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Sistema urinário

 O sistema urinário consiste em dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária e uma uretra.
 Após os rins filtrarem o plasma sanguíneo, eles devolvem a maior parte da água e dos solutos à corrente sanguínea.
A água e os solutos restantes constituem a urina, que passa pelos ureteres e é armazenada na bexiga urinária até ser
eliminada do corpo pela uretra.

Resumo das funções do rim


 Os rins desempenham a principal função do sistema urinário. As outras partes do sistema são essencialmente vias
de passagem e áreas de armazenamento. As funções dos rins incluem:
 Regulação da composição iônica do sangue= ajudam a regular os níveis sanguíneos de vários íons, sendo que os mais
importantes são os íons sódio (Na+), potássio (K+), cálcio (Ca2+), cloreto (Cl–) e fosfato (HPO 2–).
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 Regulação do pH do sangue = excretam uma quantidade variável de íons hidrogênio (H+) para a urina e preservam
os íons bicarbonato (HCO3 –), que são um importante tampão do H+ no sangue.
 Regulação do volume de sangue= ajustam o volume do sangue por meio da conservação ou eliminação de água na
urina. O aumento do volume de sangue eleva a pressão arterial e vice-versa
 Regulação da pressão arterial= ajudam a regular a pressão arterial por meio da secreção da enzima renina, que ativa
o sistema renina•angiotensina e o aumento da renina provoca elevação da pressão arterial
 Manutenção da osmolaridade do sangue= regular separadamente a perda de água e a perda de solutos na urina, os
rins mantêm uma osmolaridade do sangue relativamente constante de aproximadamente 300 miliosmóis por litro
(mOsm/ℓ)*
 Produção de hormônios= calcitriol, a forma ativa da vitamina D, ajuda a regular a homeostasia do cálcio, e a
eritropoetina estimula a produção de eritrócitos.
 Regulação do nível sanguíneo de glicose= utilizar o aminoácido glutamina na gliconeogênese, a síntese de novas
moléculas de glicose, para liberar glicose no sangue para ajudar a manter um nível normal de glicemia
 Excreção de escórias metabólicas e substâncias estranhas. Por meio da formação de urina, os rins ajudam a excretar
escórias metabólicas – substâncias que não têm função útil no corpo, como amônia e ureia resultantes da desaminação dos
aminoácidos; bilirrubina proveniente do catabolismo da hemoglobina; creatinina resultante da clivagem do fosfato de
creatina nas fibras musculares e ácido úrico originado do catabolismo de ácidos nucleicos.

Anatomia e histologia dos rins


-Os rins são um par de órgãos avermelhados em forma de feijão, localizados entre o peritônio e a parede posterior do
abdome e entre os níveis das últimas vértebras torácicas e a terceira vértebra lombar.
-São considerados retroperitoneais
-O rim direito está discretamente mais baixo do que o esquerdo porque o fígado ocupa um espaço considerável no lado
direito superior ao rim
Anatomia externa dos rins
-Um rim adulto normal tem 10 a 12 cm de comprimento, 5 a 7 cm de largura e 3 cm de espessura – aproximadamente do
tamanho de um sabonete comum – e tem massa de 135 a 150 g.
-A margem medial côncava de cada rim está voltada para a coluna vertebral. Perto do centro da margem côncava está o hilo
renal, através do qual o ureter emerge do rim, juntamente com os vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos.
-Três camadas de tecido circundam cada rim, sendo a camada mais profunda, a cápsula fibrosa= uma lâmina lisa e
transparente de tecido conjuntivo denso não modelado que é contínuo com o revestimento externo do ureter e serve como
uma barreira contra traumatismos e ajuda a manter a forma do rim. A camada intermediária, a cápsula adiposa= é uma
massa de tecido adiposo que circunda a cápsula fibrosa, que também protege o rim de traumas e ancora•o firmemente na
sua posição na cavidade abdominal. A camada superficial, a fáscia renal= é camada fina de tecido conjuntivo denso não
modelado que ancora o rim às estruturas vizinhas e à parede abdominal.
Anatomia interna dos rins
Em um corte frontal apresenta:
-uma região vermelha clara superficial chamada córtex renal
-uma região interna mais escura castanha•avermelhada chamada medula renal, que consiste em várias pirâmides renais
-A pirâmide renal possui uma base (extremidade mais larga) de cada pirâmide está voltada para o córtex renal, e seu ápice
(extremidade mais estreita), chamado papila renal, está voltado para o hilo renal.
- O córtex renal é a área de textura fina que se estende da cápsula fibrosa às bases das pirâmides renais e nos espaços entre
elas e é dividida em uma zona cortical externa e uma zona justamedular interna.
-As partes do córtex renal que se estendem entre as pirâmides renais são chamadas colunas renais.
-Juntos, o córtex renal e as pirâmides renais da medula renal constituem o parênquima, ou porção funcional do rim.
No interior do parênquima estão as unidades funcionais dos rins – aproximadamente 1 milhão de estruturas microscópicas
chamadas néfrons.
-O filtrado formado pelos néfrons é drenado para grandes ductos coletores, que se estendem através da papila renal das
pirâmides.
- Os ductos coletores drenam para estruturas em forma de taça chamadas cálices renais maiores e cálices renais menores.
Cada rim tem de 8 a 18 cálices renais menores e 2 ou 3 cálices renais maiores.
-Um cálice renal menor recebe urina dos ductos coletores de uma papila renal e a carreia para um cálice renal maior.
-Uma vez que o filtrado entra nos cálices, torna•se urina, porque não pode mais ocorrer reabsorção. Por conta que o
epitélio simples dos néfrons e túbulos se tornam epitélio de transição nos cálices.
-Dos cálices renais maiores, a urina flui para uma grande cavidade única chamada pelve renal e, em seguida, para fora pelo
ureter até a bexiga urinária.
-O hilo se expande em uma cavidade no interior do rim chamada seio renal, que contém parte da pelve renal, os cálices e
ramos dos vasos sanguíneos e nervos renais.

Irrigação sanguínea e inervação dos rins


-os rins constituam menos de 0,5% da massa total do corpo, recebem 20 a 25% do débito cardíaco de repouso por meio das
artérias renais direita e esquerda.
-Em adultos, o fluxo sanguíneo renal, o fluxo sanguíneo através de ambos os rins, é de aproximadamente 1.200 mℓ por
minuto.
-No rim, a artéria renal se divide em várias artérias segmentares, que irrigam diferentes segmentos do rim.
-Cada artéria segmentar emite vários ramos que penetram no parênquima e passam ao longo das colunas renais entre os
lobos renais como as artérias interlobares.
-Um lobo renal consiste em uma pirâmide renal, um pouco da coluna renal em ambos os lados da pirâmide renal, e o córtex
renal na base da pirâmide renal.
-Nas bases das pirâmides renais, as artérias interlobares se arqueiam entre o córtex e a medula renais; aqui, são conhecidas
como artérias arqueadas.
-As divisões das artérias arqueadas produzem várias artérias interlobulares.
Estas artérias irradiam para fora e entram no córtex rena para emitir ramos chamados arteríolas glomerulares aferentes.
-Cada néfron recebe uma arteríola glomerular aferente, que se divide em um enovelado capilar chamado glomérulo.
-Os glomérulos capilares então se reúnem para formar uma arteríola glomerular eferente, que leva o sangue para fora do
glomérulo.
-Os capilares glomerulares são únicos entre os capilares no corpo, porque estão posicionados entre duas arteríolas, em vez
de entre uma arteríola e uma vênula e são considerados parte tanto do sistema circulatório quanto do sistema urinário.
-As arteríolas eferentes se dividem para formar os capilares peritubulares, que circundam as partes tubulares do néfron no
córtex renal.
-Estendendo•se de alguns capilares glomerulares eferentes estão capilares longos, em forma de alça, chamados arteríolas
retas, que irrigam porções tubulares do néfron na medula renal.
-Os capilares peritubulares por fim se unem para formar as veias interlobulares, que também recebem sangue das arteríolas
retas.
-Em seguida, o sangue flui pelas veias arqueadas para as veias interlobares, que correm entre as pirâmides renais.
-O sangue sai do rim por uma veia renal única que emerge pelo hilo renal e transporta o sangue venoso para a veia cava
inferior.
-Muitos nervos renais se originam no gânglio renal e passam pelo plexo renal para os rins, juntamente com as artérias
renais. Os nervos renais integram a parte simpática da divisão autônoma do sistema nervoso.
-A maior parte consiste em nervos vasomotores que regulam o fluxo sanguíneo renal, causando dilatação ou constrição das
arteríolas renais.

Néfron
Partes do néfron
-Os néfrons são as unidades funcionais dos rins.
-Cada néfron consiste em duas partes: um corpúsculo renal, onde o plasma sanguíneo é filtrado, e um túbulo renal, pelo
qual passa o líquido filtrado (filtrado glomerular).
-Os dois componentes de um corpúsculo renal são o glomérulo e a cápsula glomerular (cápsula de Bowman), uma estrutura
epitelial de parede dupla que circunda os capilares glomerulares.
-O plasma sanguíneo é filtrado na cápsula glomerular, e então o líquido filtrado passa para o túbulo renal, que tem três
partes principais: (1) túbulo contorcido proximal (TCP), (2) alça de Henle e (3) túbulo contorcido distal (TCD).
-O corpúsculo renal e os túbulos contorcidos proximais e distais se localizam no córtex renal; a alça de Henle se estende até
a medula renal, faz uma curva fechada, e então retorna ao córtex renal.
-Os túbulos contorcidos distais de vários néfrons drenam para um único ducto coletor.
-Os ductos coletores então se unem e convergem em várias centenas de grandes ductos papilares, que drenam para os
cálices renais menores.
-Os ductos coletores e papilares se estendem desde o córtex renal ao longo da medula renal até a pelve renal.
-Em um néfron, a alça de Henle comunica os túbulos contorcidos proximais e distais.
-A primeira parte da alça de Henle começa no ponto em que o túbulo contorcido proximal faz a sua última curva
descendente. Inicia•se no córtex renal e estende•se para baixo e para dentro da medula renal, onde é chamada ramo
descendente da alça de Henle.
-Em seguida, faz uma curva fechada e retorna para o córtex renal, onde termina no túbulo contorcido distal e é conhecido
como ramo ascendente da alça de Henle.
-Aproximadamente 80 a 85% dos néfrons são néfrons corticais, seus corpúsculos renais se encontram na parte externa do
córtex renal, e têm alças de Henle curtas, que se encontram principalmente no córtex e penetram somente na região
externa da medula renal.
- As alças de Henle curtas são irrigadas por capilares peritubulares que emergem das arteríolas glomerulares eferentes.
- Os outros 15 a 20% dos néfrons são néfrons justamedulares, onde seus corpúsculos renais encontram•se profundamente
no córtex, próximo da medula renal, e têm alças de Henle longas que se estendem até a região mais profunda da medula
renal.
-As alças de Henle longas são irrigadas por capilares peritubulares e arteríolas retas que emergem das arteríolas
glomerulares eferentes.
-Além disso, o ramo ascendente da alça de Henle dos néfrons justamedulares consiste em duas partes: uma parte
ascendente delgada seguida por uma parte ascendente espessa.
-Os néfrons com alça de Henle longa possibilitam que os rins excretem urina muito diluída ou muito.

