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MERCADO DE TRABALHO JOVEM: análise do primeiro emprego e

reemprego na região Centro-Sul do Ceará no ano de 2021

Thiago Renan Chaves de Lima


Cícero Francisco de Lima
Otácio Pereira Gomes

Resumo: Este artigo analisa o mercado de trabalho jovem na região Centro-Sul do Ceará no
ano de 2021. Buscou compreender as dinâmicas e desafios enfrentados pelos jovens
(indivíduos entre 15 e 29 anos) que ingressam no mercado pela primeira vez e por aqueles que
buscam uma nova oportunidade de emprego. Além da pesquisa bibliográfica, se fez presente
uma análise quantitativa por meio dos microdados da Relação Anual de Informações Sociais
(RAIS). Com base nessa base de dados, foram consideradas um total de 2.275 observações
(609 para o grupo de primeiro emprego e 1.666 para o grupo de reemprego). Na estimação
dos resultados foi considerado o método de decomposição de Oaxaca-Blinder. Esse método
permitiu investigar os diferenciais de renda entre os grupos de primeiro emprego e reemprego.
Os principais resultados, explicados e não explicados nos mostram que as empresas têm
preferência por profissionais com um certo nível de experiência.
Palavras-chave: Mercado de trabalho. Primeiro emprego e reemprego. Políticas públicas.

Abstract: This article analyzes the youth labor market in the Central-South region of Ceará in
2021. It aimed to understand the dynamics and challenges faced by young individuals (aged
15 to 29) entering the job market for the first time and those seeking new employment
opportunities. In addition to the bibliographic research, a quantitative analysis was conducted
using microdata from the Annual Social Information Report (RAIS). Based on this database, a
total of 2,275 observations were considered (609 for the first-time job seekers group and
1,666 for the re-employment group). The Oaxaca-Blinder decomposition method was used to
estimate the results. This method allowed for the investigation of income differentials
between the first-time job seekers and the re-employment groups. The main results, both
explained and unexplained, indicate that companies have a preference for professionals with a
certain level of experience.

Keywords: Labor market. First job and reemployment. Public policies.

1 Introdução

A inserção no mercado de trabalho é um momento crucial na vida dos jovens,


marcada, seja pela transição da educação para a vida profissional ou pela conciliação entre
estudo e trabalho. Esta fase, muitas vezes desafiadora, está repleta de expectativas, sonhos e
incertezas.

Segundo Berger (1975), os jovens buscam a integração na sociedade motivados tanto


por questões de natureza ética quanto financeira. Reconhecem que atingir a idade adulta está
ligado à capacidade de se sustentarem financeiramente, e enfrentam desafios em decorrência
2

do cenário de desemprego que obstaculiza sua entrada no mercado de trabalho e a adoção de


novas responsabilidades sociais.

De acordo com o IBGE (2022), o número de jovens que nem estudavam e nem
estavam ocupados era de 12,7 milhões, algo em torno de 31,1% dos jovens, registrando um
aumento no número de desocupados em relação a 2019 (período pré-pandêmico), que era de
12,1 milhões de jovens. Apesar da segunda onda do Covid-19 no ano de 2021, foi registrado
um aumento de jovens ocupados em relação ao ano de 2020, onde era de 51% e passou a ser
de 52,1% (IBGE, 2022).

Um estudo realizado por Rabelo, Baca, França e Fernandes (2016), evidenciou que das
dez atividades que mais geram ICMS, 8 são do setor de varejo e 2 são do setor da indústria,
esta com a fabricação de calçados em Iguatu e a produção com base em minerais não
metálicos, em Jucás.

A falta de experiência é uma barreira significativa para muitos jovens que buscam seu
primeiro emprego. Isso ocorre porque muitos empregadores preferem candidatos com alguma
experiência prévia, o que pode deixar os jovens em uma situação de dilema: eles precisam de
um emprego para ganhar experiência, mas, ao mesmo tempo, a falta de experiência dificulta a
obtenção desse primeiro emprego (FUERTES, 2018).

Com o aumento da globalização e o avanço da tecnologia de forma extremamente


acelerada, habilidades que antes eram vistas como diferenciais, passaram a ser exigidas como
um pré-requisito para a obtenção das vagas ofertadas (MOURA e ANDRADE, 2014).

Segundo Ribeiro (2006), a globalização e os avanços tecnológicos geram fortes


mudanças nas organizações, exigindo um perfil de conhecimentos mais profundo, resultante
da combinação entre a redução dos postos de trabalho e as tecnologias mais sofisticadas e
facilmente disponíveis.

Em razão da relevante contribuição do tema na compreensão da dinâmica do mercado


de trabalho, estudos sobre a categoria de trabalhador jovem têm ganhado visibilidade na
comunidade acadêmica. Pesquisadores como, Reis (2015), Garanhani (2015), Monte (2005),
Araújo (2005), Lima (2005), entre outros, têm dado importância à essa temática. Essas
pesquisas, de modo geral, se concentram em entender quais as razões e entraves para a
inserção do jovem no mercado de trabalho, mesmo diante de políticas de inclusão desse grupo
de trabalhador.
3

Diante desse contexto, este trabalho se propõe estudar o mercado de trabalho jovem na
região Centro-Sul do Ceará. Assim, objetiva-se analisar o mercado de trabalho jovens por
diferentes setores de atividades econômicas, dada a condição do trabalhador estar no primeiro
emprego ou reemprego, bem como, verificar se existe disparidade de renda do trabalho entre
esses dois grupos de trabalhadores. Além de outras variáveis relevantes, consideram-se as
características de gênero e raça na explicação dos resultados.

Portanto, além de buscar compreender os principais entraves e condicionantes no


mercado de trabalho jovem, este trabalho tem como problema de pesquisa identificar: quais
setores empregam mais jovens do primeiro emprego na região Centro-Sul do Ceará? Existem
diferenças de rendimento entre o primeiro emprego e o reemprego na região Centro-Sul do
Ceará?

A principal hipótese levantada é que, em geral, os trabalhadores reempregados podem


ter uma vantagem salarial em comparação com aqueles que estão se inserindo pela primeira
vez no mercado de trabalho. Isso, em parte, pode ser atribuído à experiência de trabalho
anterior, que muitas vezes é valorizada pelos empregadores. Os trabalhadores reempregados
podem ter habilidades adquiridas, conhecimento do setor e uma rede de contatos que os
tornam mais atraentes para os empregadores.

Para atingir os objetivos pretendidos, além de uma pesquisa bibliográfica, foram


utilizados microdados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) referente ao ano de
2021. A RAIS é um importante instrumento utilizado pelo governo brasileiro para coletar
informações sobre o mercado de trabalho formal no país. Ela é obrigatória para todas as
pessoas jurídicas que têm empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
e deve ser entregue anualmente ao Ministério da Economia. Através da RAIS, as empresas
fornecem dados sobre seus empregados, como nome, data de nascimento, remuneração, tipo
de vínculo empregatício, entre outras informações. Esses dados são utilizados para a
elaboração de estatísticas sobre o emprego e o mercado de trabalho, além de subsidiar a
tomada de decisões em políticas públicas relacionadas ao trabalho e emprego.

Além desta introdução, este trabalho está estruturado em mais cinco seções. Na
seguinte ordem encontram-se o referencial teórico, revisão de literatura, metodologia,
resultados parciais, e por fim, o cronograma da pesquisa.

2 Mercado de trabalho jovem e políticas públicas


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Esta sessão está dividida em dois tópicos, onde primeiro será abordado os desafios que
os jovens enfrentam para se inserirem no mercado de trabalho brasileiro, e em segundo será
discutido as políticas públicas adotadas pelo governo para tornar o mercado mais inclusivo
para os jovens. 2.1 Desafios no mercado de trabalho jovem brasileiro

O mercado de trabalho para jovens é um universo cheio de desafios e oportunidades


distintas. Por um lado, os jovens trazem consigo uma mentalidade inovadora, habilidades
tecnológicas aguçadas e uma disposição para aprender rapidamente. Sua energia e entusiasmo
podem ser ativos valiosos em ambientes dinâmicos. No entanto, há desafios a serem
enfrentados.

