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Faculdade de Imperatriz – FACIMP


Curso de Farmácia

Bioquímica I

Nucleotídios e Ácidos Nucléicos


Parte I

Nucleotídeos e Ácidos Nucléicos

• Papel de nucleotídeos no metabolismo celular:

▫ Constituinte dos ácidos nucléicos  RNA e DNA

▫ Fonte de energia no metabolismo  ATP

▫ Molécula-sinal em respostas celulares  cAMP

▫ Componente estrutural de enzimas e co-fatores 


NAD, FAD, etc.

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Nucleotídeos e Ácidos Nucléicos


• DNA: Armazenamento da informacão genética
▫ Estabilidade

• RNA: várias funções

▫ RNA ribossomal (rRNA) - componentes estruturais de ribossomos

▫ RNA mensageiro (mRNA) – intermediário de “descodificação”

▫ RNA transferência (tRNA) - moléculas adaptadoras que traduzem


informação do mRNA em aminoácidos

Dogma Central

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Gene
(informação codificada)

RNA mensageiro
(transporte da informação)

Ribossomos
(fábricas de proteínas)
RNA transportador
Estímulos químicos intracelulares

CONTROL E MANUTENÇÃO DA VIDA!

Ácidos Nucléicos
RNA e DNA

Unidades:
• Pentose (5 C)
• Base nitrogenada – pirimidinas
purinas

• Fosfato - grupamento com ligação no C 5 do


açúcar da molécula

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Nucleotídeos
• Base nitrogenada + Pentose + Fosfato
• Nucleosídeo = Base nitrogenada + Pentose

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Pentoses
• Ribose em RNA
• 2’-deoxi-ribose em DNA

Observe o carbono 2 da molécula de açúcar!

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Nucleotídeos
Base nitrogenadas
• Pirimidina: Timina, Uracil e Citosina
• Purina: Adenina e Guanina

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Ácidos Nucléicos
Numeração:
• Pentose = Carbonos – 1 ao 5 carbono

• Base nitrogenada – pirimidinas = 1 ao 6 carbono


purinas = 1 ao 9 carbono

• Ligação pentose – pirimidina – C 1 do açúcar com o


N 1 da base nitrogenada

pentose – purina – C 1 do açúcar com o N 1
da base nitrogenada

• Fosfato – 5 C do açúcar:
▫ mono-, di-, tri- = fósforo (α β ᵧ)
α = ligação éster (baixa energia)
β ᵧ = ligação fosfoanidro (alta energia)

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Ligação
Fosfodiester

Unidirecional
5’  3’

Carbono 3 do açúcar

Carbono 5 do açúcar

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Estrutura do DNA
• 2 cadeias independentes;

• Dupla hélice com o giro para sentido da direita;

• Hélices anti-paralelas; A–T


(U)
• Complementariedade das bases; C- G

• Eixo externo hidrofílico - deoxiribose + fosfato;

• Bases hidrofóbicas (planas) no interior;

• Bases ligadas pontes de H + empilhadas (stacking);

• Major groove e Minor groove (ondulação ou sucos do DNA)

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Estrutura do DNA
Estabilidade da estrutura secundária:
1. Pontes de H – pareamento Watson e Crick
distância correta entre as ligações A -T e G – C

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A história por trás da HISTÓRIA!

A maior descoberta do século veio de um FURTO!


Watson & Crick

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Estrutura molecular do DNA


• 1953 – Francis Crick e James Watson trabalham juntos
no campus da Cambridge University;
▫ Usavam móbiles, restos de objetos para montar o esqueleto da molécula de DNA

• 1950 (três anos antes) – primeiras deduções de que o


DNA era responsável por guardar carga genética;

• A pergunta era?
COMO O DNA FAZ ISSO?
Para chegar até a resposta era necessário deduzir a
estrutura do DNA!

Começa a corrida ....

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Estrutura molecular do DNA


• 1951 – Informações difusas...

▫ Erwin Chargaff – detecta seqüência de nucleotídeos;

▫ Oswald Avery – DNA x bactérias:


 transmissão de informação para as cepas bacterianas;

▫ Linus Pauling – conceitos de alfa-hélice protéica.

