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Administração Na Contemporaneidade
Administração Na Contemporaneidade
Apresentação de paradigmas para análise da teoria social de Burrell e Morgan; e de estudos de Ann
Cunliffe sobre: estruturas e designs organizacionais, tecnologia, controle e poder, estratégias e
cultura organizacional; da gestão como fonte de doença social.
PROPÓSITO
Compreender conceitos e autores importantes para o desenvolvimento do pensamento
contemporâneo da Administração e da gestão de organizações.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar os paradigmas para análise da teoria social de Burrell e Morgan
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Ao longo dos séculos, diversos estudiosos se debruçaram sobre o objetivo de compreender as
organizações e tudo aquilo que as cercam. Isso acontece porque as organizações são muitas coisas
ao mesmo tempo.
Elas são complexas e têm muitas facetas. Além disso, são paradoxais e, por isso, os desafios
enfrentados pelos administradores e diferentes profissionais, muitas vezes, são tão difíceis.
Nesse sentido, é fundamental compreender quais são as teorias que procuram entender ou explicar
as organizações. Por exemplo, para que um administrador possa atingir maior eficácia em seu
trabalho, precisa desenvolver a capacidade de ler as organizações sob diferentes perspectivas. E,
além isso, possuir a habilidade de identificar e usar diferentes abordagens para a administração e
organização.
Administradores aptos nessa leitura das organizações têm a capacidade de permanecerem abertos e
flexíveis, livres de julgamentos imediatos, até que surja uma visão mais abrangente da situação.
As coisas ocorrem assim, porque estão inteirados de que, ao abordarem determinadas situações sob
ângulos diferentes, é possível identificar novos pontos de vista. Além disso, uma leitura variada e
ampla das situações organizacionais pode criar um conjunto diversificado de possibilidades de
ações.
Com isso em mente, nesse material, vamos conhecer diferentes perspectivas contemporâneas
acerca das organizações e suas complexidades.
MÓDULO 1
A TEORIA SOCIAL
Provavelmente, você já estudou sobre algumas teorias organizacionais, como as clássicas,
comportamentais ou sistêmicas. Em cada uma dessas teorias, um conjunto de pesquisadores
assumiu como verdadeiras determinadas premissas.
Por isso, é importante compreender a lente teórica utilizada por aquele grupo de pesquisadores para
que possamos entender ao que ela se refere.
A teoria social proposta por Burrell e Morgan (1979) afirma que existem quatro paradigmas-chave. E
estes são baseados em diversos conjuntos de pressupostos de uma metateoria acerca da natureza
da ciência social e da sociedade.
Dessa forma, os quatro paradigmas propostos pelos autores são baseados em visões do mundo
social respectivamente exclusivas. Ou seja, cada uma delas se posiciona em seu próprio campo e
gera sua análise específica distintiva da vida social.
Quando falamos de paradigmas, devemos compreendê-los como realidades alternativas que guiam
nossas ações e pesquisas em determinados momentos de nossas vidas. Isso faz com que
enxerguemos a realidade de outra maneira, ou seja, por meio de outra lente.
Nesse sentido, paradigmas são modelos ou padrões que servem como referência para explicar ou
ensinar a lidar com algum evento
Subjetivo Objetivo
Interpretativo Funcionalista
Quadro 1. Quatro paradigmas para análise da teoria social. Fonte: Adaptado e traduzido de:
BURRELL; MORGAN, 1979.
Em seu estudo, os autores Burrell e Morgan (1979) sobrepunham dois eixos: um representaria os
pressupostos metateóricos sobre a natureza da ciência, opondo a ciência “objetivista” à ciência
“subjetivista”; enquanto o outro simbolizaria as premissas metateóricas sobre a natureza da
sociedade, contrastando uma sociologia da “regulação” a uma sociologia da “mudança radical”.
METATEÓRICOS
A metateoria pode ser definida como a área do conhecimento que formula teorias sobre a
própria teoria de uma determinada ciência. É considerada como o equivalente à epistemologia
(teoria do conhecimento). A teoria cria postulados e princípios para uma determinada área do
conhecimento e analisa e discute esses postulados.
Fonte: Autor/Shutterstock
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ONTOLOGIA
Esses 4 pressupostos vão definir a natureza da ciência no que se refere aos critérios de objetividade
e subjetividade. Nesse sentido, os autores consideram que diferentes ontologias, epistemologias e
modelos de natureza humana levam os cientistas a metodologias diferentes.
O eixo da sociologia da mudança radical versus a sociologia da regulação está relacionado com o
movimento que vai da ordem ao conflito.
O eixo da regulação
VISÃO HOBBESIANA
A visão hobbesiana do homem é que ele é um ser mau por natureza. Ele nasce com um único
direito natural à vida e fará de tudo para perpetuá-lo, até mesmo matar aqueles que se
colocarem em seu caminho.
Em relação ao eixo objetividade versus subjetividade, quando os autores falam de uma visão
objetivista do mundo social, estão se referindo a uma estrutura concreta. E esta enfatiza a
importância de estudar a natureza das relações entre os elementos que constituem aquela estrutura.
O conhecimento do mundo social exige o entendimento da estrutura social com ênfase na análise
empírica (por meio da experiência) de relações concretas em um mundo social externo.
A objetividade é caracterizada por tratar o mundo social exatamente como se fosse natural. Posto de
outro modo, os objetivistas usam o mundo biológico e físico como fonte de analogias para estudar o
mundo social, como uma fonte de hipóteses e de insights.
COMENTÁRIO
Por isso, aos trabalhadores foi atribuído um papel essencialmente passivo e seu comportamento no
trabalho era visto como determinado pela situação em que ele era exposto, e não ao contrário.