No Brasil, de acordo com Pochmann (2000), existem motivos para que os jovens se
frustrem na busca de encontrar emprego. Isso se deve, por um lado, à estrutura social que o
país enfrenta, impulsionada pelas disparidades econômicas e pelo enfraquecimento das
perspectivas de sucesso, evidenciado pelos indicadores de pobreza, analfabetismo e violência.

Para os jovens, o trabalho desempenha um papel crucial em suas vidas, representando


um valor e um meio de valorização pessoal. No entanto, eles compreendem que ter um
determinado nível de educação não garante necessariamente o emprego, dada a
competitividade do mercado de trabalho. Portanto, os jovens precisam ser criativos e flexíveis
para se adaptar às exigências das empresas. Nesse contexto, Bourdieu (2006) destaca que os
jovens têm aspirações relacionadas ao futuro, mas muitas vezes não têm um plano bem
definido em mente.

“[...] almeja o ensino superior como à probabilidade de modificar as condições


adversas, sendo assim uma chance de conseguir um emprego que considere ser
melhor, gerando expectativas de melhores condições de trabalho, demonstrando
dúvidas e incertezas com o que pretendem fazer. ” (GARANHANI, 2014).

A educação básica desempenha um papel crucial na preparação dos jovens para o


mercado de trabalho. Ela não apenas fornece conhecimentos acadêmicos, mas também
desenvolve habilidades essenciais, competências socioemocionais e a capacidade de
pensamento crítico. Investir em uma educação básica de qualidade é fundamental para equipar
os jovens com as habilidades e conhecimentos necessários para enfrentar os desafios do
mercado de trabalho em constante evolução. Além disso, a aprendizagem ao longo da vida e o
desenvolvimento contínuo de habilidades são cada vez mais importantes em uma sociedade
em rápida transformação.
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Quando os jovens entram no mercado de trabalho e conquistam seu lugar na


sociedade, trazem consigo as lições que adquiriram durante anos de educação escolar. Essas
experiências escolares podem ter impactos tanto positivos quanto negativos, especialmente
para aqueles que optaram por abandonar os estudos.

Frigotto (2010) enfatiza que a educação básica, superior e profissional deve ser
entendida em seu contexto mais amplo, inserida nas complexidades que permeiam a
sociedade. Ela não deve ser considerada como um elemento isolado, mas sim como uma parte
integral da totalidade histórica e contraditória em que se insere.

As competências desempenham um papel crucial no sucesso de um indivíduo no


mercado de trabalho. A rápida evolução econômica, tecnológica e social exige que os
profissionais possuam um conjunto diversificado de habilidades para se destacarem.
Habilidades como uma boa comunicação, aptidões tecnológicas, desejo de aprendizagem
contínua, inovação e até mesmo pensamento crítico são diferenciais entre os profissionais.

Fleury (2001) enfatiza que o termo competência é frequentemente empregado no


senso comum para descrever uma pessoa qualificada para realizar determinada tarefa. No
entanto, ele argumenta que ter conhecimento e experiência não é suficiente se não forem
aplicados de maneira eficaz em direção a um objetivo, acompanhados de uma necessidade e
um compromisso. De acordo com essa perspectiva, a verdadeira competência vai além da
mera posse de conhecimento e envolve a capacidade de articular, mobilizar e aplicar de forma
eficaz os valores, conhecimentos e habilidades necessários no desempenho do trabalho.

A globalização, impulsionada pelo progresso tecnológico, resultou em uma série de


impactos no mercado de trabalho. Dentre esses impactos, destaca-se a intensificação da
competição entre as empresas. Elas buscaram se adaptar a esse cenário em constante
transformação, implementando novos programas e estratégias. Isso se deu com o objetivo de
reduzir os custos de produção e aprimorar seus lucros, garantindo assim sua permanência e
competitividade em seus respectivos setores de atuação (CHIAVENATO, 2004).

A evolução da tecnologia em escala global também trouxe consigo um vasto volume


de informações. Isso impõe às pessoas o desafio de compreender esse processo e de garantir
que suas empresas se adaptem a essa nova realidade. As estratégias de marketing se tornaram
globalizadas e, para prosperar neste novo ambiente de competição e para expandir sua
presença em mercados emergentes, as empresas tiveram que buscar continuamente melhorias
na eficiência de seus processos, acelerar suas ações e manter suas estratégias sempre
6

atualizadas. Nesse contexto, o papel dos talentos se torna fundamental para assegurar a
continuidade das organizações (PONTES, 2010).

A globalização e os progressos tecnológicos causam transformações significativas nas


organizações, demandando uma maior profundidade no perfil de conhecimento dos
profissionais. Isso ocorre devido à combinação da diminuição de vagas ofertadas com a
disponibilidade de tecnologias mais avançadas e amplamente acessíveis (RIBEIRO, 2006).

Com as mudanças impostas pela globalização dos negócios, o avanço tecnológico e o


impacto significativo das mudanças, juntamente com a busca constante por qualidade e
produtividade, surge observações em muitas organizações: o diferencial crucial, a principal
vantagem competitiva das empresas, está intrinsecamente ligado às pessoas que mantêm e
preservam o status, impulsionando a inovação e aquilo que está por vir. Essas pessoas
desempenham papéis essenciais, desde a produção, venda e serviço ao cliente até a tomada de
decisões, liderança, motivação, comunicação, supervisão, gestão e direção dos negócios das
empresas. A forma como as pessoas se comportam, decidem, executam tarefas, trabalham e
aprimoram suas atividades, bem como cuidam dos clientes e conduzem os negócios das
empresas, varia consideravelmente. Essa variação, em grande medida, é influenciada pelas
políticas e diretrizes organizacionais relacionadas à gestão das pessoas em suas atividades
(DUTRA, 2001).

No mercado de trabalho, ocorre uma competição entre indivíduos de diferentes faixas


etárias, especialmente quando não há intervenção regulatória por parte do governo. Isso é
comum em setores onde predominam micro, pequenas e médias empresas. A ausência de
sistemas formais de progressão de carreiras e remuneração resulta em empregos para jovens
com baixos requisitos de qualificação e uma alta instabilidade contratual, com escassas
perspectivas de avanço profissional dentro da mesma empresa (POCHMANN, 2007).

Os jovens que entram no mercado de trabalho precisam buscar qualificação, a fim de


agregar um diferencial às suas habilidades. De acordo com Antunes (1999), os jovens devem
demonstrar maior aptidão, determinação, disposição e motivação, tornando-se assim mais
competitivos diante dos desafios que enfrentam em suas trajetórias profissionais.

O mercado de trabalho apresenta desvantagens significativas para os jovens. Devido à


persistente presença de um excesso de mão de obra, os jovens enfrentam condições de
competição mais difíceis em comparação aos adultos. Muitas vezes, são obrigados a
assumirem funções de menor qualidade dentro das empresas para garantir uma fonte de renda
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que lhes permita sustentar as despesas de suas famílias ou mesmo sua própria subsistência.
Isso, por sua vez, frequentemente compromete suas oportunidades de educação formal e
desenvolvimento profissional. Como resultado, o governo tem implementado ações para
facilitar a inserção dos jovens no mercado de trabalho, reconhecendo as dificuldades que
enfrentam ao adentrar neste cenário (CARVALHO, 2004 apud POCHMANN, 2007).

2.2 Políticas Públicas direcionadas ao mercado de trabalho jovem no Brasil

Nesta subseção será apresentado alguns dos principais programas de capacitação do


jovem para o mercado de trabalho. Entre esses, foram sintetizados o Programa Nacional de
Estímulo ao Primeiro Emprego de Jovens, Programa Nacional de Inclusão de Jovens
(ProJovem), Programa Jovem Aprendiz, Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego (Pronatec) e Escolas profissionalizantes no Ceará.

