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Diretor de Serviço: Dr.

Jorge Almeida
Coordenador: Dra. Teresa Antunes
Equipa: Dra. Sofia Pereira

Mafalda Mesquita Guimarães


Interna Medicina Física e de Reabilitação
Fisiologia do sistema respiratório
Reabilitação Respiratória

o Prevenção e correção alterações posturais


o Técnicas de higiene Bronco-Pulmonar
o Técnicas controlo respiratório
o Mobilização Torácica e Articular
o Treino da Musculatura Respiratória
o Recondicionamento ao Esforço

Patologia Obstrutiva
Patologia Restritiva

Mensagens finais
Bibliografia
• Trocas gasosas, com objetivo de manter as concentrações de gases no sangue
• 4 grandes eventos funcionais: ventilação, perfusão, difusão e transporte
• Bases anátomo-fisiológicas respiratórias permite compreender melhor as finalidades,
indicações e limitações da reeducação funcional respiratória (RFR).

• Atua essencialmente sobre os fenómenos mecânicos da ventilação externa, influenciando a


ventilação alveolar, a relação ventilação-perfusão e a difusão.
• INSPIRAÇÃO - PROCESSO ATIVO

1. Contração dos músculos inspiratório (diafragma) e consequente expansão ativa da caixa torácica

2. Diminuição da pressão do espaço pleural e movimento de expansão pulmonar passiva, com consequente
diminuição da pressão nos espaços aéreos

3. Diferencial de pressões - entrada de ar até que a pressão nos alvéolos iguale a pressão atmosférica

• EXPIRAÇÃO – PASSIVO

Retração elástica toraco-abdominal e do relaxamento dos músculos inspiratórios

Ativa: expiração forçada, hiperventilação e situações patológicas

Músculos abdominais (oblíquos maior e menor, recto abdominal e transverso) essenciais para uma tosse eficaz
• Tratamento dirigido com objetivo preventivo, curativo ou reparador.
• Patologia obstrutiva, restritiva, neoplásica, infeciosa e cardiovascular
• Avaliação completa e criteriosa do doente
• Principal objetivo: atingir a capacidade funcional máxima, incrementando a eficiência
ventilatória e otimizando a função cardiopulmonar
Objetivos:

o Otimização do transporte de oxigénio e da relação V/Q

o Prevenção de complicações

Feedback visual
o Permeabilidade das vias aéreas, baseando-se em

métodos de limpeza ou de higiene bronco-pulmonar


o Mobilização vs Expulsão
o Redução da viscosidade das secreções e terapêutica

inalatória- técnicas facilitadores


I. Drenagem Postural I. Mecanismo da tosse
II. Percussão, Vibração e II. Técnica de modulação do fluxo expiratório
Compressão III. Aspiração de secreções
o Conhecimento anatómico das VAs e segmentos pulmonares

o Orientação das vias brônquicas para drenar as secreções

o Drenagem de secreções das 21 divisões da via aérea

complementado com outras técnicas (vibração, percussão, ...)

o Não substitui a tosse na drenagem das 6 vias centrais


o Indicações: lesões supurativas
o Contra-indicações:
• Posição de Trendelenburg
• Alterações CV
• Alterações neurológicas
• Alterações abdominais
• Decúbitos laterais
• Bypass axilo-femoral
• Alterações músculo-esqueléticas
o Utilização de forças cinéticas para mobilizar as secreções, facilitar

transporte muco-ciliar, melhorar a ventilação alveolar e o fluxo expiratório

o Manual VS Instrumental (intra ou extra – pulmonar)

o Isoladamente VS em associação
o Vibração: aplicação de vibração (força oscilatória; 12-15Hz) sob a
parede torácica, com a palma da mão

