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Transtornos Alimentares e Obesidade
Transtornos Alimentares e Obesidade
Obesidade
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que leva à perda de peso autoinduzida. Tal perda se dá, portanto, por abstenção de
(Fichter, 2005; Wilson; Shafran, 2005). A anorexia nervosa ocorre bem mais em
deve ser menor do que 18,5 em adultos ou abaixo do quinto percentil em crianças e
adolescentes. Essa perda de peso corporal não deve ser devida a outra doença (CID-
11, 2018).
obesas (ou com partes do corpo “muito gordas”), em uma pessoa que, de fato, está
Tem sido sugerido que a anorexia nervosa possa ser compreendida como uma
(equilíbrio fundamental) mental. Tem sido dada ênfase especial à resistência à grelina
2016).
gorda, sente que algumas partes de seu corpo, como o abdome, as coxas e as
nádegas, estão “muito gordas”. O pavor de engordar persiste como uma ideia
permanente, mesmo que a paciente esteja com o peso bem abaixo do normal. Essa
distorção da imagem corporal é uma ideia prevalente, típica, mas não obrigatória, na
anorexia nervosa.
(comer compulsivo seguido de vômitos e/ou purgação). Eles ocorrem com mais
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com dietas aparentemente inocentes, que evoluem para graves quadros anoréticos.
atraente está ligado à magreza (Gerbasi et al., 2014). Outro mecanismo envolvido é a
luta obstinada por “controle total”. A paciente busca tenazmente controlar sua vida
Tenta controlar conflitos (na área do relacionamento com os pais, com amigos,
qual, além de evitar ingerir alimentos calóricos, a pessoa tem comportamentos ativos
alimentos pela pessoa acometida (não por falta de alimentos). Geralmente o padrão
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nutricionais.
enteral por sonda. Importante salientar aqui que o padrão alimentar restritivo,
excessiva com controle do peso corporal, que leva o paciente a tomar medidas
2003).
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perda de ácido gástrico por meio dos vômitos pode ocasionar alcalose metabólica, e
metabólica.
esmalte dentário, o que pode levar à perda dos dentes. Da mesma forma que a
de controle.
prevalência de possível BN (BITE ≥ 20) foi de 1,1% (Vilela et al., 2002). Na cidade de
2,9% (Nunes et al., 2003). Assim, esse transtorno não só está presente em nossa
americana.
(binge eating), pelo menos uma vez por semana, por vários meses. O indivíduo tem a
produz vômito autoinduzido, não faz exercícios extremos e não abusa de laxantes ou
400 anos antes de Cristo (que a descreveu como “ânsia por comer terra devido a uma
substâncias não alimentares, muitas vezes bizarras, como geofagia (comer argila,
terra) ou comer reboco, giz, gesso, plástico, metal, papel ou, ainda, ingredientes crus
dos alimentos (como grande quantidade de sal ou farinha), durante o período mínimo
de um mês.
O curioso nome pica foi dado a esse transtorno em alusão ao nome científico
em inglês magpie), um tipo de corvo de 45 cm que, por ser extremamente voraz, come
postulada (mas não confirmada), pois há com frequência anemia e níveis baixos de
geral várias vezes por semana, durante pelo menos um mês. Esse comportamento
1.4 Obesidade
Embora a obesidade não seja classificada como um transtorno do
importância para a saúde física e mental. Ela é uma condição complexa, determinada
cada ano em muitos países, tem tido marcante impacto na vida contemporânea
(Wadden, 1995; Swinburn et al., 2011). Além disso, a condição tem grande
importância para a saúde pública, pois associa-se a taxas elevadas de (Halpern, 1998;
vida.
precipitada ou voraz; ele faz suas refeições de forma contínua enquanto houver
alimento disponível; não é capaz (ou tem dificuldade) de parar de comer. O indivíduo
com os diferentes sabores dos alimentos, com sua disponibilidade e aparência, entre
outros aspectos.
