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burrinho
pedrês
Sagarana
(1946)
Contextualizando
a obra
Sobre
o autor
Nascido em 1908
Guimarães Rosa foi
médico, diplomata e
João
escritor. Filho de
comerciante, nasceu em
uma pequena cidade do
Rosa
posteriormente se mudou
para Belo Horizonte para
estudar. Desde novo já
demonstrava grande
interesse em aprender
idiomas.
Sobre o autor
Foi bem novo, também, que o autor começou a produzir seus contos e a
receber premiações pelos mesmos. Em 1938 inscreveu a primeira versão de
Saganara, que até então se chamava Contos, em um concurso. Em 1946
publica o livro sob o título definitivo.
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misturam.
Análise do conto
O burrinho pedrê
8
“
Era um burrinho pedrês, miúdo e
resignado, vindo de Passa-
Tempo, Conceição do Serro, ou
não sei onde no sertão.
Chamava-se Sete-de-Ouros, e já
fora tão bom, como outro não
existiu e nem pode haver igual.
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Análise do conto
O burrinho pedrês
O burrinho pedrês é narrado em Antes de partirem, Francolim, capataz de
terceira pessoa e conta a história sobre a Major Saulo, o alerta sobre a intenção de
travessia de boiadeiros da fazenda da Silvino em matar Badu, por ter roubado a moça
Tampa para a venda de gado em outra que Silvino estaria interessado.
cidade. Por conta de alguns cavalos terem A jornada continua mesmo assim e ao
fugido na noite anterior, Sete-de-ouros
decorrer desta, os
(nome atual do burrinho) que descansava na
homens passam a
varanda da casa, foi visto por Major Saulo e
relatar histórias
levado na viagem. Era um dia chuvoso do
passadas
mês de janeiro e a história ocorre em um dia
só
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Análise do conto
O burrinho pedrês
Por causa do dia chuvoso, os vaqueiros encontram dificuldades em atravessar o
córrego da Fome, que havia enchido, e era local de outros acidentes fatais. Major
Saulo pede que passem com cautela, e assim é feito, os vaqueiros fazem a travessia
sem perda nenhuma. O Major começa a suspeitar que Silvino irá matar Badu de
fato e pede a Francolim que fique de olho nos dois na volta. Ao chegarem ao
povoado, foram recebidos com festas e deixaram os animais descansando. Na
hora de ir embora, deixam Badu ir montado em Sete-de-ouros por ser o último
a chegar e estar bêbado.
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Análise do conto
O burrinho pedrês
Aproximando-se ao córrego da Fome novamente os
cavalos empacam e os cavaleiros notam que este
transbordou, fazendo com a travessia se torne
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ASPECTOS
TÉCNICOS EM
O burrinho
pedrês
15
“
“E, ao meu macho rosado,
carregado de algodão ,
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A espiritualidade em
O burrinho pedrês
A ESPIRITUALIDADE EM
O burrinho pedrês
A espiritualidade está presente na maioria dos
contos rosianos, no caso de O burrinho pedrês
há uma série de reflexões que podem ser
atribuídas à história de modo que o lado mais
mítico e místico sejam evidenciados. Segundo o
próprio autor, o conto seria uma “peça não-
profana, sugerida por um acontecimento real.
Sendo assim, Rosa atribui elementos religiosos,
pressupondo hermeneuticamente o
afastamento de coisas não consideradas
sagradas
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A ESPIRITUALIDADE EM
O burrinho pedrês
No artigo de Bezerra (2015), a autora faz uma
analise mais profunda sobre as relações que o
conto possui com temas espirituais. Segundo a
autora, o burrinho pedrês representa um
arquétipo de aprendiz, a travessia (tema
frequente nos contos de Rosa) significaria uma
transgressão, um aprendizado, sendo assim,
Sete-de-ouros, estaria passando por novas
aprovações, como um rito de passagem.
