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A interculturalidade

na saúde
A interculturalidade na saúde
2.5.1. Mitos e factos sobre (I) migração

2.5.2. Saúde, Imigração e diversidade cultural


O que é a interculturalidade?
O que é a interculturalidade?
O termo interculturalidade refere-se à diversidade cultural.

A interculturalidade tem lugar quando duas ou mais culturas entram em interação de uma
forma horizontal e sinérgica. Para tal, nenhum dos grupos se deve encontrar acima de
qualquer outro que seja, favorecendo assim a integração e a convivência das pessoas.

Este tipo de relações interculturais implica ter respeito pela diversidade, mas também
promover valores como a integração e a tolerância.
Há uma tendência frequente para se ligar o conceito de interculturalidade, quase

exclusivamente, às migrações e à internacionalização, mas certo é que, também uma

pessoa nascida no norte do país tem uma cultura necessariamente diferente de uma

nascida no centro ou no sul (na verdade, todos nós temos uma cultura diferente, basta

para tanto ser influenciados por círculos culturais diferentes, como família, amigos,

escola, religião entre outros).


Interculturalidade na saúde

Interculturalidade + Saúde

=
Respeito/Humanização

https://www.youtube.com/watch?v=JGTWMpvbGPo
Porque pensar em interculturalidade…
A globalização trouxe a facilidade de mobilização de pessoas;

A crise económica atualmente vivenciada em muitos países, veio impulsionar o


movimento migratório;

Nos últimos anos assistiu-se a um acréscimo do número de imigrantes de diferentes


culturas que escolheram Portugal para se estabelecerem.
No mundo contemporâneo, as novas realidades interculturais fazem com
que os homens e as mulheres do século XXI, desenvolvam novas formas
de relações sociais, novas práticas de cidadania, novos conflitos,
problemas sociais de educação e de saúde e novas formas de
discriminação e de exclusão.
Migração
Corresponde à mobilidade espacial da população. Migrar é trocar de país, de Estado,
Região ou até de domicílio. Este processo ocorre desde o início da história da
humanidade.

Os fluxos migratórios podem ser desencadeados por diversos fatores, nomeadamente
económicos, políticos, religiosos, naturais ou culturais.
Migrações internacionais
O ato de migrar faz do indivíduo um emigrante ou imigrante.
Emigrante é a pessoa que deixa (sai) um lugar de origem com destino a outro lugar.
Emigrante é aquele que mudou de seu país para residir em outro, visto do ponto de vista do
país de origem.

O imigrante é o indivíduo que chega (entra) num determinado lugar para nele viver. O
imigrante é visto do ponto de vista do país que o acolheu.

A imigração é considerada um dos maiores desafios de Saúde Pública a nível


mundial.
Apesar da dificuldade no acesso à informação, as investigações e os
indicadores de saúde disponíveis traduzem uma maior vulnerabilidade
para doenças ou para outros problemas de saúde no que toca à
população migrante.

Muitos migrantes são confrontados com fronteiras de identidade,


vulnerabilidade e pobreza, com fronteiras de comunicação, preconceito,
estereótipo e racismo que os conduzem a situações de sofrimento, desilusão,
isolamento e exclusão, as quais podem afetar a sua integração, saúde mental
e física, acesso aos cuidados de saúde e prevenção, capacidade para reclamar
e defender os seus direitos e o exercício de cidadania.
Em suma, o efeito da migração no estado de saúde do imigrante, tal como
as taxas de morbilidade e mortalidade que se irão verificar, dependem de
quem está a migrar, quando migra, de onde emigra, para onde migra e
quais os parâmetros de saúde que estão a ser avaliados.

Neste contexto, é fundamental um melhor conhecimento dos determinantes

de saúde e do estado de saúde dos indivíduos e comunidades imigrantes.


Saúde, Imigração e diversidade cultural

A diversidade cultural a que


temos assistido, veio trazer
novos desafios aos profissionais
de saúde.
Desafios interculturais
Contextos físicos e socioculturais dos utentes;

Representações dos utentes;

Crenças e práticas sobre a saúde e a doença;

Estilos comunicacionais;

Falta de informação por parte do imigrante;

O desconhecimento da cultura própria de cada migrante, das suas crenças e das suas
práticas, bem como os estereótipos associados a estas comunidades condicionam os
profissionais de saúde na prestação de cuidados.
O profissional de saúde deve:
Estabelecer um clima de confiança e de compreensão entre a pessoa e os
profissionais de saúde;

Relação empática;

Diálogo/Comunicação – barreiras linguísticas;

Preparação e conhecimento sobre a cultura;

Respeito pela sua diversidade.