Histologia do néfron e do ducto coletor


-A cápsula glomerular consiste em camadas visceral e parieta.
Acamada visceral é formada por células epiteliais pavimentosas simples modificadas chamadas podócitos. As muitas
projeções em forma de pé destas células (pedicelos) envolvem a camada única de células endoteliais dos capilares
glomerulares e formam a parede interna da cápsula.
-A camada parietal da cápsula glomerular consiste em epitélio pavimentoso simples e forma a parede externa da cápsula. O
líquido filtrado pelos capilares glomerulares entra no espaço capsular, o espaço entre as duas camadas da cápsula
glomerular, que é o lúmen do tubo urinário.
-No túbulo contorcido proximal, as células são células epiteliais cúbicas simples com uma borda em escova proeminente de
microvilosidades em sua superfície apical (superfície voltada para o lúmen).
- Estas microvilosidades, como as do intestino delgado, aumentam a área de superfície para a reabsorção e secreção. A
parte descendente da alça de Henle e a primeira porção da parte ascendente da alça de Henle (a parte delgada ascendente)
são compostas por epitélio pavimentoso simples.
-Em cada néfron, a parte final ascendente da alça de Henle faz contato com a arteríola glomerular aferente que irriga o
corpúsculo renal.
-Como as células colunares tubulares desta região estão muito próximas uma da outra, são conhecidas como mácula densa.
-Ao lado da mácula densa, a parede da arteríola glomerular aferente (e às vezes a arteríola glomerular eferente) contém
fibras musculares lisas modificadas chamadas células justaglomerulares (JG).
-Em conjunto com a mácula densa, constituem o aparelho justaglomerular (AJG), que ajuda a regular a pressão arterial no
interior dos rins.
-O túbulo contorcido distal (TCD) começa a uma curta distância depois da mácula densa.
-Na última parte do TCD e continuando até os túbulos coletores, dois tipos diferentes de células estão presentes. A maior
parte são células principais, que têm receptores tanto para o hormônio antidiurético (HAD) quanto para a aldosterona, dois
hormônios que regulam suas funções. Um número menor é de células intercaladas, que atuam na homeostasia do pH do
sangue.
-Os ductos coletores drenam para os grandes ductos papilares, que são revestidos por epitélio colunar simples.
-O número de néfrons é constante desde o nascimento.
-Qualquer aumento do tamanho do rim se deve ao crescimento individual de néfrons.
-Os sinais de disfunção renal geralmente não se tornam aparentes até que a função tenha diminuído para menos de 25% do
normal, porque os néfrons funcionais restantes se adaptam para lidar com uma carga maior do que a normal. A remoção
cirúrgica de um rim, por exemplo, estimula a hipertrofia do rim remanescente, que acaba conseguindo filtrar o sangue com
80%

Aspectos gerais da hisiologia renal


-Para produzir urina, os néfrons e os ductos coletores realizam três processos básicos – filtração glomerular, reabsorção
tubular e secreção tubular:
1- Filtração glomerular. A água e a maior parte dos solutos do plasma sanguíneo atravessam a parede dos capilares
glomerulares, onde são filtrados e passam para o interior da cápsula glomerular e, em seguida, para o túbulo renal.
2- Reabsorção tubular. Conforme o líquido filtrado flui pelos túbulos renais e ductos coletores, as células tubulares
reabsorvem aproximadamente 99% da água filtrada e muitos solutos úteis. A água e os solutos retornam ao sangue
que flui pelos capilares peritubulares e arteríolas retas. Observe que o termo reabsorção se refere ao retorno de
substâncias para a corrente sanguínea. Por outro lado, o termo absorção indica a entrada de novas substâncias no
corpo, como ocorre no sistema digestório.
3- Secreção tubular. Conforme o líquido filtrado flui pelos túbulos renais e ductos coletores, as células dos túbulos
renais e do ductos secretam outros materiais – como escórias metabólicas, fármacos e excesso de íons – para o
líquido.
-Os solutos e o líquido que fluem para os cálices renais menores e maiores e para a pelve renal formam a urina e são
excretados.
-A taxa de excreção urinária de qualquer soluto é igual à taxa de filtração glomerular, mais a sua taxa de secreção, menos a
sua taxa de reabsorção.
-Os néfrons (por meio de filtração, reabsorção e secreção) ajudam a manter a homeostasia do volume e da composição do
sangue.
Filtração glomerular
-O líquido que entra no espaço capsular é chamado filtrado glomerular.
-A fração de plasma sanguíneo nas arteríolas glomerulares aferentes dos rins que se torna filtrado glomerular é a fração de
filtração.
-Embora uma fração de filtração de 0,16 a 0,20 (16 a 20%) seja usual, o valor varia consideravelmente na saúde e na doença.
- Em média, o volume diário de filtrado glomerular em adultos é de 150 ℓ nas mulheres e 180 ℓ em homens.
-Mais de 99% do filtrado glomerular regressa à corrente sanguínea por meio da reabsorção tubular, de modo que apenas 1 a
2 ℓ são excretados como urina.
Membrana de filtração
-Juntos, os capilares glomerulares e os podócitos, que circundam completamente os capilares, formam uma barreira
permeável conhecida como membrana de filtração.
-Esta configuração em sanduíche possibilita a filtração de água e pequenos solutos, mas impede a filtração da maior parte
das proteínas plasmáticas, células sanguíneas e plaquetas.
-As substâncias filtradas do sangue atravessam três barreiras de filtração – a célula endotelial glomerular, a lâmina basal e
uma fenda de filtração formada por um podócito:
1- As células endoteliais glomerulares são bastante permeáveis, porque têm grandes fenestrações (poros) com 0,07 a
0,1 μm de diâmetro, o que possibilita que todos os solutos do plasma sanguíneo saiam dos capilares glomerulares,
mas impede a filtração de células sanguíneas e plaquetas. Localizadas entre os capilares glomerulares e na fenda
entre as arteríolas glomerulares aferentes e eferentes estão as células mesangiais. Estas células contráteis ajudam a
regular a filtração glomerular.
2- A lâmina basal, uma camada de material acelular entre o endotélio e os podócitos, consiste em fibras colágenas
minúsculas e proteoglicanos em uma matriz glicoproteica; as cargas negativas na matriz impedem a filtração de proteínas
plasmáticas maiores carregadas negativamente.
3- Estendendo•se de cada podócito estão milhares de processos em forma de pé denominados pedicelos, que
envolvem os capilares glomerulares. Os espaços entre os pedicelos são as fendas de filtração. Uma fina membrana,
a membrana da fenda, se estende através de cada fenda de filtração; isso possibilita a passagem de moléculas que
têm um diâmetro menor do que 0,006 a 0,007 μm, incluindo a água, a glicose, as vitaminas, os aminoácidos, as
proteínas plasmáticas muito pequenas, a amônia, a ureia e os íons. Menos de 1% da albumina, a proteína mais
abundante no plasma, passa pela membrana da fenda, porque, com um diâmetro de 0,007 μm, a albumina é um
pouco grandes demais para passar.
-O princípio da filtração – o uso da pressão para forçar os líquidos e solutos através de uma membrana – é o mesmo tanto
nos capilares glomerulares quanto nos capilares sanguíneos de outras partes do corpo
-No entanto, o volume de líquido filtrado pelo corpúsculo renal é muito maior do que em outros capilares sanguíneos do
corpo, por três razões:
1- Os glomérulos capilares apresentam uma grande área de superfície para a filtração, porque são longos e extensos.
As células mesangiais regulam a quantidade de área de superfície disponível. Quando as células mesangiais estão
relaxadas, a área de superfície é máxima, e a filtração glomerular é muito alta. A contração das células mesangiais
reduz a área de superfície disponível, e a filtração glomerular diminui.
2- A membrana de filtração é fina e porosa. Apesar de ter várias camadas, a espessura da membrana de filtração é de
apenas 0,1 mm. Os capilares glomerulares também são aproximadamente 50 vezes mais permeáveis do que os
capilares sanguíneos da maior parte dos outros tecidos, principalmente por causa de suas grandes fenestrações.
3- A pressão sanguínea capilar glomerular é alta. Como a arteríola glomerular eferente tem um diâmetro menor do
que o da arteríola glomerular aferente, a resistência à saída do sangue do glomérulo é alta. Como resultado, a
pressão sanguínea nos capilares glomerulares é consideravelmente mais elevada do que nos capilares sanguíneos
em qualquer outro local no corpo.
Pressão efetiva de filtração
A filtração glomerular depende de três pressões principais. Uma pressão promove filtração e duas pressões se opõem à
filtração:
1- A pressão hidrostática glomerular do sangue (PHGS) é a pressão do sangue nos capilares glomerulares, de
aproximadamente 55 mmHg, promove a filtração, forçando a água e os solutos do plasma sanguíneo através da
membrana de filtração.
2- A pressão hidrostática capsular (PHC) é a pressão hidrostática exercida contra a membrana de filtração pelo líquido
que já está no espaço capsular e no túbulo renal e se opõe à filtração, representa uma “pressão de retorno” de
aproximadamente 15 mmHg.
3- A pressão coloidosmótica do sangue (PCOS), que é decorrente da presença de proteínas – como a albumina, as
globulinas, o fibrinogênio no plasma e no sangue – também se opõe à filtração, com média nos capilares
glomerulares de 30 mmHg.
- A pressão de filtração efetiva, a pressão total que promove a filtração, é determinada por: PFE = PHSG – PHC – PCOS
Substituindo os valores fornecidos anteriormente, pode•se calcular a PFE normal:

