ou ao tribunal competente.

É possível a autoridade judiciária brasileira rever o mérito do


pronunciamento estrangeiro a respeito de questão veiculada por carta
rogatória?

Sim, caso seja observada a existência de contrariedade e produção de


resultados que venham a ferir as normas fundamentais que regem o Estado
brasileiro, como também pela falta de requisitos indispensáveis para que haja a
homologação da decisão, conforme diz o NCPC nos artigos:

Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado


de que o Brasil faz parte e observará:
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades
estrangeiras.
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática
de atos que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis
com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro.

Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da


decisão:
I - ser proferida por autoridade competente;
II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia;
III - ser eficaz no país em que foi proferida;
IV - não ofender a coisa julgada brasileira;
V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a
dispense prevista em tratado;
VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.

Jurisprudência: Apelação cível. Ação de busca e apreensão. Liminar deferida.


Cumprimento não efetivado. Veículo não encontrado. Pleiteada expedição de
carta precatória para garantir efetividade ao mandado judicial. Deferimento.
Ordem para comprovar a distribuição da deprecata não atendida. Intimação da
financeira autora, pessoalmente, por carta com AR, para dar andamento ao
processo, sob pena de extinção. Pedido de suspensão do feito por 20 dias
deferido. Lapso transcorrido. Sentença extintiva, com fulcro no art. 267, inciso
III, do Código de Processo Civil. Decisum insubsistente. Ausência de intimação
pessoal da requerente para em 48 horas dar prosseguimento ao feito.
Sentença desconstituída. Recurso provido. (TJSC, Apelação Cível n.
2013.022753-4, de Trombudo Central, rel. Des. Ronaldo Moritz Martins da
Silva, j. 22-08-2013).

ATOS - LITIGANCIA DE MÁ-FÉ

2 - Explicar o que é e quando fica caracterizada a litigância de má-fé. O


que constitui o ato atentatório à dignidade da justiça e qual sua punição?

A litigância de má-fé se configura quando a parte deduzir pretensão ou


defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso, alterando a verdade
dos fatos, usando do processo para conseguir objetivo ilegal, opondo
resistência injustificada ao andamento do processo, procedendo de modo
temerário em qualquer incidente ou ato do processo, provocando incidentes
manifestamente infundados ou, ainda, interpuser recurso com intuito
manifestamente protelatório.

Considera-se ato atentatório à dignidade da justiça a suscitação


infundada de vício com o objetivo de ensejar a desistência do arrematante,
devendo o suscitante ser condenado, sem prejuízo da responsabilidade por
perdas e danos, ao pagamento de multa, a ser fixada pelo juiz e devida ao
exequente, em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do
bem.
HONORÁRIOS

3 - Como serão calculados os honorários advocatícios a partir da vigência


do novo CPC? Fazer um estudo detalhado das regras.

O novo CPC prevê expressamente que "são devidoshonorários


advocatícios nos recursos interpostos" (art. 85, § 1º). Além disso, estipula
que o "tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados" (art. 85, §
11). Significa dizer que, no recurso interposto contra a decisão final (como
regra, a sentença – que estabelece a responsabilidade pelo pagamento dos
honorários) serão devidos e fixados novos honorários advocatícios.

Será aplicado de 10 a 20% do valor atualizado da causa, observando o


grau de zelo profissional, o lugar da prestação de serviço, a natureza, a
importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido
pelo seu serviço.

Se tratando de Fazenda Pública ser parte, está disposto no art. 85, §3:

§ 3o Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos


honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do §
2o e os seguintes percentuais:
I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação ou do proveito econômico obtido até 200 (duzentos)
salários-mínimos;
II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da
condenação ou do proveito econômico obtido acima de 200
(duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-mínimos;
III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da
condenação ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois
mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos;
IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da
condenação ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte
mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-mínimos;
V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da
condenação ou do proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem
mil) salários-mínimos
§ 7o Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença
contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde
que não tenha sido impugnada.

Valores da causa:

§ 8o Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito


econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz
fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o
disposto nos incisos do § 2o.

Perda de objeto:

§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por


quem deu causa ao processo.

Honorários cumulativos:
§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e
outras sanções processuais, inclusive as previstas no art. 77.

§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados


anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em
grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a
6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de
honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de
conhecimento.

Sucumbência:

§ 13. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à


execução rejeitados ou julgados improcedentes e em fase de
cumprimento de sentença serão acrescidas no valor do débito
principal, para todos os efeitos legais.

Em caso em sucumbência recíproca é possível à compensação dos


honorários dos procuradores?

