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INTRODUÇÃO À

FILOSOFIA
SEMANA 12 – INTRODUÇÃO À ÉTICA
RECAPITULANDO NOSSOS ENCONTROS
PRECEDENTES
PRINCIPAIS VERTENTES DA ÉTICA
NORMATIVA
Ética normativa

Ética Ética
Ética das virtudes
deontológica consequencialista
Por ética das virtudes nós vamos entender a vertente da ética normativa que
dá maior ênfase às virtudes e ao caráter moral do que às regras e às
consequências.
A virtude é uma disposição  orientação,
organização, estado de possibilidade.
ÉTICA
DEONTOLÓGICA
• Dentro do domínio das teorias
morais que avaliam as nossas
escolhas, os deontologistas -
aqueles que subscrevem as
teorias deontológicas da
Deontologistas Consequencialistas moral - contrapõem-se aos
consequencialistas.
É isso o que significa a perspectiva
deontológica?

Fiat iustitia et pereat


mundus
Tentativa de definição

Para as vertentes Uma ação moral vale como


deontológicas da ética, as eticamente correta quando
considerações de natureza ela segue máximas que são
teleológicas e empírico- boas em si mesmas.
pragmáticas estão excluídas
da fundamentação moral.
Liberdade

Para Kant, a liberdade humana A moral não consiste em se


é o fundamento último de sua fazer o que se quer, mas sim
existência e de sua em não ser determinado por
moralidade. forças exteriores.

Autonomia significa dar a si mesmo sua própria lei.


Motivo ou orientação

Se uma ação não pode ser O que interessa a Kant é que


julgada por seus efeitos tenhamos agido
(sempre variáveis e racionalmente, dirigindo
contingentes), o critério da nossa ação para se conformar
eticidade deve estar no com a lei moral que demos a
motivo determinante do agir. nós mesmos.
Imperativo Imperativo
hipotético categórico

Formulação de um dever
Juízo para se atingir um que independe de
fim a partir de um certo qualquer juízo de
meio adequação entre meios e
fins

Se deseja-se A, deve ser B. Deve ser A

Exemplo: um manual de
Exemplo: as regras morais
instruções
i. Kant vai enunciar o imperativo
categórico de formas diferentes. Máximas são princípios
subjetivos que estabelecem
ii. Age apenas de acordo com aquela regras de autogoverno. Ou seja,
preceitos que determinam uma
máxima que você pode, ao ação racional.
mesmo tempo, querer que seja
uma lei universal;

iii. Age de tal modo que você trate a


humanidade, quer seja em você
quer seja em outrem, sempre
como como fim em si mesma, e
nunca como meio.
Capacidade de
generalização da
conduta
Universalidade
Saída dos
apetites
individuais
Imperativo
Categórico
Respeito
Fim em si
mesmo
Dignidade da
pessoa humana
ÉTICA
CONSEQUENCIALISTA
Definição preliminar do
consequencialismo
O termo "consequencialismo" parece ser
O consequencialismo é a visão usado para se referir a qualquer
de que as propriedades
normativas dependem apenas
descendente do utilitarismo clássico que
das consequências das ações. permaneça suficientemente próximo de
seus ancestrais nos aspectos
importantes.
O que é, então, este utilitarismo, pai de todas as
posições ditas consequencialistas?
John Stuart Mill (Londres, 20 de maio de 1806 –
Avignon, 8 de maio de 1873)
Jeremy Bentham (Londres, 15 de
fevereiro de 1748 — Londres, 6 de
junho de 1832)

Henry, Sidgwick ( Skipton


31 de maio de 1838 -
Cambridge, 28 de agosto
de 1900).
A natureza colocou a humanidade sob o governo de dois
mestres soberanos, dor e prazer. É somente a eles que
cabe apontar o que devemos fazer, bem como determinar
o que devemos fazer. Por um lado, o padrão de certo e
errado, por outro, a cadeia de causas e efeitos, são fixados
em seu trono. Eles nos governam em tudo o que fazemos,
em tudo o que dizemos, em tudo o que pensamos: todo o
esforço que pudermos fazer para descartar nossa sujeição,
servirá apenas para demonstrá-la e confirmá-la. Um
homem pode fingir abjurar seu império em palavras: mas
na realidade, ele permanecerá sujeito a ele durante todo o
tempo. O princípio da utilidade reconhece essa sujeição, e
a assume para a fundação desse sistema, cujo objetivo é
criar o tecido da felicidade pelas mãos da razão e da lei (An
Introduction to the Principles of Morals and Legislation,
1789).
COMO ENTENDER O PROJETO DE BENTHAM?