Opostamente, a visão subjetiva encara a realidade como uma projeção da imaginação humana. Isso
quer dizer que a importância está na compreensão dos processos pelos quais os seres humanos
concretizam sua relação com seu próprio mundo.
EXEMPLO
Até aqui, podemos observar que os pressupostos sobre a natureza da ciência estão representados
por dois eixos: subjetivo e objetivo. E que quando relacionados à natureza da sociedade estão
divididos entre: regulação e mudança radical, como pode ser visto no quadro 1.
ATENÇÃO
Os paradigmas fornecem uma maneira de identificar similaridades básicas e diferenças nos trabalhos
dos vários pesquisadores e em seus quadros de referência. Também oferece um meio de localizar o
seu próprio ponto de contato com a teoria social.
Nesse sentido, ele propicia um meio de entender o motivo pelo qual certas teorias e perspectivas
podem ser mais atrativas do que outras. Além disso, como um mapa, serve de ferramenta para
estabelecer onde está, esteve e para onde é possível ir no futuro.
Um ponto importante sobre os 4 paradigmas é que eles são mutuamente exclusivos, ou seja,
oferecem pontos de vista alternativos sobre a realidade social.
Este paradigma é definido por causa do seu interesse em desenvolver a sociologia da mudança
radical a partir de um ponto de vista subjetivista. Nele, o mundo é visto a partir de uma perspectiva
nominalista, antipositivista, voluntarista e ideográfica.
NOMINALISTA
ANTIPOSITIVISTA
O antipositivismo se refere a tudo aquilo que é contrário ao paradigma positivista. Ele rejeita o
empirismo e a pretensão positivista que professa a existência de unidade metodológica entre as
diferentes ciências.
Aqui, a consciência humana é dominada pelas estruturas ideológicas com as quais interage, sendo
responsáveis pelo próprio indivíduo e sua verdadeira consciência. Esse assunto é tratado pelos
teóricos com o intuito de livrar o ser das restrições que os esquemas sociais colocam sobre o
desenvolvimento humano. Portanto, critica-se o estado das coisas.
Além disso, entende a sociedade como anti-humana e busca articular meios para que os indivíduos
consigam ultrapassar os vínculos e as correntes que os prendem aos padrões sociais existentes
para, assim, realizarem seu potencial pleno.
Fonte: patrice6000/Shutterstock
Esse paradigma enfatiza a mudança radical dos modos de autoridade e poder, da autonomia,
potencialidade e privação. A consciência humana é a principal ênfase do humanismo radical.
Tupungato/shutterstock
É por meio dos estudos de Karl Marx que a tradição idealista foi utilizada como base da filosofia
social radical. E, a partir disso, é derivada a inspiração dos estudiosos humanistas radicais. Marx
inverteu o quadro de referência refletido no idealismo hegeliano, forjando, assim, a base do
humanismo radical.
Stefano Chiacchiarini/shutterstock
É possível perceber que cada um desses pensadores divide um interesse comum pela libertação da
consciência e da experiência de autoridade.
Isso pode ser verificado pelos vários aspectos da superestrutura ideológica do mundo social em que
os indivíduos vivem fora de suas vidas. Eles buscam mudar o mundo social por meio da mudança
nos modos de cognição e consciência.
Aqui, os pensadores defendem a sociologia da mudança radical sob o ponto de vista objetivista.
Embora esse paradigma possua muitas similaridades com a teoria funcionalista, este é dirigido para
fins fundamentalmente distintos.
O estruturalismo radical busca, como diz o próprio nome, a mudança radical, a autonomia e a
potencialidade. E dá ênfase no conflito estrutural, nos tipos de autoridade, na contradição e na
privação do ponto de vista realista, positivista, determinista e nomotético.
Enquanto o paradigma do humanismo radical manipula sua perspectiva como foco na consciência, o
estruturalismo radical se concentra nas relações estruturais dentro de um mundo social real.
NOMOTÉTICO
Relativo ao método que formula leis gerais para o entendimento de um determinado evento, de
uma circunstância ou de um objeto.
Posto de outro modo, os estruturalistas enfatizam que a mudança radical é construída na verdadeira
natureza e estrutura da sociedade contemporânea. E ainda buscam prover explanações das inter-
relações básicas dentro do contexto total das formações sociais.
A principal fonte de debate intelectual desse paradigma provém dos trabalhos de Karl Marx, após a
“quebra epistemológica” em seu trabalho. Dentro da teoria social russa, destacam-se os nomes de
Plekhanov, Lênin e Bukarin. Há, também, a forte influência weberiana, por meio dos trabalhos de
Darhrendorf e Lockwood, além de outros.
QUEBRA EPISTEMOLÓGICA
Dentro do contexto da sociologia da mudança radical, tem havido uma divisão entre os teóricos
que adotam os pontos de vista subjetivo e objetivo da sociedade. Este debate foi, em grande
medida, liderado pela publicação, na França (1966), e na Inglaterra (1969), do trabalho de Louis
Althusser, que chamou a atenção para a “quebra epistemológica” do trabalho de Marx. Isso
enfatizou a polarização dos teóricos marxistas em dois campos: aqueles que ressaltavam os
aspectos subjetivos (por exemplo, Lukács, e a Escola de Frankfurt); e aqueles que advogavam
mais abordagens objetivas, tais como as daqueles associados ao estruturalismo althussiano.
O PARADIGMA INTERPRETATIVO
Este busca entender o mundo como ele é, e esse entendimento social está no nível da experiência
subjetiva. Por isso, ele busca explicação dentro da consciência individual e da subjetividade. Isto é: a
partir da perspectiva participante e não do observador da ação.
É um paradigma nominalista, voluntarista e ideográfico. Por meio dele, é possível ver o mundo social
como um processo social que foi criado pelos indivíduos envolvidos. Nesse sentido, a realidade
social não tem existência fora da consciência do indivíduo.