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A ESPIRITUALIDADE EM
O burrinho pedrês
👉 O protagonista representa também a velhice, a
sabedoria adquirida pelas experiências de vida,
e como todos tem sua vez de serem
importantes, mesmo que à primeira vista, sejam
considerados fracos ou sem importância, acima
de tudo, a sabedoria se mostra uma valiosa
ferramenta para vida. Ainda sobre o burrinho
pedrês, nos é apresentado que este já possuiu
vários nomes, assim como vários donos, uma
analogia a cada fase da vida do burrinho.
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A ESPIRITUALIDADE EM
O burrinho pedrês
Ele já fora roubado por ciganos Sendo assim, segunda a autora,
e como consequência adquiriu uma pela leitura metafísica religiosa,
tatuagem em forma de coração. Tal isso significaria a elevação do
símbolo é novamente repetido no fraco ao forte. Além disso, o metal
atual nome do burrinho: sete de ouro é extremamente interligado
ouros. Segundo o artigo de Bezerra com a alquimia: um metal valioso e
(2015), o nome pode ser avaliado maleável, não corrosivo, derivado
através de vários tipos de baralhos, da pedra filosofal. Entre os
como por exemplo, o truco. No alquimistas, esse metal teria forte
truco esta carta seria o pica-fumo, ligação com a imortalidade.
ou seja, uma carta de baixo valor.
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A ESPIRITUALIDADE EM
O burrinho pedrês
O ouro também representaria a mudança que o burrinho irá sofrer em sua travessia. Assim como poderia
indicar certos poderes e qualidades ocultas pertencentes ao burrinho. De uma forma mais profunda, o
burrinho seria uma carta apenas esperando a hora certa de ser posta para virar o jogo, assim como
ocorre com o protagonista: de última hora é escolhido por Major Saulo para entrar na comitiva.
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A ESPIRITUALIDADE EM
O burrinho pedrês
Os contos dentro do contos se mostraram importante para trama, pois além
de representarem o comportamento comum dos boiadeiros em travessias,
servem como uma rede de narrativas: minicontos dentro de um conto, "são
eles que dão a investiduras para o universo ficcional de travessia, veredas e
sertões [...]" (BEZERRA, 2015, p. 103). Todos esses detalhes influenciam na
criação da atmosfera do ambiente místico do conto. A importância da
sabedoria e escutar os instintos são novamente reforçados quando João
Manico escuta o canto do passar o João, corta pau e o interpreta como sinal
para não fazer a travessia do córrego.
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A
LINGUAGEM EM
O burrinho ?
pedrês
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A LINGUAGEM EM
O burrinho pedrês
Guimarães Rosa foi um autor de destaque na
terceira geração do modernismo no Brasil. Uma
característica pertinente em suas obras que lhe
atribuíram sua singularidade foi a linguagem
utilizada para contar as histórias. O conto é
iniciado com “era um burrinho pedrês”, narrativa
comum em fábulas e lendas, é atemporal. Além
disso, não há precisão local de onde a história
possa ter se passado, passado e presente são
constantemente misturados.
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A LINGUAGEM EM
O burrinho pedrês
“
Guimarães Rosa trabalha com jogo de palavras, trocadilhos e
associações inesperadas de imagens, trabalha os aspectos sonoros e
dá um caráter nitidamente poético à sua prosa utiliza também em sua
obra vários processos estilísticos, que dão singularidade aos seus
textos, ele explora o linguajar regionalista e com o ritmo, apela para
os aspectos auditivos.
(Sousa e Nobre, 2013 p.3)
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A LINGUAGEM EM
O burrinho pedr
Oralidade;
Neologismos;
Regionalismos;
28 Provérbios;
Arcaísmos
Reduplicação
Pluralização inusual
Adjetivos poéticos
Quadras poéticas
Musicalidade: ritmo, aliteração,
onomatopeia
“
EXEMPLO DE QUADRA:
29
“
EXEMPLOS DE ONOMATOPEIA:
30
“
EXEMPLO DE RIMAS:
31
“
EXEMPLO DE ORALIDADE:
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Apresentação -
O burrinho pedrês (1946)
Alunos
Isadora Miranda, Leticia Blanco,
Ariadne Iasmim, Jéssica Ataides,
Pedro Cordeiro e Lucas Santos.