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GESTÃO PÓS – COLHEITA E

ARMAZENAMENTO DE GRÃOS
GESTÃO PÓS – COLHEITA E ARMAZENAMENTO DE GRÃOS

 Pós-Colheita – conjunto de técnicas aplicadas à


conservação e ao armazenamento de produtos
agrícolas como grãos, da colheita ao consumo ou
processamento.
 Principais técnicas pós colheita incluem a
limpeza, a secagem, o armazenamento, a
fumigação e o manuseamento do grão em
geral.
1. GRÃOS E QUALIDADE DE GRÃOS
 Grãos, entre as principais commodities destinadas
á alimentação a humana.
 O termo grão é interpretado de forma ampla e
inclui os grãos de cereais (milho, arroz, trigo,
sorgo, cevada, aveia), as sementes oleaginosas
(soja, semente de girassol) e leguminosas (feijão).
1. GRÃOS E QUALIDADE DE GRÃOS
 Operações pós-colheita como limpeza, a secagem
e o armazenamento são necessárias para manter a
qualidade do produto.
 Embora uma espécie de grão possa requerer uma
operação pós-colheita específica, os fundamentos
da limpeza, secagem e armazenamento são
semelhantes
1.1. QUALIDADE DE GRÃO
 Qualidade do grão é um termo “indefinido” pois sua
interpretação é diferenciada pelos diversos usuários finais.
 Para o produtor de gado, o valor nutritivo do grão é importante.
 Para o agro-processador de cereais, alguma propriedade física de
grãos, como a susceptibilidade a quebras pode ser significativo.
 E para o produtor de sementes, apenas a viabilidade das
sementes é de interesse.
 Independentemente do critério específico de qualidade dos
grãos, as operações pós-colheita às quais uma amostra de
grãos é submetida, é determinante para seu valor.
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE
 Determinam o valor do grão no mercado e
consistem em propriedades físicas (teor de
humidade, material estranho ou impurezas, danos
dos grãos, susceptibilidade à quebra e
viabilidade) e propriedades nutritivas (valor
nutritivo como proteína bruta ou a presença de
substâncias tóxicas como micotoxinas e resíduos
químicos).
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 a) Propriedades físicas
 i. Teor de humidade
 O teor de humidade do grão pode ser expresso como
uma percentagem em base húmida (Hbh) ou em base
seca (Hbs):
 Hbh = Pa/Pt x100 eq. 1.1
 onde Pa é o peso da água na amostra e Pt é o peso
total. Hbh é geralmente usada no comércio e Hbs em
cálculos de engenharia.
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 ii. Material estranho ou impurezas
 Resíduos de matéria estranha ao produto (detritos vegetais, sementes
de vegetação nativa, torrões de terra, entre outras) e as partículas
finas que passam através de um crivo de design específico.
 Para o milho, geralmente é usado um crivo de 4,5 mm.
 O conteúdo de material estranho e impurezas é expresso em
termos da percentagem em peso da amostra original, segundo
a fórmula:
 %imp= Pimp/Pt x100 eq. 1.2
 onde Pimp é o peso da matéria estranha e impurezas e %imp o
teor de impurezas.
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 Fig. 1: Crivo de 4,5 mm
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 iii.Danos dos grãos
 Incluem grãos quebrados, grãos danificados pelo
calor, descoloridos etc.
 A categoria de dano total inclui também os
germinados, grãos danificados por germes,
danificados pelo tempo, moldados, quebrados e
danificados por insectos.
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 Fig. 2: Comparação entre grãos de milho
danificados pelo calor (A) e grãos sadios (B).
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 iv. Susceptibilidade à quebra
 A susceptibilidade à quebra de uma amostra de
grãos é um indicador da probabilidade de grãos
para quebrar durante o manuseio e transporte.
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 Teste de susceptibilidade à quebra (milho):
 Ex: amostra de 100g, humidade 12% a 14%, colocar num
copo cilíndrico de aço, de um rotor giratório e girar à 1790
rpm/2 minutos. Peneirar amostra num crivo de 4,5 mm.
 A perda de peso da amostra original, expressa em
percentagem, constitui a sua susceptibilidade a quebras.
 Sq(%)= ∆P/Pi x100 eq. 1.3
 Pi representa o peso inicial da amostra e ∆P a
diferença entre o peso inicial e final.
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 Fig. 3: Manuseamento e transporte de grão
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 v. Viabilidade
 É a capacidade da semente se transformar numa planta jovem sob condições
de crescimento favoráveis e é expressa em percentagem.