-Assim, uma pressão de apenas 10 mmHg faz com que uma quantidade normal de plasma sanguíneo (menos as proteínas
plasmáticas) seja filtrada do glomérulo para o espaço capsular.
Taxa de filtração glomerular
-A quantidade de filtrado formado em todos os corpúsculos renais de ambos os rins a cada minuto determina a taxa de
filtração glomerular (TFG).
-No adulto, a TFG média é de 125 m ℓ /min em homens e 105 m ℓ /min em mulheres.
-A homeostasia dos líquidos corporais exige que os rins mantenham uma taxa de filtração glomerular relativamente
constante.
-Se a TFG for demasiadamente elevada, as substâncias necessárias podem passar tão rapidamente pelos túbulos renais que
algumas não são reabsorvidas e são perdidas na urina.
-Se a TFG for muito baixa, quase todo o filtrado pode ser reabsorvido e determinadas escórias metabólicas podem não ser
adequadamente excretadas.
-A TFG está diretamente relacionada com as pressões que determinam a pressão efetiva de filtração; qualquer mudança na
pressão de filtração efetiva influencia a TFG.
-A perda importante de sangue, por exemplo, reduz a pressão arterial média (PAM) e diminui a pressão hidrostática do
sangue glomerular. A filtração cessa se a pressão hidrostática do sangue glomerular cair para 45 mmHg, porque as pressões
de resistência somam 45 mmHg.
-Surpreendentemente, quando a pressão arterial sistêmica está acima do normal, a pressão de filtração efetiva e a TFG
aumentam muito pouco. A TFG é quase constante quando a PAM está em algum ponto entre 80 e 180 mmHg.
-Os mecanismos que regulam a TFG operam por dois modos principais: (1) ajustando o fluxo sanguíneo para dentro e para
fora do glomérulo e (2) alterando a área de superfície disponível para filtração capilar glomerular.
-A TFG aumenta quando o fluxo sanguíneo nos capilares glomerulares aumenta. O controle coordenado do diâmetro das
arteríolas glomerulares aferentes e eferentes regula o fluxo sanguíneo glomerular.
-A constrição da arteríola glomerular aferente diminui o fluxo sanguíneo no glomérulo, enquanto a dilatação da arteríola
glomerular aferente o aumenta.
-Três mecanismos controlam a TFG: a autorregulação renal, a regulação neural e a regulação hormonal.
Autorregulação renal da TFG
- Os rins por si sós ajudam a manter o fluxo sanguíneo renal e a TFG constantes devido dois mecanismos – o mecanismo
miogênico e o feedback tubuloglomerular. Atuando em conjunto, eles são capazes de manter a TFG quase constante ao
longo de uma vasta gama de pressão arterial sistêmica.
- O mecanismo miogênico ocorre quando a distensão dispara a contração das células musculares lisas das paredes das
arteríolas glomerulares aferentes. Conforme a pressão arterial sobe, a TFG também aumenta, porque o fluxo sanguíneo
renal aumenta. No entanto, a pressão sanguínea elevada distende as paredes das arteríolas glomerulares aferentes. Em
resposta, as fibras de músculo liso da parede da arteríola glomerular aferente se contraem, o que reduz o lúmen da
arteríola. Como resultado, o fluxo sanguíneo renal diminui, reduzindo assim a TFG para o nível prévio. Inversamente,
quando a pressão arterial diminui, as células de músculo liso são menos distendidas e assim relaxam. As arteríolas
glomerulares aferentes se dilatam, o fluxo sanguíneo renal se eleva e a TFG aumenta. O mecanismo miogênico normaliza o
fluxo sanguíneo renal e a TFG segundos depois de uma alteração na pressão sanguínea.
-O segundo contribuinte para a autorregulação renal, o feedback tubuloglomerular, é assim chamado porque parte dos
túbulos renais – a mácula densa – fornece feedback ao glomérulo. Quando a TFG está acima do normal em decorrência da
pressão arterial sistêmica elevada, o líquido filtrado flui mais rapidamente ao longo dos túbulos renais. Como resultado, o
túbulo contorcido proximal e a alça de Henle têm menos tempo para reabsorver Na+, Cl– e água. Acredita•se que as células
da mácula densa detectem o aumento do aporte de Na+, Cl– e água e inibam a liberação de óxido nítrico (NO) das células do
aparelho justaglomerular (AJG). Como o NO provoca vasodilatação, as arteríolas glomerulares aferentes se contraem
quando o nível de NO diminui. Como resultado, menos sangue flui para os capilares glomerulares, e a TFG diminui. Quando
a pressão do sangue cai, fazendo com que a TFG seja menor do que o normal, ocorre a sequência de eventos oposta,
embora em menor grau. O feedback tubuloglomerular é mais lento do que o mecanismo miogênico.
Regulação neural da TFG
-Os vasos sanguíneos dos rins são inervados por fibras simpáticas do SNA que liberam norepinefrina, que causa
vasoconstrição pela ativação de receptores α1, que são particularmente abundantes nas fibras musculares lisas das
arteríolas glomerulares aferentes.
- Em repouso, a estimulação simpática é moderadamente baixa.
-Com a estimulação simpática moderada, tanto as arteríolas glomerulares aferentes quanto eferentes se contraem com a
mesma intensidade. O fluxo sanguíneo para dentro e para fora do glomérulo é restrito na mesma medida, o que diminui
apenas ligeiramente a taxa de filtração glomerular.
-Com maior estimulação simpática, no entanto, como ocorre durante o exercício ou hemorragia, a constrição das arteríolas
glomerulares aferentes predomina. Como resultado, o fluxo sanguíneo para os vasos capilares glomerulares é muito
reduzido, e a TFG diminui. Esta redução no fluxo sanguíneo renal tem duas consequências: (1) Reduz o débito urinário, o que
ajuda a conservar o volume de sangue. (2) Possibilita um maior fluxo sanguíneo para os outros tecidos do corpo.
Regulação hormonal da TFG
-A angiotensina II é um vasoconstritor muito potente que estreita as arteríolas glomerulares aferentes e eferentes e reduz o
fluxo sanguíneo renal, diminuindo assim a TFG.
-As células nos átrios do coração secretam peptídio natriurético atrial (PNA). A distensão dos átrios, como ocorre quando o
volume sanguíneo aumenta, estimula a secreção de PNA. Ao causar o relaxamento das células mesangiais glomerulares, o
PNA aumenta a área de superfície disponível para a filtração capilar. A TFG aumenta à medida que a área de superfície
aumenta.
Reabsorção e secreção tubular
Princípios da reabsorção e secreção tubular
-O volume de líquido que entra nos túbulos renais proximais em apenas 30 min é maior do que o volume total de plasma
sanguíneo, porque a TFG normal é muito elevada.
-Obviamente, parte deste líquido deve ser devolvida de algum modo à corrente sanguínea.
-A reabsorção – o retorno da maior parte da água filtrada e de muitos dos solutos filtrados para a corrente sanguínea – é a
segunda função básica do néfron e do coletor coletor.
-Normalmente, cerca de 99% da água filtrada são reabsorvidos.
-As células epiteliais ao longo dos túbulos e ductos renais realizam a reabsorção, mas as células do túbulo contorcido
proximal dão a maior contribuição.
-Os solutos que são reabsorvidos por processos ativos e passivos incluem glicose, aminoácidos, ureia e íons como Na+
(sódio), K+ (potássio), Ca2+ (cálcio), Cl– (cloreto), HCO3 – (bicarbonato) e HPO42– (fosfato).

- Uma vez que o líquido passa através do túbulo contorcido proximal, as células localizadas mais distalmente aperfeiçoam os
processos de reabsorção para manter o equilíbrio da homeostasia de água e íons específicos.
-A maior parte das proteínas e peptídios pequenos que passam através do filtro também é reabsorvida, geralmente via
pinocitose.
-A terceira função dos néfrons e ductos coletores é a secreção tubular, a transferência de materiais das células do sangue e
do túbulo para o filtrado glomerular.
-As substâncias secretadas incluem íons hidrogênio (H+), K+, íons amônia (NH4+), creatinina e determinados fármacos, como
a penicilina.
-A secreção tubular tem dois resultados importantes: (1) A secreção de H+ ajuda a controlar o pH sanguíneo. (2) A secreção
de outras substâncias ajuda a eliminá•las do corpo pela urina.
-Em decorrência da secreção tubular, determinadas substâncias passam do sangue para a urina e podem ser detectadas
pelo exame de urina.
Vias de reabsorção
-Uma substância que está sendo reabsorvida do líquido no lúmen dos túbulos pode seguir uma de duas vias antes de entrar
em um capilar peritubular: pode mover•se entre células tubulares adjacentes ou através de uma célula tubular individual.
-Ao longo do túbulo renal, zônulas de oclusão cercam e unem células vizinhas umas às outras, muito parecido com o
envoltório plástico que mantém um pacote de seis latas de refrigerante juntas.
- A membrana apical (o topo das latas de refrigerante) está em contato com o líquido tubular, e a membrana basolateral (a
base e as laterais das latas de refrigerante) está em contato com o líquido intersticial na base e lados da célula.
-O líquido pode vazar entre as células em um processo passivo conhecido como reabsorção paracelular.
Mesmo que as células epiteliais estejam ligadas por junções oclusivas, estas junções entre as células dos túbulos renais
proximais são “permeáveis” e possibilitam que algumas substâncias reabsorvidas passem entre as células para os capilares
peritubulares.
-Em algumas partes do túbulo renal, acredita•se que a via paracelular represente até 50% da reabsorção de determinados
íons e da água que os acompanha por osmose.
-Na reabsorção transcelular, uma substância passa do líquido no lúmen tubular através da membrana apical de uma célula
do túbulo, cruza o citosol e sai para o líquido intersticial através da membrana basolateral.
Mecanismos de transporte
-Quando as células renais transportam os solutos para fora ou para dentro do líquido tubular, elas movem substâncias
específicas em apenas uma direção.
-Não surpreendentemente, diferentes tipos de proteínas transportadoras estão presentes nas membranas apical e
basolateral.
-As junções oclusivas formam uma barreira que impede a mistura de proteínas nos compartimentos das membranas apical e
basolateral.
- A reabsorção de Na+ pelos túbulos renais é especialmente importante em decorrência da grande quantidade de íons sódio
que passa através dos filtros glomerulares.
-As células que revestem os túbulos renais, assim como outras células de todo o corpo, têm baixa concentração de Na+ no
seu citosol em decorrência da atividade das bombas de sódio•potássio (Na+•K+ ATPases).
Estas bombas estão localizadas nas membranas basolaterais e ejetam Na+ das células do túbulo renal.
-A ausência de bombas de sódio•potássio na membrana apical assegura que a reabsorção de Na+ seja um processo
unidirecional.
-A maior parte dos íons sódio que cruza a membrana apical vai ser bombeada para o líquido intersticial na base e nas
laterais da célula.
-A quantidade de ATP utilizado pelas bombas de sódio•potássio nos túbulos renais é de aproximadamente 6% do consumo
total de ATP do corpo em repouso.
-A reabsorção de soluto impulsiona a reabsorção de água, porque toda a reabsorção de água ocorre por osmose.
Aproximadamente 90% da reabsorção de água filtrada pelos rins ocorrem juntamente com a reabsorção de solutos, como o
Na+, o Cl– e a glicose.
-A água reabsorvida com solutos no líquido tubular é denominada reabsorção de água obrigatória, porque a água é
“obrigada” a seguir os solutos quando eles são reabsorvidos.
Este tipo de reabsorção de água ocorre no túbulo contorcido proximal e na parte descendente da alça de Henle, porque
estes segmentos do néfron sempre são permeáveis à água. A reabsorção dos últimos 10% de água, um total de 10 a 20 ℓ por
dia, é chamada reabsorção de água facultativa.
-A palavra facultativa indica que a reabsorção é “capaz de se adaptar a uma necessidade”. A reabsorção de água facultativa
é regulada pelo hormônio antidiurético e ocorre principalmente nos ductos coletores.
o líquido filtrado do túbulo contorcido proximal até a alça de Henle, para o túbulo contorcido distal e ao longo dos ductos
coletores. Em cada segmento, iremos analisar onde e como substâncias específicas são reabsorvidas e secretadas.
O líquido filtrado se torna líquido tubular quando entra no túbulo contorcido proximal.
A composição do líquido tubular muda conforme ele flui ao longo do néfron e do ducto coletor, em decorrência da
reabsorção e secreção.
- O líquido que flui dos ductos papilares para a pelve renal é a urina
Secreção e reabsorção no túbulo contorcido proximal
-A maior quantidade de reabsorção de soluto e água a partir do líquido filtrado ocorre nos túbulos contorcidos proximais,
que reabsorvem 65% da água filtrada, Na+ e K+; 100% da maior parte dos solutos orgânicos filtrados, como a
glicose e os aminoácidos; 50% do Cl– filtrado; 80 a 90% do HCO3– filtrado; 50% da ureia filtrada; e uma quantidade variável
dos íons Ca2+, Mg2+ e HPO42– (fosfato) filtrados. Além disso, os túbulos contorcidos proximais secretam uma quantidade
variável de H+, íons amônia (NH4+) e ureia.
-A maior parte da reabsorção de solutos no túbulo contorcido proximal (TCP) envolve o Na+. O transporte de Na+ ocorre via
mecanismos utilizando simportadores e antiportadores no túbulo contorcido proximal.
-Normalmente, a glicose, os aminoácidos, o ácido láctico, as vitaminas hidrossolúveis e outros nutrientes filtrados não são
perdidos na urina.
-Em vez disso, são completamente reabsorvidos na primeira metade do túbulo contorcido proximal por vários tipos de
simportadores Na+ localizados na membrana apical.
-o simportador Na+ glicose na membrana apical de uma célula do TCP. Dois íons Na+ e uma molécula de glicose se ligam à
proteína simportadora, que os transporta do líquido tubular para dentro da célula do túbulo.
-As moléculas de glicose então saem através da membrana basolateral via difusão facilitada e se difundem para os capilares
peritubulares.
-Outros simportadores Na+ no TCP recuperam os íons HPO42– (fosfato) e SO42– (sulfato), todos os
aminoácidos e o ácido láctico filtrados de um modo semelhante.

