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APÊNDICE 2

VETORES E OPERAÇÕES COM VETORES

INTRODUÇÃO

Na natureza encontramos várias grandezas físicas que são escalares e várias que são
vetoriais. A grandeza escalar é representada por um número simples. A temperatura por
exemplo, é uma grandeza escalar. Se sabemos que em determinado ponto a temperatura é de
+ 36o C ou de –10o C já temos informação suficiente. O outro exemplo é a área de uma
superfície. Se uma sala retangular tem lados de 4m e 5m, temos uma área de 20m2. Esta
informação é suficiente para descrever a superfície da sala. O mesmo ocorre com grandezas
como comprimento, volume, fluxo de campo elétrico e magnético, ddp e corrente elétrica.

Vemos tomar como exemplo a corrente elétrica. Se dizemos que em um circuito passa
uma corrente elétrica de 12A, o número simples 12 dá a intensidade da corrente elétrica. Mas
falta a informação do sentido da corrente. Esta informação está no sinal do número dado.
Neste caso o sinal é positivo, o que significa que a corrente circula no mesmo sentido da
referência adotada. Isto é importante. Mesmo para as grandezas escalares temos que ter
uma referência. No caso da corrente é o sentido em que ela circula. No caso da temperatura
em graus Celsius, a referência é o gelo picado em fusão, que corresponde à temperatura de
0oC. Mais frio do que isso, a temperatura é negativa. Mais quente, a temperatura é positiva.
Repare que o sinal de menos (–) transforma o número em negativo, mas isto não tem
significado absoluto. Apenas significa estar ao contrário ou abaixo de uma referência escolhida.
Outro exemplo: estar com saldo positivo na conta bancária significa ter dinheiro guardado no
banco, enquanto que ter saldo negativo significa estar devendo dinheiro ao banco. Nas
operações de adição os números negativos terminam por subtrair e nas de subtração os
números negativos terminam por somar.

No entanto, várias outras grandezas físicas não podem ser descritas por um número
simples, como a velocidade, força, aceleração, campo elétrico e campo magnético. Vamos
tomar como exemplo a força. Se alguém diz que produz uma força F = 220N em um corpo,
esta informação não é, por si, suficiente para caracterizar o que está acontecendo ou irá
acontecer com este corpo. No caso simples de o corpo estar inicialmente em repouso e livre
para se movimentar, a força vai provocar movimento. A questão é: para onde será o
movimento? Pode ser vertical para cima ou para abaixo ou horizontal para frente ou para trás,
ou ainda direita ou esquerda, ou ainda qualquer direção horizontal que possamos imaginar, ou
ainda qualquer combinação vertical-horizontal que possamos imaginar. Como vê a situação é
mais complexa. Mesmo se sabemos que a direção é vertical, ainda precisamos do sentido para
saber se é para cima ou para baixo.

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Uma grandeza vetorial terá módulo (intensidade), direção e sentido. É representado
graficamente por uma flecha.

V
P

Figura B.1 – Vetor V

Vetor V , onde:

 P é o ponto de aplicação do vetor (onde a força é aplicada).


 Direção: é dada pela reta (tracejada na figura) que é suporte para desenhar o vetor.
 Sentido: é dado pela seta.
 Módulo: é a intensidade do vetor. É dado por um número simples (escalar) sempre positivo,
pois a seta é quem dá o sentido. O módulo do vetor é um escalar sem sinal.

Os livros costumam representar o vetor por uma letra com uma barra ( V ) ou seta ( V )
em cima. Dessa forma fica fácil em um problema distinguir as grandezas escalares das
vetoriais. Em problemas com vários vetores o tamanho das flechas indica a proporção de
intensidade (ou módulo) dos vetores. Dessa forma um vetor com a metade do módulo de outro
será representado por uma flecha com metade do tamanho.

V1 V2 Figura B.2 – Dois vetores no mesmo ponto de


aplicação, formando um ângulo  . V 1 tem a
5  metade do módulo de V 2 e é representado
10
por uma flecha com metade do comprimento
P da que representa V2 .

V1  5 (o módulo de V1 é 5)

V2  10 (o módulo de V2 é 10)

Os vetores físicos que empregamos podem estar aplicados em um espaço de uma


dimensão (uma linha), de duas dimensões (um plano) ou de três dimensões (espaço).
Matematicamente podemos ter vetores em espaços de mais de 3 dimensões, mas não é o
caso dos vetores que iremos empregar aqui em eletromagnetismo.