Anotações
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2.1 Introdução
Um comportamento é dito como comportamento-problema quando a
Mentais, em sua quinta edição (DSM-5, APA, 2014), apresenta os transtornos de pica
como um transtorno mental, ainda que no senso comum possa ser considerada. Na
gasto energético (WHO, 2015). Porém, o gasto energético provém de diversos fatores
tais como genéticos, fisiológicos e ambientais. Tais fatores variam muito entre
mental não a exclui de estar relacionada a transtornos mentais (tais como TCA,
exemplo) e, por isso, ela também será abordada em capítulos específicos na terceira
adequadamente os transtornos.
funções executivas, fluência verbal, atenção e função motora, aponta que pacientes
foram notadas, porém mediadas por sintomas depressivos e índice de massa corporal
Jimerson, Haxton, & Jimerson, 2015). Outros dados epidemiológicos poderão ser lidos
através de uma restrição da ingesta de calorias. Isso tem como resultado a diminuição
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relação à idade, gênero, desenvolvimento e saúde física geral. Pode-se utilizar o índice
metros quadrados. É sabido que o IMC é falho, pois não distingue massa magra de
gordura. Porém, para o ambiente clínico, permanece sendo um bom índice de triagem.
Uma pessoa com IMC inferior a 17,0 pode ser considerada com um peso
significativamente baixo. Esse pode ser um bom indicativo (porém não suficiente) do
de qualquer problema fisiológico que possa resultar na diminuição do peso. Caso tais
ou ganhar peso e, assim, engordar e/ou uma série de comportamentos que levam a
não aquisição de peso. Mesmo que a pessoa perca peso, esse medo tende a
de estar em tão baixo peso corporal. Tal perturbação pode levar a comportamento tais
observação excessiva do corpo em espelhos (APA, 2014). Perder peso pode ser visto
como uma conquista e uma marca de autocontrole (o contrário, ganhar peso, como
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própria, visto que a marca do sucesso e autocontrole para elas é, justamente, resistir
indivíduos que apresentam todos os critérios para AN, mas relatam alguma
menstruação, mesmo que sem regularidade. Outro motivo para a exclusão do critério
é que ele não poderia ser aplicado a meninas prémenarca, mulheres com uso de
Mesmo não sendo um critério, amenorreia está associada a piores condições médicas
tratamento.
Há dois tipos de AN: tipo restritivo (F50.01), caracterizado por não haver
após a compulsão alimentar, lança mão de vômitos ou outras substâncias que incitam
a eliminação calórica do alimento). É sabido que muitos pacientes podem transitar por
subtipo atual a partir dos sintomas apresentados no presente momento, mesmo que
(IMC menor que 17), Moderada (de 16 a 16,99), Grave (de 15 a 15,99) e Extrema
(menor que 15). Além do IMC, o grau de prejuízo funcional, problemas clínicos
gravidade.
associadas à AN que devem ser acompanhadas pelo(a) clínico. Como é possível ler nos
(APA, 2014).
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excessivas e a uso indevido de medicamentos para perder peso ou evitar ganhar. Tais
condutas estão associadas à fase inicial de tratamento (APA, 2014). Outras condutas
desfecho variam muito, indo de recuperação total após primeiro episódio até curso
crônico ao longo da vida, podendo levar à morte (Franko et al., 2013). Maiores
e nas mesmas circunstâncias e pela sensação de falta de controle sobre o que se está
definição de compulsão alimentar. Ela deixa claro que eventos sociais em que
evento, que por si já é farto de alimento e leva pessoas a comerem mais que o seu
normal (APA, 2014). Além disso, um episódio de compulsão alimentar não precisa
quando chegou em casa, isso pode ser avaliado como compulsão alimentar. Cabe
ressaltar que a definição e avaliação do “normal” deve ser avaliado dentro do contexto
mesmo contexto.
doce). Ela está muito mais vinculada à quantidade e frequência alimentar do que ao
tipo de alimento em si. Uma sensação imediata ao episódio pode ser um alívio de
um problema maior que o próprio estímulo aversivo. A purgação pode vir através de
exercícios físicos exagerados (os quais interferem o dia a dia da pessoa), vômitos
acrescer peso. Desses, um dos mais utilizados é o vômito, devido ao rápido alívio
pelo evento anterior (compulsão alimentar, no caso da BN, obsessão, no caso de TOC).
tendo uma média de episódios de, no mínimo, uma vez por semana (antes exigia-se
dois episódios semanais). Tal alteração foi avaliada em estudo para verificar se
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pessoas com um episódio (DSM5) diferiam nas funções psicológicas das pessoas que
desse transtorno. Cabe destacar que, diferente da anorexia nervosa tipo compulsão
comportamental.