 A viabilidade de uma amostra de grão é de interesse principalmente se o grão
é para ser usado como semente.
 O grão de semente geralmente é comercializado com uma viabilidade mínima
de 95%.
 Pode ser determinada por um teste de papel molhado: 100 sementes em papel
húmido/7–10 dias a 15–30°C. No fim do período contar os grãos germinados.
 Teste de tetrazólio – mede a actividade da enzima desidrogenase pela
intensidade de coloração germinativa como um índice de viabilidade de
sementes.
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 b) Propriedades Nutritivas
 i. Atributos Nutritivos
 O valor nutritivo dos grãos é importante para os seres
humanos e animais. As propriedades nutritivas significativas
dos grãos são as seguintes:
 • Fibra bruta*
 • Proteína bruta
 • Energia bruta
 • Energia metabolizável
 • Nutrientes totais digeríveis
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 ii. Substâncias tóxicas
 Os grãos podem ser prejudiciais como alimento e ração
quando afectados por certos metabólitos fúngicos tóxicos e
resíduos químicos.
 Micotoxinas.
 Grãos armazenados com humidade e temperatura
excessivamente altas podem desenvolver fungos. Os
fungos particularmente preocupantes são Aspergillus
flavus e Aspergillus parasiticus, ambos capazes de
produzir aflatoxina, uma substância de extrema toxicidade.
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 Outras micotoxinas são fumonisina, ocratoxina, vomitoxina e
zearalenona.
 As aflatoxinas são as principais toxinas que ocorrem nos grãos.
Elas se desenvolvem principalmente a partir do campo, antes da
colheita, mas podem evoluir ainda mais em armazenamento
 A aflatoxina B1 é a mais tóxica. Aflatoxinas foram encontradas
em todos os grãos, mas são particularmente preocupantes no
milho cultivado e armazenado sob condições semitropicais, isto
é, temperaturas de 27-30°C e 85% - 95% de humidade relativa.
 Muitos países estabeleceram limites para o nível máximo de
toxinas em produtos comercializados incluindo os grãos.
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 Vários são os métodos laboratoriais usados para
determinar a presença de toxinas nos grãos, desde
testes qualitativos relativamente simples (ex: o
teste de luz) aos métodos de teste quantitativos
mais complexos (ex: o teste de cromatografia em
camada delgada - CCD).
1.1.1. FACTORES DE QUALIDADE (CONT.)
 Resíduos Químicos
 Alguns países há demanda de mercado por
culturas orgânicas
 Os clientes desses produtos “orgânicos” exigem
práticas de produção durante aquele ano
específico e/ou dos últimos 2 anos, que não
incluem o uso de quaisquer produtos químicos;
1.1.2. PADRÕES DE CLASSIFICAÇÃO
 Na comercialização de grãos são usados padrões
de classificação.
 Eles facilitam a comercialização de grãos.
Infelizmente, os padrões de classificação das
várias espécies de grãos não são universais.
 Anexo 1: tabela de parâmetros de classificação
do INNOQ.
1.2. LIMPEZA DE GRÃOS
 A limpeza é uma das principais operações pós-
colheita, pois permite a remoção das impurezas
garantindo a integridade do produto e sua qualidade.
 As impurezas que acompanham o produto, se não
eliminadas, afectam, acentuadamente sua qualidade.
 A limpeza é feita através de máquinas de pré-
limpeza e limpeza até os níveis adequados para
armazenagem e comercialização sendo permitido
um teor máximo de 0,5%.
1.2. LIMPEZA DE GRÃOS (CONT.)
 Fig. 4: Limpadora de grãos
1.3. SECAGEM DE GRÃOS
 1.3.1. Fundamentos
 A secagem de grãos é um processo de
transferência simultânea de calor e humidade.
 Psicrometria
 A psicrometria é o ramo da ciência dedicado à
análise das propriedades físicas e termodinâmicas
das misturas entre gases e vapor e suas aplicações
práticas.
1.3. SECAGEM DE GRÃOS (CONT.)
 Teor de humidade de equilíbrio
 O teor de humidade de equilíbrio (EMC) de uma espécie de
grão é o teor de humidade que o grão vai secar depois de ter
sido exposto ao ar de secagem por um período infinito de
tempo.
 Trata – se do ponto a partir do qual o grão não perde e nem
ganha humidade, isto é, encontra – se em equilíbrio com o
ambiente.
 O EMC de uma amostra de grãos é uma função da temperatura
do ar e RH, e de as espécies de grãos e ,até certo ponto, da
história da amostra.
1.3. SECAGEM DE GRÃOS (CONT.)
 Tabela 1.1: Teor de humidade de equilíbrio de grãos
seleccionados a 25 °C (percentagem base húmida)
  Humidade Relativa de Humidade Relativa de Humidade Relativa de
20% 40% 60%

