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Estudos Complementares em Treinamento

Visual

Conteudista: Prof.ª Rosa Maria Zantedeschi Berzghal


Revisão Textual: Aline Gonçalves

Objetivos da Unidade:

Explorar os anaglifos variáveis;

Conhecer a montagem do treinamento visual.

ʪ Material Teórico

ʪ Material Complementar

ʪ Referências

QUESTION B AN KS
TEMA 1 de 3

ʪ Material Teórico

Anaglifos Variáveis
Os anaglifos são usados para o treinamento da fusão, da amplitude fusional negativa
“convergência” e da amplitude fusional positiva “divergência”, assim como para o aumento
da velocidade das respostas das vergências fusionais.
Figura 1
Fonte: Reprodução

Os anaglifos são guras similares, dispostas em pares e impressas em papel ou em


transparência, sendo uma gura impressa em verde e a outra em vermelho. As duas guras
são idênticas, com exceção da cor e disparidade.

Essas guras podem ser trabalhadas para realizar a convergência e advergência, de acordo
com o movimento que realizarmos horizontalmente entre elas. Mas não somente isso, além
da convergência e da divergência, o segundo e o terceiro anaglifos nos permitirão trabalhar a
estereopsia, a fusão central, além da supressão, o que veremos mais adiante.
Figura 2 – Exemplos de anaglifos variáveis
Fonte: Adaptada de SCHEIMAN; WICK, 2014
Por convenção, os óculos verde e vermelho devem ser utilizados de forma que a lente
vermelha que em frente ao olho direito e a lente verde que em frente ao olho esquerdo.
Desta forma, o olho direito visualizará apenas o slide verde e o olho esquerdo somente
visualizará o slide vermelho da seguinte forma:

Figura 3 – Óculos verde-vermelho, percepção do olho


direito e esquerdo
Fonte: Adaptada de SCHEIMAN; WICK, 2014

Anaglifos e a Convergência
Para a realização do treinamento, é necessário o uso de óculos verde-vermelho – lente
vermelha em frente ao olho direito e lente verde em frente ao olho esquerdo.

A convergência é realizada quando, após sobrepormos o anaglifo vermelho sobre o anaglifo


verde, nós movimentamos o anaglifo vermelho para a direita e o anaglifo verde para a
esquerda, à medida que o paciente nos informa conseguir fusionar as duas imagens, vamos
aumentando esse distanciamento até que ele não consiga mais fusionar. Lembre-se, fusão é
quando, a partir de duas imagens, o paciente consegue enxergar apenas uma.

Veja, a seguir, o exemplo da movimentação dos anaglifos verde e vermelho, sendo que o
vermelho cará à direita e o verde cará à esquerda – convergência.

Figura 4 – Anaglifos e a convergência


Fonte: Adaptada de SCHEIMAN; WICK, 2014
Anaglifos e a Divergência
Para a realização do treinamento, é necessário o uso de óculos verde-vermelho – lente
vermelha em frente ao olho direito e lente verde em frente ao olho esquerdo.

A divergência é realizada quando, após sobrepormos o anaglifo vermelho sobre o anaglifo


verde, vamos movimentando o anaglifo vermelho para a esquerda e o anaglifo verde para a
direita; à medida que o paciente nos informa conseguir fusionar as duas imagens, vamos
aumentando esse distanciamento até que ele não consiga fusionar.

Veja na Figura 5 o exemplo da movimentação dos anaglifos verde e vermelho, sendo que o
vermelho cará à esquerda e o verde cará à direita.

Figura 5 – Anaglifos e a divergência


Fonte: Adaptada de SCHEIMAN; WICK, 2014
Os anaglifos possuem escalas que indicam a quantidade prismática dos distanciamentos entre
anaglifos, o que permite saber até que quantidade prismática o paciente consegue convergir e
divergir. Veja o exemplo de anaglifos com quantidades prismáticas impressas.

A quanti cação prismática é importante para que você anote a quantidade prismática na qual o
paciente consegue realizar a fusão das imagens, assim, você poderá anotar essa evolução no
decorrer do treinamento.