2.2.1 Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego de Jovens (PNPE)

Em outubro de 2003, foi introduzido pelo governo federal o Programa Nacional de


Estímulo ao Primeiro Emprego de Jovens (PNPE), cujo principal propósito era facilitar a
inclusão produtiva de jovens com idades entre 16 e 24 anos. O foco do programa estava
direcionado a indivíduos provenientes de famílias de baixa renda e com níveis educacionais
mais baixos (ANDRADE, 2005).

Os jovens beneficiados pelo programa recebem capacitação social e profissional,


seguindo os critérios estabelecidos pelo Plano Nacional de Qualificação. Este plano destaca
atividades que enfatizam a inclusão digital, a assimilação de valores humanos, ética e
cidadania, orientação profissional, educação ambiental, saúde e promoção de qualidade de
vida. Adicionalmente, são implementadas iniciativas que incentivam e apoiam a melhoria do
nível educacional. A formação profissional ocorre por meio de oficinas especializadas,
abordando as práticas relacionadas às ocupações laborais, com ênfase nas rotinas específicas
de cada função. Além disso, são incorporados conteúdos relativos aos direitos trabalhistas e à
conscientização sobre as possibilidades empreendedoras, mesmo entre os jovens
(ANDRADE, 2005).

Em seu artigo 1º, e incisos, a Lei deixa bem claro a sua finalidade:

Art. 1º. (...)

I - a criação de postos de trabalho para jovens ou prepará-los para o mercado de


trabalho e ocupações alternativas, geradoras de renda; e
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II - a qualificação do jovem para o mercado de trabalho e inclusão social.

Art. 2o O PNPE atenderá jovens com idade de dezesseis a vinte e quatro anos em
situação de desemprego involuntário, que atendam cumulativamente aos seguintes
requisitos:

I - não tenham tido vínculo empregatício anterior;

II – sejam membros de famílias com renda mensal per capita de até 1/2 (meio)
salário mínimo, incluídas nesta média eventuais subvenções econômicas de
programas congêneres e similares, nos termos do disposto no art. 11 desta Lei;
(Redação dada pela Lei nº 10.940, de 2004)

III – estejam matriculados e frequentando regularmente estabelecimento de ensino


fundamental ou médio, ou cursos de educação de jovens e adultos, nos termos dos
arts. 37 e 38 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, ou que tenham concluído
o ensino médio; e (Redação dada pela Lei nº 10.940, de 2004)

IV – estejam cadastrados nas unidades executoras do Programa, nos termos desta


Lei; (Redação dada pela Lei nº 10.940, de 2004)

(...) (BRASIL, 2003).

2.2.2 Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem)

O Programa Nacional de Inclusão de Jovens, criado em 2005, visa proporcionar


oportunidades e recursos para a inserção e participação efetiva dos jovens na sociedade. Este
programa busca atender às necessidades específicas dos jovens, oferecendo suporte em
diversas áreas, como educação, emprego, capacitação profissional, inclusão digital, saúde,
cidadania e qualidade de vida. Ao promover a inclusão de jovens, o programa visa contribuir
para o desenvolvimento integral desses indivíduos e para a construção de uma sociedade mais
justa e equitativa (BRASIL, 2005).

Atualmente o programa está subdividido em quatro modalidades: ProJovem


Adolescente, ProJovem Urbano, ProJovem Campo e ProJovem Trabalhador. O ProJovem
Adolescente, lançado em 2007, é um programa governamental brasileiro voltado para
adolescentes de 15 a 17 anos, especialmente os em situação de vulnerabilidade social. Com
foco no desenvolvimento integral, oferece atividades que abrangem educação formal, cultura,
esporte, lazer, direitos humanos e participação cidadã. O programa busca fortalecer vínculos
familiares, incentivar a permanência na escola e criar condições para o desenvolvimento das
potencialidades dos participantes, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes,
críticos e preparados para os desafios da vida adulta (CRISPIM, 2008).

O ProJovem Urbano é um programa brasileiro destinado a jovens de 18 a 29 anos que


não concluíram o ensino fundamental. Lançado em 2008, combina educação básica, formação
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profissional e cidadania, visando a inclusão social e a preparação para o mercado de trabalho.


O programa aborda disciplinas tradicionais e temas relevantes para a realidade urbana,
promovendo a conclusão da educação básica e o desenvolvimento de competências para a
autonomia e participação na sociedade (CRISPIM, 2008).

O ProJovem Adolescente, lançado em 2007, é um programa governamental brasileiro


voltado para adolescentes de 15 a 17 anos, especialmente os em situação de vulnerabilidade
social. Com foco no desenvolvimento integral, oferece atividades que abrangem educação
formal, cultura, esporte, lazer, direitos humanos e participação cidadã. O programa busca
fortalecer vínculos familiares, incentivar a permanência na escola e criar condições para o
desenvolvimento das potencialidades dos participantes, contribuindo para a formação de
cidadãos conscientes, críticos e preparados para os desafios da vida adulta (GARANHANI,
2015).

O ProJovem Trabalhador, lançado em 2009, é um programa brasileiro voltado para


jovens de 18 a 29 anos, especialmente de famílias de baixa renda. Ele oferece formação
profissional, educacional e apoio à inserção no mercado de trabalho. O programa busca
desenvolver competências técnicas e socioemocionais, visando a empregabilidade e a
autonomia dos participantes, com foco na preparação para desafios do mundo profissional e
promoção da inclusão social (CRISPIM, 2008).

2.2.3 Programa Jovem Aprendiz

O programa Jovem Aprendiz é uma lei que estabelece que empresas de médio e
grande porte são obrigadas a contratar jovens entre 14 e 24 anos como aprendizes, por um
período máximo de duração de 2 anos. Este programa, inserido na Lei de Aprendizagem
(a Lei nº.10.097/2000, regulamentada pelo Decreto nº. 5.598/2005 e posteriormente
pelo Decreto n° 9.579/2018), busca mitigar as adversidades do cenário, auxiliando os jovens a
associar as perspectivas de geração de renda. Além disso, visa complementar a renda familiar
e estabelecer uma ligação entre trabalho e educação. A porcentagem de aprendizes dentro das
organizações varia entre 5% e 15%. Dentro do programa, os jovens contam com a supervisão
de um mentor, ou seja, um colaborador designado pela empresa para orientar, gerenciar e
instruir o aprendiz em suas responsabilidades diárias. Essa orientação inclui oferecer suporte e
incentivar o jovem a aplicar e aprimorar suas habilidades no ambiente de trabalho (MOURA e
ANDRADE, 2014).
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Dentro desse contexto, o ambiente de trabalho exerce influência na subjetividade dos


jovens, proporcionando-lhes a oportunidade de interação. Isso ocorre na organização de sua
sociabilidade, permitindo que ampliem suas experiências, o que contribui para seu processo
de amadurecimento psicológico e intelectual (GARANHANI, 2015).

Esse programa traz vantagens tanto para aqueles que buscam seu primeiro emprego
quanto para as empresas envolvidas. Por um lado, os aprendizes têm a oportunidade de
desenvolver suas habilidades profissionais e adquirir valiosa experiência, além de receber
cursos adicionais e ganhar conhecimentos práticos relacionados às operações de trabalho. Por
outro lado, as empresas contribuem para a disseminação de sua cultura corporativa, preparam
novos talentos para o mercado de trabalho, e também desempenham um papel importante na
educação, qualificação e inclusão social desses jovens (RENAPSI, 2022).

2.2.4 Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec)

O Pronatec é um programa do governo federal brasileiro, lançado em 2011, com o


objetivo de ampliar o acesso à educação profissional e tecnológica. Ele busca expandir a
oferta de cursos técnicos e de formação, promover a inclusão social, integrar-se com setores
produtivos, oferecer formação técnica e tecnológica em áreas estratégicas, e estimular o
empreendedorismo. O programa é implementado por meio de parcerias com diversas
instituições, visando atender estudantes e trabalhadores, especialmente aqueles em situação de
vulnerabilidade social (SILVA e COSTA, 2018).

O Pronatec buscava atender as necessidades do mercado de trabalho, o programa se


alinhava com à necessidade de alinhar a oferta de cursos técnicos e profissionalizantes com as
demandas específicas das diferentes regiões do Brasil. Essa abordagem visava garantir que os
participantes do programa adquirissem habilidades e conhecimentos que estivessem em
sintonia com as oportunidades reais de emprego em suas localidades. (SILVA e COSTA,
2018).

