Você está na página 1de 32

O Helenismo

Referência:

GALLAZZI, Sandro. Israel na História.


Seu povo, sua fé, seu livro. São
Leopoldo: CEBI, 2011, p. 164-171
- Hélade = Grécia
- Heleno = Grego
- Helenismo = é uma cosmo visão,
uma maneira de viver,
de construir relações sociais,
de fazer cultura,
de organizar a sociedade.
- Os gregos passaram a exportar esse
tipo de sociedade a partir do séc. V a.C.
Principais características
do Helenismo:
1 - A polis
2 - O mercado
3 - As colônias
4 - A conquista dos mares
5 - O latifúndio escravista
6 - O materialismo filosófico
A polis
- Cidades livres: eixo da organização política.
- Organização autônoma em nível político e econômico.
- Disputas entre cidades pela hegemonia comercial.
- Cidades diferentes:
numa governava um conselho popular; noutra, um tirano
numa a aristocracia; noutra, um rei.
Mas cada uma defendia sua autonomia.

- O demos era a população livre, masculina e urbana (os homens livres são os
elementos centrais da política helenística).
O Estado deve servir os homens livres.

- O laos eram os escravos, as mulheres e os camponeses (não decidem, não


contam, não valem, não merecem consideração).
 
- Esta filosofia servia para legitimar e garantir a nova ordem da polis, do
mercado internacional e do latifúndio escravagista.
O mercado
- O mercado livre é o eixo da organização econômica
do helenismo.
- O comércio não era mais controlado pelo palácio.
- O mercado era livre e controlado pelas cidades.
- Cada cidade era um empório, onde era possível
comprar e vender tudo (Empório: bazar, armazém,
porto, cidade, região de grande atividade comercial)
- A circulação de riqueza, mais do que seu acúmulo em
palácios, era o fator de geração de riqueza.

- Ap 18,12-13.
As colônias
- O pequeno território grego era incapaz de produzir em
quantidade suficiente para abastecer o mercado
- Consequência: quase todas as cidades gregas criaram colônias
fora da Grécia
- Funções das colônias:
Ampliar a produção de mercadorias
Servir de postos avançados para abrir novos mercados
Servir de pontos de integração entre regiões
- Dentro dos estados oficialmente constituídos, existia uma rede
autônoma de cidades com suas colônias, quase uma instituição
paralela (geralmente mais poderosa e mais rica que o próprio
estado, que os reis)
O Estado grego, o palácio, tinha a
função de manter livre o fluxo de
mercadorias nas estradas e
nos mares.

O Estado não controlava o mercado,


mas estava a serviço do comércio
livre das cidades.
A conquista dos mares
A conquista dos mares
- Inovação grega: se os reis imperialistas anteriores
controlavam as terras (exército, pedágio, tributo,
concessões), os gregos controlavam os mares.

- Nos mares, o comércio era livre, linha autonomia


diante do fisco.

- Riscos: piratas e fiscais de algum porto de cidade


não livre.
O latifúndio escravista
- Para atender a um mercado crescente, é preciso
aumentar a produção.
- A resposta é um novo modo de produção, mais
aperfeiçoado e mais produtivo: o latifúndio escravista.
- O trabalhador não é dono, mas é comprado como
escravo e trabalha como máquina.
- Dever do amo: alimentar o escravo para que
continue em condições de produzir.
- Capatazes dirigem vários escravos para produzirem
de maneira eficiente o que o mercado decide
comprar e vender.
O materialismo filosófico
- O materialismo filosófico passa a ser a religião da
polis, do mercado, do latifúndio escravista.
- A religião popular, a religião do estado, continua
explicando a história como fruto do relacionamento,
das brigas e dos amores dos deuses entre si e com a
humanidade.
- A religião do mercado internacional é a filosofia
materialista, que busca elementos unificadores da
realidade cada vez mais plural.
- Os filósofos dos séc. V e IV a.C. teorizam uma filosofia
mais moderna, mais internacional, uma nova
maneira de pensar Deus.
Sócrates, de Atenas (469-399 a.C.)
Platão, de Atenas (428-348 a.C.)
Aristóteles,
de Atenas
(384-322 a.C.)
Aristóteles foi o educador de
Alexandre Magno (336-323 a.C.).
O monoteísmo é o ponto de partida e de
chegada de toda criação, mas não é
mais um Deus que atua na história. É
um Deus absoluto, infinito, metafísico,
fica longe, fora da história. Deus existe,
mas é dispensável na história humana.