- Em outro processo de transporte ativo secundário, os contratransportadores Na+•H+ carregam o Na+ filtrado a favor do
seu gradiente de concentração para dentro de uma célula do TCP conforme o H+ é movido do citosol para o lúmen, fazendo
com que o Na+ seja reabsorvido para o sangue e o H+ seja secretado no líquido tubular.
- As células do TCP produzem o H+ necessário para manter os contratransportadores deslocando•se da seguinte maneira. O
dióxido de carbono (CO2) se difunde do sangue peritubular ou líquido tubular ou é produzido por meio de reações
metabólicas no interior das células.
- A enzima anidrase carbônica (AC) catalisa a reação do CO2 com a água (H2O) para formar o ácido carbônico (H2CO3); este,
em seguida, dissocia•se em H+ e HCO3–:
-Maior parte do HCO – do líquido filtrado é reabsorvida nos túbulos renais proximais, salvaguardando assim o suprimento
do corpo de um importante tampão). Depois que o H+ é secretado para o líquido no interior do lúmen do túbulo contorcido
proximal, ele reage com o HCO – filtrado para formar H CO , que se dissocia facilmente em CO e H O.
- O dióxido de carbono então se difunde para dentro das células dos túbulos e se junta ao H2O para formar H2CO3, que se
dissocia em H+ e HCO –. -À medida que o nível de HCO – no citosol sobe, ele sai via transportadores por difusão facilitada na
membrana basolateral e se difunde para o sangue com o Na+.
-Assim, para cada H+ secretado no líquido tubular do túbulo contorcido proximal, um HCO – e um Na+ são reabsorvidos.
-A reabsorção de soluto nos túbulos contorcidos proximais promove a osmose de água. Cada soluto reabsorvido aumenta a
osmolaridade, primeiramente no interior da célula do túbulo, em seguida no líquido intersticial, e por fim no sangue. Assim,
a água se move rapidamente do líquido tubular – tanto por via paracelular quanto via transcelular – para os capilares
peritubulares e restaura o equilíbrio osmótico.
- Em outras palavras, a reabsorção dos solutos cria um gradiente osmótico que promove a reabsorção de água por osmose.
As células que revestem o túbulo contorcido proximal e a parte descendente da alça de Henle são especialmente
permeáveis à água, porque contêm muitas moléculas de aquaporina•1. Esta proteína integrante da membrana plasmática é
um canal de água que aumenta muito a velocidade do movimento da água através das membranas apical e basolateral.

-Conforme a água deixa o líquido tubular, as concentrações dos solutos filtrados restantes aumentam.
-Na segunda metade do TRP, os gradientes eletroquímicos para o Cl–, K+, Ca2+, Mg2+ e ureia promovem a sua difusão
passiva para os capilares peritubulares utilizando tanto as vias paracelular quanto transcelular.
- Entre estes íons, o Cl– está presente na concentração mais elevada. A difusão do Cl– negativamente carregado para o
líquido intersticial por meio da via paracelular torna o líquido intersticial eletricamente mais negativo do que o líquido
tubular. Essa negatividade promove a reabsorção paracelular passiva de cátions como o K+, Ca2+ e Mg2+.
-A amônia (NH3) é um produto residual tóxico derivado da desaminação (remoção de um grupo amina) de vários
aminoácidos, uma reação que ocorre principalmente nos hepatócitos (células do fígado).
-Os hepatócitos convertem a maior parte desta amônia em ureia, um composto menos tóxico. Embora pequenas
quantidades de ureia e amônia estejam presentes no suor, a maior parte da secreção desses produtos residuais contendo
nitrogênio ocorre por meio da urina.
-A ureia e a amônia no sangue são filtrados no glomérulo e secretados pelas células tubulares proximais renais para o líquido
tubular.
-As células do túbulo contorcido proximal podem 3 produzir
3 NH3 adicional pela desaminação do aminoácido glutamina,
4 em
uma reação que produz igualmente HCO –. A NH se liga rapidamente ao H+ para se tornar o íon amônio (NH ), que pode
substituir o H+ a bordo dos contratransportadores Na+•H+ na membrana apical e ser secretado para o líquido tubular.
3
-O HCO – produzido nesta reação se move através da membrana basolateral e então se difunde para a corrente sanguínea,
fornecendo tampões adicionais ao plasma sanguíneo.
Reabsorção na alça de Henle
-Como todos os túbulos contorcidos proximais reabsorvem aproximadamente 65% da água filtrada (aproximadamente 80
mℓ/min), o líquido entra na parte seguinte do néfron, a alça de Henle, a uma velocidade de 40 a 45 mℓ/min.
- A composição química do líquido tubular agora é muito diferente daquela do filtrado glomerular, porque a glicose, os
aminoácidos e outros nutrientes não estão mais presentes. Contudo, a osmolaridade do líquido tubular ainda é semelhante
à osmolaridade do sangue, porque a reabsorção de água por osmose mantém o ritmo com a reabsorção de solutos ao longo
do túbulo contorcido proximal.
-A alça de Henle reabsorve aproximadamente 15% da água filtrada, 20 a 30% do Na+ e K+ filtrados, 35% do Cl– filtrado, 10 a
20% do HCO3– filtrado e uma quantidade variável do Ca2+ e Mg2+ filtrados.
-Aqui, pela primeira vez, a reabsorção de água por osmose não é automaticamente acoplada à reabsorção de solutos
filtrados, porque parte da alça de Henle é relativamente impermeável à água.
-O alça de Henle define assim o cenário para a regulação independente tanto do volume quanto da osmolaridade dos
líquidos corporais.
-As membranas apicais das células da parte ascendente espessa da alça de Henle têm simportadores Na+•K+•2Cl– que
simultaneamente recuperam um Na+, um K+ e dois Cl– do líquido no lúmen tubular.
-O Na+ que é transportado ativamente para o líquido intersticial na base e nas laterais da célula se difunde para as arteríolas
retas.
-O Cl– se move pelos canais de vazamento na membrana basolateral para o líquido intersticial e, em seguida, para as
arteríolas retas.
-Como muitos canais de vazamento de K+ estão presentes na membrana apical, a maior parte do K+ trazido pelos
simportadores se move a favor do seu gradiente de concentração de volta para o líquido tubular.
-Assim, o principal efeito dos simportadores Na+•K+•2Cl– é a reabsorção de Na+ e Cl–.
-O movimento do K+ carregado positivamente para o líquido tubular através dos canais da membrana apical deixa o líquido
intersticial e o sangue com cargas mais negativas em relação ao líquido na parte ascendente da alça de Henle.
- Essa negatividade relativa promove a reabsorção de cátions – Na+, K+, Ca2+ e Mg2+ – utilizando a via paracelular.
- Embora aproximadamente 15% da água filtrada sejam reabsorvidos na parte descendente da alça de Henle, pouca ou
nenhuma água é reabsorvida na parte ascendente.
-Neste segmento do túbulo, as membranas apicais são praticamente impermeáveis à água. Como os íons, mas não as
moléculas de água, são reabsorvidos, a osmolaridade do líquido tubular diminui progressivamente à medida que o líquido
flui para a extremidade da parte ascendente.