Figura 6 – Anaglifos e quantidade prismática


Fonte: Reprodução
Importante!
Essa escala prismática só é correta se o paciente distanciar os
anaglifos dos olhos a uma distância de 40 cm. Se este distanciamento
não for respeitado, não será possível utilizar a escala prismática, pois,
a 40 cm, cada 4mm de separação é igual a 1 prisma (Δ).

Além de treinar a convergência e a divergência, podemos treinar, conforme a seguir:

Fusão Periférica
O anaglifo para fusão periférica é chamado de periférico por não possuir elementos ou guras
no centro dos círculos.
Figura 7 – Anaglifos – Fusão Periférica
Fonte: Adaptada de SCHEIMAN; WICK, 2014

Desta forma, dependendo do estágio em que o paciente se encontra na terapia, se ele for
iniciante no tratamento, esse anaglifo é apropriado.

Veri que que dentro dos círculos verde e vermelho não existe nenhum outro desenho, isso
não exigirá do paciente nenhum esforço de acomodação, mas trabalhará a convergência e a
divergência.

Para pacientes iniciantes no tratamento, recomenda-se começar com o treinamento da


divergência e depois com o da convergência.

Em todos os anaglifos variáveis existem pequenos círculos em cima ou abaixo dos grandes
círculos; a visualização desses pequenos círculos trabalhará a supressão. Portanto, além de
fusionar os grandes círculos verde e vermelho, é importante que ele consiga posicionar e
visualizar os quatro círculos menores tanto na convergência quanto na divergência.

Vamos à técnica!

Na Prática
Material:

Anaglifos fusão periférica;

Óculos verde-vermelho.

Métodos:
Paciente com os óculos verde-vermelho, lente vermelha em frente ao olho direito
e a lente verde em frente ao olho esquerdo;

Iniciar o treinamento da divergência deslizando suavemente a lâmina do círculo


vermelho para a esquerda;

Em cada pequeno movimento à esquerda, pergunte ao paciente se ele consegue


visualizar uma única imagem, fusão;

Repita o movimento para treinar a capacidade da divergência;

A partir do momento em que ele não conseguir realizar a fusão das imagens,
anote a última fusão em que realizou a divergência em prismas;

Iniciar o treinamento da convergência, deslizando suavemente a lâmina do círculo


vermelho para a direita;

Repita as orientações anteriores agora para a convergência.

Duração:

Dois minutos, ou até o paciente relatar cansaço visual.

Após o treino da visão periférica, vamos ao treino com os anaglifos fusão periférica e
estereopsia, conforme a seguir:
Figura 8 – Fusão periférica e a estereopsia (profundidade)
Fonte: Adaptada de SCHEIMAN; WICK, 2014

Esses anaglifos, como você pode observar, possuem um círculo dentro dos grandes círculos
verde e vermelho, além dos pequenos círculos acima ou abaixo, já mencionados. Esses
anaglifos permitirão trabalhar também a estereopsia (profundidade), além da supressão.

Na Prática
Material:

Anaglifos fusão periférica e estereopsia;

Óculos verde-vermelho.

Métodos:
Paciente com os óculos verde-vermelho, lente vermelha em frente ao olho direito
e a lente verde em frente ao olho esquerdo;

Iniciar o treinamento da divergência deslizando suavemente a lâmina do círculo


vermelho para a esquerda;

Quando fusionar as imagens na divergência, ele relatará que o círculo central


aparecerá mais afastado e maior, e acima dos dois círculos maiores, deverá
perceber dois pequenos círculos verdes; abaixo, dois pequenos círculos
vermelhos;

Figura 9 – Anaglifos fusão periférica e estereopsia, na


divergência
Fonte: (13pt)

Na Figura anterior, os círculos maiores estão representados em preto e cinza para dar a
sensação de profundidade, mas como informado anteriormente, as cores dos círculos são
verde e vermelho.
Em cada pequeno movimento à esquerda, pergunte ao paciente se ele consegue
visualizar uma única imagem, fusão;