A sociologia interpretativa procura entender a essência do mundo cotidiano. Ela está envolvida com
assuntos relacionados à natureza do estado das coisas, da ordem social, do consenso, da
solidariedade, da atualização da integração e da coesão.
Marusya Chaika/shutterstock
No princípio, sofreu a influência de neoidealistas, tais como: Dilthey, Weber, Husserl e Schutz. Na
sociologia, é possível perceber quatro grandes correntes: a hermenêutica, a sociologia
fenomenológica, a fenomenologia e o solipsismo. Já no contexto da teoria das organizações, a
etnometodologia e o interacionismo simbólico fenomenológico.
Uma fragilidade nos estudos sob essa perspectiva reside no fato de que as premissas do paradigma
interpretativo questionam se as organizações não existem apenas no sentido conceitual.
ONTOLÓGICOS
O PARADIGMA FUNCIONALISTA
Este paradigma está relacionado com a sociologia da regulação e versa sobre o sujeito principal de
um ponto de vista objetivista. É caracterizado pelo interesse em fornecer explicações do estado das
coisas, da integração social, da ordem social, da necessidade de satisfação e atualização e da
solidariedade. Aborda assuntos sociológicos gerais sob uma perspectiva realista, positivista e
determinista.
É um paradigma voltado para explicações racionais de assuntos sociais. Além de ser muito
pragmático em relação à resolução de problemas e envolvido em prover soluções práticas para eles.
Com origem nas primeiras décadas do século XIX, na França, suas maiores influências são os
trabalhos de Augusto Comte, Herbert Spencer, Emile Durkheim e Valfrido Pareto.
A abordagem funcionalista à ciência social assume que o mundo visto por esse viés é composto de
artefatos empíricos. E estes são, relativamente, concretos e de relações que podem ser identificadas,
estudadas e medidas por meio de abordagens derivadas das ciências naturais.
As teorias funcionalistas rejeitam o uso de analogias mecânicas e biológicas para estudar o mundo
social. Por isso, introduzem ideias que enfatizam a importância de entender o mundo social do ponto
de vista dos atores que estão, realmente, engajados no desempenho das atividades sociais
(BURRELL; MORGAN, 1979; MORGAN, 2005).
Falando de forma clara, a formação do paradigma funcionalista pode ser entendida a partir da
interação de três correntes de pensamento: a marxista, o idealismo germânico e o positivismo
sociológico. Esta última foi a mais influente.
Na Sociologia, as principais escolas de pensamento que surgem a partir dessas correntes são: o
objetivismo, a teoria dos sistemas sociais, a teoria integrativa e a escola do interacionismo e da teoria
da ação social.
No contexto das organizações, as principais correntes que sofrem influência são: o objetivismo, a
teoria do sistema social, o pluralismo, as teorias das disfunções burocráticas e o quadro de referência
da ação.
PARA SINTETIZAR
Interpretativo Funcionalista
De acordo com Morgan (2005), “cada um dos quatro paradigmas define os fundamentos de modos
opostos de análise social e possui implicações radicalmente diferentes para o estudo das
organizações”.
(MORGAN, 2005)
Dessa forma, é importante ressaltar que tais paradigmas não dissipam novas possibilidades. E,
tampouco, representam a totalidade dos paradigmas adotados na produção do conhecimento
científico acerca das organizações.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
1. Os autores Burrell e Morgan propuseram quatro paradigmas para análise da teoria social
nas organizações. Assinale a alternativa que identifica corretamente estes paradigmas:
Os quatro paradigmas propostos por Burrell e Morgan são: o humanismo radical, o estruturalismo
radical, o interpretativo e o funcionalista.
Neste paradigma, o mundo é visto a partir de uma perspectiva nominalista, ou seja, que compreende
a irrealidade e o caráter abstrato dos conceitos, das ideias gerais e dos termos abrangentes.
MÓDULO 2
Reconhecer as perspectivas organizacionais contemporâneas de Ann Cunliffe
A TEORIA ORGANIZACIONAL
É muito comum que organizações pensem que a Teoria Organizacional é uma disciplina teórica e
abstrata, quando, na verdade, é o contrário. Os seus tipos são baseados em estudos do que
acontecem nas organizações, para que sejam fundamentadas na prática.
Podemos pensar em inúmeras maneiras pelas quais muitos gerentes usam a teoria da organização
todos os dias. A maneira de organizar o trabalho em seu departamento (divisão do trabalho) e
desenvolver a coordenação de um departamento com os outros (integração).
Além disso, identificamos tal teoria quando criam um ambiente de trabalho que incentive a
organização dos seus membros para trabalharem juntos em busca de metas (cultura organizacional),
e assim por diante.
Vamos tratar agora sobre tópicos individuais dos estudos de Ann Cunliffe, que estão
interrelacionados quando tratamos de estudos contemporâneos sobre organizações, como se
formassem um quebra-cabeça.
ORGANOGRAMA
O design da organização está relacionado aos vários elementos que compõem a estrutura. Se
continuarmos com a metáfora do corpo humano, podemos pensar que o design corresponderia aos
sistemas respiratório, muscular, cardiovascular, entre outros. Pois são responsáveis por mover as
coisas pelo corpo e garantir o seu funcionamento.
Nesse sentido, a estrutura não existe sem o design — e vice-versa — e todos os elementos precisam
ser coordenados e devem trabalhar juntos. Isso seria o desenho organizacional, relacionado com
diferentes estruturas organizacionais.
A IMPORTÂNCIA DA ESTRUTURA E DESIGN
DA ORGANIZAÇÃO
A estrutura e o design organizacionais eficazes são aqueles que otimizam o desempenho da
organização e de seus membros. Que garantem que as tarefas, atividades de trabalho e pessoas
sejam organizadas de forma que os objetivos sejam alcançados.