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a) Vetores em uma dimensão. Os vetores V1 , V 2 e
V2
V 3 têm todos a mesma direção, pois as retas-
suporte são paralelas. V 1 e V 3 têm sentidos
opostos.
V1
V3

V1 V2 V3

b) Vetores em 2 dimensões. Os vetores V1 , V 2 ,
0 x V 3 e V 4 estão em um plano, caracterizado pelos
eixos cartesianos x e y.
V4

y
y1 c) O vetor V 1 está representado em um espaço de
V2 3 dimensões, que está caracterizado pelos eixos
0 x1 cartesianos x, y e z.
z1 x

Figura B.3 – Vetores em uma linha, em um plano e em um espaço tridimensional.

Os vetores que estão em um plano ou em um espaço tridimensional podem ser


representados por suas componentes. Vamos tomar como exemplo inicial, vetores no plano.

V1 = X1.x + Y1.y
y
y1 V1 Exemplo: V1 = 2.x + 4 y

V4 = ( x 4 f - x 4i ).x + ( y 4 f - y 4i ).y
y x4i x4f
0 x x1 x
P Exemplo: V4 = (8 - 4).x + ( 6 - 3).y
y4i
y4f
V4  V4 = 4 x + 3 y ( V4 está aplicado no ponto P e equivale a
um vetor 4 x + 3 y iniciando na origem, o ponto 0.)

Referência:

x = vetor unitário na direção x (sentido positivo para direita) I x I = 1


y = vetor unitário na direção y ( sentido positivo para cima) I y I = 1

Figura B.4 – Vetores no plano.

Tomando como exemplo o vetor V 1 , temos que x 1 x e y1 y (2 x e 4 y ) são as


componentes, ou projeções do vetor V 1 nas direções horizontal e vertical, respectivamente.
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Repare que 2 x é um vetor e que 4 y é outro vetor. Vamos mais adiante mostrar que a
soma de 2 x com 4 y é igual ao vetor V 1 ( V 1 = 2 x + 4 y ). A expressão 2 x significa um vetor
horizontal aplicado ao ponto 0, apontando para a direita e com módulo igual a 2. Com 4 y
temos um vetor vertical aplicado no ponto, apontando para cima e com módulo igual a 4.

Na figura B.3c temos o vetor V 1 com 3 componentes, pois se encontra em um espaço


tridimensional. V 1 pode ser descrito como:

V 1 = x 1. x + y1. y + z 1. z

Exemplo:

V1 = 2 x + 4 y + 3 z

As componentes, ou projeções, são 2 x , 4 y e 3 z . Os vetores unitários de referência


agora são 3: x , y e z . Mas adiante vamos mostrar que a soma dos 3 vetores componentes
é igual a V 1 .

Como o eixo z é perpendicular ao plano do papel definido pelos eixos x e y, costuma


ser representado em perspectiva. Outra forma de representação para o eixo z ou vetores
perpendiculares ao plano do papel é ver como uma flecha entrando ou saindo do papel.

Flexa (vetor) Flexa (vetor)


Flexa em perspectiva entrando no saindo do
(usada para criar a representação) papel papel

Figura B.5 – Representação de um vetor com direção perpendicular ao plano do papel (direção eixo z).

Vamos retornar ao motivo do uso de vetores. Algumas grandezas são vetoriais, ou seja,
temos que levar em conta a direção e o sentido, além da intensidade (o módulo). Isso tem
reflexo direto nas operações entre vetores. Como vimos, a temperatura é uma grandeza
escalar. Se usamos um palito de fósforo aceso para esquentar um objeto metálico, por
exemplo, fazemos a temperatura subir. De 30o C, podemos atingir 50o C se adicionarmos calor
correspondente a mais 20o C. É só isso. Mas veja o que acontece com a força, que é uma
grandeza vetorial. Se duas pessoas puxam uma árvore em direção diferentes, a soma já não é
tão simples. Imagine que as duas pessoas amarram uma corda a uma árvore e puxam em
direções perpendiculares, com os módulos das forças iguais a 3N e 4N.

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F1= 4N

F2= 3N

F = 5N
(Força Resultante)

Figura B.6 – Soma de vetores em direções diferentes.

A força resultante que a árvore “sente” não está na direção da força F1 e nem na
direção da força F2 . Muito menos vale a soma direta das intensidades, que seria 7N. na
verdade a força resultante da “soma vetorial” F = F1 + F2 terá uma direção intermediária e,
como veremos mais adiante, terá intensidade de 5N. O mesmo ocorre com um barco ao
atravessar um rio.

x’ y’

v
v1 v2

v2
x y

Figura B.7 – Um barco com velocidade V1 perpendicular à velocidade V 2 do rio. A velocidade


resultante é V e o barco irá chegar na outra margem no ponto y’ em vez x’ .