Repita o movimento para treinar a capacidade da divergência;

A partir do momento em que ele não conseguir realizar a fusão das imagens,
anote a última fusão que realizou a divergência em prismas;

Iniciar o treinamento da convergência deslizando suavemente a lâmina do círculo


vermelho para a direita;

Repita as orientações anteriores agora para a convergência;

Quando o paciente fusionar as imagens na convergência, ele relatará que o círculo


central aparecerá mais próximo, como que utuando, e menor; acima dos dois
círculos maiores, deverá perceber dois pequenos círculos verdes, e abaixo, dois
pequenos círculos vermelhos;
Figura 10 – Fusão periférica e estereopsia, na
convergência

Repita o movimento para treinar a capacidade da convergência;

A partir do momento em que ele não conseguir realizar a fusão das imagens,
anote a última fusão que realizou a convergência em prismas.

Duração:

Dois minutos, ou até o paciente relatar cansaço visual.

Vamos agora à técnica dos anaglifos para fusão periférica, central e estereopsia, conforme a
seguir:

Figura 11 – Fusão periférica, fusão central e estereopsia


Fonte: Adaptada de SCHEIMAN; WICK, 2014
Este anaglifo possui pequenas guras centrais: no anaglifo verde aparecerá o “X” no centro e

acima do “X” um “ □”, já no anaglifo vermelho aparecerá o “X” no centro e o “O” abaixo do
“X”. Na fusão das imagens, permitirá também trabalhar a acomodação, além da fusão
periférica e a estereopsia.

Na Prática
Material:

Anaglifos fusão periférica, central e estereopsia;

Óculos verde-vermelho.

Métodos:

Paciente com os óculos verde-vermelho, lente vermelha em frente ao olho direito


e a lente verde em frente ao olho esquerdo;

Iniciar o treinamento da divergência deslizando suavemente a lâmina do círculo


vermelho para a esquerda;

Quando fusionar as imagens na divergência, ele relatará que o círculo central


aparecerá mais afastado e maior, e as guras centrais aparecerão da seguinte
forma: o quadrado acima, um pequeno círculo abaixo e o “X” na posição central.
Acima dos dois círculos maiores, deverá perceber dois pequenos círculos verdes, e
abaixo, dois pequenos círculos vermelhos.
Figura 12 – Anaglifos fusão periférica, central e
estereopsia, na divergência

Na Figura anterior, os círculos maiores estão representados em preto e cinza para dar a
sensação de profundidade, mas como informado anteriormente, as cores dos círculos são
verde e vermelho.

Em cada pequeno movimento do anaglifo vermelho à esquerda, pergunte ao


paciente se ele consegue visualizar uma única imagem, fusão;

Repita o movimento para treinar a capacidade da divergência;

Após o treinamento da divergência, anotar a última fusão em que ele realizou a


divergência em prismas;
Iniciar o treinamento da convergência deslizando suavemente a lâmina do círculo
vermelho para a direita;

Repita as orientações anteriores agora para a convergência;

Quando fusionar as imagens na convergência, ele relatará que o círculo central


aparecerá mais próximo e menor. As guras centrais aparecerão da seguinte
forma: o quadrado acima, um pequeno círculo abaixo e o “X” na posição central.
Acima dos dois círculos maiores, o paciente deverá visualizar dois pequenos
círculos verdes, e abaixo, dois pequenos círculos vermelhos.

Figura 13 – Fusão periférica, central e estereopsia, na


convergência

Repita o movimento para treinar a capacidade da convergência;

A partir do momento em que ele não conseguir realizar a fusão das imagens
periféricas e centrais, anote a última fusão que realizou a convergência em
prismas.
Duração:

Dois minutos, ou até o paciente relatar cansaço visual.