Sim, pois os honorários advocatícios, em caso de sucumbência recíproca,


não podem ser compensados entre as partes, por não pertencerem a elas,
mas, sim, aos seus procuradores.

São devidos os honorários se houver transação entre as partes


antes da sentença? E se houver reconhecimento do pedido e
cumprimento da prestação devida?

O acordo que ocorre entre as partes não impede que o profissional


reivindique seus honorários advocatícios, justamente porque se trata de um
direito autônomo pelo desempenho do advogado no seu trabalho. Ao réu que
reconheceu o pedido e cumpriu a prestação compete o pagamento das
despesas e honorários.

Ao beneficiário da justiça gratuita é devido o pagamento de


honorários de sucumbência?

A parte beneficiada pela Justiça gratuita, quando sucumbente, pode ser


condenada ao pagamento dos honorários advocatícios, mas lhe é assegurada
a suspensão do pagamento pelo prazo de cinco anos, se persistirem a situação
de pobreza, quando, então, a obrigação estará prescrita, se não houver, nesse
período, a reversão (Lei 1.060/1950).

JUIZ

4 - Quais são as espécies de pronunciamentos judiciais? Explique cada


uma delas.
Os pronunciamentos judiciais são: sentenças, decisões interlocutórias e
despachos, conforme encontrados no art. 162 e parágrafos.

Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões


interlocutórias e despachos.
§ 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações
previstas nos art. 267 e 269 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
11.232, de 2005)
§ 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do
processo, resolve questão incidente.
§ 3o São despachos todos os demais atos do juiz praticados no
processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei
não estabelece outra forma.
§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista
obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de
ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários. (Incluído
pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

No artigo 162, parágrafo 1.º do CPC/1973, antes da alteração da Lei


11.232/2005: “Sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo,
decidindo ou não o mérito da causa”. Com a redação que recebeu da Lei
11.232/2005, o parágrafo 1.º do artigo 162 do CPC/1973 passou a enfatizar o
conteúdo da sentença, como elemento distintivo: “Sentença é o ato do juiz que
implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei”.

A descrição de sentença era confrontada com a definição de decisão


interlocutória contida no parágrafo 2.º do artigo 162 do CPC/1973, que a
vinculava à resolução de qualquer “questão incidente”, no curso do processo.
No NCPC, sentença e decisão interlocutória receberam conceituação diversa.

A decisão interlocutória, não mais se vincula à ideia de “questão


incidente” resolvida no curso do processo, pois, no novo Código, é considerada
interlocutória qualquer decisão que não seja sentença, de acordo com
parágrafo 2.º do artigo 203 do NCPC.

Despachoé ato de ofício do juiz tendente a dar andamento ao processo


solucionando questões. Por exemplo, quando um juiz determina que o escrivão
numere as páginas de um processo, ele está despachando. Quando ele manda
o oficial de justiça citar um réu, ele está despachando, afinal o processo não
pode ir para frente se o réu não é citado. Como o despacho não é uma
decisão, não cabe recursos contra ele.

Despacho em sentido estrito, é o ato judicial que não é sentença ou


decisão interlocutória.

Art. 164. Os despachos, decisões, sentenças e acórdãos serão


redigidos, datados e assinados pelos juízes. Quando forem
proferidos, verbalmente, o taquígrafo ou o datilógrafo os registrará,
submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura.
Parágrafo único. A assinatura dos juízes, em todos os graus de
jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei(Incluído
pela Lei nº 11.419, de 2006).
Art. 165. As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância
do disposto no art. 458; as demais decisões serão fundamentadas,
ainda que de modo conciso.

O Juiz poderá delegar ao servidor a prática de algum ato?

Pelo código atual, servidores já podem praticar de ofício atos meramente


ordinatórios, como juntar documentos e carimbar vistas obrigatórias. “Esses
atos corresponderiam àquilo que a doutrina chama de despacho de mero
expediente, quando não há mais de uma opção para escolher. Se o réu junta
documentos aos autos, por exemplo, a única saída é ouvir a outra parte. Nesse
caso, a norma autoriza que o servidor conceda a vista”. Atualmente
encontramos no Art. 162, §4º CPC, e no NCP no art. 203, §4º:

Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças,


decisões interlocutórias e despachos. [...]
o
§ 4 Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista
obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de
ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.

Quando o juiz estará impedido de conduzir o processo?

O Juiz estará impedido de atuar no processo sempre que este possa


interferir em decisões, violando o princípio da imparcialidade de algum modo,
como por ex.: atuar em caso de amigo, ser parte, etc. Tudo está detalhado nos
artigos seguintes.

Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo


contencioso ou voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,
funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento
como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido
sentença ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu
cônjuge ou qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha
reta; ou na linha colateral até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das
partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa
jurídica, parte na causa.
o
Parágrafo único. No caso do n IV, o impedimento só se verifica
quando o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é,
porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o
impedimento do juiz.
Art. 136. Quando dois ou mais juízes forem parentes, consangüíneos
ou afins, em linha reta e no segundo grau na linha colateral, o
primeiro, que conhecer da causa no tribunal, impede que o outro
participe do julgamento; caso em que o segundo se escusará,
remetendo o processo ao seu substituto legal.
Qual (is) a(s) diferença(S) entre suspeição e impedimento?

O impedimento caracteriza-se por ter natureza jurídica de ordem objetiva


enquanto a da suspeição é subjetiva. Isso quer dizer que quando se tem
causas de impedimento ocorre presunção absoluta (juris et de jure) de
parcialidade do juiz no processo em que ele se encontra impedido, devido a
objetividade de tal exceção processual. Na suspeição ocorre apenas presunção
relativa (juris tantum) de parcialidade, pois a imparcialidade do juiz faz parte de
um dos pressupostos processuais subjetivos do processo.

Os casos nos quais ocorre impedimento e suspeição estão previstos no


artigo 134 a 138 do Código de Processo Civil. Com relação às hipóteses nas
quais o juiz deve ser considerado parcial, elas estão enumeradas mais
especificamente nos artigos 134 (impedimento) e 135 (suspeição) do CPC.

Nosso NCPC dispõe sobre impedimento e suspeição do art. 144 ao 148.

MINISTÉRIO PÚBLICO

5 - Explique sobre a função do Ministério Público nos processos cíveis.


Quando será cabível e quando atuará como fiscal da lei. É necessária a
atuação do MP quando a fazenda pública estiver em juízo?

O Ministério Público atua no Processual Civil como parte ou como fiscal


da lei (custos legis). Em sua atuação como parte, o Ministério Público tem
legitimidade para propor inúmeras ações, sendo a de maior relevância a ação
civil pública para a proteção dos interesses coletivos em sentido amplo,
regulamentada especialmente pela Lei n.º 7.347/85. Não é necessária a
intervenção do Ministério Público quando a Fazenda Pública for parte, porém
quando quiser ou intimado poderá intervir.

Como fiscal da lei as hipóteses de intervenção do Ministério Público estão


previstas basicamente no artigo 82 do Código de Processo Civil:

Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:


I - nas causas em que há interesses de incapazes;
II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder,
tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e
disposições de última vontade;
III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra
rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado
pela natureza da lide ou qualidade da parte. (Redação dada pela Lei
nº 9.415, de 23.12.1996)

No NCPC, temos em parágrafo único, mencionando que não


necessariamente quando a Fazenda Pública for parte, o Ministério Público irá
intervir.

Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30


(trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses
previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que
envolvam:
I - interesse público ou social;
II - interesse de incapaz;
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura,
por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público.

ATOS E NULIDADES

6 - No que consiste o princípio da instrumentalidade das formas (atos)? O


Código exige algum formalismo para a prática de atos?

O principio de instrumentalidade das formas são as regras em longo


prazo, porque embora pareçam precedê-las — como enganosamente sugere o
seu nome — em verdade é delas que eles vão sendo extraídos e
generalizados, pelos juízes e tribunais, ao construírem as regras de decisão,
que lhes permitem realizar a justiça em sentido material, dando a cada um o
que é seu.

Pelo princípio da instrumentalidade das formas, a existência do ato


processual não se constitui em um fim em si mesmo. Por ele, se o ato atinge a
sua finalidade sem causar prejuízo às partes, ainda que contenha vício, não se
declara a sua nulidade.

No âmbito do Processo Civil, o princípio da instrumentalidade das formas


encontra sua previsão se encontram nos artigos 154, 244 e 249, § 2º, todos da
Lei Nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, que institui o Código de Processo Civil.
Assim mencionados:

Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma


determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-
se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a
finalidade essencial.

Parágrafo único. Os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição,


poderão disciplinar a prática e a comunicação oficial dos atos
processuais por meios eletrônicos, atendidos os requisitos de
autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade da
Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP - Brasil.

§ 2º Todos os atos e termos do processo podem ser produzidos,


transmitidos, armazenados e assinados por meio eletrônico, na forma
da lei. […]

Art. 244. Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação


de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro
modo, Ihe alcançar a finalidade. […]

Art. 249. O juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são


atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim de que
sejam repetidos, ou retificados.

§ 1o O ato não se repetirá nem se Ihe suprirá a falta quando não


prejudicar a parte.
§ 2o Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem
aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a pronunciará nem
mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta.