Milho 7.1 10.0 12.4

Arroz 6.5 9.4 12.2

Soja 5.3 6.9 9.7

Trigo 7.2 9.9 12.1

 Fonte: ASAE (1991)


1.3. SECAGEM DE GRÃOS (CONT.)
 Determinação da HR do ar
 1º passo: determinar ∆T (diferença de temperaturas)
 ∆T=Ts-Th eq. 1.5
 Onde Ts representa a temperatura do termómetro seco e Th a
temperatura do termómetro húmido.
 Exemplo:
 Dados Ts = 20 ºC e
 Th = 17 ºC
 ∆T = 20 – 17 = 3 ºC
 Então, para a determinação da HR, procuramos na tabela (Anexo 2)
a intercepção de Ts (20 ºC) com ∆T (3 ºC) que é 74%.
1.3. SECAGEM DE GRÃOS (CONT.)
 Fig. 5: Psicrômetro
1.3. SECAGEM DE GRÃOS (CONT.)
 Fig. 6: Tabela de determinação da HR
1.3. SECAGEM DE GRÃOS (CONT.)
 Taxa de secagem
 A taxa de secagem de grão depende da taxa de secagem dos grãos
individuais.
 Em geral, grãos pequenos perdem humidade mais rapidamente que os
grandes
 Grãos e sementes “nuas” secam mais rápido do que sementes
cobertas.
 O milho contém grãos relactivamente maiores e seca mais lentamente;
 Sementes de arroz e de trigo são de tamanho comparável, mas os
grãos de arroz por serem geralmente cobertos pela casca secam mais
lentamente do que os grãos de trigo.
1.3.2. SECAGEM AUTOMATIZADA
 Se se requerer uma alta capacidade de secagem,
os secadores automatizados de alta temperatura
são usados para a secagem de grãos. Os três
principais tipos de secadores de alta temperatura
são: secadores de fluxo cruzado, secadores de
fluxo misto e secadores de fluxo contínuo.
1.3.2. SECAGEM AUTOMATIZADA (CONT.)
 Fig. 7: Secadora de grãos de fluxo contínuo (as mais utilizadas)

1.3.3. SECAGEM AO SOL
 Em muitas regiões tropicais e subtropicais, a secagem ao sol continua sendo o
método preferido de secagem de grãos, principalmente por razões
económicas.
 Grão é espalhado em esteiras, lonas ou chão pavimentado em camadas de 5 a
15 cm de espessura e é exposto às condições ambientais.
 O grão é revolvido intermitentemente, geralmente é coberto à noite, e seca
adequadamente em 2 a 4 dias.
 Os custos fixos da secagem ao sol são baixos (excepto se for necessário
construir um piso de secagem especial).
 No entanto, a secagem ao sol é um processo pouco confiável porque depende
do clima.
 Além disso, a radiação solar muda com a estação e a hora do dia, e a
densidade de fluxo é baixo.
1.3.3. SECAGEM AO SOL (CONT.)
 Fig. 8: Secagem de grão ao sol
1.4. ARMAZENAMENTO DE GRÃOS
 Tarefa cujo objectivo principal é manter, através de
um período de tempo, a qualidade do produto que
veio do campo.
 Os factores de qualidade a serem abordados
dependem dos requisitos do usuário final do grão.
 Para manter os grãos em bom estado, devem ser
armazenados a uma humidade e temperatura
relativamente baixas, a fim de evitar o
desenvolvimento de fungos e insectos.
1.4.1. ARMAZENAMENTO EM SACOS
 O armazenamento de grãos em sacos é adequado para sistemas de
pequena escala em algumas regiões.
 As instalações devem possuir boa ventilação.
 O armazenamento em saco tem a vantagem de que o grão pode ser
movido facilmente e segregado em lotes de agricultores individuais.
 Os sacos podem ser empilhados em qualquer abrigo e podem ser
manuseados sem equipamento especial.
 O grão deve estar com humidade entre 12 e 14%, e a sacaria deve ser
suspensa sobre estrados/paletes a 15 cm do solo, e mantida distante das
paredes de forma que possa haver circulação de carrinhos hidráulicos
ou de pessoas, para movimentação da carga e facilitar as inspecções.
1.4.1. ARMAZENAMENTO EM SACOS (CONT.)