Importante!
Lembre-se de que nos anaglifos de fusão periférica, central e

estereopsia, o paciente deverá informar que as guras centrais ( □, X,


O) estarão sempre nítidas. E na fusão, a visualização dos dois
pequenos círculos verdes acima e os dois pequenos círculos vermelhos
abaixo, garantirá o treinamento antissupressivo.

Na convergência, o relato do círculo central estar mais à frente e menor, e na divergência o


relato desse mesmo círculo estar mais afastado e maior, é consequência da percepção de
estereopsia.

Veja, a seguir, mais um exemplo da percepção do paciente ao fusionar as imagens nos


diferentes anaglifos.
Figura 14 – Anaglifos variáveis: fusão periférica;
periférica e estereopsia e periférica, central e estereopsia
Fonte: Reprodução

Montagem do Treinamento Visual


A montagem do treinamento visual é especí ca para cada paciente. Não existe um padrão para
todos, como costumamos dizer, não há “receita de bolo”, porque padronizar uma montagem
de treinamento visual para todos não trará resultados e poderá até piorar a condição visual do
paciente.
Figura 15
Fonte: Getty Images

Re ita
Então, o que necessitamos para montar um treinamento visual
adequado?
Necessitamos observar atentamente as informações obtidas na anamnese e nos testes visuais,
que nos trarão os dados da condição visual do paciente e, a partir daí, aplicaremos o
treinamento visual para cada necessidade, sejam elas acomodativas, oculomotoras,
vergenciais etc., sugeridas ao longo desta disciplina.

A queixa principal do paciente deve ser anotada minuciosamente, claro que este é um dos
objetivos a que se destina a montagem do treinamento visual. Portanto, se ele se queixa de
problemas de leitura, será necessário elaborar um treinamento que sane esse problema. O
optometrista poderá decidir por aplicar outros exercícios visuais para que o seu sistema esteja
totalmente equilibrado. Se na avaliação ele não apresentou problemas na motricidade ocular,
por exemplo, pode-se prescrever treinamento para movimentos de perseguição e sacádicos a
m de fortalecer esse sistema.

Você perceberá que alguns treinamentos serão repetidos em quase toda terapia, isso não é
“receita de bolo”, e sim a preocupação em fortalecer o sistema como um todo.

É importante avaliar o grau de di culdade que o paciente apresenta para realizar tais
treinamentos. Devemos iniciar em um grau de menor di culdade e ir aumentando a
di culdade à medida que, para o paciente, a execução se torna mais fácil. Ex.: nas cartas de
Hart, iniciamos com a leitura normal das letras à velocidade do paciente; depois, quando ele
conseguir realizar sem esforço, pedimos que realize com maior velocidade na leitura e, após
conseguir, podemos virar o Hart de “cabeça para baixo” e pedir que ele as leia na maior
velocidade que conseguir, identi cando cada letra. Desta forma, aumentamos o grau de
di culdade à medida que o sistema visual se fortalece. Este é apenas um exemplo. Você, como
treinador visual, deverá ser criativo e estar atento a seu paciente, desde que você saiba para
que serve cada exercício e o que deseja alcançar em seu sistema visual.
Figura 16
Fonte: Getty Images

Importante!
Não se esqueça de veri car se o paciente está comas lentes corretivas
em dia, porque o uso diário de lentes corretivas não ajustadas
prejudicará seu sistema visual, e isso interferirá nos resultados do
treinamento que você montou.
Você já estudou sobre os testes necessários para a avaliação do sistema visual, sendo eles:

Anamnese;

Testes de Acomodação: Donders, Sheard, Ponto Próximo de Acomodação e


Flexibilidade de Acomodação (Flippers);

Testes Vergenciais: Ponto Próximo de Convergência, Testes com Prismas nas


Vergências;

Testes Complementares: Retinoscopia de Nott e Mem;

Testes de Oculomotricidade: Versões, Duções;

Teste de Cobertura (Cover): Para veri car Tropias Manifestas e Forias. Mas as
Terapias sugeridas nesta disciplina são para Problemas Binoculares não
Estrábicos (Somente Forias);

Teste de Cobertura e Prismas: Para medir Tropias e Forias; Teste de Maddox,


Teste de Thorington, Teste de Howell;

Teste de Estereopsia: Titmus, Frisby etc.