Acesso aos cuidados de saúde pelos
imigrantes
Um imigrante que se encontre em território nacional, e se sinta doente ou precise de qualquer
tipo de cuidados de saúde, é assegurada a proteção à saúde, tendo o direito a ser assistido
num Centro de Saúde ou num Hospital (em caso de urgência).

Esses serviços não podem recusar-se a assisti-lo com base em quaisquer razões ligadas a
nacionalidade, falta de meios económicos, falta de legalização ou outra.

A Constituição da República Portuguesa estabelece que todos os cidadãos - mesmo


estrangeiros - têm direito à prestação de cuidados globais de saúde.
Acesso aos cuidados de saúde pelos
imigrantes
De acordo com os princípios estabelecidos na Constituição da República Portuguesa e

na demais legislação, os cidadãos estrangeiros portadores de uma autorização de

permanência ou residência válida (temporária ou permanente) gozam dos mesmos

direitos no acesso à saúde, que os nacionais portugueses e em condições de

igualdade, relativamente à prestação de cuidados em instituições e serviços oficiais

(SNS) e de assistência medicamentosa, estando sujeitos aos mesmos princípios e

normas em matéria de pagamento e de isenção de taxas moderadoras.


Acesso aos cuidados de saúde pelos
imigrantes
Os imigrantes que sejam titulares de autorização de permanência, residência válida, ou visto de

trabalho, podem efetuar a sua inscrição junto do centro de saúde ou numa loja do cidadão.

Para efeitos de inscrição no SNS deverão exibir o documento comprovativo de autorização de

residência ou visto de trabalho em território nacional.

Após cumpridos os formalismos legais para a obtenção de autorização de residência, ser-lhe-á

atribuído um número de utente do SNS, passando a poder, o cidadão (e o seu agregado familiar)

obter cuidados de saúde primários e hospitalares, urgentes ou programados, nas unidades de

saúde do SNS.
Acesso aos cuidados de saúde pelos
imigrantes
Os imigrantes que não sejam titulares de uma autorização de permanência ou de residência
ou que se encontrem em situação irregular face à legislação da imigração em vigor têm
acesso ao SNS, mediante a apresentação de um documento da Junta de Freguesia da
sua área de residência que certifique que se encontram a residir em Portugal há mais
de 90 dias, tendo, no entanto, que pagar a totalidade dos cuidados recebidos segundo as
tabelas em vigor, excetuando os casos que configuram situações que possam colocar em
perigo a saúde pública (atendendo a cada caso concreto, nomeadamente a situação
económica e social da pessoa aferida pelos serviços da Segurança Social). 
 O que fazem as unidades prestadoras de cuidados de saúde caso
verifiquem que sou um cidadão imigrante em situação irregular?

Caso os prestadores de cuidados de saúde verifiquem que um cidadão


imigrante está em situação irregular, após a prestação dos cuidados de
saúde necessários, as unidades prestadoras de cuidados de saúde devem
encaminhá-lo para um Centro Nacional de Apoio ao Imigrante ou para um
Centro Local de Apoio à Integração dos Imigrantes, para que a sua
situação possa ser regularizada.
Integração do imigrante no SNS
É importante a promoção de parcerias comunitárias, entre organizações públicas e
privadas, que permitam a identificação dos principais problemas e respetivas soluções.

Investir na formação dos profissionais e na produção de material informativo.

Na sociedade em geral, e nos profissionais de saúde em particular, deverá haver o


objetivo ético de prevenir a discriminação e a exclusão que podem ocorrer nos
contextos da vida social e da saúde, bem como assegurar a promoção e proteção dos
direitos humanos a todos os cidadãos.
Em suma…
Em contexto de formação e de prestação de cuidados de saúde, torna-se necessário a construção de um
cuidado de saúde culturalmente competente, que passa pelo desenvolvimento de competências individuais,
comunicacionais, interculturais e de cidadania.

A informação, comunicação e cidadania na saúde, particularmente em situação de diversidade cultural, deverá


ser promovida tendo em conta os contextos e uma comunicação culturalmente adaptada, ser desenvolvida em
cooperação com o indivíduo, o grupo e a comunidade, tendo em vista prevenir a doença e diminuir
vulnerabilidades e riscos para a saúde, promover estilos de vida saudáveis e igualdade de oportunidades na
saúde e desenvolver ambientes, organizações e cidades que promovam a saúde, o bem-estar e a
interculturalidade.

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