A causa do conflito está dentro do ser


humano, constituído por dois
elementos em conflito: alma e corpo.
O elemento espiritual, a alma, deve
governar o elemento material, o corpo.
Este conflito se reproduz em todos os níveis das relações.
Os elementos superiores governam os elementos inferiores.

Deus Espírito Substância Alma Vontade


Razão
Criação Matéria Acidentes Corpo Instintos
Paixões

Humano Sábio Amo Homem Pais

Animal Bruto Escravo Mulher Filhos


É subversão, aberração, é vergonhoso
quando os elementos inferiores
governam os superiores. É ir contra a
imutável lei da natureza.

No Helenismo, é normal, é natural


que o escravo seja explorado e
que a mulher seja submissa.
Foi assim desde sempre e para
sempre assim será.
Algumas
pérolas de
Aristóteles
em seus
argumentos
contra Platão,
na obra
Política
A natureza só faz mulheres
quando não pode fazer homens.

A mulher é, portanto,
um homem inferior.
Porque o homem é, por natureza,
dotado melhor para o comando
do que a mulher.

A pessoa mais velha e plenamente


desenvolvida é, por natureza,
dotada melhor do que a mais jovem
e imatura (Política I, 1259b).
O homem é, por natureza, superior
e a mulher inferior, o homem o
regente e a mulher o súdito.
Todos os seres humanos que diferem
tão amplamente dos outros quanto
a alma do corpo, esses são por
natureza escravos, sendo para eles
vantajoso ser governado por esse
tipo de autoridade (Política I, 1254b).
Por conseguinte, há por natureza
vários tipos de governantes e
governados: o livre governa o
escravo, o homem a mulher, e
o homem a criança, de maneiras
diferentes: ao escravo falta a parte
deliberativa, à mulher a plena
autoridade, ao passo que a criança
a tem de forma não desenvolvida
(Política I, 1260a).
A liberdade das mulheres
prejudica os interesses e a
felicidade da cidade. Como são
a metade do Estado, sua liberdade
faz com que a metade do Estado
negligencie o cumprimento da lei
(Política II, 1269b).
O Helenismo e a
comunidade judaica
O Helenismo e a comunidade judaica
Desde a época persa, os judeus se
acostumaram a conviver em harmonia
com o império (Esd 7; cf. v. 26)

Principal obrigação: pagamento de


tributo (1Mc 10,29-33)

Na comunidade judaica, o templo era o


grande depósito das riquezas (2Mc 3,6.11)
A mentalidade grega tomou conta do coração
de quem vivia nas cidades da Judeia
(sacerdotes e elites), convivendo em harmonia:

• Cidade (2Mc 3,1-3)


• Superioridade do trabalho intelectual
(Eclo 38,24-39,11)
• Inferioridade da mulher
(Eclo 25,1.24; 26,18; 42,9-14)
• A escravidão (Eclo 33,25-29)
• Deus confere autoridade ao soberano (Eclo 10,1-5).
Mística de resistência, espiritualidade
da casa do campo
- 1Mc 1,1-9; 2Mc 7; cf. vv. 22-23.27-29
(o campo resiste)
- 2Mc 4 descreve a disputa entre as
elites da cidade e o povo da roça.
- Ecl
- 1-2Mc
- Jt (cf. cap.8)
- Dn (Dn e Jt: apocalíptica)

Você também pode gostar