Quando falamos de estrutura e design organizacionais eficientes, estamos nos referindo aqueles que
usam o tipo e a quantidade de recursos mais apropriados (por exemplo, dinheiro, materiais, pessoas)
para atingir os objetivos.
Por isso, as organizações devem estruturar as tarefas de maneira eficiente e eficaz para garantir que
o trabalho seja feito sem duplicação de esforços. Além disso, devem coordenar as atividades de
vários departamentos e unidades para objetivos comuns e alocar cargos e pessoas para garantir que
o trabalho necessário seja feito.
Desse modo, gestores precisam entender como criar uma estrutura organizacional e um design que
levem em consideração todas essas contingências e sejam eficazes e eficientes.
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock
Para fazer isso, eles precisam ser capazes de analisar sua própria organização e seu ambiente,
determinar o design mais adequado, implementar, monitorar e revisar continuamente a estrutura e o
design para garantir que permaneçam eficazes.
TECNOLOGIA
Se analisarmos sob o prisma de sistemas, tecnologia é o meio pelo qual os insumos são
transformados em produtos.
Cada organização utiliza alguma forma de tecnologia, seja uma fábrica, uma empresa de software,
um hospital ou uma universidade. A tecnologia também é usada em diferentes níveis: o
organizacional (entrada → processo de transformação → saída), departamental / unidade / função
(um departamento de acidentes e emergências, um departamento de relações públicas) e individual
(especialização).
CULTURA DA ORGANIZAÇÃO
A cultura da organização pode ser um tópico difícil de entender, porque ela não é algo tangível. É
expressa de muitas maneiras e tem uma grande influência sobre como os funcionários se
comportam, realizam seu trabalho e interagem com as pessoas dentro e fora da organização.
RESPOSTA
RESPOSTA
A cultura tem sido um tópico de estudo nas ciências sociais. Os estudiosos da cultura
organizacional utilizam métodos de pesquisa etnográficos, em que passam um tempo
“vivendo” na organização.
Dessa forma, observam reuniões, entrevistam funcionários, discutem questões etc., para tentar
identificar suposições, valores e práticas comuns que influenciam a maneira como as coisas
são feitas em uma organização.
PESQUISA ETNOGRÁFICOS
A pesquisa ou os métodos de pesquisa etnográficos são áreas do estudo social com aplicações
em antropologia, ciências sociais, política e cultura.
É utilizada para coletar dados e realizar estudo de um determinado grupo social e compreender
tradições, crenças, costumes e até mesmo nações. Além disso, tenta entender como essas
variáveis se modificam e se alteram entre as gerações.
Então, que aspectos da cultura organizacional os etnógrafos estariam estudando e por quê? Estarão
apenas observando e coletando dados ou perguntando aos membros da organização sobre várias
experiências e significados?
Na lista acima, vemos um conjunto de elementos que compõem a cultura organizacional e que são
estudados pelos etnógrafos. Eles estudam como cada um deles revela a cultura da organização.
EXEMPLO
Como artefatos e símbolos utilizados na decoração de uma empresa revelam sua cultura? A
utilização de quadros religiosos é um tipo de artefato ou símbolo que representa uma cultura religiosa
daquela organização.
Se você considerar esta lista, pode perceber que, à medida que se move das suposições para os
artefatos, os aspectos da cultura se tornam mais observáveis.
Você pode não ser capaz de identificar imediatamente as suposições na organização em que você
trabalha. E isso porque, muitas vezes, elas não são expressas explicitamente.
SAIBA MAIS
Acesse os sites de organizações, como Wal-Mart, Apple e IBM, e olhe para os valores, a visão, os
símbolos, as histórias e assim por diante. Ao final, você poderá dizer muito sobre a cultura dessas
empresas.
AMBIENTE E ESTRATÉGIA
O ambiente organizacional costuma ser definido como as forças gerais ou elementos existentes fora
da organização, mas que podem ter influência em sua sobrevivência e operação. A estratégia é o
plano, as decisões e as ações são identificadas como necessárias para atingir os objetivos
organizacionais.
O MEIO AMBIENTE: CONCEITOS-CHAVE
A organização realiza suas atividades em um domínio que faz parte de um ambiente físico, político,
econômico mais amplo. O domínio é a parte do ambiente com a qual a organização interage
regularmente e tem alguma influência sobre, por exemplo, produtos, fornecedores, clientes.
Para sobreviver, gestores e tomadores de decisão nas organizações precisam monitorar o meio
ambiente (abrangência de limites) e tomar medidas para proteger a organização das incertezas
ambientais.
Uma empresa tenta atingir seus objetivos e lidar com as demandas ambientais por meio de sua
organização ou estratégia de negócios. No entanto, nem todos os gestores e tomadores de decisão
perceberão o ambiente ao redor e o grau de incerteza da mesma maneira.
Isso pode estar relacionado à quantidade de informações que eles possuem sobre o meio ambiente.
Por isso, quando têm poucas informações, esse universo é visto como incerto e imprevisível.
Alguns passageiros permanecem no avião, nesses aeroportos, para chegarem ao seu destino. As
refeições oferecidas são simples.
DIFERENCIAÇÃO
Oferecer um serviço ou produto único para se diferenciar de outras organizações. Por exemplo: a
Jaguar diferencia seus carros dos outros por sua longa ancestralidade, conforto de alta classe,
imagem poderosa e elegante, e ênfase na qualidade artesanal dos seus veículos.
FOCO
Foco em um grupo de clientes ou região geográfica selecionados. O foco pode ser em baixo custo ou
em diferenciação. Por exemplo: os supermercados especializados em produtos diet para pessoas
diabéticas possuem um arranjo físico semelhante a um supermercado tradicional, mas todos os
produtos são sem açúcar. Os preços são mais altos do que em qualquer outro supermercado
convencional, mas o público-alvo diabético encontra produtos com grande variedade.