Reabsorção no início do túbulo contorcido distal


-O líquido entra nos túbulos renais distais a uma velocidade de aproximadamente 25 mℓ/min, porque 80% da água filtrada
agora foram reabsorvidos.
-A parte inicial do túbulo contorcido distal (TCD) reabsorve aproximadamente 10 a 15% da água
filtrada, 5% do Na+ filtrado e 5% do Cl– filtrado.
- A reabsorção de Na+ e Cl– ocorre por meio dos simportadores Na+•Cl– nas membranas apicais. As bombas de
sódio•potássio e os canais de vazamento de Cl– nas membranas basolaterais então possibilitam a reabsorção de Na+ e Cl–
para os capilares peritubulares.
- O início do TCD também é um importante local onde o hormônio paratireóideo (PTH) estimula a reabsorção de Ca2+. A
quantidade de reabsorção de Ca2+ no início do TCD varia de acordo com as necessidades do organismo.
Reabsorção e secreção no final do túbulo contorcido distal e no ducto coletor
- No momento em que o líquido alcança o final do túbulo contorcido distal, 90 a 95% dos solutos filtrados e água retornaram
para a corrente sanguínea.
- Lembre•se de que existem dois tipos diferentes de células – principais e intercaladas – na parte final ou terminal do túbulo
contorcido distal e ao longo do ducto coletor.
- As células principais reabsorvem Na+ e secretam K+; as células intercaladas reabsorvem K+ e HCO3– e secretam H+. Na
parte final dos túbulos contorcidos distais e nos ductos coletores, a reabsorção de água e solutos e a secreção de soluto
variam de acordo com as necessidades do organismo.
- Em contraste com os segmentos prévios do néfron, o Na+ atravessa a membrana apical das células principais via canais de
saída de Na+, e não por meio de simportadores ou contratransportadores.
-A concentração de Na+ no citosol permanece baixa, como de costume, porque bombas de sódio•potássio transportam
ativamente o Na+ através das membranas basolaterais.
-O Na+ então se difunde passivamente para os capilares peritubulares dos espaços intersticiais em torno das células
tubulares.
Normalmente, a reabsorção transcelular e paracelular no túbulo contorcido proximal e na alça de Henle retornam a maior
parte do K+ filtrado para a corrente sanguínea.
-Para se ajustar à ingestão dietética variada de potássio e manter um nível estável de K+ nos líquidos do corpo, as células
principais secretam uma quantidade variável de K+.
-Como as bombas de sódio•potássio basolaterais trazem continuamente K+ para as células principais, a concentração
intracelular de K+ permanece alta. Os canais de vazamento de K+ estão presentes nas membranas apical e basolateral.
- Assim, um pouco do K+ se difunde a favor do seu gradiente de concentração no líquido tubular, onde a concentração de K+
é muito baixa.
-Este mecanismo de secreção é a principal fonte do K+ secretado na urina.

Regulação homeostática da reabsorção e da secreção tubular


-Cinco hormônios afetam a extensão da reabsorção de Na+, Cl–, Ca2+ e água, bem como a secreção de K+ pelos túbulos
renais.
-Esses hormônios incluem a angiotensina II, a aldosterona, o hormônio antidiurético, o peptídio natriurético atrial e o
hormônio paratireóideo.
Sistema renina•angiotensina•aldosterona
-Quando o volume de sangue e a pressão arterial diminuem, as paredes das arteríolas glomerulares aferentes são menos
distendidas, e as células justaglomerulares secretam a enzima renina no sangue.
-A estimulação simpática também estimula diretamente a liberação de renina pelas células justaglomerulares. A renina
retira um peptídio com 10 aminoácidos chamado angiotensina I a partir do angiotensinogênio, que é sintetizado pelos
hepatócitos (ver Figura 18.16). Ao retirar mais dois aminoácidos, a enzima conversora de angiotensina (ECA) converte a
angiotensina I em angiotensina II, que é a forma ativa do hormônio.
-A angiotensina II afeta a fisiologia renal de três modos principais:
1- Ela diminui a taxa de filtração glomerular, causando vasoconstrição das arteríolas glomerulares aferentes.
2- Ela aumenta a reabsorção de Na+, Cl– e água no túbulo contorcido proximal, estimulando a atividade dos
contratransportadores Na+•H+.
3- Ela estimula o córtex da glândula suprarrenal a liberar aldosterona, um hormônio que por sua vez estimula as
células principais dos ductos coletores a reabsorver mais Na+ e Cl– e a secretar mais K+. A consequência osmótica
de reabsorver mais Na+ e Cl– é que mais água é reabsorvida, provocando aumento do volume sanguíneo e da
pressão arterial.
Hormônio antidiurético
-O hormônio antidiurético (HAD) ou vasopressina é liberado pela neuro•hipófise.
-Ele regula a reabsorção facultativa de água, aumentando a permeabilidade à água das células principais na parte final do
túbulo contorcido distal e no túbulo coletor.
-Se não houver HAD, as membranas apicais das células principais têm uma permeabilidade muito baixa à água.
-No interior das células principais existem pequenas vesículas que contêm muitas cópias de uma proteína de canal de água
conhecida como aquaporina•2.*
-O HAD estimula a inserção das vesículas contendo aquaporina•2 nas membranas apicais por exocitose.
-Como resultado, a permeabilidade à água da membrana apical da célula principal aumenta, e as moléculas de água se
movem mais rapidamente do líquido tubular para o interior das células.
-Como as membranas basolaterais são sempre relativamente permeáveis à água, as moléculas de água então se movem
rapidamente para o sangue.
- Os rins podem produzir somente 400 a 500 mℓ de urina muito concentrada por dia quando a concentração de HAD é
máxima, como por exemplo durante a desidratação grave.
-Quando o nível de HAD declina, os canais de aquaporina•2 são removidos da membrana apical via endocitose.
-Os rins produzem um grande volume de urina diluída quando o nível de HAD é baixo.
-Um sistema de feedback negativo envolvendo o HAD regula a reabsorção facultativa de água.
-Quando a pressão osmótica ou a osmolaridade do plasma e dos líquidos intersticiais aumenta – isto é, quando a
concentração de água diminui – apenas 1%, os osmorreceptores no hipotálamo detectam a alteração.
- Os impulsos nervosos estimulam a secreção de mais HAD para o sangue, e as células principais se tornam mais permeáveis
à água.
- Conforme a reabsorção facultativa de água aumenta, a osmolaridade do plasma diminui até o normal.
- Um segundo estímulo poderoso para a secreção de HAD é a diminuição no volume de sangue, como ocorre na hemorragia
ou na desidratação grave.
- Na ausência patológica de atividade do HAD, uma condição conhecida como diabetes insípido, uma pessoa pode excretar
até 20 ℓ de urina muito diluída diariamente.

Peptídio natriurético atrial


-Um grande aumento no volume de sangue promove a liberação de peptídio natriurético atrial (PNA) pelo coração.
-Embora a importância do PNA na regulação da função tubular normal não seja clara, ele pode inibir a reabsorção de Na+ e
água pelo túbulo contorcido proximal e pelo ducto coletor.
-O PNA também suprime a secreção de aldosterona e HAD. Esses efeitos aumentam a secreção de Na+ na urina (natriurese)
e aumentam a produção de urina (diurese), o que diminui o volume sanguíneo e a pressão arterial.
Paratormônio
E-mbora os hormônios mencionados até agora envolvam a regulação da perda de água na urina, os túbulos renais também
respondem a um hormônio que regula a composição iônica.
-Por exemplo, um nível mais baixo do que o normal de Ca2+ no sangue estimula as glândulas paratireoides a liberar o
paratormônio (PTH).
-O PTH, por sua vez, estimula as células do início dos túbulos contorcidos distais a reabsorver mais Ca2+ para o sangue.
-O PTH também inibe a reabsorção de HPO42– (fosfato) pelos túbulos contorcidos proximais, promovendo assim a secreção
de fosfato.
Ureteres
-Cada um dos dois ureteres transporta a urina da pelve renal de um rim para a bexiga urinária.
-Contrações peristálticas das paredes musculares dos ureteres empurram a urina para a bexiga urinária, mas a pressão
hidrostática e a gravidade também contribuem.
-Ondas peristálticas que vão da pelve renal à bexiga urinária variam em frequência de 1 a 5 por minuto, dependendo da
velocidade em que a urina está sendo formada.
-Os ureteres têm 25 a 30 cm de comprimento. São tubos estreitos de paredes espessas, que variam entre 1 e 10 mm de
diâmetro ao longo do seu trajeto entre a pelve renal e a bexiga urinária.
- Como os rins, os ureteres são retroperitoneais. Na base da bexiga urinária, os ureteres se curvam medialmente e
atravessam obliquamente a parede da face posterior da bexiga urinária.
-Embora não haja uma válvula anatômica na abertura de cada ureter na bexiga urinária, uma válvula fisiológica é bastante
efetiva.
- À medida que a bexiga se enche com urina, a pressão em seu interior comprime as aberturas oblíquas para os ureteres e
impede o refluxo de urina. Quando esta válvula fisiológica não está funcionando corretamente, é possível que
microrganismos passem da bexiga urinária para os ureteres, infectando um ou ambos os rins.
-Três camadas de tecido formam a parede dos ureteres. A camada mais profunda, a túnica mucosa, tem epitélio de
transição e uma lâmina própria subjacente de tecido conjuntivo areolar com uma quantidade considerável de colágeno,
fibras elásticas e tecido linfático. O epitélio de transição é capaz de se distender – uma vantagem importante para qualquer
órgão que precisa acomodar um volume variável de líquido. O muco secretado pelas células caliciformes da túnica mucosa
impede que as células entrem em contato com a urina, cuja concentração de soluto e cujo pH podem diferir drasticamente
do citosol das células que formam a parede dos ureteres.
-Ao longo da maior parte do comprimento dos ureteres, o revestimento intermediário, a túnica muscular, é constituído por
camadas longitudinais internas e circulares externas de fibras musculares lisas. Esta disposição é oposta à do canal
alimentar, que contém camadas circulares internas e longitudinais externas. A túnica muscular do terço distal dos ureteres
também contém uma camada externa de fibras musculares longitudinais. Assim, a túnica muscular do terço distal do ureter
é longitudinal internamente, circular centralmente e longitudinal externamente. O peristaltismo é a principal função da
túnica muscular.
-O revestimento superficial dos ureteres é a túnica adventícia, uma camada de tecido conjuntivo areolar que contém vasos
sanguíneos, vasos linfáticos e nervos que suprem a túnica muscular e a túnica mucosa.
-A túnica adventícia mescla•se a áreas de tecido conjuntivo e mantém os ureteres em posição.
Bexiga urinária
-A bexiga urinária é um órgão muscular oco e distensível situado na cavidade pélvica posteriormente à sínfise púbica.
-Nos homens, é diretamente anterior ao reto; nas mulheres, é anterior à vagina e inferior ao útero.
- Pregas do peritônio mantêm a bexiga em sua posição.
-Quando ligeiramente distendida em decorrência do acúmulo de urina, a bexiga urinária é esférica.
-Quando está vazia, ela se achata. Conforme o volume de urina aumenta, torna•se piriforme e ascende para a cavidade
abdominal.
- A capacidade média da bexiga urinária é de 700 a 800 mℓ. Ela é menor nas mulheres, porque o útero ocupa o espaço
imediatamente superior à bexiga urinária.
Anatomia e histologia da bexiga urinária
-No assoalho da bexiga urinária encontra•se uma pequena área triangular chamada trígono da bexiga.
-Os dois cantos posteriores do trígono da bexiga contêm os dois óstios dos ureteres; a abertura para a uretra, o óstio interno
da uretra, encontra•se no canto anterior.
-Como a sua túnica mucosa está firmemente ligada à túnica muscular, o trígono da bexiga tem uma aparência lisa.
-Três camadas formam a parede da bexiga urinária: a mais profunda é a túnica mucosa, uma membrana mucosa composta
por epitélio de transição e uma lâmina própria subjacente semelhante à dos ureteres. O epitélio de transição possibilita o
estiramento. Além disso, existem pregas de mucosa que possibilitam a expansão da bexiga urinária. Em torno da túnica
mucosa está a intermediária túnica muscular, também chamada músculo detrusor da bexiga, que é formada por três
camadas de fibras de músculo liso: as camadas longitudinal internamente, circular na parte intermédia e longitudinal
externamente. Em torno da abertura da uretra, as fibras circulares formam o músculo esfíncter interno da uretra; abaixo
dele está o músculo esfíncter externo da uretra, composto por músculo esquelético e proveniente do músculo transverso
profundo do períneo. O revestimento mais superficial da bexiga urinária nas faces posterior e inferior é a túnica adventícia,
uma camada de tecido conjuntivo areolar que é contínua com a dos ureteres. Sobre a face superior da bexiga urinária está a
túnica serosa, uma camada de peritônio visceral