OPERAÇÃO COM VETORES

B.1 - Soma vetorial

Considere os vetores abaixo:

v1 V = V1 + V2 ou V = V2 + V1
v2
(não importa a ordem)

Figura B.8 – Os vetores V1 e V2 formam um ângulo  entre si .

A direção e o sentido do vetor soma podem ser dados pela regra do paralelogramo.
Traçamos uma reta paralelo a cada vetor, partindo da ponta do outro. O vetor resultante liga o
ponto de encontro dos dois vetores ao ponto de encontro das duas paralelas. O módulo de
vetor resultante é dado pela expressão abaixo:

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v1 v
V = V12 + 2V1V2 cos α + V2 2

v2 onde  é o ângulo entre V1 e V2

Figura B.9 – Soma de vetores.

Repare que se V1 e V2 formam um ângulo de 90o, a soma é a mesma quando


somamos projeções em x e y de um vetor, pois cos 90o = 0 ( V = V12 + V2 2 ).

Outro método é somar as projeções nos eixos cartesianos.

vy
v1
v1y
v2
v2y
X
v1X v2X vX

V1 = V 1x + V 1y
V = V 1 + V 2 = V 1x + V 1y + V 2x + V 2y
V2 = V 2x + V 2y

 V = ( V 1x + V 2x ) + ( V 1y + V 2y )
 V = Vx + Vy

onde: Vx = V1x + V2x


Vy = V1y + V2y

Figura B.10 – Soma vetorial usando as projeções em x e y.

B.2 – Subtração vetorial

Considere os mesmos vetores da figura B.8. A direção e o sentido do vetor subtração


podem ser dados ligando a extremidade (na flecha) do primeiro vetor com a do segundo vetor,
de forma que V1 – V2 a ponta no sentido oposto de V1 – V2 . Era de se esperar, pois V1 –
V2 = – ( V2 – V1 ).

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v1 v1
v1- v2 v2- v1
v2 ou v2

Repare que V1 – V2 = – ( V2 – V1 )

V1 - V 2  V 2 - V1  V1 - 2 . V1 V2 .cos   V2
2 2

Figura B.11 – Subtração entre os vetores V1 e V2 . Dois casos são possíveis: V1 – V2 e


V2 – V1 . Os módulos são iguais mas os sentidos são inversos.

Podemos resolver a subtração também pelo método das projeções (ou componentes)
nos eixos cartesianos x e y.

V1 = V1x + V1y .

V2 = V2x + V2y

V = V1 - V2 = ( V 1x + V 1y ) - ( V 2x + V 2y )

 V = ( V 1x – V 2x ) + ( V 1y – V 2y ) e V = Vx + Vy

logo: Vx = V 1x – V 2x e V y = V 1y – V 2y

B.3 – Produto escalar

O produto escalar entre dois vetores resulta em um número simples, um escalar.

V1 . V2 = V1 . V2 . cos 

V1
V2

Figura B.12 – Produto escalar entre dois vetores.


Representamos o produto escalar usando o ponto para a multiplicação: V1 . V2 .

Este tipo de operação mostra o quanto um vetor produz influência na direção do outro na
hora de se realizar o produto. Os exemplos típicos são cálculo de trabalho realizado por uma
força e o cálculo de fluxo de um campo vetorial em uma superfície.

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V1 (projeção de V2 na direção
do vetor V1)

V2


V1

os
V2

.c
1
V
os 
V 1. c
(projeção de V1 na direção do vetor V2 )

V1 . V2 = (V1 . cos α ) . V2 V1 . V2 = V1 (V2 . cos α )

Figura B.13 – O produto escalar pode ser visto como o produto


de um vetor pela projeção do outro na sua própria direção.

B.4 – Produto vetorial

O produto vetorial entre dois vetores é um vetor. Usamos a letra x minúscula para
caracterizar o produto vetorial em diferenciação ao produto escalar.

V1 V1
V2 V2
ou V V1= V1 x V2

V V1
V1
V2 V2 V’ = V2 x V1
ou V

V1 x V 2 = – ( V 2 x V1 )

Figura B.14 – Produto vetorial : V = V1 x V 2 .

O vetor produto vetorial tem as seguintes características:

 Direção: Perpendicular aos dois vetores simultaneamente ou ainda, perpendicular ao plano

que contém os dois vetores. Para V1 e V 2 definidos no plano do papel, V1 x V 2 ou V2

x V1 , será perpendicular ao papel.

 Sentido: Dado pela regra da mão direita. Colocar o primeiro vetor na palma da mão e girar
no sentido do segundo pelo menor ângulo. O polegar esticado dá o sentido do vetor

produto vetorial. Repare que V1 x V2 tem sentido oposto a V 2 x V1 .

 Módulo: V = V = V1 x V 2 = V 2 x V1 e V = V1 . V2 . sen α

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