A partir da queixa principal do paciente, seus sintomas etc., e dos problemas no sistema visual
que você veri cou por meio da aplicação dos testes abordados anteriormente, você poderá
montar o treinamento visual.

Posteriormente, ainda nesta Unidade, vamos recapitular o conteúdo abordado nesta disciplina,
utilizando alguns estudos de caso com as práticas a serem aplicadas.
Conclusões Gerais sobre Treinamento e Reabilitação do Sistema
Visual
Caro aluno(a), trabalhar a reabilitação do sistema visual do paciente é também a realidade de
um optometrista. Um optometrista não realiza somente a refração e permite que o paciente
volte com os mesmos sintomas para casa. Ele realizará vários testes para entender o que
acontece com o sistema visual de seu paciente e trará soluções com exercícios visuais para
melhorar e equilibrar esse sistema.

Por meio do treinamento de reabilitação, além do conforto visual, pois o paciente deixará de
relatar sintomas, ele também habilitará o seu sistema visual a uma melhor performance,
alcançando mais facilmente suas metas, trazendo melhores resultados em suas tarefas visuais
diárias.

Imagine uma criança que, quando crescer, decidirá estudar medicina, engenharia, optometria,
en m, que queira estudar mais. Se o sistema visual dessa criança não estiver bem adaptado às
suas necessidades de leitura, de adaptação geral para sua vida diária, você acredita que ela
obterá o mesmo desempenho em seus estudos na fase adulta comparado a uma pessoa que
não apresenta problemas no seu sistema visual. Se conseguiu, a que preço e até quando?

Figura 17
Fonte: myopiacare.org
O treinamento visual transforma vidas. Digo isso porque é muito grati cante poder fazer parte
desse processo na vida das pessoas. É, sem ser piegas, apaixonante.

Você pode pensar que são muitos testes e que levará muito tempo na primeira consulta.

Re ita
Pense o seguinte, o paciente vem à consulta, você realiza a anamnese,
faz a refração e aplica alguns testes ortópticos como PPC, PPA,
Versões, Titmus, Teste de Cobertura, Teste de cobertura e prismas, e
de pronto veri ca que as queixas dos sintomas podem ser um
indicativo de treinamento visual devido aos resultados insu cientes
obtidos nesses testes. Então, você pode sugerir que o paciente retorne
a uma segunda consulta. Você deverá explicar que a próxima consulta
levará mais tempo, você realizará muitos testes e poderá avaliar se
será indicado o treinamento para reabilitação visual ou não.

Caso se comprove que o paciente necessita de treinamento visual, pois apresentou valores fora
do padrão em alguns testes, você deverá explicar a real necessidade de ele realizar
treinamento visual. Caso ele concorde, você poderá aplicar o treinamento visual uma vez por
semana em seu consultório e ele se comprometerá em também realizar alguns exercícios em
casa; se ele não puder comparecer ao consultório, deverá se comprometer em realizar os
exercícios em casa e voltará após três meses para reavaliação.

A conclusão é bem simples, se ele zer os exercícios, obterá excelentes resultados, caso volte
após três meses e não apresentar melhoras, a verdade é que não fez os exercícios todos os
dias, como sugerido.

Se o paciente trabalhar o sistema visual, terá seu ganho; se não trabalhar, não haverá ganho,
simples assim! E deixe isso bem claro na segunda consulta.

O mais importante! Você tem que acreditar no trabalho da reabilitação por meio de exercícios
de treinamento visual. Se você não acreditar, não passará con ança ao paciente. Tem que
mostrar que esse trabalho é sério e que traz grandes resultados. Com o tempo, você terá uma
boa coleção de ótimos resultados que também incentivarão o seu paciente.

Existem muitos outros exercícios de reabilitação visual sobre os quais você poderá pesquisar e
que poderá aplicar em seus pacientes. Faça pesquisa em literatura séria.