Uretra
-A uretra é um pequeno tubo que vai do óstio interno da uretra no assoalho da bexiga urinária até o exterior do corpo
-Em homens e mulheres, a uretra é a parte terminal do sistema urinário e a via de passagem para a descarga de urina do
corpo.
-Nos homens, também libera o sêmen (líquido que contém espermatozoides).
-Nos homens, a uretra também se estende do óstio interno da uretra até o exterior, mas o seu comprimento e via de
passagem através do corpo são consideravelmente diferentes do que nas mulheres
-A uretra masculina primeiro atravessa a próstata, em seguida o músculo transverso profundo do períneo e, finalmente, o
pênis, percorrendo uma distância de aproximadamente 20 cm.
-A uretra masculina, que também consiste em uma túnica mucosa profunda e uma túnica muscular superficial, é
subdividida em três regiões anatômicas: (1) A parte prostática, que passa através da próstata. (2) A parte membranácea, a
porção mais curta, que atravessa o músculo transverso profundo do períneo. (3) A parte esponjosa, a mais longa, que
atravessa o pênis.
-O epitélio da parte prostática é contínuo com o da bexiga urinária e consiste em epitélio de transição, que se torna epitélio
colunar estratificado ou epitélio colunar pseudoestratificado mais distalmente.
-A túnica mucosa da parte membranácea contém epitélio colunar estratificado ou epitélio colunar pseudoestratificado.
-O epitélio da parte esponjosa é composto por epitélio colunar estratificado ou colunar pseudoestratificado, exceto perto do
óstio externo da uretra.
-Neste local, é composto por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado.
-A lâmina própria da uretra masculina é composta por tecido conjuntivo areolar, com fibras elásticas e um plexo de veias.
A túnica muscular da parte prostática é composta principalmente por fibras de músculo liso circulares superficiais à lâmina
própria; estas fibras circulares ajudam a formar o músculo esfíncter interno da uretra da bexiga urinária.
-A túnica muscular da parte membranácea consiste em fibras musculares esqueléticas provenientes do músculo transverso
profundo do períneo dispostas circularmente, que ajudam a formar o músculo esfíncter externo da uretra.
- A parte prostática da uretra contém as aberturas (1) dos ductos que transportam secreções da próstata e (2) das glândulas
seminais e do ducto deferente, que liberam os espermatozoides para a uretra e fornecem secreções que neutralizam a
acidez do sistema genital feminino e contribuem para a mobilidade e a viabilidade dos espermatozoides.
-Os ductos das glândulas bulbouretrais se abrem na parte esponjosa da uretra e liberam uma substância alcalina antes da
ejaculação, que neutraliza a acidez da uretra.
-As glândulas também secretam muco, que lubrifica a extremidade do pênis durante a excitação sexual. Ao longo da uretra,
mas especialmente na parte esponjosa da uretra, as aberturas dos ductos das glândulas uretrais liberam muco durante a
excitação sexual e a ejaculação.
-Nas mulheres, a uretra encontrase diretamente posterior à sínfise púbica; é dirigida obliquamente, inferiormente e
anteriormente; e tem um comprimento de 4 cm.
-A abertura da uretra para o exterior, o óstio externo da uretra, está localizada entre o clitóris e a abertura vaginal.
-A parede da uretra feminina é constituída por uma túnica mucosa profunda e uma túnica muscular superficial.
-A túnica mucosa é uma membrana mucosa composta por epitélio e lâmina própria (tecido conjuntivo areolar com fibras
elásticas e um plexo de veias). Perto da bexiga urinária, a túnica mucosa contém epitélio de transição, que é contínuo com o
da bexiga urinária; perto do óstio externo da uretra, é composto por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado.
Entre estas áreas, a túnica mucosa contém epitélio colunar estratificado ou colunar pseudoestratificado.
-A túnica muscular consiste em fibras musculares lisas dispostas circularmente e é contínua com a da bexiga urinária.

Produção de urina diluída e concentrada


-Mesmo que a ingestão de líquidos seja muito variável, o volume total de líquido no corpo humano normalmente
permanece estável.
-A homeostasia do volume de líquido corporal depende, em grande parte, da capacidade dos rins de regular a taxa de perda
de água na urina.
-Os rins com funcionamento normal produzem um grande volume de urina diluída quando a ingestão de líquidos é elevada,
e um pequeno volume de urina concentrada quando a ingestão de líquidos é baixa ou a perda de líquidos é grande.
-O hormônio antidiurético controla se é formada urina diluída ou urina concentrada. Se não houver HAD, a urina é muito
diluída.
-No entanto, um nível elevado de HAD estimula a reabsorção de mais água para o sangue, produzindo a urina concentrada.
Formação de urina diluída
-O filtrado glomerular tem a mesma proporção de água e partículas de solutos que o sangue; sua osmolaridade é de
aproximadamente 300 mOsm/ℓ.
-o líquido que deixa o túbulo contorcido proximal ainda é isotônico em relação ao plasma. Quando está sendo formada
urina diluída (Figura 26.18), a osmolaridade do líquido no lúmen tubular aumenta à medida que ele flui para baixo para a
parte descendente da alça de Henle, diminui à medida que ele flui para cima pela parte ascendente, e diminui ainda mais
quando ele flui pelo restante do néfron e pelo ducto coletor.
-Estas alterações na osmolaridade resultam das seguintes condições ao longo do trajeto do líquido tubular:
Como a osmolaridade do líquido intersticial da medula renal se torna progressivamente maior, mais e mais água é
reabsorvida por osmose conforme o líquido tubular flui ao longo da parte descendente em direção à ponta da alça de Henle.
-Como resultado, o líquido que permanece no lúmen tornase progressivamente mais concentrado.
-As células que revestem a parte ascendente espessa da alça de Henle têm simportadores que reabsorvem ativamente o
Na+, K+ e Cl– do líquido tubular.
-Os íons passam do líquido tubular para as células da parte espessa da parte ascendente, então para o líquido intersticial e,
por fim, um pouco se difunde para o sangue nas arteríolas retas.
-Embora os solutos estejam sendo reabsorvidos na parte ascendente espessa, a permeabilidade à água desta porção do
néfron é sempre muito baixa, por isso a água não pode seguir por osmose.
-Conforme os solutos – mas não as moléculas de água – estão deixando o líquido tubular, sua osmolaridade cai para
aproximadamente 150 mOsm/ℓ.
-O líquido que entra no tubo contorcido distal é, portanto, mais diluído do que o plasma.
-Enquanto o líquido continua fluindo ao longo do túbulo contorcido distal, são reabsorvidos solutos adicionais, e apenas
algumas moléculas de água.
-As células da parte inicial do túbulo contorcido distal não são muito permeáveis à água e não são reguladas pelo HAD.
-Por fim, as células principais da parte final dos túbulos contorcidos distais e ductos coletores são impermeáveis à água
quando o nível de HAD é muito baixo.
-Assim, o líquido tubular tornase progressivamente mais diluído à medida que flui adiante.
-No momento em que o líquido tubular flui para a pelve renal, sua concentração pode estar em 65 a 70 mOsm/ℓ. Isto é
quatro vezes mais diluído do que o plasma sanguíneo ou o filtrado glomerular.