Similar a outros programas, o Pronatec é direcionado a jovens sem recursos


financeiros para participar de cursos técnicos. O programa também buscou atender outros
públicos, incluindo beneficiários de programas sociais, trabalhadores, agricultores familiares,
e jovens em busca do primeiro emprego. Essas oportunidades educacionais são
disponibilizadas por instituições como a rede pública federal, Senai e Senac (SILVA e
COSTA, 2018).
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2.2.5 Escolas profissionalizantes no Ceará

As escolas profissionais no estado do Ceará desempenham um papel crucial na


formação e preparação dos jovens para o dinâmico mercado de trabalho. Com uma rede
estadual dedicada à educação profissional, essas instituições oferecem uma variedade de
cursos técnicos, abrangendo áreas que vão desde tecnologia até saúde, administração e
agricultura (NASCIMENTO, 2016).

Além das escolas estaduais, o Ceará se beneficia da presença de institutos federais de


educação profissional. Essas instituições públicas desempenham um papel vital ao
proporcionar cursos técnicos e tecnológicos, contribuindo para uma educação prática e de
qualidade (OLIVEIRA e JUNIOR, 2015).

Uma característica marcante dessas escolas é a estreita colaboração com empresas


locais. Através de parcerias estratégicas, muitas instituições estabelecem programas de
estágios e aprendizagem prática, permitindo que os estudantes adquiram experiência valiosa
diretamente no ambiente de trabalho (NASCIMENTO,2016).

A diversidade de cursos oferecidos é notável, permitindo que os alunos escolham


caminhos alinhados às suas paixões e aptidões, ao mesmo tempo em que atendem às
demandas do mercado. Desde tecnologia da informação até áreas como saúde, administração
e agricultura, as opções são vastas.

Além de preparar os estudantes para o mercado de trabalho, muitas escolas


profissionais no Ceará também facilitam o acesso direto ao ensino superior. Isso proporciona
oportunidades adicionais para crescimento acadêmico e profissional. (OLIVEIRA e JUNIOR,
2015).

3 Abordagem empírica nacional

Monte, Araújo e Lima (2005) procuraram analisar a ocupação e a duração do


desemprego de duas classes de desempregados nas regiões metropolitanas do Brasil: os
indivíduos que procuram o primeiro emprego e os que procuram o reemprego. Os autores
utilizaram dados fornecidos pela PME (Pesquisa Mensal de Emprego), referente aos anos de
2000 e 2001. Para avaliar as características pessoais que interferem na inserção ocupacional
de um indivíduo, foi aplicado o modelo Logit bivariado, e para a estimação do período de
permanência do primeiro emprego, utilizaram o modelo não-paramétrico de Kaplan-Meier.
Nos resultados, evidenciaram que aqueles indivíduos que já tinham uma ocupação tinham
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uma chance maior em relação aos que procuravam o primeiro emprego em 76,8%, e ainda se
constatou que os indivíduos que procuravam o reemprego ficavam, em média, 5 meses a
menos na procura de emprego. Nas regiões metropolitanas menos desenvolvidas, foram
registrados os menores períodos de estado de desemprego, evidenciando uma forte influência
do trabalho informal. Foi possível verificar que as inserções ocupacionais para homens eram
maiores se comparadas com as mulheres e, aliado a isso, o tempo de "espera" para as
mulheres era superior.

Gonçalves e Monte (2011) buscaram compreender a admissão e a disparidade salarial


no mercado de trabalho formal no Nordeste do Brasil no ano de 2005, onde o público-alvo
eram os indivíduos de primeiro emprego e reemprego. Para a obtenção dos dados, utilizou-se
a base da Relação Anual de Informações Sociais (2005), e o método Oaxaca foi utilizado para
verificar se as características dos indivíduos influenciavam em sua remuneração. Após a
decomposição do método, ficou evidenciado que cerca de 63,46% da disparidade salarial é
explicado pela discriminação salarial, enquanto cerca de 36,54% se devem às características
explicativas.

Um estudo realizado por Garanhani (2015) na cidade de Cacoal – RO teve como


objetivo verificar as causas da falta de oportunidades para jovens na referida cidade. Neste
estudo, foram aplicados 201 questionários entre os jovens. Os resultados indicaram que os
próprios jovens notavam um certo preconceito e algumas características que dificultavam sua
contratação. 46% deles acreditavam que eram ofertadas poucas vagas de estágio para
conseguir experiência; 19% acreditavam que as posições sociais influenciavam na hora da
contratação; 13% argumentavam que a falta de escolaridade era um fator-chave; e ainda 9%
pela jornada de trabalho, 5% baixa perspectiva de futuro, 4% desestrutura familiar.

Luis e Maracci (2015) analisaram o padrão de inserção do jovem no mercado de


trabalho nas regiões metropolitanas entre 2004 e 2015. Segundo esses autores, mesmo com o
avanço de várias políticas públicas que influenciam na formação dos jovens e na melhoria de
vida de suas famílias, a resistência aos desafios históricos, como a alta participação de jovens
em um mercado de trabalho caracterizado por salários baixos e um grande contingente de
trabalhadores desprotegidos, a falta de qualidade na educação em todos os níveis do sistema
educacional, sérios problemas urbanos que afetam diretamente a habitação e a segurança dos
jovens, entre outros, a economia brasileira sofreu uma forte desaceleração a partir de 2013.
Isso teve impactos notáveis no ritmo de criação de empregos e na arrecadação fiscal,
inviabilizando o avanço de novas políticas públicas.
13

Reis (2015) investigou o processo de transição dos jovens do desemprego para o


primeiro emprego e analisou o quão difícil é a concorrência dos jovens que buscam seu
primeiro emprego em relação aos jovens que buscam o reemprego. A análise empírica foi
baseada na estimação de modelos de duração de dados em painel da PME (Pesquisa Mensal
de Emprego), e as transições de desemprego para emprego foram descritas através do
estimador não-paramétrico de Kaplan-Meier, assim como Monte, Araújo e Lima (2005). Os
resultados sinalizaram que a probabilidade de permanecer desempregado após um certo
período de tempo é consistentemente mais alta para jovens que nunca tiveram experiência de
trabalho anterior do que para os outros dois grupos mencionados. Por exemplo, após 4
trimestres, a probabilidade de um jovem que nunca trabalhou permanecer desempregado é de
64%, enquanto, para jovens da mesma faixa etária (15 a 24 anos) que já tiveram experiência
de trabalho anterior, essa probabilidade é estimada em 44%. No caso da amostra de
indivíduos com idades entre 25 e 60 anos que já tiveram experiência de trabalho, a
probabilidade de permanecer desempregado após 4 trimestres é estimada em 47%.

Corseuil, Franca e Poloponsky (2020), buscaram descrever as mudanças nas condições


de inserção dos jovens no mercado de trabalho, principalmente após as crises e recessões na
década passada. Utilizando os dados da Pnad entre 2012 e 2019 e os dados da RAIS entre
2012 e 2017. Os autores puderam constatar que após o ano de 2015 houve um aumento no
número de jovens desempregados. Para que se tenha uma ideia, em 2013 a proporção de
jovens que buscavam trabalho a mais ou menos um ano era de 29,9% e no ano de 2019 subiu
para 38,8%. Com esse aumento, muitos jovens buscam empregos com qualidades menores ou
informais, sobretudo o trabalho por conta própria. A evolução preocupante mencionada é
alarmante, pois, a entrada no mercado de trabalho através de empregos informais tem o
potencial de prejudicar substancialmente a trajetória profissional dos jovens por um extenso
período. A partir de 2015, observou-se uma redução na remuneração média recebida pelos
jovens trabalhadores, mesmo considerando o aumento da frequência do emprego em jornada
parcial. Outro indicativo da qualidade do emprego é o porte das empresas em que os jovens
estão inseridos. Entre 2012 e 2017, houve uma diminuição na presença do emprego formal em
empresas de grande porte (com 50 ou mais empregados), caindo de 50,3% para 44,9%. Em
contrapartida, a proporção de empregos em empresas menores (até nove empregados)
aumentou de 23,1% para 27%.

