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RAÇA: A HISTÓRIA DE UM

CONCEITO
CARLOS NÁSSARO ARAÚJO DA PAIXÃO
IF Baiano - Serrinha
• De acordo com Silvio Almeida (2019), o termo raça é de difícil apreensão e, ainda
mais, de definição.
• Está relacionado com o ato de classificar e discriminar animais e plantas e, mais
tarde, também, seres humanos.
• A utilização da noção de raça para determinar categorias distintas de seres humanos
remonta ao século XVI, em um contexto de expansão e domínio colonial e do
estabelecimento do tráfico de escravos.
• Não é possível compreendê-la divorciada das circunstâncias históricas em que ela é
utilizada.
• Só é possível falar de raça numa linguagem imperfeita, dúbia, inadequada. (Mbembe)
• Forma de representação primária. Raça é um complexo perverso, gerador de temores
e tormentos, de perturbação do pensamentos e de terror, de infinitos sofrimentos e de
catástrofes. (Mbembe)
• O tema racial se transformou em argumento para o estabelecimento das
diferenças sociais.
• Os discursos racialistas que penetraram no Brasil foram utilizados como
novo argumento para explicar as diferenças internas, respaldando as
hierarquias sociais já cristalizadas, tornando as diferenças sociais variações
raciais.
• Primeiro pressuposto: a raça não existe enquanto fato natural físico, antropológico ou
genético.
• Raça é ficção útil, construção fantasmática, projeção ideológica.
• Ordem do mundo baseada em um dualismo que encontrava as suas justificações no
mito da superioridade racial.
• Os mitos destinados a fundamentar o poder do Ocidente no mundo.
• Os direitos das gentes, sociedade civil, ser humanos dotados de direitos civis e
políticos, cidadão pertencente ao gênero humano e etc.
• Em contrapartida, construiu a imagem de "primitiva e selvagem" do resto do mundo.
Dessemelhante, diferente, do poder puro do negativo. De existência objetificada.
• A África e o negro eram apresentados como os símbolos da vida vegetal e limitada. O
negro como o exemplo desse ser-outro, forjado pelo vazio e pelo negativo
• O comércio negreiro, a colônia de exploração foram as fontes originárias
da modernidade ocidental e aí houve uma articulação entre o princípio de
raça e o signo do capital.
• A exploração colonial, foi o aspecto concreto que possibilitou a criação do conceito
de raça, para classificar e hierarquizar os povos não europeus, que foram
transformados em não-brancos e inferiorizados na escala racial.
• De acordo com Aníbal Quijano (2005), a colonização da América e o início do
capitalismo moderno representaram a construção de um novo padrão de poder
mundial, com o centro localizado na Europa.
• O elemento fundamental deste padrão de poder é a classificação social da população
mundial de acordo com a ideia de raça.
• Neste movimento, a cor se transformou em característica fundamental para a
definição da categoria racial.
• Na divisão racial do trabalho, os brancos foram considerados, por eles mesmos,
como uma raça superior.
• Ao branco estavam destinados o trabalho assalariado, ou a propriedade dos
recursos de produção e, na América, ao negro, o trabalho escravo e ao índio,
primeiro o trabalho escravo e depois a servidão.
• Achile Mbembe (2014) definiu que o significado do nome negro foi inventado
de maneira indissociável do capitalismo para significar exclusão,
embrutecimento e degradação.
• Gilroy (2001) apontou para o fato inegável de que o colonialismo, a escravidão
e o racismo foram elementos fundantes da modernidade ocidental.
•Achile Mbembe (2014) afirmou que a raça desempenhou o papel em um processo histórico que
transformou as pessoas humanas, de origem africana, em coisa, objeto, mercadoria.
•Mitos foram destinados a fundamentar o poder do ocidente no mundo, quais sejam: “considerava-se
o centro do mundo, o país natal da razão, da vida universal e da verdade da Humanidade”
(MBEMBE, 2014: 27), em contrapartida criou a imagem "primitiva e selvagem" do resto do mundo.
•Mbembe considera que o comércio negreiro e a colônia de exploração foram as fontes originárias da
modernidade ocidental e havendo uma articulação entre o princípio de raça e o signo do capital.
•Para Mbembe, ao longo do séc. XVIII a ideia de raça foi sendo construída por um certo discurso
científico. O conceito de raça foi útil para nomear as humanidades não europeias.
•“A noção de raça permite que se represente as humanidades não europeias como se fossem um ser
menor, reflexo pobre do homem ideal” (MBEMBE, 2014: 39).
•No século XIX, com a escalada colonial na África, assistiu-se a uma biologização da raça no
ocidente e com a ajuda do pensamento darwinista se foram disseminando estratégias eugenistas.
• A justificativa ideológica para a expropriação dos povos africanos era exatamente a
“inferioridade dos povos colonizados”.
• A invenção do negro permite criar, através das plantations, uma das formas
mais eficazes de acumulação de riquezas, acelera a implantação do capitalismo
mercantil, do trabalho mecânico e do controle do trabalho subordinado.
• A teoria biológica das raças era um reforço pseudocientífico que apoiava a construção
ideológica da opressão do sistema colonial (ALMEIDA, 2019: 29-30).
• A pele negra e o fato de habitarem um ambiente tropical seriam suficientes para explicar
qualidades consideradas inferiores.
• Não há diferenças biológicas que possam justificar a discriminação contra determinados
grupos humanos, mas a raça é ainda utilizada para “naturalizar desigualdades e legitimar
a segregação e o genocídio de grupos sociologicamente considerados minoria”
(ALMEIDA, 2019: 31).
• No século XIX, com a escalada colonial na África, assistiu-se a uma
biologização da raça no ocidente. com a ajuda do pensamento
darwinista se foram disseminando estratégias eugenistas,
generalizando-se a obsessão pela degeneração e o suicídio.
• Leis “Jim Crow”, nos EUA; regime do apartheid, na África do Sul;
racismo antissemita, que gerou o Holocausto pelos nazistas na
Alemanha; modelo colonial de bestialização de grupos
considerados inferiores.

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