 Fig. 9: Palete
1.4.1. ARMAZENAMENTO EM SACOS (CONT.)

 O tamanho da pilha deve ser razoável e quando


se utilize sacos de juta a pilha pode ser de até 6 m
de altura enquanto em sacos de polipropileno de
apenas a 3 m por causa do escorregamento.
1.4.1. ARMAZENAMENTO EM SACOS (CONT.)
 Fig. 10: Empilhamento correcto
1.4.1. ARMAZENAMENTO EM SACOS (CONT.)
 Fig. 11: Empilhamento incorrecto
1.4.2. ARMAZENAMENTO EM MASSA
 Armazenamento vertical
 Grãos são também comumente armazenados em estruturas verticais, os silos em
particular que podem ser em concreto armado ou em caixas de aço. A principal
vantagem do armazenamento vertical é a descarga eficiente do grão. Cada um dos
silos, seja em concreto ou metal, tem vantagens e desvantagens.
 Vantagens dos silos em concreto:
 • Vida longa
 • Manutenção limitada
 • Grande volume de armazenamento,
 • Baixa condutividade térmica e problemas de condensação de água limitada.
 Desvantagens:
 • Custo inicial significativamente alto
 • Tempo de construcção longo
1.4.2. ARMAZENAMENTO EM MASSA (CONT.)

 Os silos de aço ganharam muita popularidade recentemente e têm como vantagens:


 • Baixo custo inicial
 • Reduzido tempo de montagem
 • São mais facilmente equipados com equipamentos de instrumentação e de medição
de temperatura
 • Acomodam maiores volumes em relacção aos silos em concreto: As paredes dos
silos de aço por terem normalmente uma espessura menor (5mm), acomoda um volume
que é 12% maior que um silo de concreto cujas paredes possuem espessura maior
(150mm) se se tiver em conta a dimensões externas de ambos (altura e diâmetro).
 Desvantagens:
 • Elevados custos de manutenção (devem ser galvanizadas e os parafusos e as porcas
revestidos com zinco; tinta de protecção contra ferrugem deve ser aplicada quando
aparecerem manchas de ferrugem)
 • Problemas de condensação de água.
1.4.2. ARMAZENAMENTO EM MASSA (CONT.)
 Fig. 12: Silos de aço
1.4.2. ARMAZENAMENTO EM MASSA (CONT.)

 Armazenamento horizontal
 Usam se armazéns para o armazenamento de grãos em
grandes depósitos.
 É mais dispendioso e trabalhoso mover grãos dentro e
fora de um armazenamento horizontal, mas o custo fixo
por unidade de volume é significativamente menor para
armazenamento horizontal do que para armazenamento
vertical.
 O armazém deve ser provido de um sistema de aeração.
1.4.2. ARMAZENAMENTO EM MASSA (CONT.)