Quadro 1 - Principais pontos da ‘Abordagem Empírica Nacional’


Autores Local Fonte de Dados Métodos Resultados
Monte, Araújo e Regiões PME (Pesquisa Modelo Logit O grupo de reemprego
14

tem vantagem para


bivariado e
Mensal de conseguir emprego em
modelo não-
Lima (2005) metropolitanas Emprego), 2000 e 76,8% em relação ao
paramétrico de
2001. grupo de primeiro
Kaplan-Meier
emprego
Cerca de 63,46% da
disparidade salarial é
explicado pela
Gonçalves e discriminação salarial,
Nordeste RAIS Oaxaca-Blinder
Monte (2011) enquanto cerca de
36,54% se devem às
características
explicativas.
Os próprios jovens
notavam um certo
Garanhani preconceito e algumas
Cacoal - RO Pesquisa primária Questionário
(2015) características que
dificultavam sua
contratação.
Mesmo com o avanço
de várias políticas de
Luis e Maracci Regiões Análise inserção, o país sofreu
Pesquisa primária
(2015) metropolitanas Bibliográfica uma forte
desaceleração a partir
de 2013
Os jovens do
PME (Pesquisa Modelo não-
Regiões reemprego tinha
Reis (2015) Mensal de paramétrico de
metropolitanas probabilidades maiores
Emprego) Kaplan-Meier
de conseguir emprego.
Corseuil, O número de jovens
Pnad 2012 e 2019; Modelo não-
Franca e Regiões procurando emprego
e RAIS 2012 e paramétrico de
Poloponsky metropolitanas aumentou de 2013 para
2017. Kaplan-Meier
(2020) 2019 em 8,9%.
Fonte: elaboração própria com base na literatura estudada.

4 Metodologia

4.1 Base de dados e descrição das variáveis

A base de dados utilizada neste trabalho é composta pelos microdados da Relação


Anual de Informações Sociais (RAIS), referente ao ano de 2021. A RAIS é uma importante
fonte de dados no Brasil que fornece informações detalhadas sobre o emprego formal no país.
Ela é um instrumento utilizado pelo governo para coletar informações relacionadas ao
mercado de trabalho e serve como base para o desenvolvimento de políticas públicas, análises
econômicas e estudos sobre o emprego.

A RAIS é elaborada anualmente e abrange diversos setores da economia, reunindo


dados sobre empregadores e empregados. As informações coletadas incluem dados
demográficos, como idade e sexo dos trabalhadores, além de detalhes sobre a remuneração, a
15

natureza do trabalho, o tempo de serviço e a forma de contratação (GONÇALVES e MONTE,


2011).

Os dados da RAIS são utilizados para calcular estatísticas importantes, como a Taxa
de Rotatividade, que mede a movimentação de trabalhadores no mercado formal, e também
para a elaboração de indicadores socioeconômicos. Além disso, a RAIS é fundamental para o
cálculo de benefícios sociais, como o abono salarial (GONÇALVES e MONTE, 2011).

Empregadores são obrigados a fornecer informações à RAIS anualmente, e a coleta


desses dados é coordenada pelo Ministério da Economia. A disponibilidade de informações
detalhadas sobre o mercado de trabalho formal permite uma análise mais precisa e embasada,
beneficiando pesquisadores, gestores públicos e outros interessados na compreensão do
cenário laboral brasileiro.

Visando atingir o objetivo da pesquisa e tornar a amostra mais homogênea, alguns


filtros foram realizados na utilização dos dados. Assim, foram utilizadas informações dos
indivíduos que tinham entre 15 e 29 anos residentes e trabalhavam no setor privado da região
Centro-Sul do Estado do Ceará, compreendendo os municípios de Acopiara, Baixio, Cariús,
Catarina, Cedro, Icó, Iguatu, Ipaumirim, Jucás, Lavras da Mangabeira, Orós, Quixelô,
Saboeiro e Umari (Secretaria do Planejamento e Gestão). As variáveis utilizadas neste
trabalho estão descritas no Quadro 2.

Quadro 2 - Descrição das variáveis


VARIÁVEIS DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS
VARIÁVEIS DEPENDENTES
Ln_salario mensal Logaritmo do salário
1
Ln_salario/hora Logaritmo do salário por hora de trabalho
VARIÁVEIS EXPLICATIVAS
Características dos indivíduos

Idade Idade do trabalhador em anos.

tempo de emprego Tempo de emprego do trabalhador em anos

sexo Dummy de sexo: homem =1 e mulher = 0.

raça ou cor Dummy de raça: branco =1 e não branco = 0.

grau de instrução Dummies de escolaridade do indivíduo: Ensino fundamental = 1


e caso contrário = 0; ensino médio = 1 e caso contrário = 0;
ensino superior = 1 e caso contrário = 0; pós-graduação =1 e caso
contrário =0.
Características do estabelecimento

1
Para obter a renda por hora de trabalho primeiramente dividiu-se a renda mensal por 4,33, encontrando a renda
semanal. Em seguida foi dividido a renda semanal pelas horas de trabalhos semanais.
16

setor de atividade Dummies de atividade: Indústria = 1 e caso contrário = 0;


comércio = 1 e caso contrário = 0; serviços = 1 e caso contrário =
0; agricultura =1 e caso contrário = 0.

tamanho do estabelecimento
Dummies de tamanho do estabelecimento: até 9 empregados=1 e
caso contrário =0; de 10 a 99 empregados =1 e caso contrário =
0; de 100 a 499 empregados e caso contrário = 0; de 500 ou mais
empregados = 1 e contrário = 0.
Fonte: elaboração própria.

4.2 Modelo econométrico

Como modelo econométrico, se fez uso do tradicional método Oaxaca-Blinder para


decompor as diferenças de rendimentos entre dois grupos de trabalhadores jovens,
trabalhadores faziam parte do primeiro e trabalhadores do grupo de reempregados em 2021.

Este método foi proposto de forma independente por Ronald Oaxaca e Alan Blinder na
década de 1970 e tornou-se uma ferramenta comum na análise da disparidade salarial. Para
investigar disparidade de renda por gênero, raça, ou qualquer outra condição que possa gerar
discriminação, é comumente utilizado o método de decomposição proposto por Oaxaca e
Blinder (1973).

A primeira etapa deste método envolve a estimativa de equações mincerianas,


conforme desenvolvido por Mincer (1974). Nesse contexto, é possível realizar inferências
sobre o impacto de cada variável explicativa no logaritmo natural do salário (lnW), que é
explicado por um vetor de variáveis (Xi) controles.

Neste trabalho, a variável de interesse é a renda do trabalho, W. Os grupos de


comparações são, trabalhadores na condição de primeiro emprego e trabalhadores
reempregados. As variáveis de controles, Xi, incluem idade, tempo de emprego, nível de
instrução, sexo, raça/cor, tamanho da empresa que o trabalhador estava vinculado e setor de
atividade do trabalhador. Formalmente, a equação de rendimento pode ser apresentada da
seguinte maneira:

lnW =β i Xi+u i (1)

Para calcular o diferencial, por meio da decomposição de Oaxaca e Blinder (1973),


são estimadas equações de salários para ambos os grupos em análise.
'
lnW A= β A X A +u A (2)
'
lnW B =β B X B +u B( 3 )
17

Onde W, X e u são, respectivamente, o rendimento, conjunto de variáveis explicativas


e o termo de erro aleatório, respectivamente. Os subscritos A e B representamos dois grupos
em comparação. Decompondo o diferencial (decomposição two-fold, ou em dois termos),
obtém-se a seguinte equação:

ln W A −ln W B =( X A −X B ) ^β B + X A ( ^β A− β^ B) (4)

A expressão (𝑋̅𝐴 − 𝑋̅𝐵)𝛽̂𝐵 representa a parcela do diferencial relacionada às


características produtivas dos indivíduos. Nesse contexto, o coeficiente de B permanece
constante, e a variação é analisada em função das características observadas. Enquanto isso,
𝑋̅𝐴(𝛽̂𝐴 − 𝛽̂𝐵) representa a parcela do diferencial atribuída à disparidade nos retornos das
características individuais que não são produtivas. Esse procedimento pode estar captando
discriminação de rendimento em razão da cor do trabalhador (brancos e não brancos), do sexo
(mulheres e homens, por exemplo). Os subscritos A e B referem-se, respectivamente, aos
grupos de primeiro emprego e reemprego.