EMPIRISMO

SOBERANIA DA LEGISLAÇÃO

CONTRA A FICÇÃO DO DIREITO NATURAL

MORALIDADE ESCLARECIDA

COMBATER A TEORIA DOS SENTIMENTOS MORAIS


PRINCÍPIO DA UTILIDADE OU DA MÁXIMA FELICIDADE

A soma total do bem para todos menos a


soma toda do mal é superior ao total do
bem menos o mal de qualquer outra ação
disponível.
PRINCÍPIO DA UTILIDADE OU DA MÁXIMA FELICIDADE

O TRABALHO DO LEGISLADOR É
MAXIMIZAR A FELICIDADE DO SEU POVO.

A PALAVRA UTILIDADE NÃO É SINÔNIMO, AQUI, DE PURO VALOR DE


USO, PURA ADEQUAÇÃO DE MEIOS A FINS. ÚTIL SIGNIFICA
”INSTRUMENTO PARA A FELICIDADE”, E NÃO EXCLUI CONSIDERAÇÃO
COMO PRAZER, BELEZA, ETC.
Ideia de Princípio
comunidade englobante
Quando Bentham usa a frase " a maior felicidade do maior
número", no entanto, ele invariavelmente quer dizer:

1. os interesses dos muitos indefesos devem ter


precedência sobre os interesses de uns poucos
poderosos,

2. se um determinado benefício não puder ser fornecido a


todos, então ele deve ser fornecido ao máximo de
pessoas possível.
Prazer e dor

Por utilidade entende-se a propriedade em


qualquer objeto, por meio da qual ela tende
para produzir benefício, vantagem, prazer ou
felicidade (tudo isso no presente caso vem a ser
a mesma coisa) ou (o que vem de novo a ser a
mesma coisa) para evitar que aconteçam males,
dor, maldade ou infelicidade (Bentham,
"Introdução aos Princípios da Moral e
Legislação", [1789], citado em Singer (ed.),
Ethics, 307)
Prazer e dor: o utilitarismo como hedonismo

Para Bentham, os prazeres e as dores não são


Os prazeres são determinados pelo seguinte
qualitativamente diferenciados. Ele pertencem a conjunto de fatores:
uma mesma escala e são comparáveis
quantitativamente.
• Intensidade
• Duração
• Certeza ou incerteza
• Propensão ou afastamento
• Fecundidade
• Pureza
• Extensão
• Mendicância

• Crime

• Panótico
Três principais objeções ao utilitarismo

Valores como
Direitos
conversores Excessividade
individuais
gerais

Forma de defesa do Não é possível


indivíduo contra a comparar prazeres e
sociedade dores
O utilitarismo nos
demanda fazer
coisas que não
Há valores que não somos obrigados
Direitos deveriam podem sequer ser
ser trunfos de mensurados, porque
minorias estão fora de todo
comércio possível
Três principais objeções ao utilitarismo

Valores como
Direitos
conversores Excessividade
individuais
gerais
Ex: Podemos Ex: Se você
torturar a Ex: Podemos doar todo o
filha de um colocar um seu dinheiro,
suspeito de preço em você
colocar uma valores como aumentará a
bomba em vida e felicidade
um prédio dignidade? agregada da
público? comunidade
Para entender melhor o significado dessas
objeções, precisamos meditar um pouco mais
sobre o porque de o utilitarismo nos parecer
tão racional
A essência do utilitarismo é: uma sociedade bem ordenada e,
portanto, justa, é aquela em que as instituições se organizam para
realizar a maior soma possível de satisfação para o conjunto de
indivíduos que faz parte da sociedade.