Caso a parte verifique alguma nulidade na prática de algum ato,


poderá alegá-lo a qualquer tempo e grau de jurisdição?

Caso a parte verifique nulidade, ela deve alegar, conforme disposto no


art. 345 paragrafo único do CPC, em que permanece igual no NCPC:

Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira


oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de
preclusão.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que
o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a
parte legítimo impedimento.

SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO

7 - Explicar sobre hipóteses em que poderá ocorrer a suspensão do


processo. Esta suspensão poderá se dar por prazo indefinido? Há limite?

Poderá ocorrer suspensão em processos, de conhecimento ou de


execução, havendo obstáculos ao seu curso natural, incidentes à relação
processual; fáticos, como a morte das partes, ou advindos de uma
possibilidade legal, como a interposição de embargos pelo executado ou a
inexistência de bens suscetíveis de penhora.

O processo se suspende quando determinado fato, ou ato, incide de tal


maneira, que deve ser resolvido para que o principal volte ao curso normal. Ex:
embargos. É indispensável que os embargos do executado sejam julgados
antes de se continuar a execução, pois, se procedentes, esta estará
prejudicada.

Podemos encontrar maiores detalhes nos artigos 791 a 793 e os incisos I


a III do artigo 265 do Código de Processo Civil. No NCPC está descrito no art.
313 e incisos:

Art. 313. Suspende-se o processo:


I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer
das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;
II - pela convenção das partes;
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;
V - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de
,.existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o
objeto principal de outro processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado
fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo;
VI - por motivo de força maior;
VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e
fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo;
VIII - nos demais casos que este Código regula.
o
§ 1 Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos
termos do art. 689.
o
§ 2 Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da
morte, o juiz determinará a suspensão do processo e observará o
seguinte:
[...]
o
§ 3 No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda
que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará
que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias,
ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o
autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o prosseguimento
do processo à revelia do réu, se falecido o procurador deste.

O prazo permanece o mesmo no NCPC:


o
§ 4 O prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1
(um) ano nas hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista
no inciso II.
o
§ 5 O juiz determinará o prosseguimento do processo assim que
o
esgotados os prazos previstos no § 4 .
Art. 314. Durante a suspensão é vedado praticar qualquer ato
processual, podendo o juiz, todavia, determinar a realização de atos
urgentes a fim de evitar dano irreparável, salvo no caso de arguição
de impedimento e de suspeição.
Art. 315. Se o conhecimento do mérito depender de verificação da
existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do
processo até que se pronuncie a justiça criminal.
o
§ 1 Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 (três) meses,
contado da intimação do ato de suspensão, cessará o efeito desse,
incumbindo ao juiz cível examinar incidentemente a questão prévia.
o
§ 2 Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo
máximo de 1 (um) ano, ao final do qual aplicar-se-á o disposto na
o
parte final do § 1 .

Como se dá a extinção do processo? Quais são as modalidades? A


ausência de pressupostos processuais impede a repropositura da
demanda?

A extinção do processo que se dá pelas devidas visualizações do juiz,


mencionadas do art. 267 a 269. Pode ser com resolução do mérito e sem
resolução do mérito. No atual será dada oportunidade para, se possível, a parte
corrigir o vício, e a extinção será dada por sentença, conforme os seguintes
artigos:

Art. 316. A extinção do processo dar-se-á por sentença.


Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz
deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o
vício.

Na hipótese de haver resolução de mérito, a sentença é chamada


definitiva, porque definiu, resolveu, julgou o mérito da causa. Transitada em
julgado, essa sentença fará coisa julgada formal e material, não podendo a
ação ser reproposta.

Já na hipótese de não haver resolução de mérito, a sentença é chamada


terminativa, porque o juiz extingue o processo sem analisar o mérito.
Transitada em julgado, essa sentença não fará coisa julgada material, de modo
que poderá ser reproposta, salvo na hipótese de ter sido extinta por
reconhecimento de perempção, litispendência ou coisa julgada (inciso V do
artigo 267 CPC).

O falecimento do autor é causa de extinção do feito? Explique.

A morte do autor não é causa de extinção do feito, pois poderá ser


substituído pelo seu espólio ou sucessores, conforme art. 43 do CPC.

Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a


substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o
disposto no art. 265.

O NCPC não mudou, mas nos traz mais detalhado e em incisos


separados, mencionado no art. 313, §2º,II quando o autor falecer, o que
acontece com o feito:
o
§ 2 Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da
morte, o juiz determinará a suspensão do processo e observará o
seguinte:
I - falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a
citação do respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, se for o
caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e
no máximo 6 (seis) meses;
II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio,
determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou,
se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar
mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão
processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado,
sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito.

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