Como você já sabe, esta disciplina trata do problema de binocularidade não estrábico, caso se
identi que e queira se aprofundar em outros tratamentos, como aqueles para desvios
oculares, ambliopia etc., sugiro que faça um curso de especialização em Ortóptica ou em
Optometria Comportamental. Quanto mais conhecimento, mais ferramentas e soluções você
poderá trabalhar e proporcionar ao seu paciente.

E a respeito do treinamento e reabilitação visual de problemas binoculares não estrábicos


apresentados nesta disciplina, sente-se pronto para fazer parte desse grupo de pro ssionais
da optometria? Seja bem-vindo e excelente trabalho!
Em Síntese
Os anaglifos variáveis são instrumentos que nos permitem trabalhara
acomodação, as vergências, a supressão e a estereopsia do paciente.
Vimos que a montagem do treinamento visual é individualizada a cada
paciente e que o optometrista pode optar por fortalecer outros
sistemas, mesmo que não apresentem valores insu cientes. Esta
disciplina apresenta alguns exercícios com recursos simples e outros
mais so sticados; o optometrista poderá escolher entre esses métodos,
de acordo com a situação e o paciente.

Recapitulando os Exercícios de Treinamento Visual

Reabilitação da Motilidade Ocular

Bola de Marsden em círculos;

Bola de Marsden para frente e para trás;

Movimento de versões para perto;

Movimento de versões para longe;

Movimento dos olhos em espiral para perto (dedo polegar);

Movimentos Sacádicos: King Devick I;


Movimentos Sacádicos: King Devick II;

Movimentos Sacádicos: King Devick III;

Movimentos de perseguição para perto com quadros de busca;

Movimentos de perseguição para perto com labirintos;

Movimentos de perseguição para perto com vectogramas;

Movimento de perseguição para longe com caneta a laser.

Antissupressivos

Barras para leitura verde e vermelho;

Queiroscópio.

Reabilitação Vergências – Convergência e Divergência

Treinamento para insu ciência de convergência com miçangas e o de nylon;

Cordão de Brock I;

Cordão de Brock II;

Cordão de Brock III;

Cartão de convergência de Barrel;

Cartão de convergência de três bolas;


Anaglifos para a convergência;

Anaglifos para a divergência;

Anaglifos fusão periférica;

Anaglifos fusão periférica e estereopsia;

Anaglifos para fusão periférica, central e estereopsia.

Reabilitação na Insu ciência de Acomodação

Leitura em saltos para longe e perto;

Leitura em aproximação para perto e em saltos para longe e perto;

Leitura para perto com Flippers;

Leitura para perto com Flippers (óculos verde e vermelho) e cartões deHart para
perto e longe verde e vermelho.

Expansão da Percepção da Retina Periférica

Cartões de MacDonald.

Bem, vamos imaginar que você já realizou a anamnese, sabe as queixas visuais do paciente,
realizou os testes e os dados apontam para algumas debilidades no sistema visual, a partir daí
você já tem em mãos os exercícios sugeridos para aplicação no treinamento visual, então o
que falta é montar os exercícios que o paciente deverá realizar, a montagem do treinamento
visual.
Darei uns exemplos de estudo de caso para a montagem de treinamento visual. Você está
pronto? Então, vamos ao trabalho!

Estudo de Caso 1
Paciente, L.M.V., 20 anos, chega ao consultório com queixas de que não consegue um bom
desempenho na escola e descon a de que o problema está na visão, percebe que não
memoriza o que lê e sente cansaço visual, sonolência e dores de cabeça na região frontal e
temporal. Diz que está em época de estudos para ingresso na faculdade e que precisa muito
que seu sistema visual melhore.

Vamos imaginar que você realizou os testes e veri cou insu ciência de convergência, exoforia
de 8DP para perto, insu ciência de acomodação e supressão no olho direito. Os movimentos
oculomotores se mostraram com hipofunção em alguns músculos.