Há uma premissa oculta


nessa argumento...
P1: O bem estar dos indivíduos é composto
por uma série de satisfações A justiça social é a aplicação de
experimentadas em diferentes momentos
da vida individual;
um princípio de prudência
racional ao bem estar de um

P2: A sociedade funciona exatamente da
mesma forma que um indivíduo; grupo considerado como
C: O bem estar da sociedade é composto agregado.
pela satisfação da pluralidade dos sistemas
de desejos de seus indivíduos.
O utilitarismo é atraente
porque ele propõe que
orientamos a ação coletiva
da mesma maneira como
orientaríamos nossos
interesses privados.
O bem e o justo

• O utilitarismo define o bem independentemente do justo;

• O justo é subordinado ao bem: é justo aquilo que maximiza o


bem.

• Como é quase imediato que definamos a racionalidade como a


maximização de algo, essa posição parece perfeitamente
racional.
O PERCURSO INTELECTUAL DE MILL

• John Stuart Mill (Londres, 20 de


maio de 1806 – Avignon, 8 de maio de 1873);
• Princípios de Economia Política (1848);
• A Liberdade (1859);
• Utilitarismo (1861);
• O Governo Representativo (1861);
• Sujeição das mulheres (1869).
Proteção
Liberdade de
Minorias

O modelo do raciocínio é, ao final, a tolerância


religiosa.
O PRINCÍPIO DA AUTO-PROTEÇÃO OU DO
DANO
• Necessidade de encontrar um princípio para julgar
racionalmente;

• Princípios não se apresentam com clareza: como provar


um princípio? Provas e demonstrações indiretas;

• Baseia-se numa noção expandida de utilidade


(utilitarismo): em busca do interesse.
É o princípio de que o único fim para o qual as pessoas
têm justificação, individual ou coletivamente, para
interferir na liberdade de ação de outro, é a
autoproteção. É o princípio de que o único fim em função
do qual o poder pode ser corretamente exercido sobre
qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra
a sua vontade, é o de prevenir dano a outros. (...) A única
parte da conduta de qualquer pessoa pela qual ela
responde perante a sociedade, é a que diz respeito aos
outros. Na parte da sua conduta que apenas diz respeito
a si, a sua independência é, por direito, absoluta. Sobre si,
sobre o seu próprio corpo e a sua própria mente, o
indivíduo é soberano” (Mill, A liberdade, Introdução).
A IDEIA DO UTILITARISMO

• “O credo que aceita a utilidade, ou a maior felicidade,


como fundação da moral, defende que as ações são
corretas na proporção em que tendem a promover a
felicidade, erradas na proporção em que tendem a
promover o inverso da felicidade. Por felicidade entende-
se o prazer, e a ausência de dor. ”
• O princípio do dano deve
ser promovido porque ele
defende o individualismo;

• O individualismo deve ser


defendido porque é do
Princípio do Individualism Utilitarismo interesse do indivíduo o
Dano o
auto-desenvolvimento;

• Sempre interessa ao
indivíduo, segundo o
princípio da utilidade, o
próprio desenvolvimento.
A LIBERDADE É SEMPRE BOA (ÚTIL) PORQUE ELA
SEMPRE TENDE A PROMOVER O DESENVOLVIMENTO
HUMANO.
A proposta de John Stuart Mill

• Mill vai formular a mais conhecida


tentativa de defesa do utilitarismo
contra as críticas apontadas acima;

• No texto Da liberdade, Mill oferece


uma defesa dos direitos individuais
mostrando que, no longo prazo, sua
proteção é devida porque gera
maior felicidade agregada.
A proposta de John Stuart Mill

• Mill também tentará mostrar que é


possível introduzir uma dimensão
qualitativa na apreciação do
princípio de utilidade;

• Parte de uma visão das finalidades


do homem enquanto elevação à
cultura;

• Utiliza um procedimento de escolha


agregativa para saber se um valor é
mais elevado que outro.
VARIAÇÕES E PROPOSTAS ATUAIS NO CAMPO
UTILITARISTA
O QUE É O BEM ESTAR?

Hedonismo

Teoria das preferências

Teoria objetiva
QUAL É O ESCOPO DO UTILITARISMO

Ações

Regras

Instituições
DIREITOS DOS ANIMAIS?

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