Enquanto isso.... nos corredores da


Cambridge University...
Watson & Crick tentam juntar
informações e montar
o quebra-
cabeça da
história!

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Estrutura molecular do DNA


• O que também ocorria em Cambridge?

• Rosalind Franklin – cientista trabalhava com cristalografia:

▫ Imagens bidimensionais da molécula de DNA;


▫ Janeiro de 1953 – filmes de raio X revelam a estrutura do DNA;
▫ Confirmação do modelo de alfa-hélice;

• Crick soube de Rosalind Franklim e ROUBOU uma das


fotos de raio X!
• Em fevereiro os dois terminam o primeiro modelo do
DNA!

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Watson Crick

Franklin

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O artigo publicado por


Watson & Crick!

25 de abril de 1953

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Propriedades de Nucleotídeos

• Moléculas altamente conjugadas afetando


estrutura, distribuição de elétrons e absorção de
luz UV;

• Moléculas planas (pirimidina) ou quase planas


(purina);

• Absorbância máxima - cerca 260 nm.

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Espectro de absorbância de nucleotídeos

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Química de Ácidos Nucléicos


Estabilidade do DNA - depósito genético!

Propriedades

• Desnaturação = separação da dupla fita


▫ quebra das pontes de H
▫ causado por calor ou pH (e proteínas in vivo)

• Renaturação ou anelamento
▫ decréscimo da temperatura ou pH

• Alteração na Absorbância (UV) Abs 260 nm


▫ hipocromicidade: renaturação
▫ hipercromicidade: desnaturação

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Faculdade de Imperatriz – FACIMP
Curso de Farmácia

Bioquímica I

Nucleotídios e Ácidos Nucléicos


Parte II

Prof. Edem Oliveira Milhomem Filho


Farmacêutico Generalista

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O DNA pode ocorrer em formas


tridimensionais diferentes

• O DNA é uma molécula de elevada


flexibilidade;

• Essa flexibilidade não afeta


propriedades:
▫ Complementariedade das fitas;
▫ Pareamento A=T ou G=C.

• A estrutura proposta por Watson e


Crick refere-se apenas a
chamada forma B do DNA:
▫ É a forma mais estável do DNA

• Existem ainda duas variantes: forma A


e forma Z do DNA.

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O DNA pode ocorrer em formas


tridimensionais diferentes

• Forma A
▫ Possui dupla hélice (sentido helicoidal) de mão
direita;

▫ A hélice é a mais larga (~26Å);

▫ Número de bases pareadas por


volta da hélice é de 11;

▫ As bases estão inclinadas em um


ângulo de 20° em relação ao eixo.

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O DNA pode ocorrer em formas


tridimensionais diferentes

• Forma B
▫ Possui dupla hélice (sentido helicoidal) de mão
direita;

▫ A hélice é menos larga que a forma


A, tendo apenas (~20Å);

▫ Número de bases pareadas por


volta da hélice é de 10,5;

▫ As bases estão inclinadas em um


ângulo de 6° em relação ao eixo.

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O DNA pode ocorrer em formas


tridimensionais diferentes

• Forma Z
▫ Possui dupla hélice (sentido helicoidal) de mão
esquerda;
▫ A hélice é menos larga que as demais
formas, tendo apenas (~18Å);

▫ Número de bases pareadas por volta da


hélice é de 12;

▫ As bases estão inclinadas em um ângulo


de 7° em relação ao eixo.

▫ Estrutura mais delgada (alongada) e


com aparência de zigue-zague.

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O DNA pode possuir seqüências com


estruturas não-usuais

• Variações na dupla hélice têm sido observadas de forma


dependente da seqüência de nucleotídeos da fita de DNA;

• Resultado:
▫ Função do DNA alterada;
▫ Formação de uma área propícia de ligação com proteínas;
▫ Ponto de controle para expressão de alguns genes?

• Observa-se curvaturas, dobramentos em forma de


cruz, fitas triplas de DNA e até fitas quádruplas.