Na Prática

Montagem do Treinamento Visual 1

Bola de Marsden em círculos (para melhora da oculomotricidade);

Miçangas e o de nylon (para melhora da insu ciência de convergência);

Cordão de Brock I (melhora da convergência e divergência);

Leitura em saltos: perto e longe (melhora da acomodação);

Movimento de versões para perto (eliminar a hipofunção);

Leitura para perto com Flippers (melhora da acomodação);


Anaglifos fusão periférica e estereopsia (melhora da supressão e estereopsia);

Palmas (descanso visual).

Duração de cada exercício: em média, dois minutos, podendo variar de acordo com cada
paciente.

Forma de realização: poderá ser feito biocular (olho direito, olho esquerdo –  separadamente)
e, após, binocular. De preferência, peça ao paciente, se possível, para permanecer em pé
durante o treinamento.

No descanso visual (realizado com as palmas), o paciente deverá car com os olhos fechados;
as palmas cam sobre os olhos, sem apertá-los, por, ao menos, sete minutos.

Lembre-se de adaptar o exercício, escolhendo o apropriado, de acordo como treinamento


visual. Por exemplo, se o paciente realizar em casa, os materiais sugeridos deverão ser mais
simples, não se indicando os Flippers ou Anaglifos, por exemplo. Se você puder ter esses
instrumentos, assim como outros sugeridos nesta disciplina, e aplicar no paciente em seu
consultório, então, ótimo! Caso contrário, dê ferramentas de trabalho ao paciente que ele
possa realizar em casa, como miçangas e o de nylon.

Além da presença no consultório para a terapia visual, é essencial que o paciente também
realize alguns exercícios em casa.

Com base no caso do mesmo paciente, peça que ele realize também exercício em casa, todos
os dias, com materiais que possa obter. Você poderá oferecer “kits” de terapia visual para
facilitar, emprestando ou mesmo disponibilizando para venda.

Lembre-se de aumentar o grau de di culdades à medida que o exercício se tornar fácil em sua
realização.
Após oito semanas, você poderá montar outros exercícios para que o sistema visual não se
adapte e não resulte em bons resultados por não desa ar o sistema.

Estudo de Caso 2
Paciente R.J.S., 8 anos, está com muitas di culdades em seu aprendizado na escola; segundo a
professora dele, tem se tornado não concentrado e disperso em suas tarefas. Não se sente
motivado a realizar tarefas de leitura, tem tirado notas baixas em português, história,
geogra a, matemática e inglês, e reclama quando tem que estudar. Nos esportes, tem se
mostrado bastante lento e evita participar de jogos que exijam trabalho em grupo e
movimentos com a bola.

Após ajustar o seu sistema visual a uma nova refração, o optometrista veri cou que ele ainda
apresenta problemas de insu ciência de acomodação, insu ciência de convergência, foria em
E de 7DP, estereopsia de 100” (segundos de arco), movimentos oculares instáveis com
hipofunção em dois músculos. Devido ao fato de o paciente estar com 8 anos, iniciaremos o
treinamento visual com exercícios mais simples em sua execução, mas que surtirão efeitos
bené cos ao seu sistema visual.

Na Prática

Montagem do Treinamento Visual 2 

Bola de Marsden: para frente e para trás (melhorar motilidade ocular e


convergência e divergência);

Cartão de MacDonald (melhorar a percepção periférica);

Leitura para perto e longe (melhorar a acomodação);

Cartão de convergência 3 bolas (melhorar a convergência);


Movimento de versões para perto (melhorar motilidade ocular);

Movimento de perseguição para perto com labirinto (melhora do movimento de


perseguição para perto);

Movimento de perseguição para longe com caneta a laser (melhora do movimento


de perseguição para longe);

Palmas (descanso visual).

Observe que muitos outros exercícios poderiam ser escolhidos para bene ciar o sistema visual
desse paciente, mas não podemos exceder em quantidade, porque muitos exercícios aplicados
em uma única terapia exigiriam muito do sistema visual. Mas lembre-se de que você, após
oito semanas, poderá variá-los e até aumentar o grau de di culdade do exercício.

