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MOVIMENTOS

OCULARES
 Os olhos se movem de um lado para
outro quase sem esforço pela ação
dos músculos oculo-motores.

 Os movimentos oculares são


biologicamente adaptados à
orientação e à busca de alvos
situados em direções diferentes e a
distâncias diferentes.
 Os olhos são capazes de mirar um
alvo, bem como de se moverem
continuamente, de modo que as
imagens dos estímulos móveis
continuem a incidir diretamente na
pequena região central de visão mais
clara e aguda - a fóvea.

 Já foram identificados muitos tipos


diferentes de movimentos oculares.
SACADA
 É a forma mais comum dos
movimento oculares.
 O termo sacada (do verbo francês
saccader, que, significa "mover
subitamente" ou “mover rapidamente,
sacudir"), um salto rápido e abruto
feito pelos olhos quando passam de
um ponto de fixação para outro.
 As sacadas são movimentos do tipo
balística, no que e refere ao fato de
serem guiadas e terem destino
predeterminado. Ou seja, a direção e
a distância de seus movimentos são
planejadas pelo sistema nervoso
antes de serem executadas.
 Como a visão se reduz durante os
movimentos oculares esses movimentos são
extremamente rápidos.

 Normalmente ocorrem de um a três


movimentos sacádicos por segundo, mas tão
rápidos que ocupam apenas cerca de 10%
do tempo total da visão.

 Os movimentos sacádicos são geralmente


voluntários, pois podem ser feitos com olhos
fechados ou em completa escuridão,
podendo ser direcionados ou suprimidos.
 Também apresentam uma natureza de
reflexo.
 Um estímulo que apareça subitamente
ou que se mexa visto com o canto dos
olhos, pode resultar em um movimento
sacádico involuntário que dirige o olhar
diretamente para o estímulo. Isso tem
um significado adaptativo "pois no
mundo primitivo um movimento ligeiro
visto de relance com o canto dos
olhos ... poderia ser o primeiro aviso
de um ataque"
 Os movimentos sacádicos oculares
são usados principalmente para
sondar e explorar o campo visual e
colocar na fóvea as imagens de
detalhes visuais selecionados, onde
a, acuidade visual é máxima.
 Assim, esses movimentos são
especialmente funcionais em tarefas
como leitura e exame de cenas
estacionárias.
Lendo sem espaços Intervocabulares
 Leia o parágrafo excepcionalmente
compacto a seguir
 Ao fazê-lo, ele parecerá difícil,
exigindo uma fixação quase letra por
letra. À medida que prosseguir na
leitura (garantindo que o texto
seja observado com boa iluminação e
esteja bem visível) ele se tornará
surpreendentemente fácil.
Osmovimentosdeperseguiçãosãoquasecompletamente
automáticosegeralmenteexigemumestimulofisicamente
móvel.Emcontrastecomosmovimentossacádicos,
osmovimentosdeperseguiçãosãoexecutados
deformacontínuaecomparatlvamentelenta. Demodogeral,
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estímuloadequadoéavelocidadedoalvo,enão
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móvel.lssoserveparadecertaformalançar
epreservarnaretinaumaimagemestacionáriadoalvo.Movimentar
osolhosemconcordânciacomomovimentodeumestímulopode
tambémmelhorarapercepçãodaformadoestímulo.Vocêvailogo
relerestematerialporqueeleestárepetidonapróximaseção,mas
semespaçosentreaspalavras.
 Os achados discutidos nessa
demonstração não negam que a
visão periférica exerça um papel na
eficiência da leitura, nem indicam que
os espaços entre as palavras sejam
insignificantes para facilitar o
reconhecimento de palavras em uma
tarefa típica de leitura.
 O que sugerem, no entanto, é que as
palavras, e não os espaços
intervocabulares, são as unidades
perceptuais que guiam a linha de
visão através do texto.
 Assim, os espaços intervocabulares
podem desempenhar um papel
perceptual secundário ao facilitarem a
visibilidade e o reconhecimento das
palavras.
 Epelboim et al. (1994) observam que
os espaços intervocabulares foram
introduzidos no final do século VIII para
tornar a leitura possível em condições
de iluminação deficiente e para
compensar a presbiopia (ou seja, a
redução, com a idade, da acomodação
necessária para se ver de perto). Isso
sublinha a idéia de que a função
principal dos espaços intervocabulares
é aumentar a visibilidade, e não de
conduzir os movimentos sacádicos.
MOVIMENTO DE PERSEGUIÇÃO
 São quase completamente
automáticos e geralmente exigem
um estímulo fisicamente móvel.
 Em contraste com os movimentos
sacádicos, os movimentos de
perseguição são executados de
forma suave e comparativamente
lenta.
 De modo geral, são usados para
acompanhar um objeto móvel em
um ambiente estacionário.
 O estímulo apropriado é a velocidade
do alvo, e não sua localização. Nesse
caso, a velocidade do movimento de
perseguição dos olhos corresponde à
velocidade do estímulo móvel. Isso
serve para, de certa forma, dispor e
preservar na retina uma imagem
estacionária do alvo.
 Movimentar os olhos em
concordância com o movimento de
um estímulo pode também melhorar
a percepção da forma do estímulo.