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O DNA pode possuir seqüências com


estruturas não-usuais

• PALÍNDROMO
▫ Palavra , frase ou sentença soletrada de forma idêntica quando lida
em qualquer direção;
▫ RELER
▫ ROMA ME TEM AMOR

• O termo é aplicado a regiões do DNA com repetições invertidas


(simetria dupla na fita de DNA);

• Essas seqüências são autocomplementares;

• Potencial de formar grampos (estruturas cuneiformes).

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O DNA pode possuir seqüências com


estruturas não-usuais
(grampo)
• PALÍNDROMO

(espelho repetido)
(cruz)

Quando a repetição invertida


ocorre na mesma fita de DNA

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O DNA pode possuir seqüências com


estruturas não-usuais
• DNAs tríplex
▫ Seqüências triplas da fita de DNA

• Função ainda não elucidada. O que se sabe:


▫ O local da variação é compatível com áreas de replicação,
recombinação e até mesmo de transcrição;
▫ Estudos correlacionam a variação com a capacidade de iniciar e
controlar esses eventos do DNA. Ponte de hidrogênio adicional
para interação com outro
segmento da fita de DNA

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O DNA pode possuir seqüências com


estruturas não-usuais
• DNA H
▫ Tipo de DNA com fita tripla;

▫ Estrutura exótica que ocorre ao longo


de trechos residuais de T e C
alternantes;

▫ Encontrado em regiões envolvidas


com regulação da expressão
gênica;

▫ Necessidade de maiores estudos


sobre a funcionalidade.

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Os RNAs mensageiros codificam


cadeias polipeptídicas

• RNAm
▫ Intermediário que usa informação do DNA na forma codificada
para especificar a seqüência de aa componentes de uma proteína
funcional.

• 1961 – François Jacob e Jacques Monod


▫ Propuseram o nome RNAm pois ele conduziria informações do
núcleo até os ribossomos (citoplasma celular);

▫ Fundamentação: notou-se que o RNAm era encontrado tanto no


núcleo quanto no citoplasma e que sua concentração
aumentava no citoplasma quando a síntese protéica também
estava elevada.

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Gene (DNA)
(informação codificada)

RNA mensageiro
TRANSCRIÇÃO (transporte da informação)
Formação da molécula
de RNAm
Ribossomos
(fábricas de proteínas)
TRADUÇÃO
Síntese protéica

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Os RNAs mensageiros codificam


cadeias polipeptídicas

• No estudo da codificação feita pelos RNAm, o termo cistron refere-


se a gene codificado;

• Alguns RNAm codificam mais de uma cadeia polipeptídica:


▫ Apenas uma codificação: RMAm do tipo monocistrônico;
▫ Mais de uma codificação: RNAm policistrônico.

• Nos procariotos  muitos RNAm são policistrônicos;

• Nos eucariotos  a maioria dos RNAm são monocistrônicos.

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Os RNAs mensageiros codificam


cadeias polipeptídicas

• O comprimento mínimo de um RNAm depende da cadeia


polipeptídica que ele codifica;

• Ex.: para uma cadeia peptídica de 100 aminoácidos seriam


necessários no mínimo 300 nucleotídeos no RNAm;

▫ Deve-se considerar a (segmento codificante)

existência de segmentos
não codificadores na fita de
RNAm. (segmento não-codificante)

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A hélices podem ser desnaturadas


de forma reversível
• TESTES em LABORATÓRIO
▫ Soluções e DNA isoladas e mantidas à temp. ambiente (25°C) e pH 7,0 são
preservadas e possuem aspecto viscoso;
▫ A mesma solução de DNA ao serem submetidas a uma variação de pH
(valores extremos) e temperatura (>80°C) sofrem variações físicas.

• Rompimento das pontes de hidrogênio  separação das bases


emparelhadas  segregação da hélice em duas fitas distintas;
▫ Etapa conhecida como desenovelamento.

• A renaturação (enovelamento) é um processo de reorganização do


emparelhamento das bases:
▫ Ocorre espontaneamente (após normalização de pH e temperatura).