Portanto, é importante compreender as maneiras pelas quais o poder pode ser exercido de forma
eficaz e adequada, como implementar controles que medem o desempenho, mas também motivam
os funcionários, e como gerenciar conflitos de forma eficaz.
PODER
CONFLITO ORGANIZACIONAL
CONTROLE
Poder: quando uma pessoa ou grupo pode influenciar outros a fazerem algo que, de outra forma,
não faria.
Conflito organizacional: quando dois ou mais grupos de indivíduos competem ou lutam para
alcançar seus objetivos sobre os outros.
Controle: implantar mecanismos para garantir que o desempenho atenda aos objetivos e padrões
estabelecidos.
Geralmente, assumimos que poder é uma prerrogativa do gestor e está ligado à autoridade formal e
nível hierárquico. O controle é, portanto, um aspecto aceitável e legítimo da posição de um gestor,
isso porque ele possui algo que torna outras pessoas dependentes dele. E é justamente essa
dependência que lhe dá poder.
PESSOAL
Pessoal: com base no carisma e personalidade de uma pessoa.
EXPERIÊNCIA OU CONHECIMENTO
Experiência ou conhecimento:, quando uma pessoa ou departamento possui a experiência ou o
conhecimento necessário para a organização.
COERCITIVO
Coercitivo: quando uma pessoa tem a capacidade de aplicar sanções ou punições.
INFORMAÇÕES
Informações: quando tem acesso e a capacidade de coletar, analisar e usar informações para fins
de tomada de decisão e controle entre outras fontes.
Fonte: fizkes/shutterstock
Conflito organizacional
O conflito é inevitável nas organizações, porque várias partes interessadas têm objetivos diferentes,
por exemplo: os acionistas querem maximizar os lucros, os contadores querem medir e controlar os
custos, e os funcionários querem fazer um trabalho interessante e/ou maximizar seus salários.
A maioria dos livros que tratam sobre esse tema concorda que o conflito pode ser contraproducente
em termos de desviar o esforço das metas. Porém, se administrado de forma eficaz, pode ser
benéfico para levar à criatividade e à mudança.
Do ponto de vista de um gestor, é importante ser capaz de antecipar o potencial de conflito, entender
como evitá-lo e reconhecer quando ele pode levar à mudança. A chave é reconhecer o conflito em
cada estágio e gerenciá-lo de maneira adequada.
Fonte: NicoElNino/shutterstock
Controle
As organizações desejam aumentar seu controle sobre o ambiente, desenvolvendo uma estratégia
eficaz e maneiras de gerenciar as demandas ambientais (por exemplo, dependência de recursos,
extensão de limites e atividades de proteção).
Controle
Dos recursos de uma organização;
estratégico
Controle
Sobre o trabalho e o desempenho;
operacional
INOVAÇÃO
Desenvolvimento de novos produtos, serviços, tecnologia, processos de trabalho, mercados e
estruturas, e projetos organizacionais.
MUDANÇA ORGANIZACIONAL
De um estado atual para um estado desejado. Pode ser revolucionária ou evolucionária, planejada ou
emergente, radical ou incremental.
APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL
Melhorar a capacidade da organização, das equipes e dos funcionários individuais de adquirir e criar
novos conhecimentos para melhorar o desempenho organizacional.
Mudança emergente é a que ocorre de baixo para cima. Muitas vezes, adaptando-se aos
problemas ou questões que surgem.
Fonte: rarrarorro/shutterstock
Inovação
A inovação deve ser pensada como uma estratégia deliberada de mudança, pois envolve o
desenvolvimento (ou a compra) de novos produtos e processos como meio de tornar a organização
mais competitiva, eficaz e eficiente.
A inovação pode ser crucial para ajudar uma organização a gerenciar ou responder às mudanças em
seu ambiente. Exemplos de empresas conhecidas como inovadores são: a Apple, a Google, a 3M, a
Toyota e a Microsoft.
A inovação pode ser de suma importância para criar e manter a vantagem competitiva de uma
organização, bem como contribuir para o crescimento econômico em geral.
Fonte: Stock-Asso/shutterstock
Mudança organizacional
Embora existam muitas forças do ambiente externo, também podem existir forças internas para
mudança (problemas, mudanças de liderança, inovação e mudanças que surgem à medida que os
funcionários fazem seu trabalho). Ao implementarem mudanças em um nível organizacional, de
grupo ou individual, os gestores precisam pensar as possíveis resistências à mudança.
Aprendizagem organizacional
Fonte: JosephDavis/Shutterstock
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Ritos e cerimônias.
D) Artefatos e símbolos.
GABARITO
O texto se refere a uma das estratégias competitivas propostas por Michael Porter. Assinale a
alternativa que corresponde a estratégia de liderança explicitada no texto acima:
2. A cultura de uma organização pode ser pensada como a sua personalidade, composta por
seus valores, crenças e a forma como os funcionários agem. Assinale a alternativa que não
corresponde a elementos que compõem a cultura organizacional:
Os meios de produção utilizados pela empresa não compõem o conjunto de elementos da cultura
organizacional. Eles fazem parte do seu processo de gestão.
MÓDULO 3
A ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA DE
VINCENT DE GAULEJAC
RESPOSTA
RESPOSTA
É uma palavra que você, com certeza, já ouviu muito, mas, provavelmente, não parou para
pensar no que significa. Se você buscar a sua definição convencional vai encontrar respostas
como a de um conjunto de técnicas destinadas a racionalizar e otimizar o funcionamento das
organizações.
Quando tratamos de gestão a partir desta definição, estamos falando de diversos aspectos, tais
como: práticas de direção das empresas que definem orientações estratégicas; discursos sobre os
modos de organizar a produção, de ordenar o tempo e o espaço e de pensar a empresa como uma
organização racional.