 Isso acontece porque é mais fácil


para o sistema visual perceber na
retina a forma de uma imagem se ela
estiver estável do que se ela estiver
em movimento.
 Os movimentos sacádicos e de
perseguição são apenas duas partes
de um mecanismo geral de
planejamento que envolve
movimentos controlados da cabeça e
de certos músculos corporais no
direcionamento dos olhos para um
alvo (Mack et ai., 1985).
 Além disso, são iniciados
movimentos oculares especializados
(movimentos vestíbulo-oculares)
para estabilizar a posição dos olhos
quando houver qualquer movimento
da cabeça ou do corpo no espaço.
Nesse caso, os movimentos oculares
compensam o movimento corporal.
MOVIMENTOS VESTÍBULO-OCULARES

 A movimentação de um lado para o


outro no espaço é uma atividade
comum, porém apesar da mudança
que resulta na posição da cabeça e do
corpo estamos sempre percebendo
um ambiente estável.
 A razão disso é que toda vez que a
cabeça ou o corpo se movimentam no
espaço, inicia-se um padrão de
movimentos vestibulo-oculares
reflexos (também chamado reflexo
vestibulo-ocular, ou VOR, em inglês)
para estabilizar a posição dos olhos com
relação ao ambiente. (Os movimentos
oculares são dirigidos pelos estímulos
provenientes do sistema vestibular do
ouvido interno, sistema sensorial
envolvido com o movimento corporal.)
MOVIMENTOS DE VERGÊNCIA
 Os tipos de movimentos oculares de
evolução mais recente.
 São os que envolvem movimentos
coordenados de ambos os olhos. Os
movimentos de vergência movem os
olhos em direções opostas no plano
horizontal, um em direção ao outro
ou em sentido oposto, de modo que
ambos focalizem o mesmo alvo.
MOVIMENTOS OCULARES MINIATURA
 Podem ser identificados e medidos enquanto
se mantém a fixação.
 Quando uma pessoa mantém uma fixação
deliberada em um alvo pode-se observar, um
padrão de movimentos oculares
extremamente pequenos, involuntários, como
um tremor. Embora os olhos estejam em
movimento contínuo durante a fixação, não
se afastam muito da posição focal média.
 Se os movimentos oculares miniatura fossem
inteiramente eliminados a imagem na retina
se enfraqueceria,desaparecendo.
MOVIMENTOS OCULARES MISTOS
 A maioria das atividades naturais que
envolvem a interação visual com o
ambiente emprega uma combinação de
diversos movimentos oculares - uma
categoria denominada por Hallett (1986)
como movimentos oculares mistos.
 Por exemplo, acompanhar um objeto
movente em profundidade envolve
movimentos sacádicos, movimentos
suaves de- perseguição e movimentos
de vergência.
DESENVOLVIMENTO DE MOVIMENTOS
OCULARES EFICIENTES
 Os movimentos oculares são atividades
motoras essenciais para o processamento da
cena visual.
 Os movimentos oculares eficientes envolvem
movimentos musculares especializados que
parecem melhorar com a prática.
 Kowler e Martins (1982) observaram que os
movimentos oculares de crianças pré-
escolares de quatro e cinco anos diferem dos
movimentos dos adultos em diversas
maneiras que afetam a visão eficiente.
 As crianças não conseguiam manter
uma fixação constante com facilidade.
Quando orientadas a fixar o olhar em
um alvo pequeno, brilhante e
estacionário em um cômodo que, a não
ser por aquele ponto:
achava-se escurecido, sua linha de
visão mostrava-se extremamente
instável. Os olhos se moviam rápidos de
um lado para outro, vasculhando uma
área 100 vezes maior do que o faria um
adulto típico na mesma condição.
 Além disso, ao acompanharem um
alvo móvel, as crianças tinham
dificuldade de controlar o tempo
certo dos movimentos sacádicos e,
diferentemente dos adultos, não
eram capazes de antecipar qualquer
mudança na direção do movimento
do alvo, mesmo quando essa
mudança era previsível.
 As crianças na pré-escola não
executam tarefas oculomotoras
simples com a mesma eficiência dos
adultos.
 Algumas das diferenças de
desempenho entre os dois grupos
podem ser atribuídas ao
desenvolvimento oculomotor das
crianças, que ainda é imaturo e
incompleto.
 Também é possível que, como ocorre na
aquisição dos hábitos motores adestrados
em geral, as crianças na pré-escola não
tenham ainda aprendido um controle
oculomotor eficiente e, conseqüentemente,
não tenham adquirido as habilidades
motoras específicas necessárias a um
desempenho eficaz.
 É razoável supor que o desenvolvimento
dos movimentos oculares eficientes seja
uma habilidade que se adquire aos poucos,
com a prática e a experiência estendendo-
se bem além dos anos pré-escolares.
FATORES TEMPORAIS NA PERCEPÇÃO
 Embora a percepção pareça ocorrer
como reação imediata a uma
estimulacão ambiental, na verdade ela
leva tempo.
 A percepção é afetada em um grau
significativo por fatores temporais.
 Discutiremos dois fenômenos em que os
fatores temporais atuam de maneiras
diferentes afetando a percepção:
mascaramento e pós-efeitos.
MASCARAMENTO
 Sempre que os estímulos ocorrem
bem próximos no tempo (ou
no espaço) eles podem interferir uns
nos outros, ou mascarar a percepção
uns dos outros.
 No mascaramento visual, a
percepção de um estímulo-alvo é
obscurecida pela apresentação de um
estímulo de máscara ao mesmo tempo
ou quase.
 O prejuízo resultante na percepção do
estímulo-alvo com a apresentação do
estímulo de máscara imediatamente
antes chama-se mascaramento
proativo.