 Fig. 13: Armazenamento horizontal de grãos


1.4.3. PRAGAS DE GRÃOS
 Segundo FAO, praga é qualquer espécie, raça ou biótipo de vegetal,
animal ou agente patogénico, nocivos aos vegetais ou produtos vegetais.
 O grão armazenado é submetido aos efeitos destrutivos das pragas de
grãos, em particular aos fungos, insectos e roedores.
 O grau de actividade da praga depende do teor de humidade e
temperatura do grão, o nível de dano do grão, o índice do material
estranho do grão e a atmosfera intersticial ao redor do grão.
 Em geral, quanto menor o teor de humidade, a temperatura, o nível de
dano, e o conteúdo do material estranho do grão, mais tempo ele pode ser
armazenado sem ser afectado por uma das pragas de grãos.
 Além disso, as sementes cobertas (por exemplo, aveia) são armazenadas
melhor do que as sementes nuas (por exemplo, soja).
1.4.3. PRAGAS DE GRÃOS (CONT.)
 Fungos
 Muitas espécies de fungos podem se desenvolver em grãos, no campo e também no
armazenamento.
 Entre os principais fungos de campo são as espécies dos géneros Fusarium e Aspergillus.
Fungos de campo podem se desenvolver sob condições de alta humidade relativa (> 88%),
numa ampla gama de temperaturas (10–35 ºC).
 Se o grão estiver devidamente seco, os fungos de campo não se desenvolvem em
armazenamento. Espécies de Aspergillus e Penicilium estão entre os principais fungos de
armazenamento de grãos; cada um requer um teor mínimo de humidade para o crescimento (ver
Tabela 1.4).
 Da mesma forma, o desenvolvimento de uma espécie é limitado a uma certa faixa de
temperatura. As principais perdas causadas pelo crescimento de fungos nos grãos são
diminuições na germinabilidade, descoloração da semente, aquecimento e desenvolvimento de
bolor, alterações bioquímicas, produção potencial de toxinas e perda de matéria seca.
 De particular importância é a produção potencial de toxinas. Vários fungos de grãos produzem
toxinas, chamadas micotoxinas, como visto anteriormente.
1.4.3. PRAGAS DE GRÃOS (CONT.)
 Tabela 1.4: Condições para o crescimento de fungos de armazenamento comuns
nos cereais aos 25 ºC a 27 ºC.
  Teor de Humidade do
Humidade Relativa (%) substrato (%)

Aspergillus halophilieus 68 12–14

A. restrictus 70 13–15

A. glaucus 73 13–15

A. candidus, A. ochraeus 80 14–16

A. flavus, parasiticus 82 15–18

Penicillium spp. 80–90 15–18

 Fonte: Bakker-Arkema (1999)