Por fim, ainda podemos incluir nessa lista: técnicas, processos, dispositivos que conciliam as
atividades, fixam os lugares, as funções e os estatutos e definem regras de funcionamento.
SAIBA MAIS
No livro A gestão como doença social, o sociólogo francês Vincent de Gaulejac (2007) afirma que, se
refletirmos sobre os aspectos que cercam a definição da gestão, chegaremos a uma conclusão: que
ela é, definitivamente, um sistema de organização do poder. Esse conceito pode parecer neutro, mas
temos que compreender suas bases e características, pois vem evoluindo ao longo do tempo.
A gestão possui uma aparência objetiva, operatória e pragmática. No entanto, ela é gerencialista
(aquela que surge da necessidade de superação do modelo burocrático de administração pública
com foco nos procedimentos e passa a ter foco nos resultados).
Essa visão é uma ideologia que transforma as atividades humanas em indicadores de desempenhos.
E estes são transformados em custos ou em benefícios para as organizações.
Por isso, vamos tratar, agora, sobre tópicos individuais dos estudos de Vincent de Gaulejac, pois
abrangem, de forma crítica, as implicações da gestão na contemporaneidade.
Por meio do gerenciamento, a organização consegue conciliar diferentes elementos para que a
produção aconteça e possa continuar viva no mercado. Esta ação de gerenciar tem como função
produzir um sistema que combine elementos distintos, como as matérias-primas, a tecnologia, o
capital, o trabalho, as regras e os procedimentos.
Além disso, produz conciliações entre esses elementos, favorecendo a integração entre lógicas
funcionais possivelmente contraditórias.
A função da gestão coloca o gestor no centro da tensão existente entre as exigências de lucro
(acionistas e proprietários), a adaptação às exigências do mercado (“o cliente é o rei”) e a melhoria
das condições de trabalho para toda a equipe.
O modelo de produção e gestão de Henry Ford buscou conciliar esses três elementos da seguinte
forma: modelando um sistema de produção em massa que beneficiasse os trabalhadores e
consumidores a partir da redução do preço de produção do seu produto.
VOCÊ SABIA
Na ideologia gerencialista, as pessoas são vistas como seres racionais, ou seja, que possuem
comportamento previsível, deixando e lado a subjetividade individual, otimizando suas opções e
programando sua existência.
Nessa lógica, exclui-se aquilo que não é racional. Por isso, aquilo que é emocional, afetivo e
subjetivo, é visto como não confiável na ideologia gerencialista. Quando pensamos no ensino da
gestão e da economia, percebemos que os problemas sociais e humanos parecem ter sido reduzidos
a números e fórmulas matemáticas.
No lugar de medir os fenômenos para compreendê-los, o intuito é compreender apenas aquilo que
pode ser mensurado.
Nesse sentido, pesquisas que buscam aprofundar questões sociais e subjetivas perdem espaço, a
menos que sejam úteis como solução operacional. Pois o pensamento é considerado algo inútil se
não puder contribuir para a eficiência da organização.
Para esse último fim, muitas organizações ignoram custos, tais como: a degradação constante do
meio ambiente, a pressão que o trabalhador sofre, o trabalho escravo em suas diversas formas e a
exclusão daqueles que não podem ter acesso a esses bens de consumo.
Gaulejac crítica os paradigmas que fundamentam a gestão, como o objetivista — que afirma ser
possível medir e calcular o pensamento humano; o funcionalista — que defende que a organização é
como um dado; e o economista — que reduz o homem a um recurso da empresa.
Quando uma pessoa inicia o seu trabalho em uma determinada organização, ela é submetida à
gestão e deve adaptar-se ao tempo do trabalho previamente determinado, tal como às necessidades
produtivas e financeiras da organização.
Isso quer dizer que o trabalhador deve se adaptar à empresa e quase nunca o contrário.
A OBSESSÃO PELA RENTABILIDADE
FINANCEIRA
Quando a lógica financeira assume o controle sobre a da produção, as relações de poder nas
organizações se modificam. Os funcionários são considerados um custo que deve ser reduzido de
qualquer modo. Ou seja, tornam-se uma variável de ajustamento, que deve ser flexibilizada ao
máximo, a fim de se adaptar às exigências do mercado.
A ampla concorrência no mercado e a sua globalização colocam em questão os modos de regulação
econômica até então dominados pelo Estado/Nação. A mescla das telecomunicações com a
informática introduz uma ditadura do tempo real e a necessidade de respostas imediatas às
exigências dos mercados financeiros.
Isso ocorre porque o desempenho e a rentabilidade são medidos em curto prazo, colocando o
sistema de produção em permanente tensão. São exigidos atrasos zero, tempo exato, fluxos tensos
e gerenciamento imediato.
Fonte: Overearth/Shutterstock
Posto de outro modo, é necessário fazer sempre mais, melhor e mais rapidamente, com os mesmos
meios e até com menos efetivos.
(GAULEJAC, 2007)
Nesse sentido, a determinação é atingir o sucesso econômico e pessoal. Isso faz com que o ser
humano se transforme em recursos materiais e técnicos a favor do capitalismo e do enriquecimento
dos acionistas e proprietários.
Como consequência, as relações sociais se tornam mercantis e não há espaço para a subjetividade
dos indivíduos, posto que esta não pode ser medida, sendo, assim, desconsiderada.
Essa dinâmica das empresas distingue os ganhadores e os perdedores. Contudo, mesmo para
aqueles que estão do lado dos vencedores, existe a constante pressão por ganhar mais, pois nunca
se atinge a estabilidade do pódio.
Uma vez atingido esse lugar no pódio, ele deve continuar vencendo as próximas provas. Isso porque
seu desempenho anterior é passado, e é necessário seguir se superando cada vez mais.