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Dupla hélice
de DNA 1
desnaturação 2 anelamento

1
1 Segmentos de desnaturação

DNA parcialmente
desnaturado
2 2 Segmentos de renaturação

Separação Associação das fitas


1 das fitas 2 por pareamento de
bases ▫ Obs.: cada espécie de DNA
possui uma temperatura de
desnaturação (tm) específica.

1 Fitas de DNA separadas,


com alças aleatórias

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A hélices podem ser desnaturadas


de forma reversível
• Quanto mais pares de base C=G, maior será o ponto de
desnaturação da fita em estudo;

• Ligações triplas requerem mais energia para serem rompidas:


▫ Três pontes de hidrogênio.

• Ligações duplas como A=T requerem menos energia para


desnaturação da fita;

• A determinação do ponto de desnaturação de cada espécie de DNA


sendo estudado sem variações de pH e pressão fornecem
informações sobre a composição da fita.

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Microscopia eletrônica do DNA

• As setas indicam regiões de desnaturação:


▫ Ricas em seqüências de A=T;
▫ Essas áreas desnaturam primeiro do que C=G.

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Outras funções dos nucleotídeos


• As subunidades de ácidos nucléicos podem ter funções
variadas como:

▫ Transportadores de energia
 Fornecimento de energia para reações

▫ Co-fatores enzimáticos
 Moduladores da função de algumas enzimas

▫ Mensageiros químicos
 Sinalizadores

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Outras funções dos nucleotídeos


• TRANSPORTE DE ENERGIA

• Os grupos fosfatos ligados ao nucleotídeos são fontes de


energia;
▫ Podem ser mono, di ou trifosfato
▫ Classificação (α β ᵧ)

α = ligação éster (baixa energia)


β e ᵧ = ligação fosfoanidro (alta energia)

RECAPTULANDO ...

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3 2
Ligação éster
1
(baixa energia)
1

2 Ligação fosfoanidro
(alta energia)

3 Ligação fosfoanidro
(alta energia)

A hidrólise desses nucleosídeos trifosfatados fornece energia para várias


reações bioquímicas.

Ex.: ATP (adenosina 5’-trifosfato)


É o mais utilizado na maioria dos ciclos metabólitos do organismo.

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3 2
Ligação éster
1
(baixa energia)
1

2 Ligação fosfoanidro
(alta energia)

3 Ligação fosfoanidro
(alta energia)

A hidrólise do ATP e de outros nucleosídeos trifosfatafos pode ser quantificada:

- A hidrólise da ligação éster gera 14 KJ/mol


- A hidrólise de cada ligação fosfoanidro gera 30 KJ/mol

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Outras funções dos nucleotídeos


TRANSPORTE DE ENERGIA
NOMENCLATURA DOS NUCLEOSÍDIOS FOSFATADOS

NMPs – nucleosídeos monofosfatos dNMPs – desoxinucleosídeos monofosfatos


NDPs - nucleosídeos difosfatos dNDPs - desoxinucleosídeos difosfatos
NDTs - nucleosídeos trifosfatos dNDTs - desoxinucleosídeos trifosfatos

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Outras funções dos nucleotídeos


• NUCLEOTÍDEOS de ADENINA são componentes
de muitos CO-FATORES enzimáticos

• Várias co-enzimas possuem o grupo adenina em suas


constituição;

• O grupo adenina nesses co-fatores não


participa diretamente na função primária:
▫ Caso o grupo adenina seja retirado a co-enzima perde a função.

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Outras funções dos nucleotídeos


• Alguns NUCLEOTÍDEOS são
moléculas REGULADORAS

• As células respondem ao seu ambiente quanto a presença


de hormônios e sinais químicos externos;

• A intensificação desses sinais extracelulares (mensageiros


primários) sensibiliza receptores da membrana:
▫ Inicia-se a produção de mensageiros secundários;
▫ Resultado: alteração das funções celulares;

▫ Ex.: AMPc (adenosina 3’-5’-monofosfato cíclico)


(um dos mensageiros secundários mais usados)

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