o Percussão: taping rítmico (25-35 Hz) de diferentes aéreas do tórax


com o bordo cubital da mão ou dedos

o Compressão: Auxilio expiratório externo por compressão manual da


grade costal e abdómen superior durante a fase expiratória
o Indicações: doente não colaborante
o Contra-indicações:
o Pulmonares: Hemoptises, pneumotórax ou pneumomediastino, abcesso
pulmonar, neoplasia intra-torácica, pneumonia e tuberculose ativa
o Cardíacas: Arritmias de novo ou não controladas, EAP ou EAM recente
o Músculo-esqueléticas: Osteoporose grave, osteogenese imperfeita,
# torácica recente, metástases dorsais ou costais
o Coagulação: Trombocitopenia (<50.000) ou coagulopatia
Ensino da Tosse Eficaz:
o Consciencialização dos tempos respiratórios
o Sentar numa posição confortável
o Ligeira inclinação da cabeça
o 3 fases:
o Inspiração ampla
o Contração dos músculos abdominais com da glote encerrada
o Expulsão de ar após abertura da glote
Tosse Dirigida
o Simular tosse eficaz intencionalmente, para compensar limitações
físicas que comprometam a tosse espontânea
o Análoga à tosse reflexa (sem a fase irritava)
o Deve ser incluída após realização de técnicas de mobilização de
secreções na tentativa de expulsão de secreções
Tosse Assistida Manual
o Compressões abdominais (na região entre a apófise xifóide e o umbigo)
coordenadas com movimento respiratório
o Acelerar fluxo aéreo, tornando a tosse mais eficaz
o Otimizada: nebulização prévia, insuflação pulmonar prévia e maiores volumes
o Contra-indicações:
o # vertebrais instáveis, costelas ou esterno
o Filtros na VCI (recentes)
Tosse Assistida Mecânica
o Através da utilização de um in-exsuflador mecânico
o Pressão positiva na via aérea (insuflação) seguida de pressão negativa
(exsuflação)
o Alteração súbita de pressão (<0,02seg) induz mobilização secreções

o Contra-indicações:
o Hemoptises, pneumotórax, cirurgia torácica recente, DPOC grave, asma
grave, HIC, instabilidade hemodinâmica, alteração do estado de
consciência
Tosse Assistida Mecânica - Cough Assist®
o Iniciar com pressões de 10-15 cm H2O e ir aumentando 5-10 cm
H2O até atingir pressões efetivas de +/- 35-45 cm H2O
o 6-8 ciclos (cada ciclo com 2 segundos de insuflação e 3 segundos de
exsuflação), com período de descanso de 20-30 segundos entre
ciclo
o Interface: traqueostomia, máscara facial ou peça bucal
Técnicas de aumento do fluxo expiratório:

o Expiração ativa ou passiva de volume, velocidade, força e longevidade

variável
o Fluxo ótimo-> progressão das secreções
o Duas manobras:
o AFE lento ( expiração lenta e prolongada): aéreas periféricas
o AFE rápido (expirição dinâmica após inspiração ampla): grandes
brônquios e da traqueia
Técnicas de expiração forçada (huffing):

o Inspiração seguida de expirações forçadas e abruptas com a glote aberta


o Contração ativa e energética dos músculos expiratórios
o Maior potencial de mobilização de secreções que tosse
o Huff volume médio mobiliza as secreções dos brônquios periféricos,
fazendo-as progredir até aos brônquios principais e à traqueia onde são
eliminados por um huff de grande volume
Drenagem autogénica

o Método de limpeza brônquios que utiliza inspirações e expirações


lentas, controladas e intercaladas
o Geralmente em posição sentada
o 3 fases com diferentes volumes (curtos, médios, longos) de forma a
reunir secreções e expelir
o Limpeza quotidiana sem ajuda de terapeuta
Técnicas que utilizam pressão expiratória positiva

o Aumento Pintra-brônquica  aumento ventilação colateral  mobilização


das secreções
o Atraso colapso brônquico expiratório, diminuição volume residual,
aumento do volume corrente e diminuição da frequência respiratória 
melhor ventilação
o Expiração com lábios semi-cerrados vs Dispositivos de PEP (Acapella,
Flutter, TheraPEP)
Técnica de exceção
o Riscos:
o PCR (pelo reflexo cardio-inibitório de origem vagal)
o Aspiração de conteúdo gástrico
o Infeção respiratória
o Traumatismo
o Contra-indicações:
o Coagulopatias
o Lesão da via aérea superior;
o Período pós prandial
Respiração abdomino-diafragmática
o Inspiração usando a parede abdominal e reduzindo o movimento da
parede torácica superior
o Vantagens:
o Maior eficiência diafragmática
o Menor assíncrona toraco-abdominal
o Maior tolerância ao exercício
Espirometria de incentivo