1 a 3 episódios por semana), Moderada (4 a 7), Grave (8 a 13) e Extrema (14 ou mais
por semana).
com sobrepeso (Herzog & Eddy, 2010). Após a compulsão alimentar, tendem a optar
compulsão alimentar começa durante ou após um episódio de dieta para perder peso
deste livro.
outros transtornos, tais como: anorexia nervosa, tipo compulsão alimentar purgativa
& Claudino, 2011) o que veio a ser chamado no DSM-5 (APA, 2014) somente por
uma diferença, os episódios mínimos exigidos: no manual atual deve haver uma média
de um episódio por semana por três meses; já no apêndice se previa dois por semana,
como descritos na BN (leia mais na subseção anterior desse capítulo), porém sem a
comer mais rapidamente que o normal (em relação a si mesmo e a outros); comer até
ausência da sensação física de fome; comer sozinho por vergonha do quanto se está
(APA, 2014).
média, ao menos uma vez por semana há, no mínimo, três meses. Porém, diferente
(Klatzkin, Gaffney, Cyrus, Bigus, & Brownley, 2015). Porém, é importante diferenciar
obesidade de TCA. A maioria das pessoas obesas não necessariamente sofre de TCA.
os sinais e sintomas apresentados pela pessoa não são melhor explicados por BN,
casos em que essa classificação seja a mais indicada: anorexia nervosa atípica, bulimia
suas ações quanto pelas ações em si. Um bom tratamento utilizando a terapia
Anotações
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3.1 Introdução
O conceito e a prática de mindfulness, conhecida em português como atenção
plena, tem sua origem na filosofia budista e pode ser definida como “uma prática
para a verificação da eficácia das IBMS. Alguns desses estudos verificaram que o
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autor observou que os pacientes que iam até sua clínica não tinham como objetivo
perder peso, mas, simplesmente por prestarem atenção, comerem mais lentamente,
Assim, Mindful eating é o comer com atenção plena, quando a pessoa olha
Também pode ser entendido como o uso de todos os sentidos para escolher
estratégias que podem ser utilizadas para tratar a compulsão alimentar (KRISTELLER;
WOLEVER, 2011).
BUONFIGLIO, 2017).
corporal), aumento da sensibilidade ao frio e a desnutrição crônica, o que faz com que
esta seja considerada uma doença psiquiátrica letal (ARATANGY; BUONFIGLIO, 2017).
“os indivíduos que apresentam tais condições tendem a negar suas manifestações e
nervosa ao longo da vida de 1,5%, 1,0% nos últimos 12 meses e 0,7% no último mês
NOGUEIRA, 2004).
Anotações
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Os transtornos alimentares são patologias que
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necessitam de um tratamento em longo prazo, tanto
____________________________________ no que diz respeito ao acompanhamento clínico,
quanto à psicoterapia individual. Deste modo o fator
____________________________________ econômico, principalmente em países
subdesenvolvidos, onde o acesso ao tratamento é
____________________________________ limitado, deve ser levado em conta. Quando da
indicação de terapia familiar, não podemos deixar de
____________________________________ avaliar as implicações econômicas que isto possa
representar para esta família. O plano terapêutico
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descrito, por apresentar o modelo de sessões
____________________________________ estruturadas orientada em metas, focalizada na
resolução de problemas e com duração pré-
____________________________________ determinada, passará a ser uma alternativa eficaz
para estes casos.
____________________________________ O foco do tratamento está centrado nos
transtornos alimentares, tanto que as situações
____________________________________ usadas nas fases descritas, estão relacionadas a
estas patologias. O processo de alta deverá incluir
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uma reavaliação do caso, levando em conta outras
____________________________________ patologias que possam ter sido identificadas durante
o tratamento. Para estes casos será necessária a
____________________________________ indicação de psicoterapia individual.
É esperado que à medida que trabalhamos com
____________________________________ famílias, conflitos “antigos” possam aparecer. Mesmo
que o plano de tratamento esteja centrado em um
____________________________________ foco específico, estes conflitos deverão fazer parte do
processo terapêutico. Caso seja necessária uma
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atenção especial, que altere a estrutura inicial, o
____________________________________ terapeuta deverá ter a sensibilidade de pensar em
contraindicação para este plano, redirecionando o
____________________________________ tratamento para este conflito.
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