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No livro Gestão como doença social, Gaulejac (2007) aborda a questão da aderência da ideologia
gerencialista pelas diversas organizações, como as famílias e o Estado. Para ele, o objetivo da
família e do Estado é o de produzir indivíduos empregáveis no mercado de trabalho.
Tanto pais quanto escolas estão empenhados em preparar os jovens para sua carreira profissional e
se esquecem de prepará-lo para viver em sociedade.
COMENTÁRIO
Quantas vezes você já ouviu a frase “estude para ser alguém na vida”? Você já refletiu sobre o
significado dela? Os jovens se preparam no ensino médio para prestar vestibular com o intuito de
ingressar em uma universidade, para que possam ter uma formação útil ao mercado de trabalho. E,
consequentemente, para que possam sobreviver da venda do seu poder produtivo, seja intelectual ou
material.
Gorodenkoff/shutterstock
Aqueles que desejam seguir o caminho da arte, por exemplo, sofrem com perguntas sobre como vão
ganhar dinheiro para se sustentar e sobreviver. Isso reflete a lógica do capital e da rentabilidade
financeira que enfrentamos.
puhhha/shutterstock
Ou seja, você deve trabalhar em algo que lhe dê dinheiro e no qual seja o melhor, não importa se
isso lhe trará felicidade. Afinal, se você tiver dinheiro, ele lhe proporcionará essa tal felicidade.
Como já dizia o famoso slogan da operadora de cartão de crédito Mastercard “Existem coisas que o
dinheiro não compra. Para todas as outras, existe Mastercard”. Você já refletiu sobre quais são essas
coisas que o dinheiro não compra?
A lógica capitalista prega que o dinheiro basta para trazer felicidade. E, por isso, você deve se
esforçar ao máximo para conquistá-lo, entregando o que você tem de melhor para uma organização.
O FARDO DO SUCESSO GARANTIDO — O
“CULTO AOS CAMPEÕES”
Para Gaulejac (2007), em uma sociedade gerenciada, o sucesso se torna um valor deteriorado, pois
todos desejam ser vitoriosos. Entretanto, essa competição que visa a melhor colocação é baseada
na ilusão do sucesso.
As empresas movimentam o mundo com uma força impressionante. Por isso, elas possuem o poder
de significar um objeto de desejo, um lugar da socialização e do amor das pessoas. Além disso,
estimulam um desejo de autoafirmação no subconsciente dos indivíduos, fazendo com que se
mantenham em suas próprias armadilhas de onipotência e carência de amor.
Esse desejo pelo sucesso e autoafirmação impulsiona o indivíduo a querer ser o melhor, e isso nem
sempre é positivo.
EXEMPLO
Como exemplo, podemos citar o filme Gattaca – a experiência genética (1997), em que o
personagem principal, Vincent Freeman, tem como imagem de sucesso pessoal estar dentro de uma
espaçonave buscando sentido para a sua vida.
Por isso, ele vai trabalhar na empresa Gattaca, para que possa concretizar seu sonho de ir ao
espaço.
Ele percebeu desde criança que só poderia concretizar seu sonho sendo um funcionário de uma
empresa que atuasse nessa área. Nesse sentido, o desejo dele, e de muitos de nós, é depositado
em uma organização para que possa ser concretizado. E todas as nossas ações são voltadas para
que sejamos aceitos nesse grupo.
Por isso, no contexto da Gestão como doença social de Gaulejac, existe uma regra: “ou ganha, ou
desaparece” (GAULEJAC, 2007). No filme Gattaca, o personagem Jerome era visto como um
campeão, por isso era reconhecido pela sua comunidade.
Entretanto, ele ficou paralítico após um acidente, fazendo com se tornasse invisível onde antes era
símbolo. Agora, ele não estava mais competindo para ser vitorioso com os demais indivíduos na
empresa.
LOBBYING
O poder das multinacionais está na aliança entre os seus gestores, que fazem opções estratégicas e
entre os acionistas que esperam dividendos. As decisões tomadas pela empresa não fazem parte do
debate público, embora afetem a sociedade.
CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
Por outro lado, os políticos podem tentar gerir suas consequências, lutar pelo respeito aos direitos
dos indivíduos. Mas, por vezes, eles são impotentes para controlá-las.
No capitalismo contemporâneo, o indivíduo é autossuficiente por causa da sua inteligência, da
ciência, da razão e da invenção. Ou seja, muitos abandonaram a religião, tradição e criaram um
vazio ético e moral.
Isso porque a ciência e a razão lhe concedeu poder. Agora, o indivíduo não domina mais apenas os
elementos da natureza e os meios de produção, ele sabe sobre tudo, pode tudo, ao passo que é
escravo de si mesmo.
Isso mostra que a ciência, da forma como tem sido conduzida, não se traduz, necessariamente, em
progresso, e que o desenvolvimento material não se traduz em desenvolvimento social e espiritual.
Ao que parece, o uso da ciência tem prejudicado a questão social, desumanizando as relações
sociais e transformando pessoas em objetos e propriedades de outras pessoas.
Isso acontece porque não apenas a força de trabalho está a serviço do capital, mas as cidades, a
política, a família, as relações sociais, as instituições, a sexualidade e até o ego dos indivíduos,
agora, são objetos do gerencialismo.
Tornam-se capitais gerenciados para a produtividade, baseados em custo/benefício, contribuindo
com a lógica positivista, utilitarista e quantitativista das organizações.
Esse tipo de gestão é difícil de ser contestada, pois os conflitos ocasionados por ela existem no nível
psicológico individual, como a insegurança, o sofrimento psíquico, o esgotamento profissional, a
depressão nervosa e a ansiedade.
Esse tipo de gestão é difícil de ser contestada, pois os conflitos ocasionados por ela existem no nível
psicológico individual, como a insegurança, o sofrimento psíquico, o esgotamento profissional, a
depressão nervosa e a ansiedade.