1.4.3. PRAGAS DE GRÃOS (CONT.)
 Insectos
 Os insectos podem causar grandes perdas nos grãos armazenados, não apenas em áreas
tropicais e subtropicais, mas também em regiões de climas temperados.
 Centenas de espécies de insectos foram encontradas em armazenamentos de grãos.
 O desenvolvimento de insectos em armazenamento de grãos pode ser evitado controlando
a temperatura e o conteúdo de humidade do grão ou modificando o ar intersticial.
 Os insectos de grãos armazenados são divididos em pragas internas e pragas externas.
 As pragas internas se desenvolvem dentro do grão e são as mais destrutivas; elas perfuram
os grãos, se alimentam de todo o conteúdo interno e permanecem no seu interior para
completar seu ciclo, além disso, permitem a instalação de outros agentes de deterioração
como microrganismos (ex: gorgulho do milho).
 As pragas externas se alimentam da casca do grão, destruindo-a totalmente,
posteriormente, elas consomem a parte interna, a diferença é que essas pragas não se
desenvolvem dentro do grão, a destruição do produto é apenas para alimentação e não
reprodução.
1.4.3. PRAGAS DE GRÃOS (CONT.)
 Roedores
 Roedores são considerados uma praga de armazenamento porque consomem e danificam
grãos no armazenamento e transmitem doenças perigosas para os seres humanos, isto é,
através de urina e excrementos misturados com grãos.
 Limpeza durante a colheita de grãos e manuseio reduz o risco de roedores. Duas formas de
controle de roedores são praticadas.
 Os venenos são usados somente se uma redução rápida na população de roedores é necessária.
 A armadilha é implementada se os venenos são muito perigosos. A mais usada das armadilhas
é a armadilha de pressão (ratoeira).
 Para reduzir o desenvolvimento de roedores é necessária a instalação de armazéns a prova de
roedores.
 Para a instalação de uma unidade de armazenamento a prova de roedores é recomendado que:
 • As estruturas externas sejam construídas com materiais à prova de roer.
 • As aberturas sejam fechadas ou protegidas com portas, telas ou grades.
 • Entre outros
1.4.3. PRAGAS DE GRÃOS (CONT.)
 Fig. 14: Exemplo de um roedor (Rattus rattus)
1.4.4. FUMIGAÇÃO
 A fumigação é uma técnica empregada para eliminar qualquer
infestação de pragas nos grãos, mediante o uso de gás através
de comprimidos ou pastilhas.
 Esta deve ser realizada sempre que houver infestação, seja em
produto recém-colhido infestado no campo, ou mesmo após
período de armazenamento em que houve infestação no
armazém.
 Prejuízos e riscos: a presença de pragas em grãos causa danos
directos ao produto, gerando perda de peso, de qualidade
nutricional, surgimento de fungos e outros patógenos.
1.4.4. FUMIGAÇÃO (CONT.)
 No processo de fumigação é geralmento usado o fosfeto de alumínio (fosfina) que é
bastante eficiente no controle de pragas, principalmente de grãos armazenados.
 A fosfina é um gás que é liberado quando compostos químicos como o fosfeto de
alumínio ou o fosfeto de magnésio são expostos à humidade presente no ar.
 A fosfina é classificada como um inseticida fumigante para uso no controle de diversas
pragas relacionadas às seguintes culturas ou produtos: algodão, farelo e grãos de soja,
arroz, cacau, café. farinha, feijão, milho, sorgo, trigo e cevada.
 As dosagens aplicadas variam geralmente entre 1 e 2 gramas por metro cúbico
fumigado e o período de fumigação deve ser de no mínimo 3 dias podendo se estender
por mais de 10 dias.
 Para melhores resultados, recomenda-se a cobertura total das pilhas a serem fumigadas.
 Os serviços de fumigação com fosfina somente devem ser realizados por empresas e
profissionais habilitados que respeitem as normas técnicas e de segurança
indispensáveis para estas actividades.
1.4.4. FUMIGAÇÃO (CONT.)
 Fig. 15: Pilhas submetidas ao processo de fumigação
(esq.) e frasco de fosfina (dir.)
1.5. SECAGEM E ARMAZENAMENTO DE GRÃOS EM
MOÇAMBIQUE

 Embora grãos de cereais e oleaginosas possam ser produzidos


durante todo o ano nas regiões tropicais, como é o caso de
Moçambique, as produções são normalmente sazonais e a colheita
ocorre em determinados períodos do ano.
 Devido a este facto, é necessário armazenar grãos por diferentes
períodos de tempo a fim de proporcionar aos consumidores um
fornecimento uniforme de grãos.
 Historicamente, em Moçambique, grãos como milho, feijão, soja e
arroz foram produzidos por pequenos agricultores que geralmente
estão associados a conceitos de baixa produção e rendimento,
baixo investimento de capital e baixo nível de uso de tecnologia.
1.5. SECAGEM E ARMAZENAMENTO DE GRÃOS EM
MOÇAMBIQUE (CONT.)

 A comercialização e distribuição dos seus produtos são geralmente


feitos com algum grau de dificuldade que se caracteriza por falta de
unidades de armazenamento seguras, precárias vias de acesso, falta de
informação de preços, viciação de balanças, etc.
 No entanto, uma tecnologia de armazenamento capaz de preservar a
qualidade dos grãos dos cereais seria o ideal para minimizar tais
constrangimentos.
 Para conseguir armazenar grãos nos trópicos, é necessário entender
como o produto se deteriora e os métodos geralmente usados para
controlar o processo de deterioração.
 Grande parte da região tropical é caracterizado por climas que a
tornam insegura para armazenar grãos.
1.5. SECAGEM E ARMAZENAMENTO DE GRÃOS EM
MOÇAMBIQUE (CONT.)

 Temperaturas e humidades relativas altas predominam


durante períodos prolongados de tempo, aumentando
assim o potencial de deterioração devido a insectos,
pássaros, fungos e roedores.
 Apesar da disponibilidade de vários silos modernos no
país, estes revelam-se insuficientes para absorver a
produção, socorrendo-se o pequeno agricultor dos
diversos tipos de celeiros desde os tradicionais aos do
tipo Gorongosa.
OBRIGADO

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