Na primeira consulta, antes da refração, você poderá aplicar os testes ortópticos no paciente e,
após a refração, repeti-los. Se na repetição dos testes você observar que os resultados obtidos
caram normais, podemos acreditar que as lentes corretivas da refração bene ciarão o
sistema visual do paciente e farão com que ele desempenhe suas tarefas sem esforço ou
sobrecarga do sistema, com eliminação dos sintomas. Portanto, as novas lentes corretivas que
você indiciou já fazem parte do tratamento do paciente e não será necessário o treinamento de
reabilitação com exercícios visuais.

Para os pacientes que farão treinamento com exercícios visuais, após três meses, você poderá
reavaliar seu sistema, realizar os testes e veri car se os valores desses testes melhoraram,
assim como veri cará se os sintomas relatados pelo paciente e/ou familiares melhoraram ou
deixaram de existir.

Elabore chas de atendimento com os testes ortópticos (Ortóptica II) e optométricos (Testes
Preliminares em Optometria) que realizará, com os dados desses testes na primeira consulta,
trazendo as informações da evolução do desenvolvimento visual do paciente. Desta forma,
você poderá demonstrar, em um relatório nal, os ganhos visuais em função da boa refração e
do treinamento com exercícios visuais.
Estudo de Caso 3
Paciente B.V.A, 70 anos, veio ao consultório com queixas de hiperemia, cansaço visual,
sonolência e lacrimejamento excessivo durante leitura. A leitura se tornou lenta, apresenta
enjoo quando está no carro em movimento e os sintomas pioram no nal do dia.

Nos testes, ele apresentou problemas vergenciais fusionais na convergência e divergência,


insu ciência na motilidade ocular, esoforia de 8DP e insu ciência de convergência para perto.

O treinamento do sistema visual reabilita pacientes de todas as idades.

Na Prática

Montagem do Treinamento Visual 3

Anaglifos para a convergência (melhorar a fusão na convergência);

Anaglifos para a divergência (melhorar a fusão na divergência);

Cordão de Brock II (melhorar a insu ciência de convergência e trabalhara


divergência);

Carta de MacDonald (melhorar a visão periférica);

Movimento de perseguição para perto com vectogramas (melhorar a velocidade de


leitura e diminuir sintomas na leitura);

Movimentos sacádicos King Devick III (melhora da capacidade de leitura,


velocidade, discriminação de letras, atenção e xação);
Movimento de perseguição para longe com caneta a laser (melhorar o movimento
ocular para visão de longe);

Palmas (descanso visual).

É importante trabalhar sempre que possível a visão periférica em qualquer idade; nesse caso, o
paciente apresenta problemas de enjoo em transporte em movimento, indicativo de que seu
sistema vestibular pode estar comprometido. Trabalhando a periferia da retina, bene ciará o
sistema vestibular e equilíbrio do paciente. Esse assunto é tratado em estudos sobre visão e
postura na ortóptica e optometria comportamental.
TEMA 2 de 3

ʪ Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta


Unidade:

  Vídeos  

Test Anaglifos Variables/Fijos Paso a Paso – Terapia Visual

Test Anaglifos Variables/Fijos paso a paso - Terapia Visual.


10 Ótimos Exercícios para Melhorar a sua Visão

10 Ótimos Exercícios para Melhorar a sua Visão

  Leitura  

Anaglifos Fixos e Variáveis

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ACESSE
TEMA 3 de 3

ʪ Referências

BARRY, S. R. Ver en Estéreo. Madri: Bga Asesores, 2012.

FRIEDMAN, E.; LULOW, K. Programa de Treinamento da Visão. São Paulo:Summus Editorial,


1987.

GARCÍA, R. B.; MARCH, E. P. Terapia Visual. Pràctques: Disfuncionesde Binocularidad y de


Acomodación. Catalunha: Ap Euoot, 2011. Disponível em:<https://upcommons.upc.edu/oer?
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