ATENÇÃO
Por isso, ao analisar essas questões, Gaulejac afirma que quando se desenvolve o sofrimento no
trabalho em forma de estresse, assédio de diversas formas, depressão e sofrimento psíquico, a
gestão da empresa deve ser questionada. Pois é em razão da pressão coletiva que os indivíduos
tendem a agir defensivamente.
Por isso, é importante que a empresa pense em formas de recuperação do sentido de viver dos
indivíduos, que recuperem o valor da existência humana, da solidariedade e do respeito para com as
pessoas e com a natureza.
Trata-se, basicamente, de transformar o indivíduo visto como recurso em sujeito. Deixando de lado o
utilitarismo em prol da sua singularidade, ligado aos outros em um desejo de realização.
Não é possível que o ser humano trabalhe e viva sem dar sentido à sua existência e ações. De
acordo com a ontologia humana, a ordem simbólica é a expressão dessa necessidade, que pode ser
percebida pelo desenvolvimento da linguagem, de símbolos e de referências necessárias à vida
social, pois permitem que o indivíduo se comunique e elabore questões subjetivas da vida.
Uma gestão funcional, de fato, não deve gerar subjetividades que levam ao sofrimento humano. Pois
deve ser coerente com essa ontologia, entre o que é prescrito e o trabalho real, entre o capital e o
que ele compra, combinando valor de uso, valor de troca e valor simbólico.
Por isso, Gaulejac (2007) aponta que a economia solidária é uma forma de equilibrar a economia
com o social e o político. Segundo ele, para que:
Quando a gestão acontece dessa forma, a ciência e a pesquisa são postas a serviço do bem comum
no lugar de critérios de utilidade e lucratividade. O objetivo é o bem-estar coletivo e que a realidade
possa ser compreendida e dominada com a condição de que se possa medi-la.
Nesse sentido, a compreensão de gestão deve ser realizada por modelos teóricos inspirados nas
ciências sociais. Pois a finalidade da empresa não será exclusivamente econômica ou financeira,
mas também humana e social.
Assim, o trabalho não seria considerado apenas pela perspectiva da produção e seus resultados,
mas também do sentido da atividade, da subjetividade dos indivíduos e da vivência, que são
variáveis tão importantes quanto a produção e a rentabilidade.
Apenas dessa forma a gestão poderá recuperar a confiança perdida, trazendo mais sentido e menos
banalidade, mais compreensão e menos determinação, mais análise qualitativa e menos medida
quantitativa.
Considerando a capacidade reflexiva e decisória dos indivíduos, que necessitam dar sentido às suas
ações e em si mesmo, e não podem viver apenas em função da acumulação de riqueza material.
Por fim, embora Gaulejac (2007) adote uma linha de crítica sobre a gestão, ele enfatiza que a
“gestão não é um mal em si”. O que ele defende é a substituição do que caracteriza como “gestão
de recursos humanos” por uma “gestão humana de recursos”, para que seja possível construir
“outro mundo possível”.
PERSPECTIVA CRÍTICA SOBRE A
ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA DE
VINCENT DE GAULEJAC
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
1. Gaulejac, em seu livro, sugere uma forma de equilibrar a economia com o social e o político.
Assinale a alternativa que corresponde à sugestão do autor:
De acordo com os pensamentos de Gaulejac, para que a economia não se desenvolva contra a
sociedade, é necessário repensar a importância do dinheiro e estabelecer um contrato social que não
seja pautado na produtividade, mas na subjetividade de cada indivíduo. Por isso, é necessário
construir uma economia que seja solidária e movida pelo laço social.
PORQUE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos módulos, foi possível conhecer os paradigmas utilizados para a análise da teoria social,
conforme os estudos de Burrell e Morgan. Esses autores trataram dos paradigmas do humanismo
radical, do estruturalismo radical, do interpretativo e do funcionalista, sob as dimensões da sociologia
da mudança radical e da sociologia da regulação social.
Além disso, também vimos os pensamentos que se tornaram relevantes para a administração
contemporânea de acordo com os estudos de Ann Cunliffe, abordados em diversos tópicos, que vão
desde a estrutura e o design funcional até a inovação e a tecnologia nas organizações.
Ainda identificamos a crítica social que Gaulejac faz à ideologia gerencialista, as grandes
multinacionais e a gestão centrada no desempenho e na produtividade.
O autor propõe, então, a economia solidária como forma de equilibrar a economia com o social e o
político, no intuito de minimizar os efeitos nocivos aos indivíduos gerados pela gestão.
Por fim, esperamos que este material possa ter contribuído para a sua formação profissional.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BURRELL, G.; MORGAN, G. Sociological paradigms and organizational analysis: elements of the
sociology of corporate life. Londres: Heinemann, 1979.
CALDAS, M. Paradigmas em estudos organizacionais: uma introdução à série. In: RAE, v. 45, n.
1, 2005.
CUNLIFFE, A. L. Crafting qualitative research: Morgan and Smircich 30 years on. In: Organizational
Research Methods, v. 14, n. 4, pp. 647-673, 2011.
GAULEJAC, V. Gestão como doença social. Rio de Janeiro: Ideias Letras, 2007.
HATCH, M. J.; CUNLIFFE, Ann L. Organization theory: moerns, symbolic and postmoderm
perspectives. 3. ed. Oxford, 2013.
MORGAN, G. Imagens da organização. Trad. Geni G. Goldschmit. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
EXPLORE+
Assista ao filme norte-americano Gattaca — a experiência genética, de 1997, com direção Andrew
Niccol, para observar alguns conceitos que vimos neste tema empregados na narrativa
cinematográfica.
CONTEUDISTA
Prof.ª Dr.ª Aline dos Santos Barbosa
CURRÍCULO LATTES