o Fluxo lento e alto volume: reabertura brônquica e recrutamento alvéolos


colapsados
o Feedback visual
o Eficaz em situações de infeção, atelectasias, cirurgias abdominais e
patologias restritivas neuromusculares.
o Contraindicações: Broncoespasmo
o Aumentar a mobilidade do tórax e da cintura escapular
o Posição mecanicamente mais vantajosa do diafragma e músculos
acessórios
o Coordenar o movimento realizado com ritmo respiratório:
o Inspiração - Extensão
o Expiração - Flexão e Rotação
o Indicações: Patologias restritivas, neuromusculares ou obstrutivas com
hipomotilidade
o Criar resistências adequadas para aumentar trabalho e
coordenação dos músculos respiratórios
o Resistência "direta" ao músculo
o Mobilidade Costal
o Resistência “indireta” ao músculo
o Diafragma
o Dispositivos flow resistive ou threshold loading
o Fase final
o Individualizado, de acordo com tolerância
o Tolerância ao exercício, diminuição da necessidade de O2,
redução do nº de hospitalizações e melhoria da qualidade
de vida do doente.
o 30 a 45 minutos, com uma frequência de 3 a 5 vezes por
semana, durante 6 a 10 semanas
• Redução do fluxo aéreo
• Diminuição dos fluxos expiratórios
× Modificação do declínio da função pulmonar
 Dispneia, tolerância ao esforço, frequência das exacerbações e o nº de internamentos hospitalares
• Sintomas persistentes (dispneia), limitação na realização das AVD ou diminuição na qualidade de vida.
Educação | cessação tabágica, nutrição

Prevenção e correção das alterações posturais | treino postural

Redução da tensão psíquica e muscular | posição de " cocheiro"

Permeabilização das vias aéreas


Controlo Respiratório| respiração abdomino-diafragmática, ventilação segmentar,
expansão torácica localizada e espirometria de incentivo
Recondicionamento ao esforço
• Compromisso primário da ventilação

• Disfunção dos músculos respiratórios e diminuição da compliance pulmonar e/ou da parede torácica

• Preservação do fluxo aéreo e normal resistência das vias respiratórias


o Doença Neuromusculares
o Doença pulmonar intersticial
o Neurónio motor
o Fibrose pulmonar idiopática
o Junção neuromuscular
o Sarcoidose
o Neuropatias
o Cirurgias de ressecção e de
o Doenças da parede torácica
redução do volume pulmonar
o Pós- Operatório
o Doenças da pleura
o Lesão Medular Cervical ou
o Silicose, pneumoconiose,
Torácica
asbestose, pneumonites
hipersensibilidade
o Doenças do tecido conjuntivo
• Estudos científicos escassos: heterogeneidade de condições, com sintomas, limitações funcionais e
prognósticos variado

Curto Prazo Longo Prazo

•Manutenção ventilação alveolar •Prevenir IRA durante infeções


•Maximizar fluxos de tosse intercorrentes
•Melhorar compliance pulmonar e da •Evitar e diminuir a duração de
parede torácica internamentos
•Alívio da intolerância ao esforço •Maximar a funcionalidade e prolongar
sobrevida
As doenças respiratórias
Aumentar a independência e a auto-
trazem um elevado impacto
estima do doente, promovendo a sua
na morbilidade e mortalidade
participação e diminuindo a
na população portuguesa.
sintomatologia e o número de
exacerbações

Atingir o nível de capacidade funcional


máxima, incrementando a eficiência Redução dos custos de saúde e
ventilatória e optimizando a função sociais inevitavelmente
cardiopulmonar, com recurso a associados
diferentes métodos
•P. S. Branco. Temas de Reabilitação: Reabilitação
Respiratória. Medesign – Edições e Design de Comunicação,
Lda. 2012
• DeLisa’s Physical Medicine & Rehabilitation : Principles and
Practice. 6th Edition. 2020;
•Recommendations for respiratory rehabilitation of COVID-19
in adults. Chinese Association of Rehabilitation Medicine;.
2020 Mar 3;43(0):E029.
•Ordem dos Enfermeiros, Reabilitação Respiratória- Guia de
Orientador
•McCarthy B, Casey D, Devane D, Murphy K, Murphy E,
Lacasse Y. Pulmonary rehabilitation for chronic obstructive
pulmonary disease. Cochrane Database Syst Rev. 2015 Feb
Mafalda Mesquita Guimarães
Interno Formação Específica Medicina Física de Reabilitação

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