5 Resultados

Esta seção está estruturada em mais duas subseções. A primeira delas apresenta a
descrição das estatísticas descritivas referente ao grupo de trabalhador do primeiro emprego e
trabalhador reempregado. A segunda subseção contém os resultados do modelo econométrico
Oaxaca-Blinder.

5.1 Estatística descritiva das variáveis


A Tabela 1 vem apresentar a distribuição dos trabalhadores do primeiro emprego e do
reemprego pelas 14 cidades que compõem a região centro-sul do Ceará. Pode-se notar que a
cidade de Iguatu detém a maior concentração de observações tanto para o primeiro emprego
(56,49%), quanto para o grupo de reemprego (69,91%), algo que já era esperado.
Posteriormente a cidade de Icó apresenta uma diferença significante em relação as demais
cidades com 12,97% para os dois grupos.
Tabela 1 - Distribuição dos jovem de primeiro emprego e reemprego nos municípios da
Região Centro-Sul do Ceará no ano de 2021
Primeiro emprego Reemprego
Município
Observações % Observações %
Acopiara 42 6,90 53 3,18
Baixio 4 0,66 0 0
Cariús 8 1,31 16 0,96
18

Catarina 3 0,49 5 0,3


Cedro 35 5,75 39 2,34
Icó 79 12,97 216 12,97
Iguatu 344 56,49 1165 69,91
Ipaumirim 18 2,96 14 0,84
Jucás 37 6,08 62 3,7
Lavras da Mangabeira 15 2,46 23 1,4
Orós 13 2,13 9 0,54
Quixelô 6 0,99 43 2,6
Saboeiro 4 0,66 17 1,02
Umari 1 0,16 4 0,24
Total 609 100,00 1666 100,00
Fonte: Elaboração própria por meio dos microdados da RAIS (2021).

A Tabela 2 apresenta a distribuição dos trabalhadores do primeiro emprego e do


reemprego por subsetores de atividade na região centro-sul cearense. Verifica-se que o
comércio varejista concentra o maior número de ambos os grupos de trabalhadores na região.
Ou seja, o comércio varejista absorveu 44,83% dos jovens do primeiro emprego e 44,48% dos
trabalhadores reempregados.

Tabela 2 - Distribuição do trabalho jovem no primeiro emprego e reemprego por setor de


atividade na Região Centro-Sul do Ceará no ano de 2021
Subsetor de atividade* Primeiro emprego Reemprego
Observações % Observações %
Extrativa mineral 2 0,33 3 0,18
Indústria de produtos minerais não metálicos 2 0,33 72 4,32
Indústria metalúrgica 4 0,66 22 1,32
Indústria do material elétrico e de comunicações 1 0,16 3 0,18
Indústria do material de transporte 1 0,16 1 0,06
Indústria da madeira e do mobiliário 2 0,33 35 2,10
Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 0 0,00 15 0,90
Indústria da borracha, fumo, couros e similares 1 0,16 9 0,54
Indústria de produtos farmacêuticos, veterinários,
etc. 6 0,99 12 0,72
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 5 0,82 37 2,22
Indústria de calçados 91 14,94 75 4,50
Indústria de produtos alimentícios, bebidas, etc. 26 4,27 54 3,24
Serviços industriais de utilidade pública 3 0,49 6 0,36
19

Construção civil 23 3,78 144 8,64


Comércio varejista 273 44,83 741 44,48
Comércio atacadista 48 7,88 73 4,38
Instituições de crédito, seguros e capitalização, etc. 2 0,33 12 0,72
Administração de imóveis, valores mobiliários, etc. 32 5,25 112 6,72
Transportes e comunicações 25 4,11 32 1,92
Serviços de alojamento, alimentação, etc. 24 3,94 112 6,72
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 26 4,27 67 4,02
Agricultura, silvicultura, criação de animais, etc. 12 1,97 29 1,74
Total 609 100,00 1666 100,00
Fonte: Elaboração própria por meio dos microdados da RAIS (2021).
Nota: * segundo classificação do IBGE.

Observa-se que o comércio varejista é um grande empregador na maioria das


economias locais. O aumento no número de estabelecimentos varejistas geralmente está
associado a uma maior demanda por mão de obra, proporcionando oportunidades de emprego
para a população local. Especialmente para jovens em início de carreira o setor oferece uma
porta de entrada valiosa no mercado de trabalho.

A Industria de calçados ocupa a segunda posição como o setor que mais deram
oportunidades para os jovens que buscavam o primeiro emprego 14,94%, seguido do
comércio atacadista com 7,88%. No que concerne ao grupo reempregado, o setor de
construção civil ocupa a segunda posição como setor que mais emprega com 8,64%, seguido
de Administração de imóveis, valores mobiliários e Serviços de alojamento e alimentação,
empatados com 6,72%.

Um estudo realizado por Rabelo, Baca, França e Fernandes (2016), evidenciou que das
dez atividades que mais geram ICMS, 8 são do setor de varejo e 2 são do setor da indústria,
esta com a fabricação de calçados em Iguatu e a produção com base em minerais não
metálicos, em Jucás.

A Tabela 3 apresenta o perfil dos trabalhadores do primeiro emprego e dos


trabalhadores reempregados na região Centro Sul. Observa-se que a remuneração média
mensal para o primeiro grupo é de R$1.071,90, inferior a renda do grupo reempregado, média
de R$1.176,99. Entretanto, nota-se que os reempregados dedicam aproximadamente três horas
e meia de trabalho semanal a mais, o que pode explicar parte dessa discrepância salarial. Em
termos de salário por hora trabalhada, ambos os grupos a com próximo de RS 7,00 a horas.
Pelo teste de média não houve diferença de renda/hora entre os dois grupos de trabalhadores.
20

Em relação as demais variáveis observam-se que a média de idade para o grupo de


primeiro emprego é de 22 anos, enquanto para o grupo de reempregados é de 24 anos.
Examinando a composição demográfica, dos 609 indivíduos no primeiro emprego, 55,66%
são homens e 44,33% mulheres. Já no grupo de reemprego, dos 1.666 indivíduos, 63,65% são
homens e 36,13% mulheres. Ambos os grupos evidenciam uma predominância de não
brancos, ocupando mais da metade das posições.

No que diz respeito aos setores de atuação, 52,70% dos jovens do primeiro emprego
estão inseridos no setor do comércio, seguido pelos setores de indústria (23,15%), serviços
(22,16%) e agricultura (1,97%). No grupo reempregado, o setor de comércio também lidera
com 48,59%, seguido pelos setores de serviços (29,11%), indústria (20,28%) e agricultura
(1,74%). Também é evidente que o nível de escolaridade predominante para ambos os grupos
é o ensino médio com 78% dos indivíduos do primeiro emprego e 79% para o grupo
reempregado.

Quanto ao porte das empresas, observa-se que aquelas com 10 a 99 funcionários


concentram o maior número desses jovens, indicando uma preferência por organizações de
porte médio. Essas constatações fornecem uma visão abrangente da dinâmica entre
remuneração, horas de trabalho, demografia e características setoriais, enriquecendo a
compreensão dos fatores que moldam a realidade laboral desses dois grupos.