Formação de urina concentrada


-Quando a ingestão de água é baixa ou a perda de água é elevada (p. ex., durante a transpiração intensa), os rins precisam
conservar a água enquanto eliminam escórias metabólicas e o excesso de íons.
-Sob influência do HAD, os rins produzem um pequeno volume de urina altamente concentrada.
-A urina pode ser quatro vezes mais concentrada (até 1.200 mOsm/ℓ) do que o plasma sanguíneo ou o filtrado glomerular
(300 mOsm/ℓ).
A- capacidade do hormônio antidiurético de causar a excreção de urina concentrada depende da existência de um gradiente
osmótico de solutos no líquido intersticial da medula renal.
- a concentração de solutos do líquido intersticial nos rins aumenta de aproximadamente 300 mOsm/ℓ no córtex renal para
aproximadamente 1.200 mOsm/ℓ profundamente na medula renal.
- Os três principais solutos que contribuem para esta alta osmolaridade são Na+, Cl– e ureia. Dois fatores principais que
contribuem para a formação e manutenção deste gradiente osmótico são:
(1) as diferenças de soluto e permeabilidade à água e a reabsorção em diferentes porções das alças de Henle longas e
ductos coletores e (2) o fluxo em contracorrente de líquido ao longo de estruturas em forma de tubo na medula renal. O
fluxo em contracorrente se refere ao fluxo de líquido em sentidos opostos.
- Isto ocorre quando o líquido que entra em um túbulo contraria (se opõe) a um líquido que flui em um túbulo paralelo das
proximidades.
-Exemplos de fluxo em contracorrente incluem o fluxo de líquido pelas partes descendente e ascendente da alça de Henle e
o fluxo sanguíneo pelas partes ascendente e descendente das arteríolas retas.
-Existem dois tipos de mecanismos de contracorrente nos rins: a multiplicação em contracorrente e a troca em
contracorrente.
Multiplicação em contracorrente
-A multiplicação em contracorrente é o processo pelo qual um gradiente osmótico que aumenta progressivamente é
formado no líquido intersticial da medula renal como resultado do fluxo em contracorrente.
-A multiplicação em contracorrente envolve as alças de Henle longas dos néfrons justamedulares.
- a parte descendente da alça de Henle transporta líquido tubular do córtex renal profundo para a medula, e a parte
ascendente transporta•o na direção oposta.
-Uma vez que o fluxo em contracorrente ao longo das alças descendente e ascendente da alça de Henle longa estabelece o
gradiente osmótico na medula renal, diz•se que a alça de Henle longa atua como um multiplicador por contracorrente.
- Os rins usam este gradiente osmótico para excretar urina concentrada
A produção de urina concentrada pelos rins ocorre da seguinte maneira:
1- Simportadores nas células da parte ascendente espessa da alça de Henle causam um acúmulo de Na+ e Cl– na
medula renal. Na parte ascendente espessa da alça de Henle, os simportadores Na+•K+•2Cl– reabsorvem Na+ e Cl–
do líquido tubular (Figura 26.19A). A água não é reabsorvida neste segmento, no entanto, porque as células são
impermeáveis à água. Como resultado, há um acúmulo de íons Na+ e Cl– no líquido intersticial da medula.
2- O fluxo em contracorrente pelas partes descendente e ascendente da alça de Henle estabelece um gradiente
osmótico na medula renal. Como o líquido tubular se move constantemente da parte descendente para a parte
ascendente espessa da alça de Henle, a parte ascendente espessa está constantemente reabsorvendo Na+ e Cl–. Por
conseguinte, o Na+ e o Cl– reabsorvidos se tornam cada vez mais concentrados no líquido intersticial da medula
renal, o que resulta na formação de um gradiente osmótico que varia de 300 mOsm/ℓ na medula externa a 1.200
mOsm/ℓ profundamente na medula interna. A parte descendente da alça de Henle é muito permeável à água, mas é
impermeável a solutos, exceto a ureia. Como a osmolaridade do líquido intersticial fora da parte descendente é
maior do que a do líquido tubular dentro dela, a água se move para fora da parte descendente via osmose. Isto faz
com que a osmolaridade do líquido tubular aumente. À medida que o líquido prossegue ao longo da parte
descendente, sua osmolaridade aumenta ainda mais: na curva fechada da alça, a osmolaridade pode chegar a 1.200
mOsm/ℓ nos néfrons justamedulares.
3- Como você já viu, a parte ascendente da alça de Henle é impermeável à água, mas seus simportadores reabsorvem
Na+ e Cl– do líquido tubular para o líquido intersticial da medula renal, de modo que a osmolaridade do líquido
tubular diminui progressivamente à medida que ele flui pela parte ascendente. Na junção entre a medula e o córtex,
a osmolaridade do líquido tubular cai para aproximadamente 100 mOsm/ ℓ . Em geral, o líquido tubular se torna
progressivamente mais concentrado conforme flui ao longo da parte descendente e progressivamente mais diluído
enquanto passa ao longo da parte ascendente. Células nos ductos coletores reabsorvem mais água e ureia. Quando
o HAD aumenta a permeabilidade à água das células principais, a água se move rapidamente por osmose para fora
do líquido do ducto coletor para o líquido intersticial da medula interna, e então para as arteríolas retas. Com a
perda de água, a ureia deixada para trás no líquido tubular do ducto coletor torna•se cada vez mais concentrada.
Como as células tubulares profundas da medula são permeáveis à ureia, ela se difunde do líquido no túbulo para o
líquido intersticial da medula.
4- A reciclagem de ureia provoca seu acúmulo na medula renal. Conforme a ureia se acumula no líquido intersticial, um
pouco dela se difunde para o líquido tubular nas partes descendente e ascendente delgada das alças de Henles
longas, que também são permeáveis à ureia (Figura 26.19A). No entanto, enquanto o líquido flui pela parte
ascendente espessa, túbulo contorcido distal e parte cortical do ducto coletor, a ureia permanece no lúmen porque
as células nesses segmentos são impermeáveis a ela. Conforme o líquido flui pelos ductos coletores, a reabsorção de
água continua via osmose porque existe HAD. Esta reabsorção de água aumenta ainda mais a concentração de ureia
no líquido tubular, mais ureia se difunde para o líquido intersticial da medula renal interna, e o ciclo se repete. A
transferência constante de ureia entre os segmentos do túbulo renal e o líquido intersticial da medula é chamada
reciclagem de ureia. Desta maneira, a reabsorção de água a partir do líquido dos túbulos promove o acúmulo de
ureia no líquido intersticial da medula renal, o que por sua vez promove a reabsorção de água. Os solutos deixados
para trás no lúmen então se tornam muito concentrados, e um pequeno volume de urina concentrada é excretado.
Troca em contracorrente
-A troca em contracorrente é o processo pelo qual a água e os solutos são passivamente trocados entre o sangue das
arteríolas retas e o líquido intersticial da medula renal, como resultado do fluxo em contracorrente.
- o sangue flui em direções opostas nas partes ascendente e descendente das arteríolas retas. Uma vez que o fluxo em
contracorrente entre as partes descendente e ascendente das arteríolas retas possibilita a troca de solutos e água entre o
sangue e o líquido intersticial da medula renal, diz•se que as arteríolas retas atuam como um trocador por contracorrente.
-O sangue que entra nas arteríolas retas tem uma osmolaridade de aproximadamente 300 mOsm/ℓ. À medida que ele flui
ao longo da parte descendente para a medula renal, onde o líquido intersticial se torna cada vez mais concentrado, o Na+, o
Cl– e a ureia se difundem do líquido intersticial para o sangue e a água se difunde do sangue para o líquido intersticial.
-Mas depois que a osmolaridade aumenta, o sangue flui para a parte ascendente das arteríolas retas. Aqui, o sangue flui por
uma região em que o líquido intersticial se torna cada vez menos concentrado.
-Como resultado, o Na+, o Cl– e a ureia se difundem do sangue de volta para o líquido intersticial, e a água se difunde do
líquido intersticial de volta para as arteríolas retas.
-A osmolaridade do sangue que sai das arteríolas retas é apenas ligeiramente maior do que a osmolaridade do sangue que
entra nas arteríolas retas. Assim, as arteríolas retas fornecem oxigênio e nutrientes para a medula renal sem extinguir nem
diminuir o gradiente osmótico.
-A alça de Henle longa estabelece o gradiente osmótico na medula renal por meio da multiplicação em contracorrente, mas
as arteríolas retas mantêm o gradiente osmótico na medula renal por troca em contracorrente.
-Transporte, armazenamento e eliminação da urina
-A partir dos ductos coletores, a urina flui para os cálices renais menores, que se unem para se tornar os cálices renais
maiores, que se juntam para formar a pelve renal.
-A partir da pelve renal, a urina flui primeiro para os ureteres e, em seguida, para a bexiga urinária.
- A urina é então eliminada do corpo por uma uretra única.
Reflexo de micção
-A micção ocorre por meio de uma combinação de contrações musculares involuntárias e voluntárias.
-Quando o volume de urina na bexiga excede 200 a 400 mℓ, a pressão intravesical aumenta consideravelmente, e
receptores de estiramento em suas paredes transmitem os impulsos nervosos para a medula espinal, que se propagam até o
centro da micção nos segmentos medulares sacrais S2 e S3 e desencadeiam um reflexo espinal chamado reflexo de micção.
-Neste arco reflexo, impulsos parassimpáticos do centro da micção se propagam para a parede da bexiga urinária e músculo
esfíncter interno da uretra.
-Os impulsos nervosos provocam a contração do músculo detrusor da bexiga e o relaxamento do músculo esfíncter interno
da uretra e ao mesmo tempo, o centro de micção inibe neurônios motores somáticos que inervam o músculo esquelético
esfíncter externo da uretra.
-Com a contração da parede da bexiga urinária e o relaxamento dos esfíncteres, ocorre a micção. O enchimento da bexiga
urinária provoca uma sensação de plenitude, que inicia um desejo consciente de urinar antes de o reflexo miccional
efetivamente ocorrer.
-Embora o esvaziamento da bexiga urinária seja um reflexo, na primeira infância aprendemos a iniciá•lo e interrompê•lo de
modo voluntário. Por meio do controle aprendido sobre o músculo esfíncter externo da uretra e determinados músculos do
assoalho pélvico, o córtex cerebral pode iniciar a micção ou retardar o seu aparecimento por um período de tempo limitado.
Nefrolitíase
-A doença litiásica é, na verdade, um conjunto de alterações metabólicas sistêmicas e urinárias que leva, em última análise,
à formação do cálculo urinário, que pode ser alojado desde a pelve renal até a porção final da uretra.
- A nefrolitíase é uma condição de grande prevalência e acomete cerca de 10% a 15% da população geral.
- Ocorre principalmente em pacientes do sexo masculino, em uma razão de 2:1.
- A faixa etária mais comum de ocorrência é entre a terceira e a quinta décadas de vida e, caso não seja instituído nenhum
tratamento específico, a taxa de recorrência pode chegar a 50% em 10 anos.
Formação dos cálculos
- A urina nada mais é que uma solução cujo principal solvente é a água e que contém diversos tipos de solutos.
- Dependendo da conventração urinária, do Ph urinário, de fatores de risco e da presença de substâncias espefíficas, a
solubilidade desses solutos pode ser reduzida, o que leva a um estado de supersaturação urinária. Caso o estímulo à
supersaturação não seja revertido, em pessoas predispostas, o processo evolui para a formação de cristais: a cristalização.
Só a presença de cristais não é indicativo de nefrolitíase, de modo que se faz necessária a agregação desses cristais para a
formação da litíase renal!
-Vários elementos que normalmente estão presentes na urina se encontram acima da capacidade de solubilidade e não
precipitam e formam cálculos renais pela presença de substâncias que podem reduzir a supersaturação urinária e/ou inibir o
processo de cristalização, denominadas de inibidores.
- O principal inibidor da nefrolitíase e de maior relevância clínica é o citrato, cuja principal fonte é a dieta.
-O magnésio também é um inibidor da formação de cálculos e sua redução na urina é fator de risco para desenvolvimento
de litíase.
- nefrocalcina, proteína de Tamm-Horsfall, osteopontina, entre outros.
-Pacientes portadores de nefrolitíase apresentam uma alta prevalência de níveis baixos dos inibidores da cristalização
urinária.
Composição dos cálculos
- Os cálculos de oxalato de cálcio são os mais frequentes e correspondem a aproximadamente 80% do material encontrado,
seja isoladamente ou em associação a outros tipos de cálculo.
- São mais frequentes em homens.
-Ao contrário de outros cálculos, não sofrem influência do pH urinário.
- São caracteristicamente radiopacos, isto é, visíveis à radiografia de abdome.
-Os cálculos de fosfato de cálcio são pouco frequentes e representam cerca de 5% dos diferentes tipos de cálculos.
-Apresentam maior prevalência no sexo feminino.
-Formam-se tipicamente em urinas com pH alcalino.
- Com relação à identificação pela radiografia de abdome, também são cálculos radiopacos.
-A litíase por ácido úrico pode vir isoladamente ou associada a outras manifestações da doença sistêmica causada pela
hiperuricemia, como a artrite gotosa.
- O aumento da excreção urinária de ácido úrico (hiperuricosúria) favorece a formação dos cálculos.
-Por compartilharem fatores de risco (alto consumo de purinas e maior acidez urinária), pacientes diabéticos, obesos e com
elevada ingesta de proteínas têm maior risco de desenvolvimento.
-Representa cerca de 10% de todos os cálculos.
-O ácido úrico reduz sua solubilidade urinária em pH ácido, o que favorece sua precipitação, cristalização e posterior
formação do cálculo.
- À radiografia de abdome, são caracteristicamente radiotransparentes, isto é, não visíveis.
- Os cálculos de estruvita são formados de uma substância conhecida como fosfato amônio magnesiano.
- Respondem por cerca de 5% de todas as litíases urinárias.
- São cálculos presentes quase exclusivamente nas mulheres.
- Para a formação da estruvita, são necessários episódios de infecção do trato urinário de repetição causados por bactérias
que produzem uma enzima denominada urease, que converte a ureia em amônia, deixa o pH urinário alcalino e favorece a
formação dos cristais de fosfato amônio magnesiano.
- As principais bactérias são Proteus e Klebsiella pneumoniae.
- Os cálculos de estruvita apresentam crescimento rápido e podem ocupar toda a pelve renal, o que determina uma
configuração denominada de coraliforme.