 No mascaramento retroativo o
estímulo de máscara surge
imediatamente depois do estímulo-
alvo, interferindo em sua percepção.
 Uma das influências que contribuem para
produzir o mascaramento é alguma forma
de persistência visual, que se refere a
uma continuação da atividade neural
seguida à estimulação, de modo que a
impressão de um estímulo possa estar
presente mesmo depois da sua retirada
física. Como resultado, eventos de
estímulos breves que não se sobrepõem
fisicamente no espaço nem no tempo
podem ser percebidos como simultâneos
ou podem, de algum modo, interagir e
prejudicar a percepção uns dos outros.
 Em geral, não somos observadores passivos
de estímulos de mascaramento e, na
maioria dos casos, nem mesmo tomamos
conhecimento da ocorrência dos efeitos do
mascaramento.
 Existe uma condição comum na qual esses
efeitos têm um papel importante na
preservação da aparência de um mundo
visual estável, claro e contínuo. De modo
específico, referimo-nos a efeitos de
mascaramento durante a execução de
movimentos sacádicos oculares: um
fenômeno chamado omissão sacádica.
PÓS-EFEITOS
 O pós-efeito mais familiar, e um tanto
desagradável, resulta da visão involuntária
breve, mas intensa, de um flash. Nesse
caso, o pós-efeito é transitório por causa
da persistência visual.
 Em outros casos, não somente a
observação prolongada de um estímulo
causa realmente a persistência visual, mas
também a região retiniana estimulada se
adapta ou se fatiga temporariamente, o
que a deixa menos responsiva.
 O mascaramento e os pós-efeitos,
juntamente com o comportamento
visualmente orientado, tal como os
movimentos oculares controlados,
influem na nossa capacidade de
localizar e identificar objetos e
eventos no espaço, Contudo, a
identificação e a localização de
objetos parecem envolver mais do
que as informações fornecidas por
essas atividades e fenômenos.
IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE
OBJETOS: SISTEMA FOCAL E
SISTEMA AMBIENTAL
 O sistema focal primário, relaciona-
se à identificação e ao
reconhecimento de objetos. Nos
seres humanos isso é mediado
por um sistema que inclui a retina
central (inclusive a fóvea), o
NGL (Núcleo geniculado lateral-
transmitem impulsos visuais) e o
córtex visual primário.
 O outro sistema, que é secundário, o
sistema ambiental, está
envolvido na localização de objetos. É
mediado por um sistema que consiste
nas regiões central e periférica da
retina e no colículo superior (o qual
projeta-se para uma região do córtex
extra-estriado do lobo occipital do
córtex).
 O sistema focal, controlado pelo córtex,
ajuda a identificar que tipo de objeto está
presente, ao passo que o sistema
ambiental, mediado pelo colículo superior,
indica onde ele está localizado.
 Os mecanismos neurais que fornecem as
informações “o que” e "onde", mediados pelos
sistemas focal e ambiental, respectivamente,
muitas vezes têm sido denominados "caminho que“
e "caminho onde", [Contudo, como observam Stein
e Meredith, 1993, os caminhos neurais "o que"
(focal) e "onde" (ambiental) têm ligações
anatômicas e funcionais importantes. Seria exagero
concluir que são inteiramente separados um do
outro.]
 A distinção funcional entre os caminhos "o
que" (focal) e "onde" (ambiental) é
representada no nível cortical.
 Áreas do córtex visual primário, do córtex
extra-estriado, inclusive as regiões do lobo
temporal e do lobo parietal, interagem
para formar canais ou vias um tanto
independentes, mas paralelos, para
representar aspectos complexos de nossa
experiência visual como forma, cor e
movimento.
 O caminho cortical (denominado via
ventral), importante para a
identificação de objetos, relaciona-se
com o caminho "o que", ou focal.

 O segundo caminho cortical


(denominado via dorsal) é importante
para a localização espacial, sendo a
representação cortical do caminho
“onde” ou ambiental.

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