Tabela 3 - Perfil do trabalhador do primeiro emprego e do reemprego na região do Centro-Sul


do Estado do Ceará no ano de 2021
Primeiro emprego Reemprego
Variável
Obs. Média D. Padrão Obs. Média D. Padrão
Remuneração Média 609 1071,896* 544,645 1.666 1176,988 507,2082
Horas Contratadas 609 38,7996 9,2959 1.666 42,1356 6,7498
Renda por Hora 609 6,6043** 4,8363 1.656 6,4662 3,0382
Idade 609 21,9326 3,0316 1.666 24,1458 3,1026
Tempo de Emprego 609 0,474 0,2772 1.666 0,4766 0,2937
Homem 609 0,5566 0,4971 1.666 0,6365 0,4805
Mulher 609 0,4433 0,4971 1.666 0,3613 0,4805
Branco 609 0,2101 0,4077 1.666 0,1914 0,3935
Não branco 609 0,7339 0,4422 1.666 0,6536 0,4759
Analfabeto 609 0 0 1.666 0,0006 0,0244
Fundamental 609 0,1001 0,3004 1.666 0,1026 0,3035
Médio 609 0,7816 0,4134 1.666 0,7947 0,4040
Superior 609 0,1182 0,3231 1.666 0,1008 0,3012
Pós- Graduado 609 0 0 1.666 0,0012 0,0346
Indústria 609 0,2315 0,4221 1.666 0,2028 0,4022
Comércio 609 0,527 0,4996 1.666 0,4859 0,5
21

Serviços 609 0,2216 0,4157 1.666 0,2911 0,4544


Agricultura 609 0,0197 0,139 1.666 0,0174 0,1382
Empresa Com Até 9
0,3382 0,4735 1.666 0,3955 0,4891
Empregados 609
Empresa Com 10 Até 99
0,4039 0,491 1.666 0,4615 0,4986
Empregados 609
Empresa Com 100 Até 499
0,1083 0,3111 1.666 0,0978 0,2971
Empregados 609
Empresa Com 500 ou Mais
0,1494 0,3568 1.666 0,045 0,2074
Empregados 609
Fonte: Elaboração própria por meio dos microdados da RAIS (2021).
Nota: * diferença de média estatisticamente significante a 5%; ** diferença de média não significante a 5%.

5.2 Resultados do modelo econométrico

Inicialmente foi feito um teste de média (t de Student mensal e por hora trabalhada)
para averiguar se havia diferença de renda entre os dois grupos estudados. Ficou constatado
que os indivíduos reempregados eram melhor remunerados em aproximadamente R$105,00
então o método Oaxaca-Blinder foi utilizado para detalhar o porquê dessa diferença,
apresentando características explicadas e não explicadas.

A Tabela 4 mostra os resultados da decomposição de renda por meio do método


Oaxaca-Blinder. Inicialmente foi feito a decomposição com base no Log natural da renda
mensal e em seguida considerou-se o log da renda por hora trabalhada. Com base no Log da
renda mensal, verifica-se um diferencial de renda desfavorável aos trabalhadores do primeiro
emprego de -0,1281 (ou seja, 13,67% a menos)2.

Nota-se que tanto o efeito explicado quanto o não explicado elevam o diferencial de
renda, entretanto o diferencial total é melhor definido pelos efeitos explicados. Esse fato vai
de encontro com Gonçalves e Monte (2011), onde em sua pesquisa, ficou evidenciado que os
efeitos não explicados eram mais significantes na influência salarial, com 63,46%. No caso
desta pesquisa, o efeito explicado representa aproximadamente 65,1%, enquanto os efeitos
não explicados representam aproximadamente 34,9%.

Ao considerar o Log Natural da renda/hora, os valores são mais próximos e a


diferença de renda não foi significante a 5%. Esse resultado está de acordo com os
encontrados nas estatísticas descritivas. Apesar disso, vale notar que o efeito explicado tem
efeito negativo significante sobre a decomposição de renda.

2
Para calcular o efeito percentual utiliza-se a seguinte fórmula: Efeito Percentual = (e coeficiente – 1)x100. Onde “e”
equivale a 2,71828 aproximadamente. Logo, Efeito Percentual = (e 0,1281 – 1)x100 = 13,67%.
22

Tabela 4 - Resultados do modelo Oaxaca-Blinder


Log da renda mensal Log da renda/hora
Oaxaca-Blinder
Coeficiente Erro padrão Coeficiente Erro padrão
Primeiro emprego 6,8996* 0,0156 1,8187* 0,0120
Reemprego 7,0278* 0,0077 1,8218* 0,0074
*
Diferença -0,1281 0,0174 -0,0030 0,0141
Efeito explicado -0,0834* 0,0146 -0,0296* 0,0111
*
Efeito não explicado -0,0448 0,0191 0,0266 0,0155
Fonte: Elaboração própria por meio dos microdados da RAIS (2021).
Notas: a) * significa p-valor < 0,05.

A Tabela 5 mostra os efeitos da decomposição detalhada dos componentes explicado e


não explicado. Os sinais positivos e negativos nos indicam o quão um fator pode definir a
disparidade entre os dois grupos, ou seja, como as características (explicadas ou não
explicadas) influenciam a diferença salarial dos grupos.

Nos efeitos explicados, o fato do indivíduo ser homem faz com que a diferença de
renda se reduza em 0,8% aproximadamente, o que pode indicar uma maior qualificação das
mulheres. A variável não branca também indicou ser significativa para a diminuição da
disparidade salarial, o que não era esperado. Em relação ao porte das empresas, as que tem
entre 10 a 99 funcionários fazem esta diferença ser maior em 0,84%, o que pode indicar uma
ocupação maior das pessoas que já possuíram algum tipo de experiência.

No Log natural da renda por hora, o fator idade é significante para explicar o aumento
da disparidade salarial, com uma diferença de 25,85%, o que pode significar uma valorização
à experiência adquirida durante o período trabalhado. Em contrapartida, o fator idade ao
quadrado indica uma diminuição gradativa dessa diferença, ou seja, a cada ano a mais de
idade o efeito marginal dessa variável é decrescente. Quanto a variável setor de serviços
(comparado ao setor agrícola) contribui para explicar essa diferença em 2,11%.

Quanto aos efeitos não explicados, referente ao Log natural da renda mensal, o fator
idade ao quadrado é o mais relevante entre as outras características para explicar o aumento
da diferença salarial. Nota-se que a categoria de empresas com 10 a 99 funcionários diminui
essa diferença, assim como a categoria de empresas com 100 a 499 funcionários.

No contexto da análise do Log natural da renda por hora, observam-se efeitos não
explicados, onde a característica idade desempenha um papel significativo com um
coeficiente de -3,5343. Essa descoberta sugere que os indivíduos no início de suas carreiras
podem ser contratados com base em sua extensa formação educacional. No entanto, a inclusão
da idade ao quadrado revela um aumento gradual dessa disparidade ao longo do tempo,
23

indicando que os empregadores valorizam cada vez mais a experiência acumulada, está
descoberta corrobora a pesquisa de Garanhani (2015), onde os próprios jovens em busca de
primeiro emprego, se sentiam em desvantagem em relação aos jovens que já possuíam
experiência.

Além disso, os setores de indústria e serviços também emergem como variáveis


significativas a 5%, apontando para uma redução na disparidade salarial. Isso sugere a prática
comum de contratação em larga escala de mão de obra mais acessível, predominantemente
composta por jovens em seu primeiro emprego.

Outro aspecto relevante é a influência das empresas com 100 a 499 funcionários,
evidenciando um aumento na disparidade salarial. Isso sugere uma preferência por
profissionais em processo de recolocação no mercado de trabalho. Esses achados corroboram
com a pesquisa de Gonçalves e Monte (2011), que identificou uma maior facilidade de
ingresso de trabalhadores reempregados em empresas de médio e grande porte, especialmente
nas áreas de produção de bens e serviços industriais.

Assim, a análise conjunta desses fatores aponta para padrões discerníveis nas práticas
de contratação, onde a formação educacional inicial, setor de atuação e o porte da empresa
desempenham papéis cruciais na determinação da disparidade salarial por hora.