Fatores de risco
DIETÉTICOS
BAIXA INGESTÃO DE LÍQUIDOS
- Um baixo volume urinário deixa a urina saturada de solutos, que podem cristalizar e iniciar o processo da formação do
cálculo.
- Atualmente, é reconhecido como o principal fator de risco para a nefrolitíase.
- A recomendação mais aceita sobre a ingestão de líquidos (de preferência água, chás e sucos) é que seja o suficiente para
proporcionar um volume urinário acima de 2000 mL/dia.
DIETA POBRE EM CÁLCIO
- Após ser ingerido na dieta, no intestino, o cálcio junta-se ao oxalato e forma o oxalato de cálcio, composto que não é
absorvido pela mucosa intestinal e acaba sendo eliminado nas fezes.
- Quando temos baixa ingestão de cálcio na dieta, o oxalato fica livre no intestino e termina sendo absorvido em grande
quantidade e filtrado pelos rins.
- O aumento da oxalúria predispõe à formação de cálculos de oxalato de cálcio.
DIETA RICA EM SÓDIO
- A dieta ocidental é sabidamente composta por elevadas quantidades de sal.
- O consumo exagerado inibe a reabsorção de cálcio no túbulo contorcido proximal do néfron e leva ao surgimento de
hipercalciúria, a principal alteração urinária associada ao cálculo renal!
DIETA HIPERPROTEICA
- Ingerir grandes quantidades de proteínas aumenta a produção de ácidos fixos, que são eliminados pelos rins, inclusive de
ácido úrico (derivado do metabolismo das purinas).
- Isso leva à redução do pH urinário e pode levar à hiperuricosúria, fatores relacionados à formação
de cálculos renais por ácido úrico.
- O consumo exagerado de proteínas também está associado ao aumento da calciúria, fator determinante na gênese da
litíase.
DIETA POBRE EM POTÁSSIO
Na urina, o potássio pode reduzir a formação de cálculos por meio de dois mecanismos: reduzindo a calciúria e aumentando
a citratúria (o citrato, como vimos, é um inibidor da formação de cálculos renais).
Alterações urinárias
HIPERCALCIÚRIA
- A hipercalciúria é definida como níveis superiores a 4 mg/kg de cálcio na urina de 24 h (ou > 250 mg/dia nas mulheres e
300 mg/dia nos homens).
- É a alteração urinária mais encontrada em pacientes com litíase renal. Até 50% dos pacientes litiásicos apresentam
hipercalciúria.
- A hipercalciúria pode ser dividida em dois grandes grupos:
• hipercalciúria idiopática (normocalcêmica)
Responde por 95% dos casos de hipercalciúria. Ocorre na ausência de hipercalcemia e há três princípios fisiopatológicos que
a sustentam: aumento na absorção intestinal do cálcio ingerido na dieta, redução da reabsorção de cálcio no néfron e
aumento da reabsorção óssea.
• hipercalciúria secundária à hipercalcemia
Nesses casos, existe alguma doença causando hipercalcemia e levando ao aumento da calciúria. As principais condições
associadas são o hiperparatiroidismo primário, a hipervitaminose D e as doenças granulomatosas (como a sarcoidose, por
exemplo).

HIPOCITRATÚRIA
A hipocitratúria é definida como a dosagem do citrato inferior a 320 mg na urina de 24 h. O citrato é um inibidor da
formação de cálculos renais, dentre outros motivos, por inibir a cristalização de cálculos de cálcio e manter o pH urinário
adequado.
- É também uma alteração urinária frequente em pacientes litiásicos, independentemente do tipo de cálculo apresentado.
- A alteração pode ocorrer de forma primária (isso é, sem que se ache uma causa de base) ou de forma secundária, sendo as
principais causas:
• diarreia crônica;
• acidose tubular renal tipo 1 (ATR1);
• uso de acetazolamida (diurético inibidor da anidrase carbônica que leva à acidose metabólica).
- A acidez urinária é um dos fatores que causam hipocitratúria. Urinas ácidas diminuem a eliminação renal de citrato.
- Quando há predomínio de uma acidez tubular, quase todo o citrato é reabsorvido no túbulo contorcido proximal. Apesar
de ocasionar uma urina alcalina, a acidose tubular renal tipo 1 cursa com hipocitratúria e hipercalciúria, o que leva à
nefrolitíase, à nefrocalcinose e à insuficiência renal crônica.
HIPEROXALÚRIA
Chamamos de hiperoxalúria a excreção superior a 40 mg/dia de oxalato na urina. Níveis elevados de oxalato predispõem à
formação de oxalato de cálcio, principal componente da litíase renal. A hiperoxalúria é, portanto, um importante fator de
risco para o desenvolvimento de cálculos.
Existem três situações que aumentam a excreção urinária de oxalato cujo conhecimento é importante. São elas:
 Dieta
- O aumento da oxalúria que tem contribuição direta do conteúdo alimentar é atribuído a dois principais fatores:
1 dieta pobre em cálcio: como já comentamos, no intestino, o oxalato se liga ao cálcio, composto que não é reabsorvido e é
eliminado pelas fezes. Quando há baixa ingesta de cálcio, o oxalato fica mais livre, é reabsorvido com maior facilidade e é
filtrado pelos rins, surgindo em excesso na urina.
2 dieta rica em vitamina C: a vitamina C, quando metabolizada, leva ao surgimento de oxalato, que é reabsorvido e filtrado
pelos rins.
 Hiperoxalúria entérica
A hiperoxalúria entérica ocorre após ressecção intestinal, doenças inflamatórias intestinais ou síndromes disabsortivas.
- o cálcio junta-se ao oxalato no intestino e eles são eliminados nas fezes. Nessas patologias que levam às síndromes
disabsortivas e ao excesso de gordura livre na luz intestinal, o cálcio se liga a essa gordura. Com essa ligação, o oxalato fica
livre e ocorre uma hiperabsorção do oxalato da luz intestinal.
 Hiperoxalúria primária
Condição genética, autossômica recessiva, caracterizada por alterações enzimáticas que aumentam a produção de oxalato.
HIPERURICOSÚRIA
- A hiperuricosúria é definida por uma eliminação urinária deácido úrico superior a 750 mg em 24 h para mulheres e
superior a 800 mg em 24 h para homens.
- É uma condição importante na gênese dos cálculos de ácido úrico, que ocupam a segunda posição em prevalência, atrás
apenas dos de oxalato de cálcio.
- É importante ressaltar que a litíase por ácido úrico está apresentando uma elevação em sua incidência, pois a resistência
insulínica, o diabetes, a obesidade e o alto consumo de proteínas correlacionam-se às urinas mais ácidas (convém lembrar
que o ácido úrico se cristaliza mais facilmente em pH ácido) e à hiperuricemia.
PH URINÁRIO
-O pH urinário é uma característica química muito importante, pois está diretamente relacionado à solubilidade de algumas
substâncias e ao surgimento de cristais que causam a nefrolitíase.
-A acidez urinária (principalmente pH < 5,5) predispõe ao surgimento de litíase por ácido úrico, que é menos solúvel em
ambientes ácidos.
- Em contrapartida, um pH urinário alcalino (principalmente
pH > 7,0) aumenta a precipitação de fosfato de cálcio e, quando associado a infecções urinárias de repetição por bactérias
que produzem urease, podem levar à formação de fosfato amônio magnesiano e a cálculos de estruvita!
INFECÇÕES URINÁRIAS
- Como já discutimos, as infecções urinárias de repetição causadas por bactérias que produzem a enzima urease (Proteus
mirabilis, Klebsiella pneumoniae, Corynebacterium spp., Ureaplasma urealyticum) predispõem à formação de estruvita
(fosfato amônio magnesiano), cujo tratamento envolve, por via de regra, a remoção cirúrgica do cálculo.
- Isso ocorre porque a urease estimula a metabolização de ureia em amônia, promovendo um pH urinário alcalino e
favorecendo a cristalização do fosfato amônio magnesiano (estruvita).
DROGAS
As principais medicações envolvidas são:
• Inibidores de protease: utilizados para tratamento do HIV, que podem levar à litíase renal. Dentre eles, a mais relacionada
ao surgimento de cálculos é o indinavir. Normalmente, são cálculos pequenos que podem passar despercebidos em exames
de imagem.
• Topiramato: droga que vem sendo utilizada com maior frequência em dois cenários clínicos importantes e frequentes –
perda de peso e profilaxia da enxaqueca. O topiramato causa acidose tubular renal e leva à hipercalciúria e à hipocitratúria,
fatores de risco reconhecidos para litíase.
• Acetazolamida: diurético inibidor da anidrase carbônica que ocasiona bicarbonatúria e aumento do pH urinário. Eleva o
risco de litíase por fosfato de cálcio.

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