Tabela 5 - Decomposição detalhada dos componentes explicado e não explicado


Log da renda mensal Log da renda/hora
Efeito explicado
Coeficiente E. padrão Coeficiente E. padrão
Idade -0,0239 0,1450 0,2300* 0,1157
*
Idade ao quadrado -0,0537 0,1457 -0,2563 0,1165
Tempo de emprego -0,0004 0,0011 -0,0007 0,0020
*
Homem -0,0082 0,0033 -0,0029 0,0020
Não branco -0,0059* 0,0029 -0,0030 0,0021
Fundamental 0,0006 0,0023 0,0013 0,0045
Médio 0,0029 0,0040 0,0036 0,0049
Superior 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
Pós-graduação 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
Indústria -0,0002 0,0030 0,0040 0,0039
Comércio -0,0040 0,0047 0,0059 0,0048
Serviços -0,0043 0,0073 -0,0209* 0,0085
*
Empresa com 10 até 99 empregados 0,0084 0,0040 -0,0027 0,0018
Empresa com 100 até 499 -0,0019 0,0028 0,0019 0,0020
empregados
Empresa com 500 ou mais 0,0073 0,0068 0,0102 0,0055
empregados
Efeito não explicado Coeficiente E. padrão Coeficiente E. padrão
*
Idade -3,1818 1,8211 -3,5343 1,5177
24

Idade ao quadrado 1,8928* 0,9613 1,9102* 0,7987


Tempo de emprego -0,0095 0,0268 0,0147 0,0221
Homem 0,0144 0,0205 -0,0139 0,0171
Não branco -0,0394 0,0228 -0,0212 0,0188
Fundamental -0,0235 0,0309 -0,0462 0,0295
Médio -0,2088 0,2341 -0,3088 0,2214
Superior -0,0300 0,0284 -0,0443 0,0269
Pós-graduação -0,0009 0,0008 -0,0009 0,0008
Indústria 0,0254 0,0261 0,0538* 0,0218
Comércio -0,0298 0,0581 0,0699 0,0479
Serviços 0,0166 0,0348 0,0753* 0,0291
Empresa com 10 até 99 empregados -0,0855* 0,0168 0,0036 0,0138
Empresa com 100 até 499 -0,0176* 0,0057 0,0094* 0,0045
empregados
Empresa com 500 ou mais -0,0007 0,0035 0,0020 0,0029
empregados
Constante 1,6336 0,9276 1,8571* 0,7846
Número de observações 2255 2245
Fonte: Elaboração própria por meio dos microdados da RAIS (2021).
Notas: a) * significa p-valor < 0,05.

6 Considerações finais

Este trabalho buscou analisar o mercado de trabalho jovem na região Centro-Sul do


Ceará, com foco nos grupos de primeiro emprego e reemprego no ano de 2021, dando foco
também para desvendar os principais problemas enfrentados, os principais setores de
atividade e se haviam diferença de rendimento entre os dois grupos. Com dados fornecidos
pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e o Software Stata para a obtenção dos
resultados.

Observou-se que o setor de comércio varejista, foi o setor da economia que mais
empregou os indivíduos de primeiro emprego (44,83%) e os de reemprego (44,48%).
Posteriormente, constatou-se que a indústria de calçados, apresenta uma taxa de ocupação
notável para jovens em seu primeiro emprego, atingindo 14,94%. Esses dados sugerem uma
recepção positiva por parte da indústria em relação a esses jovens profissionais.

Os resultados do modelo econométrico se mostraram coerentes com teste t de Student,


onde ficou evidente uma diferença salarial de aproximadamente R$105,00 em favor do grupo
de reemprego. O método Oaxaca-Blinder, que buscava demonstrar os efeitos explicados e não
explicados da variação salarial entre os grupos, confirmou que em ambos os casos há uma
diferença favorecendo o grupo reempregado em torno de 13,67% na renda mensal, onde um
dos principais efeitos dessa diferença está presente no efeito não explicado, que seria o fator
“idade ao quadrado”, indicando que os empregadores valorizam cada vez mais a experiência
25

acumulada.

As evidências deste estudo podem contribuir ao integrar teorias existentes sobre o


mercado de trabalho jovem da região Centro-Sul do Ceará. Esta pesquisa amplia o
conhecimento teórico na área. Isso não apenas evidenciam teorias estabelecidas, mas também
proporciona uma base mais sólida para futuras pesquisas acadêmicas. Os resultados deste
estudo podem servir como guia de análise de política públicas, auxiliar organizações não
governamentais e empresas interessadas em desenvolver estratégias eficazes para apoiar os
jovens no mercado de trabalho.

As implicações práticas sugerem uma série de medidas que podem ser adotadas para
melhorar a empregabilidade e o desenvolvimento profissional dos jovens na região. Dada a
identificação de setores específicos com maior demanda de mão de obra jovem, as
autoridades locais e as organizações empresariais podem considerar a implementação de
políticas de incentivo para estimular o crescimento dessas indústrias. Isso poderia envolver
benefícios fiscais, apoio financeiro ou programas de parceria entre o setor público e privado.
O governo também poderia intensificar e ampliar as políticas públicas voltadas para a
formação, capacitação e inserção dos jovens em seu primeiro emprego. Isso poderia envolver
a adaptação desses programas para atender melhor às necessidades dos jovens,
proporcionando experiências mais enriquecedoras e aumentando as chances de retenção
desses talentos na região.

Entre as principais limitações do trabalho podem ser destacadas as restrições de dados


referentes aos microdados da RAIS. Essa base só fornece informações do emprego formal,
deixando uma relevante quantidade de jovens de fora do estudo. Além disso, o estudo foi
conduzido no ano de 2021, e as condições econômicas e sociais podem ter variado ao longo
do tempo, visto que a pandemia ainda se fazia presente, principalmente no primeiro semestre
do referido ano, influenciando diretamente o ambiente econômico, político e social, por conta
disso a coleta de dados pode afetar a aplicabilidade das conclusões a situações futuras. Todas
essas questões reforçam a necessidade de maiores estudos sobre essa temática.

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APENDICE

A tabela A1 mostra o resultado do teste t de Student e possível notar uma diferença


favorecendo o grupo de reemprego em 105,0915, diferença significativa a 5%.

Tabela A 1 – Teste de média da renda mensal entre os trabalhadores do primeiro emprego e os


trabalhadores reempregados
Teste t

Grupo Obs. Média Erro D. Padrão [95% IC]

Reemprego 1.666 1176,988 12,4265 507,2082 1152,614 1201,361

Primeiro emprego 609 1.071.896 22,07013 544,645 1028,553 1115,239

Combinado 2275 1148,55 10,8909 519,4627 1127,498 1170,213

Diferença (Diff) 105,0915 24,50442 57,03809 153,1448

Diff = Média (0) - Média(1) t = 4,2887


H0: Diff = 0 Grau de liberdade = 2273
Ha: Diff < 0 Ha: Diff != 0 Ha: Diff > 0
Pr(T < t) = 1,0000 Pr(|T| > |t|) = 0,0000 Pr(T > t) = 0,0000
Fonte: Elaboração própria por meio dos microdados da RAIS (2021).
Para que não tivesse dúvida nos dados, foi feito também o teste por hora trabalhada
(Presente na tabela A2), pois a diferença poderia ser explicada pelo fato do grupo
reempregado ter mais carga horária. De início se nota uma diferença favorecendo o grupo de
primeiro emprego, porém, pouco relevante a 5%.

Tabela A 2 – Teste de média da renda por hora trabalhada entre os trabalhadores do primeiro
emprego e os trabalhadores reempregados
Teste t

Grupo Obs. Média Erro D. Padrão [95% IC]

Reemprego 1.656 6,4662 0,7466 3,0382 6,319845 6,612728


30

1° Emprego 609 6,60435 0,1997 4,8363 6,219475 6,989224

Combinado 2,265 6,5034 0,785 3,6101 6,354653 6,65163

Diferença (Diff) -0,13806 0,1711 -0,4736 0,197469

Diff = Média (0) – Média (1) t = -0,8069


H0: Diff = 0 Grau de liberdade = 2263
Ha: Diff < 0 Ha: Diff != 0 Ha: Diff > 0
Pr(T < t) = 0,2099 Pr(|T| > |t|) = 0,4198 Pr(T > t) = 0,7901
Fonte: Elaboração própria por meio dos microdados da RAIS (2021).

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